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Sobrou Apenas O Lilás

" Quando percebemos o valor da vida, vemos que ela é como uma rosa, delicada, espinhosa e que infelizmente um dia chegará ao seu fim. "

Era assim que eu enxergava a vida, após ver minha irmã gêmea tão debilitada num leito de hospital. - Maldita seja essa Leucemia!

Às vezes ficava irada em vê-la pálida, sem forças e triste, e eu lá sem poder fazer nada. - Você deve se perguntar porque eu não doei minha medula, bem irá entender no final desse relato que lhe faço. - O máximo que eu podia era sentar ali do seu lado, vê-la sentir dor e permitir que a mesma me atingisse na alma.

Toda vez que a via nesse estado a mesma frase aparecia na minha mente " Deus tem um plano para cada um de nós. " Era isso que me pastor me dizia quando eu ia pedir seus conselhos, porém eu não conseguia levar esse pensamento para todas as situações. Se ele tinha, porque logo a minha querida irmã? porque logo ela estava nessa situação? Ela que sempre fora um anjo aqui entre nós, muito devota, doce e inocente...era tão injusto e eu não perdoava Deus por esse feito.

Os meus dias eram sem brilho e ternura, poderia dizer que eram até frios e sem vida. Faltava ela em casa, em suas roupas lilases, me alegrando com suas cantorias e danças extrovertidas.
A rotina me engolia. Toda manhã, logo cedinho, eu ia pro hospital lhe fazer companhia. Já conhecia a todos que cuidavam dela, desde os médicos até as enfermeiras em seus diferentes turnos. Eu ficava o dia todo, só saia a noite por volta das dez, apenas para ter um sono decente e um banho quente.

Eu ficava de olho em todo o processo de cuidados que eles tinham, para que quando minha irmã voltasse para nossa casa eu pudesse replicar os movimentos - pelo menos assim o curso de enfermagem me ajudaria. -
Eu fazia questão de de cuidar dela, pois ela era a minha cópia, era o mais que justo, só que meus pais achavam que não precisaria de toda a minha atenção - pobrezinhos achavam que dariam conta do tranco. - Só eu acreditava que a minha intenção e companheirismo ajudaria a salvá-la.

Fora assim por um ano até a chegada do nosso aniversário de 23 anos.

O nosso aniversário sempre fora a mesma coisa, um jantar especial, bolo e algumas danças para animar um pouco. Porém nesse eu realizaria o seu pedido mais recente - na verdade fazia mais de cinco anos em que ela me pedia, eu que acabava não tendo tempo suficiente para acompanhá-la, a faculdade me ocupava e eu sempre adiava para os meses seguintes. Bem...esse foi o meu maior erro.

Ela amava praia e festas, então seu pedido não fugiu dessa preferencia. Seu médico, o doutor Martins aconselhou que não fosse uma boa ideia por conta da sua fragilidade e que se fosse fazer teria que ser muito meticuloso. Eu aceitei o desafio, pois todos aqueles mimos eram para fazê-la feliz e se sentir novamente uma pessoa normal e saudável.

Seu pedido era uma honra a ser cumprida, faria de tudo para vê-la sorrir, como se a felicidade pudesse ser transmitida para os outros desse modo. Era aquilo que me aquecia, me movia, ela era a minha metade. Sem ela eu me sentia completamente imparcial, um limão cortado e abandonado na geladeira, sem uso ou serventia. Queria a minha irmã de volta, a minha caçula Anastácia.

Quando o grande dia chegou eu me sentia eufórica, nas nuvens e feliz. Eu a levaria, no começo da tarde, a minha doce irmã a sua praia favorita, onde ficaríamos até ver o por do sol e depois a iríamos à um salão de dança com uma temática especial. Estava tudo esquematizado.

Levantei-me rápido, organizei tudo o que era possível e desci colocando tudo no porta-mala. No caminho da garagem encontrei minha mãe, com seus cabelos ébanos e levemente encaracolados, na cozinha em frente ao fogão. Era perceptível o cansaço em seu corpo e aura, suas roupas em tons claros contrastavam com sua pele parda e bem cuidada, cheguei nela e dei-lhe um beijo.

- Bom dia mãe. - ela me olhou com um sorriso fraco nos lábios.

- Bom dia meu girassol, levantei mais cedo e fiz seus lanches favoritos, previ que Anastácia iria sentir vontade de comer minha comida. - Sorri feliz da vida, minha mãe era maravilhosa.

- Com certeza mãe, obrigada você é a melhor. - A abracei pela cintura, vendo sua felicidade nos lábios, mesmo que em seus olhos expressavam outra coisa.

Infelizmente ela não poderia ir conosco, já que meu pai achou um absurdo tirar minha irmã dos cuidados para que ela pudesse ganhar um presente de aniversário e fez minha mãe prometer que não participaria dessa loucura. - Às vezes meu pai não ajudava quando a questão era compreender as escolhas e situações dos outros, tanto que eu pegava antipatia entre algumas de suas atitudes.

Peguei a cesta que a minha mãe preparou após o brunch reforçado e me dirigi ao carro. Meu pai me olhava da varanda nem um tchau ele dava, sua cara séria se destacava. Já minha mãe veio junto a mim, me abraçou e disse

- Se cuida minha rosa Caroline. - Era uma mania dela nos chamar de diversos nomes de flores, dizendo que éramos suas flores favoritas.

Ao chegar em frente ao hospital me surpreendi em ver minha irmã gêmea na entrada junto do doutor Martins. Fiquei feliz em ver que ele acabou aceitando minha ideia. Bem, eu não duvidava que ele era um bom homem, sempre que o via, percebia toda a sua atenção com seus pacientes, dava orgulho de vê-lo cuidar das pessoas. Se a situação não fosse tão triste, shipparia ele como a minha mana, eles realmente combinavam muito.

Quanto mais eu me aproximava dos dois mais eu percebia o quão bonita minha irmã estava, com um vestido bege e um belo laço lilás enfeitando sua peruca que era quase idêntica aos cabelos da mamãe, seu sorriso era tão radiante. - Era assim que eu gostava de vê-la. - Estacionei o carro próximo dali e fui ao seu encontro.

A abracei com todo o carinho possível, fazia muitas semanas que ela não aguentava ficar de pé sem dores nas costas ou cabeça. Olhei em seus olhos fundos e cansados e vi um brilho especial neles, ela estava genuinamente emocionada, algumas lágrimas caiam, sua iris castanho claro se destacava. Quase chorei junto, fiz o possível para segurar pois não era dia para choro apenas de felicidade.

Sequei o rosto dela e olhei para o médico que sorria junto a seus olhos marejados.

- Obrigada doutor por finalmente ceder a esse dia.

Eu realmente estava grata, pois não sabia o que iria fazer caso ele dissesse que eu não poderia tirá-la do hospital por um dia.
Ele fez uma cara de arrependido, com sua mão esfregando a nuca e um sorriso desajeitado.

- Magina Srta. Caroline, vi que sua irmã queria muito isso, então já que hoje ela acordara bem, não viu mal algum em uma comemoração mas - Ele arrumou sua postura, pronto para falar como um médico. - Cuide dela, não permita que ela se canse muito, qualquer coisa me liga, estou de plantão essa noite, ok?

Nós duas em uníssono confirmamos e com um belo sorriso nos lábios nos despedimos indo em direção ao carro.

O dia finalmente condizia com os meus sentimentos, o sol emanava uma temperatura agradável, o céu estava parcialmente limpo, com nuvens formosas e branquinhas. Minha irmã ao meu lado cantava sua playlist favorita, tendo direito a Phum Viphurit numa altura considerável. Nós realmente amávamos o jeito dele tocar sua guitarra e a forma tão sentimental que ele escrevia suas canções.

No auge de slow dancing in the dark do joji, ela se curva inesperadamente abaixando o volume. A olhei rapidamente e vi que sua expressão era de cansaço, seu olhos estavam ficando mais inertes e aparentemente ela tinha leve desconforto nas costas, parecia inquieta.
Quando ela me encarou percebendo que a minha cantoria havia cessado. Minha cópia então tentou manter um leve sorriso nos lábios.

- Antes que fique irritada, eu quero lhe agradecer por estar fazendo isso Carol... você não tem noção do quão isto está sendo gostoso e feliz. - A olhei por alguns segundos lhe mostrando um sorriso mais feliz que eu pudesse, mas minha preocupação estava a mil na cabeça.

- Sabe que eu faria de tudo por você, né? - ela assentiu.

Seus olhos, a partir que avistou o mar, se vidraram. Como era umas três e meia da tarde, era finalmente um ótimo horário para se banhar de sol. Aquele mar tão azul e brilhante, o cheiro de agua no ar, daquele jeito agradável e umidificado, me fazia relembrar o passado, tentei me acostumar com a musica baixa e deixei que minhas lembranças felizes me inundassem.

A minha cópia adorava ir a praia, ela sempre ia com seu maiô e lacinhos lilases, fazia seus castelos e dizia que eu era a rainha e ela era a princesa. - sempre tinha o argumento de que eu me dava melhor comandando enquanto ela era a mais bonita. - Era tão divertido naquela época. A felicidade que os nossos pais emitiam, eu e minha irmã correndo na areia e caçando conchas para levar de recordação. Sentia falta daqueles tempos.

Já chegando na Orla, Anastácia com sua atenção voltada a aquela imensidão azulada, ela me disse algo que fisgou um pouco do meu coração.

- Sabe... eu achei que nunca mais veria ou escutaria o mar... - fiquei quieta, deixando essas palavras ecoarem na minha mente até estacionar o carro. Quando o desliguei me virei até ela segurando sua mão esquerda em meio as minhas.

- Não pense muito nisso, 'tá? Vamos curtir bastante hoje assim você se sentirá melhor - ela sorriu de leves, enxugando as linhas molhadas que teimavam em descer e me abraçou sussurrando um "sim" fraco.

Eu entendia seu pensamento, a sua debilitação já durava pouco mais que um ano. A sua fraqueza era grande pois o estágio em que ela estava era avançado. E é aqui que as coisas se complicaram, ela não aceitava de forma alguma que eu doasse minha medula - brigamos muito por conta disso -. Anastácia não queria que eu tirasse algo de mim para que ela fosse curada, ela acreditava que Deus faria isso por si só, que não era justo comigo. Se aquilo tinha nascido nela, era assim que ela deveria ir. Obviamente que não concordo com essa parte da morte, porém quando Anastácia colocava algo na sua cabeça nada a fazia desistir, nem mesmo eu.

🌅

O mar estava realmente uma obra divina, a água gostosa e tinham poucas pessoas naquele horário. Então, curtimos o máximo que podíamos na praia, molhamos os pés -já que ela não queria nadar, permitindo que eu o fizesse por alguns minutos - tomamos agua de coco e sorvetes, comemos o que a nossa mãe preparou e admiramos o pôr do sol - que eu assumo, fora uma das coisas mais lindas que eu já tinha visto na vida - tiramos diversas fotos, cantamos todas as nossas musicas favoritas e dividimos o resto dos segredos que guardávamos - me sentia fazendo uma limpa na minha vida - desde inseguranças até de amores, ela riu de mim quando contei que ela e o doutor faziam um belo casal.

-Não ri Ana, ele parece gostar de ti e vocês combinam, quer que eu arranje um esquema pra ti? Eu faço hein?!

-haha, não precisa... É impossível que eu aceite isso Carol -suspirou pesadamente olhando o último filete de luz brilhante alaranjada - eu já estou prestes a ir, não faria isso. É injusto com ele.

Eu parei de sorrir na hora. Ela tinha essa mania de dizer que estava indo. E eu não aceitava, tanto que fingi que não ouvi, me levantei e depois a ajudei a fazer o mesmo. Já pegando a sacola da minha mochila, onde continha o seu vestido e sapato para a festa.

- Vamos, você precisa de arrumar.

Ela me olhou desconfiada, mas me seguiu. Fomos pro carro, trocamos de roupa e fomos andando mesmo pra esquina do outro lado da avenida.
O lugar que eu ia levá-la tinha que se vestir a caráter, pois era uma pista de dança que tocava clássico do rock, desde os anos 40 até os merecidos anos 90.

Logo quando chegamos ela ficou eufórica, sua felicidade se emanava como um brilho de estrela, ela gostou da surpresa, tanto que me puxou na hora para pista aproveitar Elvis. Mesmo vendo ela tão bem eu tomava todo o cuidado possível para que ela não se sentisse tão cansada, mas Anastácia queria dançar o tempo todo, seu sorriso contagiava a todos que estavam presentes. Ela parecia se divertir tanto... Mas o susto que veio depois me quebrou as pernas e o coração.

Quando o DJ resolveu tocar Love Me Tender do Elvis, eu dançava suavemente com ela. Até ouví-la em sussurro.

- Eu me sinto feliz minha cópia... obrigada mais uma vez por tudo.

Nos primeiros segundos eu fiquei feliz, meu coração estava aquecido, finalmente eu consegui deixá-la feliz tanto quanto ela me fez. O problema fora nos segundos seguintes, pois senti seu corpo amolecer e sua cabeça deitou sobre meu ombro, a chamava diversas vezes, mas ela não respondia, coloquei meu dedo em frente ao seu nariz, ela respirava bem fraquinho. Droga!

Meu coração foi a boca, gritei por socorro, várias pessoas vieram rapidamente. Eu não conseguia raciocinar direito a única coisa que eu pensava era que tudo era minha culpa. Foi aí que os funcionários do salão de festas me ajudaram a levá-la para o carro. A dona do local se disponibilizou para dirigir pra mim, pois eu não estava em condições naquele momento.

Eu me sentei ao lado de minha irmã e a coloquei no tanque de oxigênio - por Deus que eu tinha lembrado desse tanque!- esperando que fosse só um susto e que ela acordasse, porém seu rosto angelical estava mais sereno que o normal, como se não tivesse sentindo mais dor alguma.

Liguei pro doutor Martins e ele me falou para chegarmos correndo no hospital. Tudo estava preparado, menos o meu coração.

No caminho minha mãe me ligou perguntando se estávamos bem e falando que sentira um perto em seu peito, senti que contar para ela seria difícil. Então a única coisa que consegui dizer foi para que ela fosse ao hospital, pois a Anastácia já havia voltado e não se sentia muito bem.

Esperamos por algumas horas e nada de notícias. A minha mãe estava aos prantos, o meu pai com uma cara em uma mistura de sentimentos, desde culpa até arrependimento enquanto abraçava minha mãe.
Já eu ficava andando de lá, para cá a espera de noticias . Meu corpo tremia, minha mente estava em um turbilhão de pensamentos. Eu me culpava por isso. "se eu não tivesse vindo com essa surpresa talvez ela estaria bem e feliz." pensei, sentindo os meus olhos se encherem de lágrimas.

Quando o doutor apareceu seus olhos não eram muito animadores, mas eu não perdia a esperança. Quando minha mãe perguntou como Anastácia estava, tudo a minha volta ficou mudo, o doutor apenas balançava a cabeça negativamente.

"Não, ele está mentindo... Só pode. É brincadeira.. Ela não se foi certo?"

-Eu sinto muito - ele nos olhava com lágrimas evidentes.

Eu me encontrava estática, sem saber o que fazer ou reagir. Segundos depois eu comecei a chamar minha irmã.

- ANAA! RESPONDE POR FAVOR. - O doutor Martins me segurava - Me solta! ANA!

-Srta, se acalme, eu sei que é difícil...

- Você está mentindo a minha irmã está bem... ANA! - tentei entrar na sala, mas o médico me segurou mais forte e chamou os enfermeiros.

Depois que conseguiram me acalmar, me colocaram num soro. O médico esperou até que eu ficasse mais racional para que pudesse me entregar o laço lilas que minha irmã usava e uma carta. Ele permanecia triste e cansado.

- Me desculpe... Infelizmente eu não consegui salvá-la, mas hoje pela manhã ela me entregou essa carta dizendo, e até me fazendo prometer, que era para entregar isso caso ela fale cesse. - vi com a visão querendo embassar, o médico derramar uma lágrima e fungar - Eu sinto muitíssimo pela sua perda Srta. Caroline. - Ele secou os olhos me deixando sozinha naquele quarto branco e sem vida alguma.
Era assim que eu me sentia.

Eu estava me desfazendo no choro alto e sem vergonha alguma, minhas mãos tremiam enquanto apertava os objetos de encontro com meu peito. Ela sabia que iria hoje, ela escolheu aquele dia para se divertir comigo.

- Anastácia... Por que...?

Eu não me sentia tão bem, não conseguia aceitar que ela havia partido e ainda com um sorriso em seu rosto fofo e idêntico ao meu.

Metade de mim estava morto,
Ela havia se preparado para ser um anjo...

Me deixando a tristeza que me devorava aos poucos, as lembranças que faziam meu coração doer e o lilás que um dia fez parte da vida dela.

~ 2846 palavras ~

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