Prólogo | Um
L I S A
Hoje o dia começou cheio aqui no escritório do Sr. David Tompson, sempre sonhei trabalhar aqui, a minha amiga Celly é casada com David e arranjou esse trabalho para mim como secretária, a cidade tem muitos escritórios de arquitetura que é a minha paixão, mas o David é o melhor entre os melhores, por isso quando uma enorme fábrica ia ser construída na cidade o David foi o primeiro na lista dos concorrentes.
Meus dedos voam sobre as teclas do computador, meus olhos acompanhando as palavras da carta que David me pediu para escrever, minha concentração é tanta, que nem vi quando a porta do escritório se abriu e a correspondência da manhã foi colocada no canto da minha mesa.
- Daqui a pouco o café estará pronto Lisa. - fala Pamela, a jovem assistente e mestre em fazer café. - Volto em um minuto e trago para você, está bem?
Com os dedos em cima do teclado paro um pouco e sorrio para ela.
- Sim, obrigada Pamy. Ela sai e eu volto a digitar, termino a tarefa, flexiono os dedos e fico de pé e dou uma alongada no corpo, olho o relógio e vejo que são nove e quarenta da manhã, estou trabalhando desde às oito quando cheguei e achei um bilhete do David pedindo que eu digitasse uma carta para ele, digitar não decifrar porque a letra dele é muito ruim, quem não souber que ele é um excelente arquiteto pensaria que ele é um médico por causa da letra terrível.
Comecei a trabalhar aqui assim que sai da faculdade dois anos atrás, e a atmosfera aqui sempre foi informal, sempre foi Lisa e David, nada de senhor ou senhorita. O grupo de funcionários era pequeno, mas quando ele começou ficar mais conhecido, o grupo aumentou, mas nem por isso deixou de ser informal.
Pamy trouxe o café e eu tomo um gole saboreando e dou um suspiro, eu me considero uma pessoa de sorte, gosto do que faço ganho bem e o melhor de tudo, sou amiga do David e da esposa dele, Celly, ela era assistente dele antes de se casar e ficou no cargo até ter o primeiro filho, ainda ficou no cargo mais uma semana para me passar o trabalho e depois saiu, mas a nossa amizade continua forte. Tenho de admitir que se ele não fosse casado eu teria tentado algo, David é das poucas pessoas de quem eu gosto de verdade, a aparência dele não tem nada de especial, ele é magrelo, alto e o cabelo castanhos dele já mostram que vai ficar calvo, e usa óculos de moldura escura, mas seus modos são gentis e tem aquele sorriso de derreter calcinhas, além de ser um arquiteto brilhante e apaixonado pela mulher e os dois filhos.
Me levanto um pouco para esticar as pernas e fico de pé de costas para a mesa e observo a correspondência. A porta se abre e torna à fechar e eu fico paralisada ao ouvir a voz profunda e masculina do mais recente cliente do David. Mikhail Rybascov.
- Fiquei sabendo que você está procurando um homem rico para se casar. Será que eu me encaixo na descrição? - desde que ele me chamou para tomar um café e me disse que me queria, e eu disse não, e desde então, ele não desiste de tentar me levar para cama.
- Se está tentando ser engraçado, não está se saindo muito bem. - os olhos azuis profundos e brilhantes como duas safiras, me olham, examinando meu rosto, merda! Devo estar vermelha como um tomate. Os olhos dele parecem soltar faíscas ao me ver jogar o cabelo para trás, sempre faço isso quando estou nervosa e parece que ele já percebeu isso. O maldito sorri, aquele sorriso de canto de lábios e eu tenho certeza que se eu não fechar as pernas o chão vai virar uma poça.
- De forma nenhuma, será que fui mal informado de sua intenção em se casar com um homem digamos, bem de vida? - Merda! Celly e sua boca grande, eu não sou uma mulher baixinha, mas mesmo assim tenho que ficar na ponta, dos pés para encará-lo, tento segurar um suspiro, é injusto com os homens em geral que ele seja tão gostoso, além dos traços do rosto perfeitos, uma boca deliciosamente desenhada, o homem tem uma barba que eu gostaria de sentir roçando em lugares que não posso nem pensar devido ao estado da minha calcinha. Pena que ele seja tão intragável, eu não suporto o tipo dominador.
- Não! Você não foi mal informado, eu realmente tenho planos de me casar com um homem próspero.
- Bom, então só precisamos marcar a data. - ele fala e eu sinto que estou mais ruborizada ainda. Se tem algo que eu odeio mais que homem arrogante, é ser alvo de piadinhas vindo de um deles.
- Já fez sua brincadeirinha do dia senhor Rybascov, agora se me der licença, tenho muito o que fazer e...
- Bom dia Lisa! Foi difícil decifrar minha letra? - David pergunta sorridente.
- Não muito eu já estou acostumada, estão prontas para você assinar. - falo tentando fingir que Mikhail não está me olhando fixamente.
- Todo ser humano ocupado, deveria ter uma Lisa na vida. - fala e vai em direção a sala dele.
Antes de acompanha-lo, Mikhail se vira para mim e fala:
- Eu sei um lugar melhor para ter você, sem ser fechada em um escritório, se bem que...esse sofá... - fala e segue David para a sala dele.
- Mikhail e eu estaremos em reunião pelo resto do dia, não quero ser incomodado, há não ser, que seja algo muito importante.
Sem conseguir falar pelo comentário de Mikhail eu apenas aceno com a cabeça. Como ele ousa falar assim comigo? Arrogante pretensioso!! Relaxo as mãos que eu nem sabia que estavam contraídas, o que estou sentindo é um misto de raiva e humilhação, raiva pela audácia dele em dizer aquilo e humilhação porque o que ele dissera é verdade. Prometi a mim mesma que só me casarei com um homem bem de vida e apesar que disse isso a exatos dez anos atrás, eu ainda não mudei de ideia. Ataco o trabalho com um surto de atividade, mas em um momento me vejo parada olhando para a tela. Tinha quatorze anos quando tomei a decisão de só me casar com um homem que pudesse me dar uma boa vida e que não fosse um tirano. Muitas jovens mm declaram que se casarão com um homem rico, mas ao contrário eu não quero riqueza nem um príncipe encantado. Eu encaro de uma forma bem realista, não precisa ser um homem cheio de charme com os bolsos cheios de dinheiro. Mas enfim, Mikhail Rybaskov não se encaixava no perfil porque ele era o tipo de homem que para satisfazer o próprio ego queria ser o chefe, e eu não gosto de homem dominador.
Se ele acha que vai conseguir alguma coisa comigo, está muito enganado. Isso não é para mim, obedecer o senhor absoluto da casa que pune a esposa porque não sabe lidar com algum tipo de situação.
Eu não crio planos loucos e cheios de fantasias, muito pelo contrário, eu crio planos práticos e cuidadosos. Fui abençoada com a beleza de corpo e de rosto, e modestamente cuido para mantê-los, dormindo bem, faço exercício e me alimento corretamente.
Trabalhei muito como babá, desde os treze anos e sempre dava a maior parte do dinheiro para minha mãe e tirava um pouco para mim, comprava o básico e guardava o restante. Não sei quem falou para esse homem que eu tinha essas pretensões. Sinto uma antipatia gratuita em relação a ele, desde que ele apareceu aqui há algum tempo quando David me apresentou.
O dia demorou a passar, toda hora ouvia a voz grave de Mikhail e isso me incomodava, até a voz dele me irrita. Termina o expediente e arrumo minhas coisas para ir embora, moro há vinte minutos de onde trabalho. Chego no prédio e o porteiro me olha estranho, mas não estou com disposição para descobrir o porquê, pego o elevador e dou graças à Deus que não tinha nenhum vizinho. Quando chego no andar e a porta se abre, quase morro de susto.
Mikhail Rybaskov com um buquê enorme de flores do campo parado bem na porta do meu apartamento.
- Mas o que diabos você está fazendo aqui na minha porta?? Se não me engano já te falei que a sua presença não me faz bem, quer por favor me dar licença? - falo irritada, esse é sem dúvida o homem mais sem noção que já vi.
- Lisa Coleman, quer casar comigo? - olho para o rosto dele e ele está sério. A arrogância dele não tem limites.
- Porquê está me pedindo em casamento? Mal te conheço, e mesmo se conhecesse a resposta seria não.
- Eu quero você e se para tê-la tenho que me casar com você, então farei isso. - chego a tremer de raiva e nojo.
- Desapareça daqui!! - estou tremendo de raiva.
- Lisa...
- Se não sair eu vou chamar o zelador para te chutar escada abaixo. - falo e ele coça a barba, parece que quando está nervoso tem esse hábito. Vejo os olhos azuis brilharem de raiva. Então ele se moveu muito rápido, nem me deu tempo de pensar, ele me pegou pelos dois braços e me puxou para perto dele me fazendo ficar na ponta dos pés e a única coisa que eu pude fazer foi colocar as palmas das mãos no peito dele.
- O que acha que está fazendo? - minha voz saiu um pouco engasgado. Ele toca meus lábios com os dele me provocando uma reação que só pode ser raiva, que percorreu meu corpo todo e aqueceu meu sangue. Pior que mesmo não querendo acabei correspondendo ao beijo. Mikhail interrompeu aquele momento, então a poucos centímetros de mim eu pude sentir a respiração dele se misturando a minha. Os lábios dele voltaram a tocar nos meus, fazendo meu coração falhar uma batida.
- Está bem minha querida eu vou embora, mas pense no que eu disse, eu posso te dar a vida confortável com que sempre sonhou. - fala se virando e vai embora e só então eu me permito respirar. Tremendo e respirando fundo para me controlar, eu olho em volta para ter certeza que aconteceu mesmo tudo isso. Ando até o sofá e me deixo cair nele fechando os olhos. "Esse homem deve ser louco". O acontecido me trouxe a memória algo que David dissera uma vez quando fui apresentada a ele. Celly falara algo sobre ele estar interessado em mim e eu torci o nariz. David riu e disse:
- Não sei por que você não gosta dele Lisa, todas gostam. - David falou.
- Só que eu não sou todas, e eu não gosto dele. - falei e mudamos de assunto. Agora fico pensando se foram Celly e David que falaram sobre mim para ele. Se estão tentando me unir a ele, estão muito enganados. Por que, da mesma maneira que quero um homem com situação boa, eu não gosto de homem controlador.
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