capitulo |trinta e dois
Nico
Como um autômato eu vi o delegado me algemar e não conseguia falar nada, parecia que havia uma pedra de gelo sobre meus lábios. Eu queria falar. Dizer que não era eu, mas eu não conseguia, me levaram para uma cela onde tinha uma cama de cimento e um vaso no canto, agradeço por não ter mais ninguém na cela.
O sangue da Frida ainda estava em mim, me lembro de ter ouvido meu irmão dizer que ia ficar tudo bem e ouvi a Lene dizer chorando que me amava. Agora aqui sentado sozinho eu consigo raciocinar, eu sempre fui assim até na escola, quando acontecia algo eu ficava assim, catatônico. Não, eu não sou um “fracote” que precisa que alguém resolva os seus problemas, eu tenho essa doença que se chama catatonia, é uma doença neural que deixa as pessoas catatônicas quando o susto é grande. Agora depois de tudo, eu só consigo sentir raiva por ter visto Mika preocupado e a Lene chorando na minha frente e não ter podido acalma-los de alguma forma. O Mika sabe que eu jamais mataria alguém, mas será que a Lene está pensando o mesmo? Será que ela acha que matei a Frida? Ouço daqui as vozes alteradas do Alex que deve ter sido avisado, minha mãe também está aqui, mas quem será que está cuidando da Vivian? Que merda! Eu não deveria ter vindo aqui! Eu não sou impulsivo a única vez que ajo impulsivamente acontece essa merda. O policial chega trazendo agua para mim.
- Você pode falar com o delegado que eu quero falar com ele?
- Você só vai poder falar com ele no seu depoimento oficial. Antes não. - o policial é bem grosso.
- E pode me informar a que horas vai ser o meu depoimento? - pergunto e ele nem se vira para responder.
- O delegado já vai mandar chama-lo, seu irmão está esperando seu advogado chegar. - ainda bem que eu tenho meus irmãos. Eu não tinha nem pensado em advogado.
- Está bem, obrigado. - ele sai e eu volto a me sentar de novo, o policial vem me chamar para depor, quando eu passo pela sala estão todos ali, minha mãe, meus irmãos Mika e Alex, Vince e Donna que quando passo perto me abraça e me beija, o grosso do policial nem espera e praticamente me arrasta, Lene e Jordan também estão lá, só não vejo Greg que deve estar com a filha, Alex segura em meu ombro e diz que vai ficar tudo bem, o policial puxa meu braço e ele briga com ele.
- Ei! Meu irmão não é bandido! Muito menos assassino.
- Até que provem o contrário ele é sim. - o policial fala, ele é bem arrogante, da vontade de gritar: “Eu não matei ninguém! “ Mas me fecho para falar o que sei somente para o delegado.
- Até que provem o contrário ele é suspeito seu babaca! - Alex fala.
- Alex! Por favor, policial! Não leve em conta ele está passando por muita coisa. - minha mãe o reprende. Quando entro na sala do delegado o doutor Hernandes já estava lá.
- Nicolai! - ele me cumprimenta e eu meneio a cabeça em concordância. - Desculpe a demora, mas eu estava em outra cidade a trabalho, mas me conte como tudo aconteceu? E porque o delegado o prendeu? Foi uma prisão arbitraria e ele vai ter que soltá-lo. - conto rapidamente a ele como tudo aconteceu. Ele ouve tudo em silêncio e nesse intervalo o delegado chega.
- Caro colega, o meu cliente acaba de me contar tudo, realmente a prisão dele foi arbitrária. Peço que reconsidere e solte meu cliente.
- O seu cliente foi preso em flagrante na cena do crime e segurando a arma do crime. Isso ao meu ver não é nenhuma arbitrariedade. Mas vamos ao que interessa, o depoimento do acusado, se ele for inocente o juiz vai ficar feliz em expedir o habeas corpus do seu cliente. - o delegado fala, o tom de ironia na voz dele é visível. - Quando quiser começar a falar senhor Rybaskovs.
- Quando eu estava falando com a Frida. Eu me exaltei com algumas coisas que ela me disse. Mesmo eu sabendo tudo que ela fez, ouvir dela me pareceu como se estivesse acontecendo naquele momento. Até agora quando relato aos senhores. Até as lembranças ainda me fazem mal.
"Flashback"
- Você é um idiota mesmo Nicolai, sempre foi. Acha mesmo que estou fazendo isso por dinheiro? Eu não quero seu dinheiro! Eu quero ver todos vocês sofrendo.
- Mas porquê? Não é por amor a mim que eu sei que nunca me amou, se casou comigo para ficar perto do Mika, nem meu filho você quis ter, só queria ficar perto do meu irmão.
- Bingo!! Até que enfim você matou a charada! É isso mesmo, eu sempre quis na verdade seu irmão, sempre amei ele, e aquele bebê eu não quis porquê era seu, eu queria se fosse dele do Mika! Ele sim eu amei e amo e não vou deixar ele ficar com a golpista da Lisa Coleman! Ela não é mulher para ele, e não merece ter um filho dele, a Susan era tão idiota e incompetente que a criança que ela esperava não era dele, por isso eu disse que o bebê da golpista era doente, por que quando nascesse eu ia pegar e dizer que era da Susan e que o outro tinha morrido, aí era só matar a Lisa e criar o bebê junto com o meu Mika. - ela está louca mesmo, ela precisa ficar presa ou... MORRER. Caso contrário todos correm perigo.
- Você está doente Frida! Precisa de tratamento. Eu não vou deixar que faça mal a mais ninguém. - falo e me aproximo dela.
- E o que você pretende fazer? Me matar? Você não tem competência para isso Nicolai, nem na cama você conseguiu me prender, se fosse seu irmão, até hoje estaria casada e teria uma penca de filhos, se não tivesse filhos ao menos praticar eu praticaria todos os dias, porquê o seu irmão sim sabe como foder uma mulher. Só de pensar nele eu fico molhadinha."
- Confesso aos senhores que quando ela disse isso, a raiva me subiu à cabeça e eu impulsivamente a peguei pelo pescoço e comecei a estrangula-la, vi os olhos dela se arregalarem e caí em mim, soltei o pescoço dela e dei um passo atrás... Foi nesse momento que ele apareceu por trás de mim, se eu fecho os olhos eu ainda posso ver o pavor nos olhos da Frida, eu me virei e ele estava com a arma na mão, ouvi a Frida implorar pela vida dela.
“ Por favor não me mate! Eu juro que vou te dar o dinheiro que eu prometi, quando eu sair daqui e...
- Você não vai sair daqui Frida, você com essa sua megalomania, acabou com a minha vida, eu era um homem honesto e você me transformou na sombra do homem que eu era um dia, primeiro me fez roubar e depois me tirou da minha terra apenas para me usar em seus planos de vingança.
- Isso não é verdade, eu te amo!! Eu vou sair daqui e a gente vai matar o Nicolai e ficarmos com a grana dele. - ela fala como se eu não estivesse aqui. - Podemos obriga-lo a passar tudo que é dele para o meu nome. - ela fala em uma tentativa de dissuadi-lo a não fazer nada com ela.
- Cala a sua boca Frida! - sussurra. - Eu ouvi quando você disse a ele que é e sempre foi apaixonada pelo Mikhail, você esteve me usando como sempre usou esse paspalho, mas não vai mais me usar, foi seu próprio irmão que me abriu os olhos, mas já era tarde e você já tinha destruído minha vida. - quando ele diz isso parece tocar em algum ponto que ela não gosta e ela perde as estribeiras.
- Ah quer saber? Você está certo! Eu te usei mesmo porquê eu queria matar o Nicolai e ficar com o dinheiro dele, depois eu pretendia matar você. Por isso nunca deixei que desviasse muita grana dele, mas o idiota, que mostrou que não era assim tão idiota descobriu tudo e veio para cá, não tive outra alternativa a não ser trazer você comigo, ainda tinha planos para você. - eu vi o semblante dele mudar de ódio para tristeza. Percebi que ele amava a louca da Frida.
- Então quer dizer que você nunca me amou? Eu sempre fui um joguete em suas mãos?
- Não seja idiota! Eu ia amar você, quando tudo que eu queria era ficar perto do Mika? Eu amo e sempre amei o Mikhail. - os olhos dele se enchera de lagrimas, vi quando ele engatilho a arma, me virei para Frida e nesse momento ele atirou. O sangue dela espirrou todo em mim, ele jogou a arma no chão como se ela queimasse suas mãos e eu me ajoelhei para ver se a Frida estava viva e peguei a arma por instinto. Foi quando o delegado e todos entraram. O resto da história eu nem preciso contar, todos já sabem.
Lisa
Parece que os problemas decidiram aparecer tudo de uma vez, primeiro minha irmã é atropelada pela Frida e está aqui no hospital lutando pela vida, depois recebo a notícia que a Susan morreu no parto e me deixou a filhinha dela para cuidar, depois descubro que a filhinha dela não era do Mika, ele se revoltou muito, mas eu pretendo sim cuidar da criança, a menina é a coisa mais linda que eu já vi, ela é bem moreninha, mas tem os olhos azuis iguais aos da Susan, vou chama-la de Anastácia devido a cor da pele dela e os olhos azuis.
Quando já estamos nos acalmando o delegado liga para dizer que a Frida foi presa, meu pai vai para lá para representar contra ela e eu Mika, Alex e minha mãe ficamos. A gente se esqueceu do Nico que saiu discretamente e foi para delegacia, no caminho ligou para minha mãe que ficou desesperada e com medo e foi atrás dele, com medo que algo acontecesse eu pedi ao Mika que fosse também para lá, para impedir que fizessem alguma loucura. Ficamos Alex e eu que não queria sair de perto dela, com tanto acontecimento eu não consegui ver minha irmã, só agora consigo entrar. Eu choro olhando minha irmã tão linda e cheia de vida em cima de uma cama, atada a tantos fios, tubos e maquinas. Pego as mãos dela entre as minhas, estão geladas o que me faz ficar ainda mais triste.
- Oi maninha! Eu sei que você pode me ouvir. - falo tentando não transparecer a tristeza que vai na minha alma, me disseram que alguém em coma pode ouvir tudo que falamos. - Você tem que acordar logo, tanta coisa acontecendo, sabia que a Susan morreu? Pois é, ela morreu de parto e acredita que ela me pediu que ficasse com a filhinha dela? Que por sinal é a coisinha mais linda do mundo. Ela é morena Vivian. Uma mulatinha de olhos azuis. Como a escrava Anastácia, lembra que lemos um livro? Se eu ficar mesmo com ela eu vou chama-la de Anastácia, como a duquesa Anastácia também. Ah, e a Frida. Ela foi presa, o Jordan a entregou na delegacia. Agora o Nico foi para lá e minha mãe foi atrás preocupada com ele e o nosso pai também já estava lá. Mas não quero encher você com isso. Sinto as mãos dela quentes entre as minhas e meu coração vibra de alegria. Dou um beijo na testa dela e solto as mãos dela de entre as minhas e coloco as dela embaixo das cobertas. Estava tão absorta em minha conversa com minha irmã que nem vi o médico entrar acompanhado de uma enfermeira.
- Boa tarde! - o médico cumprimenta. Nem sei a quanto tempo eles estavam ali. Estendo a mão ao médico que a aperta. - Muito bem. É muito bom que se converse com a paciente, traz conforto e segurança.
- Obrigada, eu não sabia o que fazer então resolvi falar com ela, conversar como sempre fizemos.
- A senhorita fez o que é certo. Eu preciso pedir que a senhorita saia por uns minutos. Para que eu a examine, depois a senhorita poderá retornar.
- Sim, com licença por favor. – falo, e saio. Encontro meu pai e Alex, conversando baixo demais. Alguma coisa está acontecendo e eu sei que não é nada de bom.
- Os dois vão ficar aí falando baixinho e não vão me dizer do que se trata?
- Oi filha! Não tínhamos percebido que estava ai, o médico disse se teve alguma melhora no quadro da sua irmã? - meu pai pergunta.
- Não papai, infelizmente não. - o Alex murcha um pouco quando digo isso. - Mais eu segurei as mãos dela que estavam geladas e ficaram quentes, será que isso é bom? - Alex fixa os olhos em mim cheios de esperança. Meu pai me abraça e me dá um beijo no topo da cabeça.
- É claro filha! Claro que isso é bom, daqui a pouco sua irmã vai acordar e estará aqui aprontando todas como sempre. - ele fala.
- Mas vocês não vão me enganar, quando sai do quarto vocês estavam falando de algum assunto e pararam quando eu cheguei, o assunto era bem sério porquê o Alex estava nervoso, podem ir os dois abrindo o bico, estou grávida, não doente. Podem me contar. - falo e eles se entreolham preocupados e meu pai meneia a cabeça.
- Está bem Lisa, mas prometa que vai ficar calma, senta aqui um pouco filha. - meu pai me leva até um banco senta-se comigo e põe o braço nos meus ombros e faz sinal para o Alex falar.
- Bom Lisa, você viu que o Nico foi para a delegacia falar com a Frida, então durante a conversa parece que o Nico se exaltou demais e...
- É nítido que sua praia não é o discurso Alex, não sei como as mulheres caem na sua lábia. - falo rindo. - Vá direto ao assunto.
- Então, a Frida morreu, mataram ela com dois tiros na testa e a polícia acha que foi o Nico. - eu fico de pé na hora.
- Meu Deus! Mesmo ela sendo a peste que ela era, não merecia um destino tão cruel! Mas todos sabemos que o Nico é incapaz de matar uma mosca.
- Eu vou até lá, preciso que meu irmão saiba que estou ao lado dele, minha mãe foi em casa buscar roupa limpa para ele. Parece que está sujo com o veneno da cobra. Digo o sangue da Frida. - ele diz e meu pai olha feio para ele. - Eu Não queria sair de perto da Vivian. - ele segura em minhas mãos. - Promete que me liga se tiver alguma novidade?
- Mas é claro que sim Alex. Vá tranquilo e me de notícias também. - ele faz que sim e sai apressado, meu pai me abraça e eu deito a cabeça no ombro dele e fico pensando. Quanta coisa aconteceu depois que comecei a trabalhar no escritório do David e conheci o Mika, como ele era arrogante! Como seria se eu tivesse resistido a ele? Nãoo! Eu não quero nem pensar nessa possibilidade, eu amo o Mika e passaria por tudo, tudo mesmo para estar com ele.
- Senhorita Coleman! - abro os olhos e vejo a enfermeira na minha frente. – Desculpa, mas se a senhorita quiser entrar para ficar com sua irmã, nós já terminamos o banho e os exames.
- Obrigada enfermeira. - olho em volta e não vejo meu pai, deve ter ido a lanchonete. Entro no quarto e vejo minha irmã na mesma, reprimo a vontade de chorar e me sento na cadeira ao lado da cama. Seguro na mão dela que esta quentinha.
- Olha como você está cheirosa!queria tanto que você acordasse logo, preciso arrumar as coisas para o meu casamento e tem a Anastácia que tenho que levar para casa. Ei... você podia acordar e a gente faria um duplo casamento. Eu e o Mika e você e o Alex.
- Quem disse que eu vou casar com aquele imbecil? - olho para ela e a vejo de olhos abertos. A única reação que eu tive foi sair correndo e chamar o médico.
- Minha irmã acordou! Doutor! Ela acordou! Meu pai vem correndo. O médico entra correndo no quarto da Vivian.
- O que foi Lisa? O que você estava dizendo ai?
- Ela acordou pai! A Vivian acordou! Só vejo meu pai se sentando e pegando o telefone chorando. Acho que vai avisar meus irmãos e minha mãe que ela acordou. A minha irmãzinha está de volta! Agora eu sei que tudo vai ficar bem. Todas as coisas aos poucos, vão voltando ao normal.
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