Capítulo 8
JÚLIA
No fim, eu tinha esquecido de deixar o meu celular no celular de Bruno só para facilitar a vida dele, só que não. Sorri vitoriosa indo até a loja. Era a minha pequena vingança contra o bom humor matinal do garoto mais insuportável do mundo. Infelizmente, Vini já estava me esperando de frente com a loja.
― Julinha! ― Era como ele costumava me chamar, muito embora a sua voz estivesse mais aguda do que o normal e o rosto bem vermelho para o meu gosto. ― Ande, entre. Você está encrencada! ― Ele riu.
― Eu juro que não cheguei atrasada por que quis! ― Tentei me defender. Agora já me arrependia de não ter pego o telefone de Bruno para viabilizar melhor a minha história.
― A gente sabe, menina! ― Disse Tai aparecendo toda saltitante. Deixei o meu corpo relaxar um pouco. Se Tai não estava tensa, isso significava que Vini não ia me despedir. Pelo menos, não hoje.
― Conta tu-do! ― Disse Vini bem animado. ― Como que tu conseguiu um boy daquele? Foi chave de coxa? ― Vini disse bem direto. Meu rosto esquentou imediatamente.
― Chave do que? ― Ainda estava assustada, mas Tai parecia a vontade para continuar me deixando vermelha.
― Acho que não, Vini. A Ju consegue quebrar cabines de madeira. Tem noção da capacidade de encrenca dessa menina? Se fosse pegar alguém pelas pernas, ia era parar no hospital com uma perna queb... ― E eu senti o meu rosto esquentar ainda mais enquanto Vini e Tai passavam a encarar a minha bota de gesso.
No mesmo segundo, meu rosto era um pimentão e meu coração palpitava só de imaginar a cena maluca que Tai fizera questão de fazer o meu cérebro imaginar! Argh. Que visão terrível. Nada mal, se o Bruno calasse a boca, é verdade, mas... não. Esquece. No que eu estava pensando, jesus?
― É, acho que você está certo, Vini. Foi chave de coxa. ― Arregalei os olhos assustada. Eles estavam realmente falando na minha cara que eu tinha...?
― Não! Não foi isso! Ele me atropelou! ― Consegui piorar ainda mais a minha situação. Vini e Tai me olharam com pensamentos ainda mais imundos em mente, julgando que ser atropelada significava alguma gíria sexual.
Tinha como eu esconder o meu rosto debaixo da terra?
― Não! Vocês estão entendendo tudo errado! Eu estava passeando com a Layla e ele passou de carro... aff. Esquece. Vocês não tem jeito. ― E os dois caíram na gargalhada enquanto eu me afastava deles para conseguir um pouco de ar de toda aquela loucura que a minha vida havia se tornado. Seria tão mais fácil se a Layla tivesse cooperado...
Coloquei a blusa do trabalho e logo tivemos que começar a jornada. Felizmente, o dia foi passando rápido, sem mais surpresas. Mari, a outra funcionária, apareceu mais tarde, o horário dela era um pouco mais tarde e então a equipe estava pronta.
Algumas madames que entraram durante o expediente pareciam interessadas em ser atendidas por mim e eu juro que cansei de ouvir perguntas como: tem algum truque para namorar astros? Você tem alguma dica para eu dar para a minha filha? E a minha vontade mesmo era de responder:
― Tem truque sim, senhora. Arrume uma cachorra potencial suicida e homicida e atravesse a rua. Seja atropelada pelo boy e o confunda com um anjo só para descobrir que ele tinha a boca do diabo, toda cheia de piadinhas. Ha-ha. E a dica que eu dou para a sua filha é: não dependa de homem, menina. Vai estudar! É isso. Nada de vida fácil.
Mas como eu precisava do meu emprego, por enquanto, eu apenas fingi um sorriso amarelo e não respondi nada. Ao menos eu vendi bastante, o que fez Vini não querer, pelo menos por hoje, me despedir por ter quebrado mais um cabide de madeira. Em minha defesa, eu não quebrava a Madeira. Quebrava aquele treco de metal que ficava em cima porque entortava ele. A madeira só depenava um pouco por conta disso... nada demais...
O dia continuou passando sem maiores interferências. Almocei correndo, como sempre, sorri diante de uma foto que recebi da Dona Maria com a Layla comendo ao lado dela e do seu Luís. Sim, eles eram modernos e Dona Maria sempre vivia me mandando gifs de bom dia que eu gostava bastante. É, acho que a Tai está certa. Eu sou meio velha para a idade que aparento.
Respirei fundo ouvindo uma algazarra masculina chegando na nossa loja. Seis homens entraram juntos rindo bastante e eu me empertiguei como Tai ao ver aquela massa profusa de testosterona, todos com dois metros de pura beleza. Me perguntei como que os homens andavam ficando tão grandes ultimamente, qual era a fórmula mágica, qual o toddinho que andavam tomando, mas tive que segurar a risada quando vi O Vini com seu 1,70 se aproximando dos rapazes com um sorriso bobo nos lábios arrumando o cabelo escovado com os dedos. Realmente, aqueles meninos não eram de se jogar fora.
Havia um mulato e um moreno, o primeiro deles com barba, um ruivo de sorriso simpático, dois de cabelos castanhos, ambos com uma barba bem alinhada e um outro de cabelo castanho que era o mais baixo de todos eles, e aparentemente o mais novo também. Mesmo sendo mais baixo, não duvidava que tivesse mais de 1,80, com certeza.
― Boa tarde. Vocês estão procurando alguns ternos sob medida? ― Perguntou Vini, mas a voz deu uma falhada fenomenal e Tai soltou um engasgo ao perceber isso.
― Bem que a gente ia precisar mesmo... tá difícil encontrar uma calça social longa, fico parecendo um palhaço. ― Disse o mulato de barba, abrindo um largo sorriso arrebatador. Ok. Aqueles meninos realmente eram uma gracinha.
A loja do Meu chefe querido era de roupas de festa em geral. Normalmente, eram mais as mulheres que apareciam por ali, davam uma olhada nas marcas, depois nos preços e as vezes se atreviam a comprar alguma coisa. Costumávamos atender homens, mas a maioria queria alguma coisa bem rápida e para ontem e costumavam falar:
― Não, não. Sem ser para medida. Acho que um M cabe em mim. Queria para hoje, será que rola? ― É. Homens. Bem diretos.
― Deixa disso, pantera. A gente veio aqui por causa da mina. ― Todo mundo ali franziu o cenho confuso. Quem ousou falar foi a Mari:
― Eu juro que estava limpa da bebida o suficiente ontem para saber se tivesse saído com você... pantera? ― Ela perguntou como se estivesse experimentando o nome pela primeira vez. Vini fuzilou ela com o olhar imaginando que agora aquela massa de homens tinha procurado a menina que roubara o coração do Pantera na balada de ontem. Eu agradeci aos céus por ter parado de receber aquele olhar mortal. Felizmente, os meninos riram cortando o clima fúnebre da situação toda.
― Tu é a nova namorada do Montanha? ― Perguntou o garoto ruivo que já seguiu em direção a Mari dando-lhe um abraço desajeitado enquanto parecia feliz em conhecê-la.
― Eu... ― Mari não conseguiu falar nada. Tai a interrompeu.
― Como eu não estou sabendo disso, Mari, sua safada!!?? ― Ela gritou. ― Em um dia eu perdi as minhas duas amigas solteiras para um bando de homem gostoso! ― Mari corou enquanto olhava para aqueles meninos. Eu queria esconder meu rosto por conta da espontaneidade de Tai.
― Eu juro que não estou namorando ninguém, Tai... mas quem de vocês é o tal Montanha só para eu ver se valeria a pena? ― Ela disse assim, na lata, fazendo todos eles e eu e a Tai rirmos de tamanha expressão.
― Ah, então a gente deve ter errado a loja... ― Disse um dos morenos. ― O nosso amigo, Montanha, começou a namorar uma menina ontem depois que ele atropelou... ― E como se a palavra atropelar fosse a palavra mágica do dia, para meu azar, o meu chefe passou a me fuzilar com o olhar e tanto Mari quanto Tai passaram a encarar a minha bota escondida como se finalmente tudo fizesse algum sentido.
Exceto para mim.
― Pera. To confusa. Montanha? Não, é só coincidência demais. Eu estou namorando... ― Não pude deixar de ser irônica ao falar isso ― Eu estou namorando o Bruno. ― Eu não conhecia nenhum Montanha. Exceto o babaca do jogador de vôlei que saiu em tudo quanto é rede social por ter saído com uma professora e chamado ela de...
A ficha caiu naquele segundo para mim. E os meninos trataram de logo perceber.
― Não, não faz essa cara! O Montanha é um cara legal! A mídia que fez a caveira dele! ― Tentou explicar o ruivo novamente. Os outros passaram a concordar com a cabeça.
Eu precisava me sentar.
Talvez precisasse de água também. E quem sabe uma faca para trucidar aquele mentiroso de uma figa.
Meu. Deus.
Onde eu tinha me metido?
Oi Oi lindezas!
Adivinha quem acabou de descobrir que o nome que o Bruno mais é conhecido é na verdade Montanha?? Haha
E aí?? Gostaram da aparição do Vini e da Tai?? Agora com a aparição dos que eu chamo carinhosamente de meninos do vôlei, vocês vão se deliciar no próximo capítulo em como eles são legais (eu acho pelo menos).
Acho que falei no começo da história e repito novamente: eu realmente amo os personagens principais, mas essa história também me fez me apaixonar pelos personagens secundários... espero que aconteça o mesmo com vocês! Haha
Vou tentar postar mais um capítulo final de semana, já que esse era curtinho. Talvez sábado à tarde, então fiquem a postas!
Mas por favor, não esqueçam das estrelinhas/comentários! Isso me incentiva bastante em continuar postando dia de semana (mesmo sendo beeeeem difícil fazer isso para mim...)
Bjinhoos
Diulia.
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