Capítulo 46
Alguém precisa avisar o Wattpad para deixar de ser tão chato nessa formatação nova horrível que ficou...
― Vai, Vai!
― Milk! ― Gritou Montanha e Milk que parecia deslizar pelo chão, conseguiu salvar a bola antes que ela chegasse no chão.
O jogo continuou. Eu tentava acompanhar os movimentos dos meninos, mais afoita impossível, ouvindo os sapatos que pareciam apitos quando escorregavam no chão. Talvez porque era a final, meu coração parecia parar a cada mínimo ponto que eles faziam ou a cada mínimo ponto que eles perdiam quando o outro time conseguia marcar um ponto.
Não havia momentos para erros e meu coração quase escapava do peito diante da minha total falta de respiração naqueles segundos que se arrastavam diante do fim.
Outro lance. Voltei a prestar atenção, nervosa. Pantera fez o levantamento e dessa vez Felipão cortou. Uffa, mais um ponto. Eles se abraçaram comemorando e eu me permiti respirar aliviada só por alguns segundos, porque a verdade é que eles ainda precisavam continuar fazendo pontos para ganhar.
Naquele instante, foi a vez de Doug sacar. A bola chegou rasteira do outro lado e o time adversário conseguiu capturar a bola bem colocada em quadra antes que ela chegasse no chão. Emendaram o movimento com o levantamento e, por fim, eles tentaram o corte.
Montanha, como sempre, fez barreira acompanhado lateralmente por Pantera e, pela graça de Deus, ou quem sabe, por muito treinamento deles nesse tipo de tática, a barreira realmente se fez intransponível e a bola retornou para o outro time.
Então, a jogada continuava. O time adversário teve que tentar desenvolver a bola de novo.
Tentaram jogar a bola mais para a equipe de trás, da defesa, mas Pedrão pegou perspicaz. Era nítido como os meninos estavam focados em conseguir também aquele ponto, afinal, eles continuavam gritando coisas como: "Vai, vai, vai". Dessa vez, para meu alívio número cinquenta mil, porque aquele jogo já tinha me feito perder todas as fibras, morrendo a cada mínima jogada, de verdade, Felipão desenvolveu para Montanha e finalmente o ponto foi feito.
O jogo estava sendo difícil, trabalhoso, embora os meninos tivessem vencendo. O time adversário estava tentando ganhar pelo cansaço. Era uma boa tática, porque os meninos começaram a ter pequenos errinhos de saque e Milk começou a não se esticar tanto. Eles estavam ficando cansados, ao passo que todos nós da equipe técnica estávamos quase moendo todas as unhas, bordas de lábios e bochechas de nervosismo. Mas eles estavam perto de vencer, só não podiam contar com esses erros terríveis de cansaço, evidentes.
Felizmente, os meninos também sabiam jogar com tática e, percebendo o que o outro time estava querendo fazer, eles começaram a jogar ainda com mais garra, encontrando pequenas brechas para conseguir marcar os pontos necessários.
A cada ponto, eu e toda a equipe técnica vibrava. O treinador e o vice tinham que pedir foco e eu tinha quase certeza de que eles sairiam daquele jogo completamente sem vozes de tanto que eles gritavam para que os meninos não saíssem da formação e continuassem pontuando.
No fim, contudo, os meninos estavam mais de 10 pontos na frente, já quase fechando o set. Já estavam fazendo jogadas mais ousadas e mais relaxados. E, talvez, porque estivessem jogando realmente com amor e a mesma dedicação, a última jogada para fechar o set tivesse sido especial.O treinador pediu tempo, eles se reuniram. Alguns meninos pediram água para se hidratarem e outros deles jogaram no rosto para lutarem contra o calor e o suor, que era visivelmente presente em cada poro deles.
Marcelão bateu palmas para chamar os meninos à atenção e falou pouco, embora tudo o que tenha dito tivesse realmente fundamento:
― Vocês são capazes, sabem disso. Eu acredito em cada um de vocês! Vamos botar para quebrar e vencer essa! Unidos conseguimos, juntos somos mais fortes! Vamos, vamos! ― Bradou o treinador numa última frase de incentivo que pareceu surtir efeito. Os meninos bateram palmas concordando e voltaram animados para o jogo.
Milk começou concentrado e sacando. Senti como se meu coração errasse uma batida, mas felizmente, o saque, ainda que não tenha sido efetivo para marcar um ponto, tinha sido o suficiente para que a bola se desenvolvesse para o outro lado sem falhas.
O outro time também deu tudo de si. Levantaram a bola com perfeição e um deles cortou tentando furar a barreira por Pantera. Talvez porque tivesse passado pelo dedo mindinho, raspando de Pantera, ele não conseguiu e a barreira foi furada, mas Doug não deixou que fosse para o chão colocando a bola no ar novamente. Montanha desenvolveu e Felipão tentou o corte. Foi quase perfeito.
Tenho certeza que soltei um grito frustrado. Argh, estávamos quase lá! Vamos meninos, vamos!
Foi por um triz que o time adversário conseguiu levantar a bola novamente. Dessa vez, contudo, mais cansados, não conseguiram que a bola passasse pela rede de Montanha e Pantera. Tentaram desenvolver novamente.
Milk pegou a bola e dessa vez Pantera desenvolveu a bola. Parecia que seria Felipão novamente que ia cortar, mas para a surpresa do time adversário, Montanha que cortou causando uma pequena brecha no canto inferior esquerdo deles e acertando muito próximo da linha.
Silêncio por dois segundos até que o juiz indicasse que tinha sido dentro.
E então os brados de alegria e a vibração dos meninos com gritos extenuantes de alegria, muitos deles caindo até no chão quando o juiz validou como ponto do Brasil.Eu também quase fui parar no chão, sem acreditar.
A comemoração era tamanha. Inacreditável.
O que se seguiu em seguida, mais lindo ainda.Foi um evento lindo de se ver e lágrimas se juntavam no canto dos meus olhos em profunda emoção. Era indescritível o sentimento que se apossava de mim.
Os meninos beijaram as medalhas de ouro no peito e sorriram estendendo as mãos dadas para o alto. Todos eles estavam com casacos verdes e amarelo e blusas da mesma cor. Era perceptível como eles também estavam muito, muito felizes e também muito, muito emocionados, segurando as lágrimas que queriam cair de emoção. Milk não aguentou e começou a derrubar as lágrimas, seguido de Pedrão.
Os repórteres, as tiradas de fotos e filmagens eram imensas. Todos estavam tão agitados quanto os meninos por mais aquela vitória para a seleção brasileira. Era mágico!
Com lágrimas nos olhos, eu só conseguia assistir tudo, comemorando com a equipe técnica. Acompanhar a seleção brasileira de vôlei numa empreitada daquela era algo que eu estava longe de imaginar que aconteceria na minha vida. Mesmo sendo um sonho, ter um sonho concretizado parecia mexer com todas as forças da minha alma e eu só sentia as lágrimas de tamanha vitória em conjunto.
Observei quase babando, embora fosse mais de admiração, quando os jornalistas começaram a perguntar para os meninos o que significava aquilo tudo para eles. Quem começou a falar, foi Montanha e eu continuei ouvindo de longe, suspirando ao ver os meninos tão felizes:
― Agradecemos por todos que torceram por nós. Unidos, vencemos sempre, né galera? ― Disse Montanha e Pantera e Milk apareceram abraçando Montanha. Foi Milk que falou:
― É nóóóóós Brasil!
― Uhu! ― Disse Pantera piscando para a câmera e mandando um beijo. Com certeza, deve ter feito mais da metade das meninas que assistiam a àquilo tudo extasiadas, suspirarem e morrerem de paixão nos seus sofás.
― Vocês foram imbatíveis, parabéns! ― Disse o jornalista. Montanha concordou todo sério e então sorriu generosamente.
― Na-Nada disso seria possível se... se e-eu não tivesse a melhor equipe técnica e de apoio possível. Além dessa torcida maravilhosa! ― E eu vi Montanha com as bochechas vermelhas. Poderia ser por esforço, mas eu tinha quase certeza que não. Lembrava vagamente de como os meninos tinham dito como Montanha tinha certa vergonha em falar em público, em entrevistas, coisas do tipo.
As comemorações continuaram por mais uma hora diante de mais fotos com as medalhas, mais beijos e direito até mesmo a uma foto de Pantera tentando morder a medalha para ter certeza de que era de ouro - ainda que eu tivesse minhas dúvidas de que fosse de ouro maciço. Tinha ouvido falar alguma coisa a respeito delas serem por dentro de outro material e só por fora banhadas a ouro.
Mas a verdade é que nada disso importava. O que importava era a alegria do momento, o símbolo que a medalha de ouro representava, o esforço deles que tinha sido realmente merecidamente presenteado.
Depois de muitas entrevistas, nos reunimos para entrar no ônibus que estaria nos esperando na porta do estádio. Eu e boa parte da equipe técnica chegamos primeiro. Contudo, quando os meninos chegaram, foi novamente a comemoração de felicidade que contagiava cada um de nós.
Alguns meninos, como Montanha e Pantera, estavam dando autógrafos para as fãs que se aglomeravam ali, entre os seguranças, mas outros como Milk vieram na minha direção correndo. Ri e abracei Milk, que estava entusiasmado, vibrando de energia. Eu também estava feliz e fiquei feliz quando Milk lembrou de mim, vindo comemorar comigo.
― Vencemos Ju!
― Vencemos Milk! Uhu!!! ― E quando dei por mim estávamos comemorando. Demorei a perceber que tão logo Milk veio, os outros meninos também apareceram sabe-se lá de onde e fizeram um montinho abraçando Milk e eu e outros médicos, enfermeiros e profissionais da equipe técnica que estavam ali comigo também.
Começamos todos juntos a pular e gritar Uhu de felicidade. A alegria era algo contagiante e todos nós estávamos muito felizes. Não havia como descrever aquele momento.
Depois de pularmos um pouco, fomos nos afastando e os meninos começaram a conversar com fãs ou até com parte da equipe técnica. Nos afastamos e eu comecei a procurar Montanha com o olhar. Só me senti realmente acalmar quando vi que ele estava fazendo um sinal com dois dedos levantados e sorrindo para a foto de uma família que tinha parado para tirar uma selfie com ele. Acabei instantaneamente sorrindo ao ver que ele estava sorrindo.
E então me assustei.
― Pare de olhar para o meu homem, sua vacaaaaaa! ― E eu nem tive reação a tempo para conseguir me defender. Quando vi, alguém estava puxando o meu cabelo quase como se quisesse me deixar careca. E como meu couro cabeludo ainda estava sensível do corte anterior que Wanderleia tinha causado com o salto fino, estava doendo para caramba!
Tentei tirar a mão da mulher do meu cabelo, mas na educação não estava sendo possível, então comecei a tentar cravar minhas unhas naquela mão e então naquele punho tentando fazer a pessoa largar o meu cabelo que doía demais!
Comecei a rodopiar e como meu cabelo estava na minha cara, eu não estava conseguindo enxergar praticamente nada, mas como eu reconhecia aquela voz de outros carnavais, eu sabia de quem, infelizmente, se tratava: Wanderleia.
O que diabos aquela mulher estava fazendo ali? Ela não tinha voltado para o Brasil? Pelo menos era no que todos nós tínhamos acreditado, mas aparentemente não era a verdadeira história, porque se não ela não estaria ali fazendo aquele papel ridículo.
― Você não vai roubar o meu futuro com ele! Eu não vou deixar! ― E ela continuava me puxando pelo cabelo. Continuei fincando minhas unhas em Wanderleia e senti que tirava fisgadas de sangue dela, mas aparentemente sem ser suficiente para que ela largasse a porcaria do meu cabelo!
Será que ninguém ia tentar me ajudar, por Deus?
― Jú! ― Ouvi Montanha e Milk falarem ao mesmo tempo.
Consegui puxar a mão de Wanderleia do meu cabelo e assustada ela me encarou. Ainda assim, ela arregalou os olhos, mas não foi suficiente para todo o caos que ela tinha criado. Foi apenas um flash e então muita dor.
Quando dei por mim, estava no chão novamente, atropelada mais uma vez, para variar, embora dessa vez eu sentisse minha cabeça tonta e rodopiante. Acho que a velocidade desse carro tinha sido um pouquinho pior.
Minha cabeça doía muito e minha mente parecia confusa e difícil de processar as ideias direito.
Tentei me situar.
Avistei o corpo de Wanderleia também no chão. Ela estava sangrando pela barriga e meus olhos encheram-se de lágrimas. Não, eu não queria ser responsável por tirar uma vida, ainda que de poucos meses. Eu não aguentaria esse fardo, ainda que eu não tivesse lá tanta culpa.
― Júlia! ― Disse Montanha tentando levantar minha cabeça do asfalto. Minha pele ardia como brasa, talvez eu estivesse toda ralada. Lágrimas ainda estavam no canto dos meus olhos.
― Vai ajudá-la. ― Consegui dizer num sopro de voz. ― Eu estou bem. A ambulância vai chegar e vai me tirar do chão. Não parece que estou com hemorragia, nem nada disso, veja, estou falando mas Wanderleia pode perder o bebê. E parece que ela desmaiou. A situação dela pode ser pior... Montanha, por favor, cuide dela. ― Montanha não parecia muito a fim de fazer isso e balançou a cabeça em negativa com lágrimas. Precisei insistir mais uma vez:
― Por favor, faça isso. A mídia vai falar...
― Não me peça isso, Ju...
― Eu estou te pedindo, faça isso por mim. Por não ter me deixado explicar antes a minha situação antes me julgar, faça isso... ― E talvez Montanha nem entendesse como eu realmente não queria carregar a culpa de não ter ajudado uma mulher grávida, mas eu não me importava. Fazia algum sentido na minha cabeça levemente confusa e eu precisava de verdade que Montanha fizesse isso por mim, se ele pudesse...
Talvez porque eu o olhasse suplicante, Montanha acabou assentindo e concordando a contragosto.
― Milk, vou ver a Wanderleia. Não deixe que ninguém além da equipe médica chegue próximo da Ju e da Wanderleia. Felipão, procura o Marcos para ajudar a Wanderleia e veja se tem outro médico para também ajudar a Ju. ― Os meninos começaram a tentar afastar a multidão que se formava de curiosos. Muitos estavam em choque do que havia acontecido, mas outros eram só passantes mesmo.
O motorista tentou fugir, mas Marcelão e companhia foram correr atrás dele como se fossem verdadeiros corredores de atletismo atrás de um fugitivo deveras criminoso, agora, com o intuito de não o deixar escapar.
Minha perna estava doendo muito e meus braços pareciam arder como brasa, mas talvez porque estivessem ralados. Parada e tentando me manter focada em continuar assim, já que eu não tinha lá muita certeza se conseguiria me mexer muito bem, ouvi Montanha tentando ver se Wanderleia respirava, mas ela parecia desacordada, como eu presumira.
― Cadê a porra do Marcos? ― E ninguém sabia responder.
Fer tentou ajudar nos primeiros socorros com Wanderleia, mas não tinha muito o que ela podia fazer ali, além de acompanhar os sinais vitais dela.
A ambulância não demorou para chegar. Fomos colocados rapidamente para dentro e Milk ficou me acompanhando e Montanha, a contragosto, acompanhou Wanderleia.
Que ótima maneira de terminar um dia que tinha sido de vitória para o Brasil...
Pensei antes de finalmente fechar os olhos e aceitar o soro aparentemente sedativo que os paramédicos injetavam em mim...
Oi Oi gente! Eu juro que pensei muito em dar um desfecho mais trágico para a Jú, mas depois de pensar muito, achei que ela já tinha passado por muita coisa e acho que já chega de mocinhas minhas tendo um final de sono por alguns dias (quem leu meus outros livros deve entender do que falo kkkk)...
Assim, decidi aliviar - por enquanto - só um pouquinho para ela... Que tal?
Próximo capítulo juro que temos o início da nossa maravilhosa teia de ideias mirabolantes se resolvendo... Afinal, a pergunta que não quer calar é como Wanderleia ainda está aí, não é mesmo? Asseguro vocês de que essa resposta virá no próximo...
Se quiserem muitoooo posso tentar postar na terça ou quarta... O que acham?
E então ficará faltando apenas 4 capítulos para nos despedirmos de todos eles...
Já preparem os lencinhos, porque eu juro que fiquei mal quando terminei, porque fiquei com saudade deles...
Espero que fiquem também, porque terminamos semana que vem! T.T
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Bjinhoos
Diulia.
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