Capítulo 34
Eu estou com medo de não conseguir postar domingo, então estou adiantando para hoje...
Espero que gostem da surpresa... Capítulo pronto para chocar (espero) haha
Acordei algum tempo depois deitada na minha cama com a cabeça de Layla apoiada na minha coxa. Demorei para lembrar que dia era e o que havia acontecido na minha vida nos últimos dias. O peso dos meus erros parecia pesar uma tonelada nos meus ombros.
Vini, Tai e minha mãe estavam na cozinha, mas como a porta estava aberta, mesmo que eles falassem baixinhos, eu conseguia os ouvir:
― Nós vamos sair dessa. Sei que ela não consegue pensar nisso, por enquanto. A dor de um coração partido demora a ser recomposta, mas vamos fazer isso por ela. Quando ela sair do período de luto do fim desse relacionamento, ela terá algo com o qual se preocupar, esfriar a cabeça. Então podemos fazer isso por ela. O que acham? Vocês me ajudam? ― Perguntou minha mãe.
― Claro! ― Disse Vini.
― Você sabe que sim, Senhora Sônia. ― Disse Tai com a voz embargada.
Eu não fazia a mínima ideia do que eles estavam falando, mas a grande verdade é que eu nem queria saber. Meu coração ainda doía e a ficha mais uma vez caia de que Montanha e companhia tinham realmente saído da minha vida como numa voadora.
Vini e Tai ficaram mais um tempo para ter certeza de que eu estava bem e ia me recuperar, mas logo saíram. Minha mãe fez compras para estocar comida na geladeira para mim e também foi embora, porque tinha que trabalhar. No fim, eu estava sozinha com Lalá e tive o tempo como o meu melhor companheiro enquanto pouco a pouco as pessoas deixavam de ficar em frente ao meu prédio e os dias iam passando numa lentidão que doía até os ossos...
Foram dias tristes em que eu me levantava para dar comida para Layla e ligava o netflix para assistir mais um filme e no fim dormir. Quase sempre só comia obrigada e normalmente coisas não muito lá saudáveis, como comida congelada e sorvete. A grande verdade é que as coisas tinham perdido a cor e eu insistia em parecer uma tonta assistindo pela milésima vez e gravando as frases do filme Uma linda mulher.
Depois de alguns dias, que no fim eu não sabia quantificar quantos, já que ultimamente vinha trocando o dia pela noite, ouvi Layla latir e decidi que se o último azar que quisesse imperar na minha vida fosse ter o meu apartamento roubado, que assim fosse. Eu estava preparada para continuar dormindo enquanto isso acontecia...
Mas não era um roubo. Era a minha mãe em forma de furacão mesmo.
― Ju! Levanta daí agora! ― Resmunguei alguma coisa incompreensível até mesmo para mim, mas não foi suficiente. Assustada, levantei num pulo quando minha mãe puxou as minhas cobertas.
― Me deixa, mãe! ― Gritei chateada com a tirada da coberta. Minha mãe não se abalou por um segundo sequer enquanto eu insistia em procurar onde o meu refúgio, vulgo cobertas, estavam.
― Me deixa digo eu! Já não aguento mais ver você sofrendo por alguém que não sofreu uma unha do que você está sofrendo por ele! Levanta daí, já!
― Acontece, mãe, que a errada aqui da história sou eu. Não ele. ― Minha mãe fechou a cara.
― Não existem errados numa história quando duas pessoas se gostam. Basta que sentem para conversar e esclareçam os maus entendidos. Acontece, que o Bruno não quis te ouvir e já te superou! Você que não consegue se reerguer e o esquecer! ― Gritou minha mãe novamente para mim. Como meu pavio andava curto por conta da sensibilidade que eu andava nos últimos dias, acabei estourando também e gritando:
― Não consigo! E sabe porque? Porque ele foi o primeiro homem que realmente entreguei o meu coração! E se eu soubesse que ia doer tanto... Se eu soubesse... Não teria... ― Acabei caindo em lágrimas enquanto a dor parecia um murro forte no meu peito. Então era essa realmente a maldita de uma dor de quem tem seu amor não correspondido?
― Não é errado entregar o seu coração para alguém, minha Juju. Errado é você insistir para continuar vivendo o que não tem a mínima chance de dar certo. Montanha vai ser pai, vai construir uma família, você não pode estragar uma família na tola ilusão de viver esse sentimento que nem é mais compartilhado por ele...
― O que??
― Fora que eu e os seus amigos... ― Minha mãe continuou falando alguma coisa que não fazia mais o mínimo sentido para mim, porque aquela frase anterior ainda parecia gravada na minha alma.
Montanha ia ser pai? Ia construir uma família?
Um tapa talvez doesse menos, ou fosse menos chocante naquele segundo.
Como ele havia conseguido essa destreza em menos de uma semana? Ele também havia saído com outras meninas enquanto estava comigo? Ele já tinha virado a página tão rapidamente e tão facilmente assim? Eu não conseguia acreditar.
― Está um xodó, tenho certeza de que você vai gostar e vai te fazer bem para reconstruir a sua vida, minha filha. ― Minha mãe terminou seu discurso, mas eu ainda insistia em continuar em outra parte dele.
― Ele vai ser pai? ― Minha mãe bufou, percebendo que eu tinha me desligado de boa parte do seu discurso.
― Sim... Aquele caso dele no exterior... A mulher está grávida dele. Ele conseguiu reerguer o nome dele todo abraçando a esposa e o futuro filho. E a mídia está em pavorosa em como eles fazem um lindo casal. As pessoas esqueceram toda a sua história, todas as mentiras, todas as traições. Enfim... O que um bebê a caminho não pode fazer, não é mesmo? ― Mamãe riu, mas nesse momento a minha única opção foi pegar o celular jogado quase sem bateria em algum canto do quarto e buscar a notícia da qual a minha mãe falava.
― Quanto tempo faz isso? ― Consegui balbuciar percebendo que tudo em mim tremia. Desde a voz, até minhas mãos que demoravam a conseguir escrever as coisas direito. Minha mãe deu de ombros.
― Foi ontem a noite a coletiva. ― Concordei enquanto lutava contra os meus dedos até conseguir pesquisar o nome de Montanha no google e achar um vídeo com um título em letras garrafais: MONTANHA É PAI.
Engoli em seco.
Fiquei olhando o site por um longo doloroso segundo enquanto tentava fazer meu espírito encaixar de novo no corpo e absorver aquela notícia.
No vídeo, os dois estavam sentados em poltronas de cor creme, um ao lado do outro e Montanha sorria, ainda que a felicidade de ser pai não parecesse chegar cem por cento nos olhos. Ele e Wanderleia estavam lado a lado e várias perguntas e flashes faziam parte daquela entrevista. Wanderleia vire e mexa passava a mão na projeção de barriga – nem havia nada ali que pudesse indicar qualquer gravidez possível – e olhava para Montanha com um ar infantil de sonhadora que nada combinava com sua aparência de mulher bem adulta.
― Então é verdade que você vai ser pai? ― Perguntou o entrevistador. Montanha sorriu comedidamente.
― Pelo visto sim... Estou tão surpreso quanto vocês! ― Todos riram. Meu coração parecia tão esmagado e recheado de ciúmes que me senti mal em parecer uma pessoa tão egoísta querendo Montanha só para mim.
― E vocês já conversaram sobre os nomes dependendo do sexo do bebê?
Wanderleia tomou a palavra.
― Gostaria que se chamasse Desiree em homenagem à França onde ela foi concebida. Se for menina. ― Montanha também parecia surpreso com aquela escolha de nome. Não sabia se era o ciúme falando alto, mas eu achava aquele nome feio.
― Hm... E se for menino? ― Perguntou o entrevistador.
― O Montanha pode escolher. ― Disse Wanderleia apoiando a cabeça no ombro de Montanha como se aprovasse qualquer nome que ele dissesse.
Eu já estava saturando só de ver o vídeo. O ar também insistia em ficar rarefeito para mim.
Mas, para falar a verdade, o que mais me doía era ver Montanha tão perto e ao mesmo tempo tão longe. O rosto dele, os olhos, aquelas mãos que outrora me tocaram... E... E no fim tudo tinha acabado, porque como minha mãe mesmo dissera, eles agora eram uma família. Eu não tinha o direito de destruir uma família por um capricho egoísta de querer me desculpar com Montanha, de contar minha versão, de querer ele para mim...
Até porque ele não quis ouvir a minha versão. E eu tentei. Deus sabe quantas vezes liguei para o celular dele, mesmo Rafa dizendo para eu não fazer.
Ele não atendeu uma vez sequer.
O vídeo continuou avançando enquanto eu refletia com meus botões.
― E como você ficou quando descobriu da Júlia? ― Era uma pergunta para Wanderleia, mas meus olhos só captavam Montanha na filmagem, o olhar ferido sendo desviado para encarar Wanderleia e tentar impedir que a mídia percebesse isso. Meu coração quase parou nesse meio segundo.
― Eu sempre soube que ela não queria nada sério, só estava com Montanha por dinheiro, sabe? Ela nunca me enganou... E Montanha... Bem... Meu amorzinho estava iludido. Achou que ela realmente o amava... Ela era uma boa atriz, vocês não acham? ― Os jornalistas começaram a resmungar no que parecia ser uma concordância.
― E você não tem medo de que ela venha a atrapalhar essa bela família que será formada agora? ― Wanderleia voltou os olhos direto para a câmera. Parecia agora uma mulher implacável, uma leoa.
A voz saiu fina e carregada de um sentimentalismo que parecia um pouco falso.
Ou talvez fosse o meu ciúme falando novamente.
― Eu duvido que ela vai ousar chegar perto. Ela sabe que não vou deixar que ela tente estragar nossa felicidade genuína. Ela já causou muitos estragos para continuar achando que eu vou engolir se ela se aproximar de nós. Por isso que eu falo: Júlia, se você estiver vendo essa reportagem, eu te peço: Deixe a nossa família em paz. Eu, Montanha e esse bebê que está vindo só queremos ser uma família. Será que é pedir muito que você deixe os nossos sonhos se concretizarem?
O vídeo acabava aí.
Eu não fazia a mínima ideia se ela tinha falado de propósito, se ela sabia que Montanha tinha sim, lá no recôndito da alma, o sonho de ser pai, de constituir uma família, como o pai dele tinha me contado na refeição que fizemos juntos, mas fosse por coincidência ou não, a verdade é que era um sonho de Montanha e eu sabia disso.
E por isso mesmo, eu só consegui assentir com tudo o que ela tinha dito, acreditando que talvez ela estivesse certa mesmo.
Apertei um lábio sobre o outro e senti uma lágrima solitária escorrer de um dos meus olhos enquanto eu aceitava, talvez muito tardiamente, que aquilo significava, realmente, o nosso fim. O meu e de Montanha. Para sempre.
― Chega de chorar por quem não derrubou uma lágrima por você, Julinha. Vamos também construir o seu sonho. Venha, eu quero te mostrar uma coisa muito especial. ― Disse minha mãe com a voz bem baixa e tranquila, como se estivesse querendo me transmitir paz ao mesmo tempo que estivesse pisando em ovos. Concordei com um meneio de cabeça.
― Temos que sair de casa para isso?
― Sim. ― Assenti.
― Vou tomar um banho então. A senhora me espera? ― Com ares de pena, coisa que eu não gostava de ver na minha mãe, ela assentiu, mas o que saiu dos seus lábios realmente me surpreendeu:
― Sua mãe sempre vai estar aqui para quando você precisar, Juju. ― Depois de alguns segundos com cara de choque, sendo abraçada de forma reconfortante por minha mãe, consegui me recompor, desvencilhar-me dela e parti para o banheiro.
Foi quase como uma terapia.
Enquanto a água caia pelo meu corpo, me senti como se realmente estivesse me livrando de toda a sujeira dos dias acumulados, mas também de todo o sentimento, de toda a dor que estava na minha alma. E então chorei mais uma vez. Chorei, prometendo a mim mesma que seriam as minhas últimas lágrimas.
Esfreguei a minha pele com força como se assim eu pudesse me livrar de todos os toques de Montanha que só de pensar neles já surtiam o efeito de arrepiar a minha pele. Senti como a água ajudava a queimar a região vermelha esfolada, mas quando sai do banho e passei creme pelo meu corpo, me senti como se estivesse verdadeiramente curada, os toques suaves do creme parecendo amortecer todos os sentimentos em pavorosa dentro de mim.
Podiam ter sido poucos momentos, mas a grande verdade é que mesmo os poucos momentos ao lado de Montanha tinham causado uma verdadeira reviravolta na minha vida e tinham me feito ter um sentimento por alguém que eu nunca imaginei que teria por ninguém.
Seria difícil recomeçar depois de ter passado um mês intenso na presença dele e dos meninos, mas eu sabia que tinha minha mãe, tinha Vini e Tai para contar. E sabia que eles estariam comigo sempre, me ajudando a recomeçar quantas vezes fossem necessárias.
E por isso eu era grata.
Um salve de palmas para os nossos amigos, familiares, animais de estimação que estão sempre conosco em qualquer adversidade e não nos abandonam <3
Como vocês estão? Sobreviveram ao momento Júlia depressiva do capítulo anterior? Cheguei a chocar vocês nesse capítulo? Ou já esperavam??
Estou vendo vocês fazerem um monte de teorias e estou amando lê-las kkkkkk É uma pena que não posso dar spoiler hsuahsua
Mas acompanhem que logo saberemos se vcs estão certos ou não!
Ainda não respondi alguns comentários, mas vou fazer isso hoje! Espero que gostem desse capítulo pequeno, mas de força e luta e erguimento...
Quero saber se alguém imagina como e quando vai ser o reencontro de Montanha e Júlia! Quero ver quem chega mais perto hsuahsuhsuah Teorias sempre bem vindas!!
Se gostaram, não esqueçam das estrelinhas e comentários que tanto amo <3
Bjinhoos
Diulia.
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