Capítulo XI - Reconhecendo o campo minado
Como um caminho sem fim, a perfeita definição de agonia e pavor para qualquer ser humano normal, era o corredor onde a princesa entrara acompanhada de Elijah e Tyliard. O espaço deveras estreito com paredes metálicas era frio e lembrava muito corredores de geladeiras em hospitais, para onde são levados os corpos sem vida.
O trio permanecia calado. Andaram por alguns segundos, infindos na mente de Aveta, até que finalmente avistaram a porta de vidro que separava a sala de emergência do resto do castelo. Elijah usou sua biometria para terem acesso ao local, e, depois, o pequeno grupo adentrou no cômodo. Uma espécie de persiana de metal deslizou na direção do chão, deixando o lugar completamente escuro até que as luzes se acendessem.
— Bom, acho que minha próxima pergunta é óbvia — disse a moça, com os braços cruzados.
— Já vamos explicar o que viemos fazer aqui. — Tyliard arrancou a capa preta que usava, deixando aparente a camisa de malha verde pastel, que escondia metade de seu braço, e o cordão preto, que sustentava um losango prateado em sua extremidade inferior.
— Tyliard, último relatório — pediu Elijah.
Aveta permanecia confusa.
O agente técnico dirigiu-se ao grande visor que se localizava no canto esquerdo da sala e digitou uma série de códigos no pequeno teclado abaixo do ecrã. Uma série de diminutos quadrados surgiu nos pixels mal iluminados. Eram imagens de todos os distritos de Lidium, ruas, casas, centros. Tudo era monitorado.
Ao lado, em um espaço um pouco maior, havia imagens dos mais distintos pontos do castelo.
— Parece tudo normal, agora — afirmou Tyliard. — Mas o relatório de falhas mostrou duas invasões no sistema — completou, preocupado. Os olhos não perdiam o contato com a tela.
— Como as do distrito Norte?
— Não, príncipe. Como as daquele dia — enfatizou a penúltima palavra. — Nunca vi nada parecido. Eu nunca consegui permanecer na rede de câmeras por invasão por mais de dez minutos. Eles derrubaram cinquenta câmeras por meia hora — disse.
— Se vocês não começarem a me dizer o que está acontecendo, eu volto para Salazar sem um pingo de remorso — disse a princesa, aproximando-se dos dois.
Elijah suspirou pesado.
— O primeiro ataque, na verdade, o único, aconteceu há uma semana. Um dos nossos provadores morreu envenenado — disse o príncipe.
Aveta arregalou os olhos e entreabriu os lábios.
— Por pouco um de nós também não faleceu — ele prosseguiu. — Ylana tropeçou e caiu sobre a bandeja de canapés, onde estava o veneno.
— E como eles estão? — Aveta parecia realmente comovida, mas, mesmo assim, ainda manteve a postura. — Digo, seus pais e Ylana.
— Fora o susto, por pensarmos que o veneno poderia estar na água também, estão todos bem.
— E as câmeras? — ela indagou.
— Desde o dia em que isso aconteceu, viemos sofrendo diversos ataques à rede de segurança. Eu não consigo identificar de onde eles partem, mas nunca acontece nada enquanto as câmeras estão desligadas — Tyliard respondeu.
— Como assim? É como uma pegadinha? — ela ironizou.
— Tememos que seja um teste ou uma preparação para algo maior. — Elijah passou as mãos entre os fios de cabelo e, em seguida, as apoiou sobre o suporte de metal em frente às telas. — Por isso pensamos em vocês, porque mesmo que fosse uma farsa, decifraram vários enigmas do jogo da realeza, sozinhos — admitiu Elijah, ele não gostava de depender de outras pessoas, ainda mais de Aveta.
— Por que Laerte não pôde vir comigo, então?
— Precisávamos que você soubesse primeiro. Foram ordens do meu pai — Elijah respondeu.
— Bom. Eu já sei agora. Não vou tomar nenhuma decisão ou emitir alguma opinião sem que Laerte e Wictoria estejam comigo.
— Mas você é a estrategista, eles são apenas assistentes — disse Elijah.
— Elijah, não me interessa se você vai ser rei ou qualquer droga daqui a alguns anos — Aveta estreitou os olhos —, tenha mais respeito com aqueles que vieram ajudar. Pediram reforço a Salazar, nós somos o reforço. Os três.
— Perdão, eu não me expressei bem — respondeu o rapaz.
— É, princesa. Estamos todos muito nervosos — Tyliard complementou.
— Nervosismo não vai adiantar em nada. Tremer e chorar não muda fato algum, a não ser que você seja um recém-nascido. Então, por favor, tomem a postura de vocês e parem de justificar qualquer imbecilidade dita com um pouco mais de adrenalina no sangue. Existem remédios que ajudam nesses casos — ela falou. — Eu vou subir e me trocar, preciso descansar um pouco antes da reunião que faremos amanhã.
— Nós não falamos em reunião — disse Elijah.
— E pretendem resolver os assuntos por telepatia? — ela retorquiu. — Agora, se me permitem, eu vou subir.
Dentro do castelo de Lidium, tudo era uma nova descoberta. O moderno se fundia ao medieval, e aquela paisagem era uma bela distração aos olhos. Talvez por esse fato, Wictoria decidira parar bem no meio do corredor onde ficava seu quarto e contemplar um quadro muito peculiar. As listras em verde e vermelhos formavam alguns redemoinhos que desciam em cascata e fundiam-se ao chão de ladrilhos, coberto por pequenas frutas tropicais.
Enquanto a moça se perdia naquela imagem estranhamente atrativa, sentiu a porta ao lado ser aberta. Não era algo esperado, já que ainda era muito cedo, todavia, preferiu esperar para saber de quem se tratava. Poderia ser alguém proveitoso para se conhecer.
— Ai, merda! — A voz feminina fê-la dar um passo para trás, com o cenho franzido.
Assim que a pessoa a qual escutara pôs o corpo para fora, Wictoria pôde observar os pés descalços que acompanhavam uma calça preta de couro, da mesma cor dos cabelos longos da moça.
— Bom dia? — disse, em dúvida, a General. Ela observava a face contorcida da outra.
— Quem é você? — questionou a morena.
— Eu sou Wictoria, Gener...
— Ah, não importa — respondeu a outra, pondo o indicador e o polegar sobre o nariz. — Viu algum criado por aí? Minha cabeça está me matando. — Soltou o ar pela boca.
— Não, eu acabei de chegar. E por falar nisso, preciso ir. — Wictoria ameaçou virar-se, mas a moça a chamou novamente.
— Sabe onde está Tyliard?
— Não sei quem é — mentiu.
— Inferno — murmurou, fazendo o hálito de álcool transitar pelo espaço entre as duas.
Wictoria contraiu a face.
— Com licença — disse ela, afastando-se rapidamente.
Quando finalmente conseguiu entrar em seus aposentos, sacou o telefone celular do bolso e observou a sequência de mensagens que reluzia no ecrã. Eram todas de uma mesma pessoa, alguém a quem ela devia obrigações e explicações.
___
Postando o capítulo mais cedo pelos seguintes motivos:
Devido às chuvas de verão, aqui na minha cidade, a energia elétrica tem faltado com frequência na parte da tarde. Por receio de acabar a luz, eu ficar sem bateria e sem sinal de Wi-Fi, prefiro postar mais cedo e já deixar tudo certinho.
Gostaram do capítulo? Não esqueçam o votinho pra tia Rô haha ♥️
Até terça!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro