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3. CRISTOLOGIA

Cristologia

A Cristologia é o estudo da natureza e do papel de Jesus Cristo.

Conceito de Filho de Deus

1. Significado Histórico e Cultural

No contexto do Antigo Testamento, o termo "filho de Deus" era usado para descrever uma relação especial entre Deus e certos indivíduos, como os reis de Israel (por exemplo, Davi, em Salmos 2:7), e o próprio Israel como nação (Êxodo 4:22). No entanto, a aplicação do título a Jesus é distinta e única, oferecendo um entendimento mais profundo da natureza divina e da relação entre Jesus e Deus Pai.

2. Filiação Divina e Humanidade de Jesus

Natureza Divina: Jesus é reconhecido como o Filho de Deus em um sentido que transcende a filiação humana ou simbólica. No Novo Testamento, particularmente nos evangelhos, Jesus se refere a Deus como "Pai" e a Si mesmo como "Filho", indicando uma relação íntima e única. A confissão de Pedro em Mateus 16:16, "Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo", reflete essa crença central.

Trindade: Jesus é entendido como a segunda pessoa da Trindade, o que significa que Ele compartilha da mesma essência divina com Deus Pai e Deus Espírito Santo. A Trindade é um conceito fundamental na teologia cristã, que afirma que há um único Deus em três pessoas distintas. Isso é abordado em passagens como Mateus 28:19, onde Jesus comissiona seus discípulos a batizar "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".

Encarnar: A doutrina da Encarnação afirma que, embora Jesus seja divino, Ele também assumiu a natureza humana. Isso é expresso em João 1:14: "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós." A ideia é que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, uma união das naturezas divina e humana.

3. Implicações Teológicas e Espirituais

Revelação de Deus: Jesus como Filho de Deus é a revelação plena de Deus para a humanidade. Em João 14:9, Jesus diz: "Quem me vê a mim vê o Pai". Isso significa que, através de Jesus, a natureza e o caráter de Deus são manifestados de maneira acessível e compreensível para os seres humanos.

Relação com a Salvação: A filiação de Jesus é fundamental para a doutrina da salvação. Como Filho de Deus, Ele é visto como o mediador perfeito entre Deus e a humanidade. Sua morte e ressurreição são compreendidas como a solução para a separação entre Deus e o homem causada pelo pecado. Em João 3:16, é dito que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."

Autoridade e Ensino: A autoridade de Jesus para ensinar, realizar milagres e cumprir a Lei é derivada de Sua identidade como Filho de Deus. Seus ensinamentos, como o Sermão da Montanha, são vistos como a expressão da vontade divina para a humanidade.

4. Desenvolvimento do Conceito na Tradição Cristã

Primeiros Concílios: A formulação do conceito de Filho de Deus foi um ponto central nas primeiras disputas teológicas da Igreja. O Concílio de Nicéia em 325 d.C. foi crucial para definir a natureza de Cristo como "verdadeiro Deus de verdadeiro Deus", combatendo heresias como o arianismo, que negava a divindade plena de Jesus.

Credos e Confissões: O Credo Niceno-Constantinopolitano, estabelecido após o Concílio de Nicéia, confirma a crença em Jesus como "Filho unigênito de Deus", "gerado, não criado, consubstancial com o Pai". Isso reflete a crença em sua plena divindade e co evidência com o Pai.

Reflexão Contemporânea: O conceito de Filho de Deus continua a ser um tema central na teologia cristã contemporânea, abordando questões de identidade, salvação, e a relação entre os membros da Trindade.

Conclusão

O conceito de "Filho de Deus" é multifacetado e essencial para a compreensão da teologia cristã. Ele abrange a divindade e a humanidade de Jesus, a sua relação íntima com Deus Pai, e suas implicações para a salvação e a revelação divina. Esta compreensão teológica é central para a fé cristã e tem sido profundamente refletida e desenvolvida ao longo da história da Igreja.

Relação entre Jesus e Deus Pai

Unidade e Distinção
A relação entre Jesus e Deus Pai é central para a teologia cristã e é expressa em várias dimensões:
Unidade Essencial

Natureza Divina Compartilhada: Jesus é reconhecido na tradição cristã como a segunda pessoa da Trindade, o que significa que Ele compartilha a mesma essência divina com Deus Pai. Esta unidade essencial é fundamental para a crença cristã, pois sustenta que Jesus é verdadeiramente Deus, assim como o Pai.

João 1:1, 14: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós." Este versículo indica que Jesus (o Verbo) é tanto plenamente Deus quanto plenamente humano.

João 10:30: "Eu e o Pai somos um." Aqui, Jesus afirma uma unidade essencial com o Pai, indicando uma identidade compartilhada.

Cooperação e Harmonia: Jesus frequentemente fala da sua relação com o Pai em termos de cooperação e harmonia. Ele age em perfeita conformidade com a vontade do Pai, mostrando que suas ações e intenções estão alinhadas com as do Pai.

João 5:19: "Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão o que vê fazer ao Pai; porque tudo quanto aquele faz, o Filho também faz igualmente." Isso demonstra uma harmonia total na ação e na vontade.

João 14:10: "Não crês que eu estou no Pai, e o Pai está em mim?" Jesus enfatiza a unidade de ação e propósito entre Ele e o Pai.

Distinção Pessoal

Distinção Pessoal na Trindade: Embora Jesus e Deus Pai compartilhem a mesma essência divina, eles são distintos em suas pessoas e papéis dentro da Trindade. Jesus se refere ao Pai como uma entidade distinta, mas sempre em relação íntima e cooperativa.

Mateus 3:16-17: Durante o batismo de Jesus, o Pai fala do céu: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo." Aqui, há uma distinção clara entre Jesus, o Filho, e Deus Pai, que faz a declaração.

João 17:1-5: Na oração sacerdotal, Jesus ora ao Pai, pedindo para ser glorificado e para que a glória que Ele compartilha com o Pai desde antes da fundação do mundo seja restaurada. Isso mostra uma distinção pessoal na comunicação e interação entre Jesus e o Pai.

A Missão do Filho: Jesus fala frequentemente sobre a missão que recebeu do Pai, o que reflete uma distinção de papéis dentro da Trindade. O Pai envia o Filho para cumprir um propósito específico, que é redimir a humanidade.

João 6:38: "Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou." Aqui, Jesus distingue a sua missão da vontade do Pai, mas mostra que está subordinado e alinhado com essa vontade.

Mateus 28:19: No Grande Comissão, Jesus instrui seus seguidores a batizarem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, evidenciando a distinção de pessoas dentro da Trindade, mas uma unidade na autoridade e no propósito.

Ética e Moralidade

A Lei

1. Definição e Contexto
Lei do Antigo Testamento: A Lei, também conhecida como Torá, refere-se ao conjunto de mandamentos e regulamentos dados a Moisés no Monte Sinai, que estão registrados principalmente nos livros de Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Esses preceitos abrangem aspectos religiosos, éticos e sociais da vida do povo de Israel.

Divisão da Lei: A Lei pode ser dividida em três categorias:

Lei Moral: Refere-se aos princípios éticos e morais, como os Dez Mandamentos
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Lei Cerimonial: Relaciona-se com as práticas de adoração e rituais, incluindo sacrifícios e festas religiosas.

Lei Civil: Trata das regras de convivência e justiça social para a nação de Israel.

2. O Papel da Lei no Antigo Testamento

Guia Moral e Espiritual: A Lei foi dada para guiar o comportamento moral e espiritual do povo de Israel, estabelecendo uma base para a justiça e a santidade.

Revelação do Pecado: Um dos papéis principais da Lei era revelar o pecado, mostrando as falhas humanas e a necessidade de um redentor (Romanos 3:20).

Condutor até Cristo: A Lei servia como um "pedagogo" (tutor ou guia) que conduzia as pessoas até Cristo, mostrando a necessidade de salvação (Gálatas 3:24).

3. A Relação de Jesus com a Lei

Cumprimento da Lei: Em Mateus 5:17, Jesus declara que não veio para abolir a Lei, mas para cumpri-la. Isso significa que Ele veio para completar e dar pleno significado à Lei. Jesus viveu uma vida perfeitamente obediente à Lei e cumpriu suas exigências, incluindo os preceitos morais e cerimoniais.

Intenção por Trás da Lei: Jesus trouxe uma nova compreensão da Lei, enfatizando que o cumprimento não se resume apenas à observância externa das regras, mas à intenção e ao coração. Ele reinterpretou a Lei para refletir uma ética baseada no amor e na justiça interior, como evidenciado em seu Sermão da Montanha (Mateus 5-7).

A Graça

1. Definição e Contexto
Graça: No cristianismo, a graça é o favor imerecido e gratuito de Deus para com os seres humanos. É a oferta de perdão e reconciliação, que não pode ser ganhada por boas obras, mas é dada como um dom (Efésios 2:8-9).

2. Graça Revelada através de Jesus

Vida, Morte e Ressurreição: A graça é manifestada através da vida sem pecado, morte sacrificial e ressurreição de Jesus Cristo. Ele pagou o preço pelos pecados da humanidade, oferecendo redenção a todos que creem nele.

Novo Relacionamento com Deus: Através da graça, a relação entre Deus e os seres humanos é transformada. Em vez de ser baseada na observância da Lei, a nova relação é baseada na fé em Cristo e na aceitação do sacrifício dele como suficiente para a salvação.

Justificação pela Fé: A justificação (ou declaração de justiça diante de Deus) é oferecida através da fé em Jesus Cristo, não pela observância da Lei. Em Romanos 3:28, Paulo afirma que "concluímos que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da Lei."

3. Graça e a Lei: A Nova Relação

A Lei e a Graça em Harmonia: A Graça não anula a Lei, mas a cumpre ao fornecer o meio para a salvação que a Lei sozinha não poderia alcançar. Jesus cumpriu a Lei e agora oferece um novo caminho de relacionamento com Deus que não depende da perfeição da observância legal, mas da fé nele.

Vida Cristã e Ética: Enquanto a Lei revela a vontade de Deus e define o comportamento correto, a Graça transforma a motivação para seguir essa vontade. Os cristãos são chamados a viver de acordo com a moralidade que a Lei ensina, mas impulsionados pela gratidão e amor resultantes da graça recebida (Gálatas 5:13-14).

Resumo

A Lei forneceu um padrão de moralidade e revelou a necessidade de um salvador. A Graça é a resposta de Deus a essa necessidade, oferecendo perdão e um novo relacionamento baseado na fé em Jesus Cristo, que cumpre e completa a Lei. Esses conceitos são essenciais para entender a dinâmica entre o Antigo e o Novo Testamento e a natureza da salvação e da ética cristã.

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