Capítulo 13
Um borrão, tudo se passou como borrão, depois das palavras difamatórias de Amora. Meu pai veio até o meu quarto, nunca o vi gritar tanto, eu ao menos consegui me defender pois o mesmo não parava de berrar comigo até ameaçou a me bater, mas Valentina entrou em sua frente fazendo sua cara chorosa pedindo para que ele não o fizesse.
- Está proibida de voltar à escola, irá trabalhar se quiser regalias. - Ele berra.
Como se eu já não trabalhasse desde dos meus dez anos de idade, como se eu não vivesse nesse inferno que só não foi pior desde que nasci porque tive minha tia Aurora por um tempo. Lágrimas e soluços me tomaram para si, minha cabeça estava para explodir com as coisas horríveis que escutei, como se todo o meu esforço dentro dessa porcaria de casa não valesse em nada.
Eu não dormi por mais uma noite, não me levantei da cama para fazer café da manhã e os outros afazeres, eu me recuso a fazer tal coisa.
- Acorda imprestável, seu pai e as meninas já foram e você ao menos para fazer o café se levantou. - Minha madrasta diz aos berros rente a porta do meu quarto.
Finjo que não escutei me embolando nas cobertas ainda mais.
- Violeta! - Ele grita mais uma vez, e eu como antes não respondo. - Ótimo garota, você terá o que merece. - Dito isso escuto ela saiu batendo os pés pela escada.
Me levanto quando acho que seja tarde o suficiente, para o meu estômago continuar aguentando a fome. Não tem ninguém em casa então aproveito para tomar um banho e comer alguma coisa e é o que faço.
As meninas não voltaram da escola pois pelo que ouvi iam comprar seus vestidos para o baile, o que me deixou ainda mais abalada.
Mas sabe quando tudo já é ruim o suficiente e você pensa que não pode piorar, você está completamente errado, errado ao dobro se o fizer entender melhor.
Quando eu estava prestes a começar a fazer algumas coisas da casa, como varrer a mesma, Hana volta, seja lá para onde ela tenha ido, com um sorriso de canto de boca nos seus lábios me fez ter arrepios até na alma.
— Que bom que está acordada, temos o que conversar prometo que serei rápida. -— Ela diz com um tom falsamente gentil. - Vamos sente-se. - Hana aponta com seus dedos finos e pontudos de um vermelho bordô para a cadeira a sua frente.
- Estou bem em pé, o que quer dizer? - Pergunto, me matando perto de um dos armários que existem na cozinha.
- Certo, já que prefere assim. - Ela se senta se acomodando elegantemente na cadeira. - Eu fui ao castelo hoje, tenho uma prima que trabalha na cozinha de lá. - O cantarolar de suas palavras me dão nos nervos.
- E o que tenho haver? - Questiono cruzando os braços.
- Estão precisando de pessoas para trabalhar lá, então eu pensei já que você não quer fazer mais nada dentro de casa e seu pai fez questão de dizer que você só terá regalias se as bancá-las, para isso você precisa de um emprego.
- Eu só tenho dezesseis anos. - Digo querendo explodir, como assim ela me arrumou emprego?
- Pela lei não é crime que alguém da sua idade trabalhe. - Hana constata alargando o sorriso no rosto. - Começará amanhã, mas você irá hoje, não preciso que volte para casa nos dias de semana apenas no final de semana, lá você também terá um quarto assim como os outros cervicais, vou contratar alguém que faça algumas coisas aqui em casa e no final de semana você faz.
- Você não pode está falando sério? - Digo sentindo todo meu corpo tremer, não só de raiva, mas também de pavor.
- Arrume suas coisas Violeta, você vai trabalhar no castelo ou eu invento algo que vá fazer seu pai lhe expulsar de casa. Decida ter um emprego digno e onde dormir ou ir para sarjeta sem nada no bolso? - Meus olhos se arregalam com sua ameaça.
- Tudo bem, eu vou, mas não me espere nos fins de semana. - Ela riu soprado dando de ombro como se não importasse.
Acho, acho não, tenho certeza que o maior sonho de Hana era se ver livre de mim e enfim quinze anos depois de que veio morar aqui ela conseguiu, antes tarde do que nunca é o que dizem.
Devagar subo para o meu quarto e como não tenho malas pego grandes bolsas e começo a pôr as minhas roupas dentro, não são muitas, mas o suficiente. Penso em não levar os sapatos que a Valentina me emprestou, mas ele é único que dá para usar, por fim sem pensar duas vezes pego o uniforme da escola e enfio no fundo de uma das bolsas.
Não choro, não tem o porque chorar, acho que já passei tanto sofrimento nessa casa que ao invés de Hana está se livrando eu quem estou.
Sim, lá pode ser pior que aqui até porque o mais próximo que já cheguei do castelo foi quando... Certo, eu nunca fui ao castelo, mas não é tão longe de onde moramos, aliás ele só fica nas montanhas nevadas que sempre estão cobertas de nuvens impedindo a vista de quem passa por perto.
Saio com três bolsas médias e mais uma com meus matérias da escola, eu posso até não voltar na mesma, mas eu vou continuar praticando a escrita, a leitura e os cálculos.
- Estou pronta. - Anúncio chegando na sala onde Hana tomava seu chá calmamente.
- Que bom, um senhor que leva mercadorias para o castelo irá levá-la, pergunte por Marina quando chegar na cozinha. - Meu sangue gela mais uma vez em menos de um dia.
- Um homem desconhecido vai me levar? - Pergunto indignada e assustada.
- Ela não fará nada com você, não é como se você tivesse algum atributo desejável. - Ela dar de ombros ao dizer. - Ande, espere ele lá fora. - Saio ainda sentindo que vou rosnar de tanta raiva.
Fico alguns minutos em frente a casa até um senhor que se levantar as mãos o grande Deus leva, parar com sua carroça em frente a mim.
- Violeta Rory? - Ele pergunta, e eu apenas assinto. - Vamos criança, tenho que voltar antes do anoitecer. - O senhor avisa.
Jogo minhas coisas na parte de carga e subo ficando ao seu lado, mas não tão próxima, também não quero arriscar. Olho para trás uma última vez assim que saímos vejo a casa que foi meu lar por dezesseis anos ficar para trás.
Não conversamos o caminho inteiro pois o senhor, que descobri depois chamar-se Leoncio, cantarolou uma música antiga o percurso todo. Ele me deixou devidamente na porta da cozinha real, agradeci ao mesmo antes de descer além de me sentir aliviada por ter chagado bem.
Bati algumas vezes na grande porta de madeira para que alguém viesse me receber.
- O que deseja? - Uma mulher de baixa estatura, humana, cabelos aparentemente castanhos claro cobertos por uma touca de cozinheira vem perguntando ao abrir a porta.
- Sou Violeta Rory, estou à procura de Marina. - Digo timidamente.
- Você deve ser a garota nova, entre querida, Marina não está no momento pois o rei solicitou a presença dela nos aposentos reais, eu sou Clarissa uma das cozinheiras chefes do castelo. - Eu acompanho a mulher falante para dentro do cômodo que diga-se de passagem não é pequeno. - Você deve está com fome, tão magrinha. - Ela murmura me puxando para sentar em uma cadeira.
A mesma serve uma fatia de bolo caseiro com suco de abacaxi, como eu me encontrava com muita fome devorei tudo em alguns segundos.
A Marina citada por Hana logo aparece, ela é mais ou menos da minha altura, têm cabelos loiros, ela parece ser apenas um pouco mais nova do que a minha madrasta, alem de ter olhos azuis escuros com pigmentos vermelhos, uma raça maior.
- Violeta Rory. - Ela diz meu nome enquanto parece me observar. - Bom, hoje você não irá fazer nada, amanhã vamos conversar melhor sobre o que você irá fazer, até lá descanse e permaneça no seu quarto pois mesmo o rei não sendo um homem severo ele ainda preza pela sua privacidade e do príncipe. - Eu assinto ao seu pedido. - Vamos, te levarei até lá. - Levanto de onde estava a acompanhando.
Confesso que a cada minuto que passo neste lugar sinto um frio na barriga como se algo fosse acontecer.
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