Capítulo 7
Ariela acordou gelada.
Acordou tremendo de frio.
Sentou, dando-se conta, de que estava no chão.
Estava deitada em um piso frio, de uma sala escura e desconhecida; ali não era a sua casa.
Imediatamente lembrou-se de ter encontrado Joshua Caldwell em seu pomar e depois...depois mais nada.
Aonde estava. Aonde ele a tinha levado. Era só o que faltava, o biltre a havia sequestrado!
—Senhorita...
Ariela assustou-se.
Era a voz de Joshua Caldwell, mas com uma entonação diferente, suave e gentil.
—Senhorita...que alívio, estás bem! Estava muito preocupado, a senhorita jazia desmaiada já há mais de uma hora.
—Quem é você? Quem está falando? —Ariela exclamou encolhendo-se contra a parede da sala.
—Perdoe-me senhorita, não me apresentei... —A voz disse triste —Chamo-me Joshua...Joshua Caldwell. Desculpe não poder ir até a senhorita e ajudá-la a levantar-se, mas é que estou amarrado...
—Como? Estás amarrado? Você me sequestrou! Ainda a pouco estava em meu pomar, aonde entrou sem permissão, e agora diz que está amarrado? Em sua própria casa?... O senhor é um louco, um criminoso, isso sim!
—Por favor senhorita! Acredite em mim! Estou em uma situação tão absurda quanto a sua! Não sei o que 'ele' lhe fez ou disse, mas juro-lhe, a pessoa que lhe causou este ultraje não era eu, eu lhe juro!
—Chega desta bufonaria! —Ariela levantou-se um pouco trôpega —Vou embora daqui! Não sei o que queria com essa brincadeira de mau gosto, mas não ficarei aqui para descobrir. Meus pais devem estar preocupados comigo, adeus!
—Senhorita, eu lhe imploro, ajude-me!
Ariela parou imediatamente.
Havia uma dor, um desespero naquela súplica.
Aquela pessoa parecia ser mesmo bem diferente do arrogante e mal educado que a havia sequestrado.
Ariela voltou-se em direção a voz, e forçando os olhos, divisou que havia uma poltrona bem no meio da sala, parecia ter alguém sentado nela.
—Está bem...o quer de mim? —Ariela disse impaciente.
—Obrigado senhorita! Quero apenas sua ajuda para desamarrar-me!
—Mas não consigo ver muita coisa...porque está tão escuro aqui?
—'Ele' não gosta de luz! Por favor, afaste as cortinas, abra as janelas...já perdi a noção do tempo, nem mesmo sei se é noite ou dia...
Ariela foi tateando a parede e, encontrando a grossa cortina, a afastou, permitindo que a forte luz do sol do meio dia, entrasse na sala. Então abriu as vidraças.
—Ah...luz finalmente! Obrigado senhorita, muito obrigado!
—Agora poderá dizer-me cara a cara o porquê desta falta de consideração para comigo e minha família...
Ariela voltou-se contrariada, mas o que viu, abrandou seu coração imediatamente.
Ali a sua frente, Joshua Caldwell estava amarrado a uma poltrona.
Abatido, pálido e visivelmente esgotado.
E o que mais lhe chamou a atenção foram seus olhos.
Grandes e bondosos olhos, castanho escuro.
**** JS ****
Sebastian e Penelope corriam, já quase sem fôlego.
Já estavam além do bosque do Grande Carvalho, e começavam a subir o monte Green.
—É muito longe ainda senhorita? —Sebastian perguntou.
—Não muito Sir Sebastian, é logo depois do topo —Penélope respondeu sem parar de correr.
Eles estavam desesperados.
Agora, o Rei Corvo tinha dois reféns: Joshua e Ariela. E eles não tinham ideia do que 'ele' poderia fazer a eles e, temiam sequer imaginar.
Eldora havia ido ao Reino das Fadas buscar reforços.
Os encontraria lá, na Mansão Caldwell, com um batalhão de Fadas e Suas Magestades em pessoa.
Sebastian não tinha a menor idéia do que iria acontecer, mas faria de tudo para que Ariela, Joshua e Penelope voltassem em segurança para casa.
Se necessário, daria a própria vida.
**** JS ****
Ariela estava impressionada com o que Joshua lhe contara.
Custava-lhe acreditar ser tal coisa possível. E só acreditou, por ter ela mesma vivido uma experiência mágica ao conhecer Eldora e, ter visitado o Reino das Fadas.
Sabia que o que Joshua lhe relatara era verdade, também por ver a diferença em seu comportamento e até em sua aparência, pois aqueles bondosos olhos castanhos eram os seus olhos verdadeiros.
—Os olhos são as janelas da alma...
—O que disse senhorita?
—Nada, apenas pensei alto... —Ariela sorriu, constrangida.
—Será que conseguirá soltar-me, antes que ele retorne? —Joshua perguntou aflito.
—Conseguirei sim! —Ariela falou positiva —Aqui...consegui!
—Ah...Meu Deus que alívio! —Joshua massageou os pulsos marcados —Vamos senhorita, vamos já! —Falou, tentando levantar-se, mas estava há muitos dias sem comer ou beber e sentiu forte tontura.
—Senhor Caldwell! —Ariela exclamou —Sente-se novamente, respire! Levantou-se ligeiro demais.
—Eu não estou me sentindo bem...estou fraco... —Joshua murmurou sentando-se —Mas temos de sair daqui...o quanto antes...
—Você sabe por onde sair? Conhece a casa? —Ariela perguntou aflita.
—Sim...eu conheço —Joshua respondeu, apoiando-se na poltrona e levantando novamente —Temos de sair pelo porão! Há um caminho...um caminho que nos levará pelo bosque...e então à aldeia.
—Vamos! —Ariela disse colocando-se ao lado de Joshua —Apoie-se em mim, vou ajudá-lo a caminhar até lá!
—Senhorita eu sinto muito por tudo isso! —Joshua murmurou apoiando-se em Ariela —Gostaria de tê-la conhecido em outra circunstância...aliás, ainda não me disse o seu nome...
—Ariela...meu nome é Ariela Borroughs!
—Prazer em conhecê-la senhorita! —Joshua disse sorrindo triste —Serei para sempre grato por sua bondade!
—Eu sei! —Ariela respondeu olhando enviesado para Joshua.
**** JS ****
Sebastian e Penelope estavam quase no topo, seus corações estavam cheios de esperança.
Cada vez mais perto de encontrar seus queridos humanos e, de poder finalmente protegê-los.
—Veja Penelope, são Ariela e Joshua! —Sebastian exclamou contente.
—Sim, são eles! —Penélope disparou a correr mais ainda, em direção a Joshua.
Joshua e Ariela vinham caminhando, com dificuldade, pela estreita trilha que ligava o grande casarão ao bosque do Grande Carvalho.
Assim que Joshua viu Penelope, acorreu a ela com muita alegria.
—Minha pequena! Aonde estava? Eu estava muito preocupado! —Joshua disse abraçando Penelope com carinho —Você está bem minha querida, está bem?
Ariela ficou parada observando aquela cena tão tocante.
Nunca poderia imaginar que o senhor Caldwell gostava de gatos, muito menos que era o dono da pequena gatinha branca que tinham acolhido.
Era lindo ver como eles verdadeiramente se gostavam, pois a gatinha acarinhava seu dono e ronrronava feliz em seu colo.
—Sebastian! —Ariela veio até seu gatinho e o abraçou também —Você veio me salvar meu amorzinho! Ah...estou tão feliz em vê-lo!
Sebastian queria poder dizer a Ariela o quanto temeu por sua segurança e o quanto ainda corriam risco, pois o Rei Corvo estava por aí, a solta, tramando maldades contra eles.
Neste exato momento, uma nuvem escura apareceu de repente e, os cercou, fazendo com que sentissem frio e muito medo.
Sebastian e Penelope pularam do colo de seus humanos e, postaram-se a frente deles, arrepiados e bufando furiosos, prontos para defendê-los de qualquer perigo.
Joshua puxou Ariela para trás de si, e ficou de prontidão para protegê-la do terrível espectro que ele já conhecia bem.
Que bom que estão reunidos aqui! —O Rei Corvo falou, debochado —Vamos começar, ou esperamos por mais alguém?
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