Capítulo 5
Eldora ouvia atentamente ao que Suas Magestades lhe narravam com grande pesar.
A rainha secava as lágrimas desalentada e o rei caminhava a sua frente com o semblante carregado de preocupação.
A história do Rei Corvo era deveras triste.
Há muito, ele estivera ali, com eles no Reino das Fadas.
Era um deles. Cheio de luz, amor e magia.
Mas, perdeu-se ao ser seduzido pelo poder e pelas riquezas do mundo, que julgou mais importantes e valiosas do que tudo que ele já tinha.
Para ele, não bastava ser o responsável pela beleza da primavera e pela magia que faziam as flores e frutos crescerem em abundância.
Ele achava que não deveria servir, era muito poderoso para isto; ele devia ser servido, e governar tudo, o Reino das Fadas e o mundo dos homens.
Tornou-se ganancioso, invejoso e cruel com aqueles que não concordavam com sua maneira de ser e pensar.
Com o passar dos anos, foi afastando-se cada vez mais de seus irmãos e irmãs e, em contra partida, cada vez mais aproximou-se do mundo dos homens e da maneira de ser deles.
—Magestades...isso tudo é muito triste...
—Demais querida Eldora! —O rei concordou cabisbaixo —Nunca conseguimos demovê-lo do erro que praticava. Nenhum conselho, nenhuma correção conseguiu fazê-lo ver que estava se afastando cada vez mais da luz...
—Ele abandonou conscientemente o seu povo, a sua família... —A rainha falou em lágrimas —Por fim, uniu-se a Escuridão, pois julga ser mais poderoso quem a serve, do que quem serve a Luz, como nossa Mãe Natureza.
—Ele se fortalece cada vez mais, pois o mundo torna-se pior a cada ano. Os homens afastam-se da Luz rapidamente ao servirem a seus próprios interesses egoístas, maltratando seus semelhantes, os animais e a natureza, sem piedade!
—Magestades...há a possibilidade de que... —Eldora tremia só de imaginar —De que esta criatura...O rei Corvo...ele esteja influenciando o jovem Caldwell a contestar a compra do Bosque do Grande Carvalho? Com que propósito Magestades?
—Com o propósito de nos dominar Eldora! —O rei falou triste.
—Mas porque? Ele escolheu o caminho dele! Não o atrapalhamos em nada, não o prejudicamos, pelo contrário, nós é que temos sido prejudicados pela Escuridão, que só faz crescer no mundo. Cuidar da flora e da fauna está cada vez mais trabalhoso —Eldora declarou aflita.
—Eldora, há algo que você ainda não sabe sobre ele...sobre o Rei Corvo —O rei falou aproximando-se —Ele julga ter direito sobre o Reino das Fadas.
—Isso é um absurdo meu Rei! —Eldora exclamou indignada —O que ele deseja é destruir-nos!
—Talvez seja isso Eldora... —O rei sussurrou cansado —Doi-me imensamente concordar contigo neste ponto, mas depois de tantos séculos de luta, talvez ele finalmente tenha encontrado uma maneira de acabar de vez com nosso Reino e, dominar tudo através da Escuridão. Ele com certeza está usando o jovem Caldwell.
—O que vamos fazer Magestades?
—Eldora, você deve ir agora mesmo e alertar nossa querida Ariela e o valoroso Sir Sebastian sobre este mal que se abateu sobre nós. Explique a eles o que está acontecendo com o jovem Caldwell e, diga que faremos tudo que está ao nosso alcance, usaremos todos os nossos recursos mágicos, todo poder que temos para evitar que ele...que ele consiga seu intento nefasto! —A rainha falou aflita, com seu belo rosto marcado por intensa dor.
—Vá agora Eldora, os avise! E diga a Ariela e Sir Sebastian, que mantenham sua família protegida, de preferência dentro de casa. Não é seguro que fiquem no jardim!
—Sim Milorde! Irei agora mesmo —Eldora fez uma reverência, e saiu tão rápido quanto tinha entrado.
A rainha sentou-se em prantos em seu trono. Nada podia acalmar seu coração aflito.
—Minha rainha...meu amor, não fique assim! —O rei apurou-se em consolá-la —Nós vamos reverter esta situação! Protegeremos nosso reino e o bosque! Cuidaremos de todos nossos queridos! Ele não conseguirá o seu intento!
—Meu marido! —A rainha murmurou pegando em seu rosto —Como poderei?... Como poderei lutar contra ele novamente? Meu coração não vai suportar tamanha dor...
—Ele sabe o que está fazendo Vayla! —O rei falou convicto —E nós fizemos tudo! Tudo que poderíamos fazer por ele. Agora, o enfrentaremos novamente, pois ele não nos deixa outra opção!
—Eu sei meu marido...meu amor...Eu sei... —A rainha disse levantando-se, vindo abraçar o rei —Mas eu irei sofrer eternamente...sofrerei sempre por perder meu Branween...nosso amado filho!
**** JS ****
Minnie caminhava atarefada pela cozinha.
Ela estava preocupada com a senhora Borroughs, que amanhecera sentindo algum desconforto.
Isto era normal, Minnie pensava enquanto preparava uma deliciosa sopa, pois o bebê estava próximo de nascer.
—Mamã ainda não levantou Minnie?
—Ela preferiu tomar o café da manhã na cama Ariela, disse que não dormiu muito bem.
—Será o bebê Minnie? Já está na hora? —Ariela falou assustada —Vamos chamar o papá, e o doutor...
—Calma minha querida! Sua mãe está bem, isso é muito normal quando se aproxima a época do bebê nascer, mas não será hoje!—Minnie falou sorrindo.
—Ufa! Eu fiquei um pouco assustada! —Ariela falou também sorrindo —Você viu Sebastian?
—Acabou de sair daqui, depois de tomar leite com aquela bela gatinha! —Minnie piscou para Ariela divertida —Estão passeando pelo jardim, tenho certeza!
Ariela saiu em busca de Sebastian.
Hoje fazia um belo dia! Ensolarado e fresco, simplesmente perfeito.
Ariela estava contente em pensar que Eldora e as outras Fadas poderiam conversar com a gatinha e saber o que de fato havia ocorrido com ela e, assim poderiam ajudá-la.
Mas uma idéia travessa insistia em retornar a sua mente.
E se ela não tivesse um lar? E se ela quisesse ficar com eles para sempre?
Claro que ela adoraria, mas sabia que Sebastian adoraria muito mais.
**** JS ****
Sebastian e Penelope passeavam pelo jardim desfrutando do calor do sol, que brilhava generoso.
A brisa suave e fresca, trazia o perfume delicado das belas flores, que balançavam cadenciadas, como se dançassem em um verde salão de baile.
Sebastian falava orgulhoso de seu jardim, dos novos canteiros da horta e das frutas suculentas que o pomar produzira este ano.
Penélope estava tão feliz por estar em sua companhia, que quase esquecera o drama pelo qual passava.
O espectro maléfico queria que ela adquirisse a confiança de Ariela e Sebastian, a ponto de que eles compartilhassem com ela um segredo muito importante.
Quando ela estivesse em posse deste segredo, poderia trocá-lo por seu Joshua e, assim, livrá-lo da prisão em que se encontrava.
—A senhorita está apreciando o passeio? Parece-me preocupada.
—Estou sim Sir Sebastian! Realmente, seu jardim é um dos lugares mais lindos em que já estive.
—Então a senhorita irá adorar conhecer as águas cristalinas do córrego! -Sebastian exclamou satisfeito.
—Por favor, leve-me até lá!
—Agora mesmo!
Os dois saíram correndo e pulando pelo gramado, sentindo a alegria e a animação da corrida.
Sebastian olhava para Penelope com admiração.
Ela era tão linda, esperta e divertida. Tão animada e companheira.
Era uma companhia maravilhosa e seria uma companheira perfeita...
Uma companheira perfeita!?
Ele assustou-se com seus próprios pensamentos. Mas sentiu-se bem em pensar nela desta forma, como sua companheira.
Eles chegaram a beira do córrego, que parecia dourado sob a luz do sol do meio da manhã.
Sebastian provou da água corrente e fresquinha, e Penélope fez o mesmo.
Ele aproximou-se lentamente e, com carinho, roçou seu focinho suavemente, no dela.
—Senhorita Penelope...daria-me a honra de ser minha eterna companheira? Ofereço o meu coração sincero e meu jardim para que sejam teus para sempre!
Penelope arregalou seu belos e transparentes olhos azuis.
As palavras doces de Sebastian tocaram seu coração e, diziam o que o coração dela também almejava, mas que jamais teria a coragem de proferir.
—Sir Sebastian...eu...
Sebastian! Oh meu amigo! Eu estou procurando-o desesperada! —Eldora chegou voando ligeira com uma guarda de outras Fadas —Temos de ir até Ariela com urgência! Sua Magestades me contaram algo...
Mas, então, Eldora fixou seus olhos naquela pequena criatura, tão bela, mas que ao mesmo tempo, tinha os pensamentos mais confusos que ela já ouvira; e assustou-se demais.
Afaste-se dela, agora mesmo meu amigo! —Eldora exclamou revoando Sebastian, que a olhava assustado.
—Eldora! Esta é nossa amiga Penelope! Venha conhecê-la —Sebastian falou inocente.
Sebastian, ela não é sua amiga! Ela é serva do Rei Corvo!
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