Capítulo 4
—Você não pode me manter aqui! —Joshua gritou.
Posso e vou mantê-lo aqui por quanto tempo for preciso...—Uma voz profunda e sombria respondeu com frieza.
—Não! Eu exijo que me solte agora! Eu sou o dono desta casa, você não pode tratar-me desta forma! Solte-me já ou chamarei a guarda e...
Não me faça rir, moleque! Ainda não deu-se conta de que jamais sairá daqui? Eu sou o dono de tudo agora! Desta casa, de sua fortuna, de suas terras...e de sua vida miserável!
—Não!!! —Joshua gritou desesperado —As pessoas verão que não sou eu...virão atrás de mim...você...você... —Joshua, tentava em vão, soltar-se de amarras que o mantinham imobilizado —Alguém virá...eu sei que vai...Você não vai conseguir...
Pobre menino rico... —A voz o rodeava, como uma brisa gelada —Você não tem ninguém Joshua! É sozinho, abandonado por todos...ninguém virá por você. Aceite menino...doerá menos...será melhor...entenda Joshua...eu e você seremos um só...
—NÃO! —Joshua berrou —Eu jamais aceitarei, jamais me entregarei à você! Não serei seu marionete, nunca! Eu lutarei até o fim, eu fugirei de você, eu não vou descansar, não vou aceitá-lo, não!...
Chega! —A voz ordenou raivosa —Eu terei de você o que quero e, no final, você me aceitará! Não há chances para você Joshua, isto foi acordado entre mim e seu avô a muitos anos, eu dei a ele o que ele quis, e agora eu terei o que quero!
Joshua deixou seus ombros caírem pelo cançasso e o esforço extremo.
Já faziam duas semanas que estava enclausurado ali, em uma sala de sua mansão, amarrado por cordas que não conseguia ver direito, pois pareciam esfumaçadas, mas, que toda vez que ele tentava soltar-se, o apertavam mais.
Sua mente estava confusa. Ele sentia fome, sede, frio e medo.
Em torno de si havia uma áurea de trevas, e aquela voz que provinha não sabia de onde, que por vezes estava perto e por outras longe, o confundindo.
Precisava acalmar-se e ordenar seus pensamentos.
Haveria de ter uma saída para toda essa tragédia que se lhe abatera.
Fechava os olhos e cenas desconexas se misturavam a lembranças que tinha de sua viagem de volta para casa.
A notícia de que o avô falecera em Londres depois de prolongada doença.
Os documentos que lhe foram mandados declarando-o de maior idade.
A despedida dos amigos do colégio.
A sensação de que finalmente iria começar a viver, cuidar de si mesmo e fazer suas próprias escolhas.
Seus planos de tirar um ano sabático e viajar pelo mundo conhecendo todos os lugares que estudou e que sempre sonhou conhecer.
As pirâmides, Jerusalém, a grande muralha da China, o Taj Mahal, as ilhas do Pacífico, as grandes florestas...
Estava tão contente, tão confiante em seu futuro...
Agora estava ali a mercê desta pessoa nefasta...desta criatura que ele não conseguia ver, que ele não sabia quem era...Deus!
Suas coisas estavam esparramadas pelo cômodo, pois não conseguira nem mesmo desfazer as malas e soltar Penélope da sua caixa...Penélope!?
—Penélope! —Gritou voltando de seus devaneios —Penélope aonde estás? Querida venha cá...
Aaaaahhhhh! —A fria e profunda voz retornou rindo de Joshua —Lembrou-se de sua pequena companheira? Não se preocupe, está bem...
—O que fez com ela seu monstro? —Joshua sacudia-se usando todas as forças que tinha tentando soltar-se mais uma vez -Se a tiver machucado, eu juro que...
Fará o que moleque? —A voz começou a aproximar-se, juntamente com um vento frio, que circulava Joshua impiedosamente, pressionando seu corpo como se fosse destruí-lo —Você não pode nada contra mim Joshua, NADA! Jamais me ameace, ouviu? Penélope está bem, e ficará bem enquanto obedecer ordens minhas... A pequena criaturinha peluda tem mais miolos que você moleque. Ela sabe muito bem quem manda, e quem deve obedecer...
—Penélope... —Joshua murmurou cansado.
Em breve a verá Joshua, muito em breve. Ela está fazendo um pequeno trabalho para mim...ou melhor, para nós!
Joshua levantou a cabeça ainda em tempo de ver os grandes e assustadores olhos amarelo alaranjados se aproximando dele com impressionante velocidade e, então, tudo se foi...
Mais uma vez.
**** JS ****
Ariela acarinhava a bela gatinha branca que Sebastian havia encontrado no jardim.
Era muito linda e carinhosa.
Ariela notou que a gatinha era um animalzinho bem cuidado, ela não havia crescido nas ruas pois era bem nutrida e, seu pelo bem cuidado.
Apesar disso, a pequena não tinha nenhum tipo de identificação, nem mesmo uma simples fitinha com seu nome.
—Pequenina, como vamos encontrar sua família? —Ariela pensava alto, enquanto fazia-lhe um cafuné —Bem, agora está muito tarde, e o sol já está se pondo, mas amanhã com a ajuda de uma boa amiga que temos, poderemos saber um pouco mais da senhorita, não é Sebastian?
Sebastian miou e deu cabeçadas no braço de Ariela.
—Sei que estás contente por ter uma hóspede meu amorzinho —Ariela falou sorrindo —E por isso, serás um cavalheiro e cederás tua caminha esta noite para ela, pois não?
Sebastian a olhou com olhos arregalados, e dando duas voltas no entorno de Ariela, sentou-se bem na sua frente com um olhar inquisidor.
—Isso mesmo Sir Sebastian, ou por acaso achou que ficariam ambos no mesmo cômodo? A pequena dormirá comigo, e o senhor, fará a gentileza de dormir aqui, na sala.
Sebastian abriu a boca, mas fechou-a logo em seguida ao perceber que Penélope estava se divertindo com a conversa.
—Bem, já que estamos resolvidos, boa noite meu amorzinho! —E com carinho, Ariela beijou Sebastian no topo de sua cabeça.
**** JS ****
Penélope estava deitada na confortável caminha de Sebastian, que ficava ao lado da cama de Ariela.
Mas, seus olhos estavam voltados para a janela.
Lá fora, os vaga-lumes dançavam em torno das folhas das árvores, despreocupados.
A noite era tranquila e silenciosa, e Penélope ouvia a respiração suave de Ariela, que dormia profundamente.
A gatinha só conseguia pensar em seu dono.
Como ele estaria agora?
Sofrendo sozinho, amarrado em sua própria casa, sendo usado por aquele maldito espectro.
Penélope arrepiou-se toda, apenas por lembrar-se da fria voz que a amendrontou, dizendo que se livraria do seu dono se ela não o obedecesse.
A obrigou a mentir e a introduzir-se na casa destas boas pessoas para descobrir algo...algo que ele queria muito.
Penélope suspirou tristonha.
Ela detestava ter de agir assim. Estava muito triste, e muito envergonhada por seu comportamento.
Ariela era tão boa, tão carinhosa. Sua família tão gentil.
E Sebastian...ah! Ele era tão...tão bonito...e acreditara nela, em tudo o que lhe dissera.
Joshua...meu querido Joshua! Eu vou te salvar! Por favor Joshua, resista...
E com um suspiro, Penélope fechou os olhos, esperando ter melhor sorte no dia seguinte.
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