Eu conheci um garoto trans (lembrando que Angelene é uma Mulher Trans) quando eu estava cursando Artes Plásticas na Universidade Federal do Maranhão - UFMA. Apesar de não ter contato direto com ele, foi impossível não ver o processo de redesignação sexual durante os três anos de convivência. Acima disso, fiquei muito tocado pela resignação, pela coragem e pela cabeça erguida que ele sempre demonstrou. Contra as pedras jogadas, contra os dedos apontados, contra os risinhos e os olhares enviesados, contra a confusão que muitos tinham, ele estava lá, de pé, disposto a dialogar, a explicar e a educar. Pois sim: em tempos estranhos em que a natureza das pessoas incomoda mais do que uma mulher sendo morta, em tempos em que um homem ou uma mulher trans são taxados de "aberração" enquanto o país afunda em ódio e polarizações sem sentido, marcar posição pelos direitos das minorias é um ato político. Não apenas: é um ato de empatia. 

Fale. Não se cale diante das injustiças. E não é preciso fazer marchas pela sua rua. Apenas o fato de você não permitir que diálogos preconceituosos se disseminem entre a sua família, amigos e conhecidos já é um posicionamento de humanidade. São pequenos gestos de amor como esse que transformarão o mundo, pois ao ensinarmos as novas gerações a abraçar, preparamos o terreno para que daqui há 100 anos tenhamos um mundo um pouquinho diferente. Acredite na utopia. 

Obrigado pela leitura e pela conexão. Siga em frente.

Abraços,

Henggo. \o