Uma pequena borboleta pousou no ombro adoentado de um senhor de idade. Miguel nem mesmo tentou afasta-la, a deixou descansar suas patas. Curvou seu corpo carrancudo para poder ler seu jornal.

A borboleta que por sua vez se chamava Bonny procurava a dias sua panapanã, o bando de borboletas. Ela também procurava sua amante, Buzzi, uma lagarta de corpo cilíndrico e nada bonita, que andava comendo as frutas do Jardim do ancião.
No canto de suas antenas perceptou um sinal de alerta, sentia ao longe um calor inconfundível; Buzzi.

Bateu suas asas para longe do senhor, que seguiu curioso a borboleta. Em seu quintal Bonny repousou suas asas timidamente, perceptando o sinal de um casulo bem fechado em uma pequena roseira.

O casulo era deliciosamente acerejado, e recordava-a das folhas secas e caídas do outono que Buzzi se alimentava. Bonny observou inquieta o casulo abrir ao céu.

Milhões de outras chegaram, repousando em cima do velho decrépito suas exuberantes asas, observava estático a sociedade de borboletas que viviam ali. Ele estava incrédulo que um jardim tão descuidado, podia dar vida a uma coisa tão simplória e efêmera.

Quando o casulo de abriu, Bonny viu Buzzi, na sua mais formosa e fenomenal forma. A crisálida se partiu veloz, e Buzzi era uma das mais belas borboletas daquele jardim.
As borboletas se juntaram em um círculo naquele chão sem vida, todas ao redor das duas. Bonny estava feliz, encontrou seu bando e o seu único amor.

Depois de muitos meses, o jardim virou o lugar mais florido que o velho já conhecerá, nunca em todo o Brasil uma floresta, mata, matagal ou qualquer planta viva era tão formosa quanto a que ele havia encontrado.

Era uma pena, de verdade. Aquela coisa toda durou bem pouco. Um ano e tudo aquilo virou só lembrança, assim como muitas outras descobertas a qual a mão humana matou e destroiu.

Bonny e Buzzi fugiram com sua família para bem longe, não viram mais o moço do Jardim, mas em seus corações ainda recordavam-se de uma bela voz cantando para as borboletas entre as folhas do jardim.