Carlos

— Não é o que você está pensando Janet. — levanto as mãos em rendição calmamente. Eu sabia bem que ela tinha um temperamento forte e era leal demais ao que amava e acreditava.  — Não estou roubando você.

— Ah não? — ela destrava a arma.

— Não. Eu preciso chegar até Andrômeda. Preciso. — respondo.

— Por quê? — sua voz fica um pouco mais calma. Talvez por ter notado o desespero na minha própria voz.

— Sonhei com isso. — respondo. — olha será que dá pra você parar de mirar essa arma na minha testa!

— Não acredito em você. — ela rebate.

— Eu poderia te desarmar se eu quisesse. — debocho. Ela aperta a arma com mais força e rosna.

— É mesmo? — ela ri. — tenta a sorte.

Permaneci calado, respiro fundo e solto o ar pelas narinas, exasperado.

— Janet por favor! — peço novamente.

— o que quer? — ela rosna.

— precisa falar com Licaón, é com ele que venho sonhando. — explico.

— o primeiro lobisomem? — Janet levanta uma sombrancelha.

— Sim, coisas me foram ditas. Coisas que eu não entendo e depois senti meu corpo mudando. — explico, ainda com as mãos esticadas para cima em sinal de rendição.

— mudando? Acho que você está velho demais para passar pela puberdade novamente. — Janet debocha e vejo a sombra de um sorriso nublar seu rosto. Ainda era a minha Janet.

— Isso é verdade, mesmo que algumas partes do meu corpo estejam em crescimento ainda, você se lembra? — lanço - lhe um olhar safado e um sorriso.

— hum, adoraria ver isso novamente mais tarde. Então, por favor não me faça estourar seus miolos. — Janet sorri, safada. Mas eu entendia sua preocupação, ela queria proteger o seu povo, seus súditos.

Agindo tão rápido que ela não pode acompanhar meu movimento, com uma velocidade sobrenatural me assomou atrás dela e puxei sua arma da minha mão mais rápido do que ela pudesse processar.

Espíritos eram filhos do Caos e por serem anteriores aos deuses têm naturalmente, mais força, velocidade e agilidade que humanos e até mesmo deuses podendo atravessar até mesmo a velocidade da luz.

Agora eu entendia o que era estar na pele de Edward Cullen. Aproveitando a proximidade a puxo para perto de mim e enlaço meus braços em torno de sua cintura.

— Não sabia que podíamos fazer isso — Janet exclama. Tudo bem, talvez ela tenha deixado eu a desarmar. Com um levantar de mãos, Janet murmurou palavras em um dialeto que eu não compreendia e um vórtice se formou a nossa frente.

— Também não. — rindo, observo o portal para outro mundo e juntos pulamos em direção ao desconhecido.

Caímos no chão de terra batida da Floresta Negra entre as folhas secas e prateadas das árvores mágicas de Andrômeda.

— Onde eu estou? — pergunto para Janet que se levantava, com as mãos nos quadris, me xingando por ferrar a coluna dela.

— Esta é a Floresta Negra. — ela responde. — o lado maligno do Bosque da Vida.

— Cuidado! — a puxo assim que boto uma carruagem que parecia sair de um filme da Idade Média chegar muito próximo de nós.

— Ah aí está você! — uma mulher de longos cabelos brancos e olhos azuis claros aparece na carruagem medieval. Ao seu lado uma segunda cabeleira se aproxima, esta castanha. A baixinha mais irritante do mundo.

— Drica! — Janet sorri.

— Janet! — Adrienne ri. — Entra aí.

— Quem é essa? — Janet pergunta.

— Condessa de Albax e de Lesbos, de Gahnim. — Adrienne explica.

— Ah sim... Prazer, eu sou.. — Janet começa a se apresentar quando Adrienne a interrompe.

— Janet Baker, sua soberana. Rainha Branca, a Monarca de Andrômeda. — Adrienne debocha.

— Minha rainha. — a mulher faz uma reverência com a cabeça, completamente enrusbecida. — me chamo Aysha, sua humilde serva. Perdoe - me por não reconhecê-la.

— Ah, um lican! — Aysha exclama, ultrajada.

— Quem? — Janet pergunta.

— Eu. — aponto para mim mesmo, espremido entre ela e Adrienne.

— Argh! Babaca! — Adrienne me xinga.

— espera... Você é um lican? — Janet me pergunta, genuinamente confusa.

— Eu.. — começo a tentar dizer algo.

— Ele não sabe ainda. — Aysha explica a contragosto. — Deve falar com ele, o primeiro lican, Licáon.

— Licáon?! — Adrienne e Janet gritam ao mesmo tempo.

— Quem é Licáon? — pergunto.

— segundo a mitologia greco-romana, Licáon foi o primeiro lobisomem, era filho de Zeus, se tornou um monstro imortal por desafiar o próprio pai, o convidando para um jantar e duvidando da divindade dele, dando - lha comida humana dos seus próprios filhos. — Janet explica. — É um canalha, odeio ele.

— Você o conhece? — pergunto.

— Sim, por causa de Lupa é claro. — Janet explica.

— Conhece Lupa? — pergunto.

— Sim, ela me treinou algumas vezes, modo romano de batalha, sabe como é e também eu recebi a benção dela para quando mudasse de corpo, sabe, trasmutação básica, feitiço básico, eu pudesse ser uma loba. — Janet explicou.

— feitiço? Você é o que? uma bruxa? — pergunto.

— Sim! — Janet e Adrienne respondem ao mesmo tempo.

— Pare de fazer perguntas por favor, está me dando dor de cabeça. — Adrienne resmunga.