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Capítulo Único

Eu me recordo das borboletas. Elas eram tão graciosas, com suas asas coloridas, antenas compridas e movimentos perfeitos. Por onde passavam levavam seu brilho, fazendo tudo parecer encantado. Tatá com certeza foi o melhor admirador que poderia existir, desde que ele conseguiu dominar as suas formas, a de cachorro e a fantasiosa, era divertido correr e pular contando quantas delas poderiam ter. Mas nada daquilo era real. Mamãe e papai não estavam nada bem e, para que eu pudesse me confortar, imaginava mundos melhores para viver. 

"Quando nós vamos brincar lá em casa?" Tatá me perguntava "Queria que a mamãe lesse pra gente e papai nos levasse ao parquinho, como antes." 

Eu o ignorava quando o assunto era citado. Sempre eram as minhas desculpas que atrapalhavam a brincadeira, continuar a fazer qualquer coisa que não fosse falar com meus pais, fugir da realidade. Contudo, essa não era e nunca foi a função de espiar para dentro. Até que um dia Tatá morreu, em sua forma canina, de forma lenta e agonizante. Ele foi atropelado pelo meu pai e, com isso, toda a minha imaginação morreu com o cachorro. As imagens traumatizantes não saiam da minha cabeça, nunca mais tive um bichano de estimação depois dele. 

Mesmo não espiando, eu ainda conseguia ver as borboletas, indesejadas. Por meses eu as ignorei, até que elas começaram a me incomodar. Só apareciam quando eu estava com problemas, e eu comecei a cortar algumas. Várias borboletas se foram quando mamãe me expulsou de casa. 

"Saia da minha casa!" Ela gritava com toda a força que tinha. 

"Estou tentando continuar mãe, mas é muito difícil" minhas palavras pareciam estar molhadas, como a minha face. Encharcadas de tristeza. Estavam escorrendo, pingando da minha boca. 

"Você é igual a ele!" As borboletas começaram a voar ao redor dela, não suportava mais aquela sensação "Sempre foi, nunca vai mudar!" 

Estavam caindo. Suas asas quebrando como cacos, algumas voavam pelo meu corpo, por todos os lados. Não aguentava mais. 

"Por favor…" eu não queria que elas morressem, não queria que elas parassem. Mas era inevitável. Eu as odiava profundamente, queria que elas acabassem com aquilo, estava coçando, doendo. Me incomodavam. Precisava pará-las. Precisava matá-las, a qualquer custo. 

"Para!" Eu as estava cortando enquanto ela falava, com força, com raiva "Lucas, pelo amor para!" As mutilando com cacos de vidro espalhados no chão, com um misto de sentimentos confusos. A dor surgiu depois da sensação de alívio de vê-las mortas. Me arrependi profundamente. 

Elas pingavam arco-íris, fazendo o momento ruim parecer mágico. Aquilo doía demais, entretanto era melhor do que continuar naquela casa. Fui parar na emergência por causa daquilo. 

Eu não via a luz, como todos diziam que veriam quando estivessem partindo. Via uma coisa escura se aproximando, me sufocando. E, no meio daquilo tudo, eu vi Tatá. Ele sorria, parecia contente com aquelas borboletas desenhadas em meu corpo. Se achegando devagar, com algumas voando ao seu redor e outras voando dentro de si, ele perguntou, com a voz mansa e calma: 

"Por que você as cortou?" Questionou segurando meus braços, que ainda escorriam desesperadamente "Eu as fiz para que não morressem, Lucas." 

Eu estava chorando novamente. A sensação não passava, não importava o que eu fizesse. Ele estava tão quente, suas mãos pareciam amenizar a dor, não só a física, mas a psicológica. Desde sempre com aquela farpa grudada no corpo, ninguém tentou tirá-la. Só Tatá conseguia amenizar minha dor. 

"Você já tentou demais, meu amigo. Precisa descansar." Retrucou enquanto beijava minha testa. 

O nível da água subia conforme eu chorava. Eu estava sem ar, sem fôlego. Sem vida. Isso era o que eu realmente não tinha, se tivesse não estaria naquela situação, a beira da morte. Eu não merecia viver, eu tinha matado borboletas. As mais lindas deste mundo, porque foi Tatá que as havia feito. 

"Ainda há tempo, sempre há. Nunca é tarde pra viver." 

Um abraço imprevisto me invadiu. Era o melhor de todos, provavelmente. Eu retribuí a ação envolvendo meu corpo com o dele, em uma sensação repentina de alegria. Um misto de sentimentos tomou conta de mim, não tive certeza do que fiz. Só me lembro de um movimento. Um simples, nada complexo, mas ainda assim incrivelmente satisfatório. Pela primeira vez, em anos, meus lábios se curvaram para a direita mostrando levemente meus dentes. Eu sorri. Sorri com todas as minhas forças, sorri com meu corpo e alma, entregando nas mãos do destino a minha vida. 

Minha voz estava abafada e eu não sentia nada, em absoluto. Porém, eu sabia que não tinha acabado, que nenhum daqueles insetos desenhados em meus pulsos eram em vão, mesmo que cortados. Eu não os feriria mais, tamanha crueldade jamais se repetiria. 

"Vou espalhá-las Tatá." afirmei sussurrando em seu ouvido "Por todo o mundo vão ouvir falar das borboletas, e não vão matá-las, nunca mais." 

Ele se afasta, como se estivesse se despedindo, balançando rapidamente a cabeça para cima e para baixo. 

"Se tem alguém em que confio, é você Lucas. Meu Lucas, sempre foi e sempre será." dizia enquanto era absorvido pela luz. 

Luz, aquela que me tirou da escuridão, me livrou de todos os males e guiou meus caminhos. Aquela que tirou Tatá de mim, levando-o a um campo de arco-íris preto e branco. Maldita seja, luz divina. Tu e aquelas cruéis, impiedosas, terríveis, vis, brutais e coloridas borboletas. 

903 palavras

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