Capítulo 10
Hina
Duas semanas se passaram, desde que Hina e Robert receberam a missão da dungeon, porém ainda não haviam encontrado companheiros. Nesse tempo nada mudou muito, além da evolução de ambos com o treino todas as tardes, também aproveitavam para fazer pequenas caças com criaturas inferiores, a recompensa era pouca mas precisavam do dinheiro.
Hina se sentia culpada, por não conseguirem ninguém para sua equipe, talvez fosse sua culpa, já que ela abandonou a guilda junto à capital há 2 anos. Robert estava ao seu lado, mesmo com aquele seu jeito esnobe e arrogante, nessas duas semanas de treino ele estava bastante empenhado, aprendendo tudo bem rápido.
Os dois agora estavam na guilda novamente bebendo cerveja preta. Aproveitaram o período da tarde, já que era o horário de folga da Lizzy. Hina não queria ver a cara dela, estava sempre zombando de sua cara, desde o seu primeiro na guilda, há 5 anos. Elas receberam treino direto da líder da guilda, que orientou em todas as missões que fizeram, estavam sempre competindo para quem seria a melhor. Com a mesma idade de Hina, Lizzy tinha um corpo bem mais desenvolvido, o que deixava a bruxa mais irritada, já que a sereia estava sempre exibindo seu corpo.
– Eu sabia que vocês estariam aqui nesse horário. – Só foi pensar nela, que a própria apareceu.
Dessa vez Lizzy estava usando uma blusa simples e uma saia curta – pelo menos estava vestida, pensou Hina.
– O que você quer, Lizzy? – Pergunta Hina, colocando a caneca no balcão. – Ainda não conseguimos um aventureiro. Quando conseguirmos, irei lhe avisar.
– Está com o bom humor de sempre, bruxinha – A sereia faz o deboche com um sorrisinho falso e em seguida pisca para Robert, que até então estava bastante quieto. – É sempre bom te ver, Rob.
– Olá Lizzy. – Robert termina sua bebida e prossegue. – Pensei que de tarde você não trabalhasse aqui.
– E não trabalho – fala ainda com um sorriso no rosto. – Vim para falar com vocês. Já que se passaram duas semanas e não conseguiram aliados, então eu mesma arrumei um aventureiro.
– Eu já deixei claro que não quero ajuda vindo de você – Hina se irrita.
– Ainda está chateada com aquilo? – A sereia se senta ao lado de Robert. – Fala sério, Hina. A bruxa não é bem vista na guilda, e Robert é um iniciante. Se eu não ajudar, vocês não vão conseguir nada, não é Rob? – Ela abraça o jovem, e dá-lhe um beijinho na sua bochecha, provocando Hina.
– Do quê ela tá falando, Hina? – Pergunta Robert, e logo pede outra bebida.
– Ah, você ainda não contou pra ele, Hina? – Debocha mais uma vez, aproximando-se de Hina – Que bruxinha misteriosa.
– Basta, Lizzy! Veio para ajudar ou debochar de mim? – Hina estava de saco cheio dessa pessoa, poderia incendiá-la ali mesmo.
– Os dois – ela sorri e aponta para a entrada.
Um homem entra, não era bem um homem, Hina reconheceu ser um meio-elfo, devido as suas orelhas pouco pontudas. Ela não se lembrava dele do tempo que ficara por ali, então presumiu que o aventureiro deveria ter se aliado à guilda depois que saiu de lá.
O jovem possuía cabelos longos preto. Suas vestes eram simples, mas elegante, camisa de manga longa verde, e calça azul, botas altas marrons e um banjo preso às costas. – Ao avistar Lizzy, foi em sua direção.
– Lhes apresento, Alberin Veliar, o bardo andarilho. – Lizzy apresenta, convidando o jovem a sentar. – Alberin, esses são os dois que lhe falei.
– É um enorme prazer em finalmente conhecê-los – fala o meio-elfo fazendo uma reverência e tomando a mão de Hina para um beijo. Sua voz era sem igual, extremamente linda e precisa, sem falhar, sem sotaque, nada. Era uma voz suave e calma.
– Você é novo na guilda? – Pergunta Hina
– Entrei há um ano – responde o jovem, com um sorriso encantador.
– Se és um andarilho, o que está fazendo aqui na capital há um ano? – Questiona Robert, deixando de lado sua cerveja e ficando mais sério.
– Digamos que encontrei algo que me chamou a atenção. Então decidi ficar – fala, ainda sorrindo para Hina. – Você é tão linda quanto a senhorita Lizzy descreveu.
Hina corou, há muito não era elogiada desse jeito. Robert e Lizzy se sentiram incomodados com o comentário do jovem.
– Então – Lizzy se levanta puxando Alberin. – Já nos apresentamos. Se não se importam, partiremos amanhã cedo. Então tratem de estarem aqui às 06:00 em ponto. Não se atrasem.
– Espere Lizzy – interrompe Robert antes de saírem. – Madame Aryta disse que você tinha o mapa da dungeon, poderia me emprestar? Gostaria de estudá-lo.
A jovem analisa as palavras de Robert, e então tira do bolso um pergaminho enrolado e joga para ele. Hina e Robert terminaram de beber e foram para a pousada fazer os preparativos.
No quarto de Hina, enquanto ela prepara suas malas, – já que a dungeon ficava na cidade vizinha, iam ter que ficar alguns dias lá – Robert estava centrado a estudar o mapa.
– Por que está tão preso a esse mapa? – Pergunta Hina, tirando suas roupas de um pequeno armário que seu quarto disponibilizava.
O espaço não era muito grande, mas era arrumado e tinha tudo que ela precisava ali, além do lugar para guardar as roupas, tinha um pequeno cômodo com banheiro, sua cama à esquerda.
– Não é óbvio? – Robert estava largado num tapete ao lado da cama de Hina, entre suas pernas Neeko ronronava. – Estou pensando nas estratégias, por onde entrar, por onde devemos seguir com segurança, quais as rotas de fuga. É típico dos jogos de RPG.
– Não sei do que você está falando. Mas termine logo e vá para seu quarto. Amanhã acordamos cedo.
Após expulsar Robert do quarto – que saiu resmungando. – Hina terminou suas malas, e se jogou na cama, Neeko fez o mesmo.
Havia aprendido algumas habilidades novas, que talvez pudessem ajudar nessa nova aventura. Ainda não sabia o que eles tinham que resgatar, mas conhecendo a líder da guilda como ela conhecia, não deveria ser algo tão simples. Como mentora, Aryta sempre fora de colocar Hina e Lizzy em perigos constantes, mas elas brigavam mais do que cooperavam. Ainda não tinha certeza se isso seria uma boa ideia. Mas tinham conseguido um aliado, poderia dar certo. – Em seguida, Hina adormece.
~∻~
No dia seguinte, Hina e Robert vão ao encontro da sua equipe provisória – depois que a bruxa quase esganou o companheiro por dormir demais. – Lizzy e Alberin estavam à espera deles em frente a guilda. E são recebidos pelo tom carinhoso da sereia.
– Estão atrasados. – Lizzy estava escorada na entrada, e Alberin do lado tocando seu banjo.
– Teríamos chegado na hora se um certo alguém não dormisse demais. – Hina fala, dando uma cotovelada em Robert que ainda bocejava.
– Estás bela como sempre, jovem Hina. – O bardo a recebe com um sorriso encantador.
– Todavia, não temos tempo a perder. – Lizzy desencosta da parede, pega sua mochila no chão. – Vamos logo.
Eles seguiram caminho até uma carruagem que já estava à espera. Não era muito luxuosa, mas dava para acomodar todos, – exceto Robert que por algum motivo quis ir ao lado do carroceiro. – Após embarcarem, percorreram mais umas 6 horas de viagem até chegar em Alter-Gun, cidade vizinha da capital. Era bastante conhecida por suas águas termais, Hina nunca fora a tal local, mas se encantou ao ver a paisagem verde magnífica. Era uma cidade repleta de harmonia que lembrava o vilarejo no interior.
Adentraram em outra estrada que levava a uma floresta com vegetação diferente da anterior, mais sombria, nublada, e um frio que desagradava Hina.
– Já estamos chegando – avisa Lizzy. – Vocês já estiveram em uma dungeon antes?
– Eu já, Robert não – responde Hina.
– Já estive em algumas, seus mistérios são de arrepiar – cantarola o bardo, vinha fazendo isso o caminho todo.
– Essa que vamos é não é muito diferente de uma dungeon comum – explica a sereia. – Robert me devolve o mapa. – Ele joga para ela. – O que queremos não é explorá-la, e sim pegar algo para nosso cliente. Então usaremos uma passagem secreta para o subterrâneo, – aponta para um local na lateral do mapa – pegar o item, e fugir evitando o maior número de monstros.
– É possível evitar todos? – Pergunta Robert, que saira da parte frontal da carruagem e sentou ao lado de Lizzy.
– Alguns são inevitáveis, – continua Lizzy – o problema é que a maioria dos monstros desse local são corrompidos. Então se demorarmos muito, eles podem atrair bem mais. Alguma dúvida?
– Eu tenho uma – interrompe Robert, faz uma cara de suspense e fala. – Ainda não entendi como você é uma sereia e não tem cauda.
– Ela falou sobre a missão, idiota. – Hina responde, fazendo cara feia para Robert.
– Não seja chata, bruxinha – protesta a sereia. – Eu tenho uma cauda, que aparece quando necessito dela. – A jovem se inclina em direção a Robert, roçando suas pernas na dele, e falando baixinho com um sorriso malicioso. – Mas não é mais interessante as pernas?
Robert corou, mas não respondeu a ousadia. – Ela é mesmo uma descarada, maldita peixe de água doce. – Hina interrompe a cena, pigarreando.
– Olhem, não é ali? – aponta a bruxa, no final da estrada havia uma entrada de pedras, aparentemente abandonada.
A carruagem parou em frente ao local, que estava muito silencioso, – até demais. – A entrada da dungeon ficava entre as árvores num solo um pouco inclinado, e estava coberta de raízes. Hina não sentiu magias malignas ao redor, mas sabia que no interior deveria ter algo.
– Então, onde é a passagem secreta? – Pergunta Hina. – E esse lugar não deveria estar coberto de criaturas?
– Precisamos entrar primeiro. E da última vez que os aventureiros vieram aqui, limparam a entrada – responde a sereia, pegando uma tocha na sua mochila. – Agora seja uma bruxa boazinha e acenda isso para a gente.
Sereia estúpida. – Após xingar Lizzy mentalmente, Hina dá um longo suspiro. Estava se controlando para não sair aos tapas com ela. Mas obedeceu e depois seguiram em frente.
Lizzy foi à frente com o mapa, seguida de Alberin, logo atrás de Hina e Robert. Hina reparou que seu companheiro estava extremamente quieto ali, sem dar palpites, sem muitas perguntas. – Com certeza está planejando algo para depois...
Após passar por um corredor escuro com várias entradas, Lizzy parou em frente a uma estátua de bronze – de um guerreiro apontando a espada para cima. – A sereia retirou da bolsa um medalhão de bronze e colocou no peito do guerreiro petrificado, em seguida a espada se moveu apontando para um portal à frente.
– Devemos nós seguir para tal local? – Pergunta Alberin, se dirigindo para à porta.
– Não! – Exclama Robert, puxando a ponta da camisa do bardo.
No exato momento em que o meio-elfo tocou a maçaneta, conseguiu se esquivar de uma guilhotina, graças a Robert.
– Pelos Deuses. – Alberin havia ficado mais pálido. – Obrigado Robert.
– Como sabia que ali tinha uma armadilha? – Pergunta Hina ainda boquiaberta. Ela sabia que as dungeons eram repletas de armadilhas, e que tinham que ter cuidado. Mas algumas delas não dá para prever, ao menos se já tivesse explorado.
– Quando olhei o mapa da Lizzy – responde Robert apontando para Lizzy, que mostra o mapa – Memorizei todas as passagens, e algumas estavam escuras. Presumi que ainda não tinham sido exploradas. E ali na ponta – ele mostra uma escrita feita a sangue. – Fala: "não confie no Duque". O homem que nos trouxe é dessa cidade, então lhe perguntei sobre esse Duque. Então me falou sobre o cruel Duque Eldgar, que era conhecido por fazer barganhas, e depois enviava seus guardas para matar os envolvidos e roubar todo o ouro.
– Uau, olha só quem fez o dever de casa – Lizzy se maravilha com Robert, e logo prossegue. – Isso que soube é verdade, mas o que poucos sabem é que o Duque ganhou tanto poder assim depois de ter feito uma barganha com um comandante do exército das trevas, há 100 anos. Ele ganhou alguns itens mágicos, em troca de sua alma, sua lealdade, porém, ele também tentou enganar o ser sombrio. O Duque criou essa dungeon para esconder todo seu ouro roubado e pertences. O comandante não ficou nada satisfeito com Eldgar, e o transformou numa estátua de ouro nesse mesmo local, amaldiçoando sua alma a vagar eternamente em sofrimento, vendo seu ouro tão querido ser saqueado. – A sereia puxa a ponta da espada e a estátua se move, revelando outra entrada. – É por aqui, vamos.
Andaram por mais um corredor sombrio, até chegar em uma outra entrada, que dava a uma sala grande. Do lado havia um caminho de tochas, Lizzy as acendeu, clareando o local. As paredes possuíam marcas e símbolos antigos que Hina nunca tinha visto, representavam alguma guerra. Do outro lado havia um trono, à sua frente tinha uma almofada vermelha e em cima algo muito brilhante, que não dava para ser distinguido naquela distância. Mas no caminho até lá, havia uma ponte fina de pedra, e embaixo era tão escuro que não dava para saber o que tinha no final.
– Ali está, precisamos daquele item – fala Lizzy. – Mas precisamos tomar cuidado, nenhum aventureiro que veio aqui retornou com vida.
– É seguro atravessar essa ponte? – Pergunta Alberin.
– Só saberemos se tentarmos, não é? – Robert fala e retira do seu bolso uma pedra. E arremessa, fazendo-a quicar sob a ponte.
– Sério que você trouxe uma pedra pra cá? – Hina pergunta, levando a mão à testa.
– Nunca se sabe quando precisaremos de uma – responde Robert, observando que nada havia acontecido. – Creio que seja seguro. Vamos.
Robert toma a dianteira, e os demais o seguem. Ao chegar do outro lado. Hina pôde observar uma tiara fina de ouro com uma pequena joia verde que brilhava intensamente. Quando se aproximaram do local. Robert cutucava a tiara com um galho, – Sério de onde ele tira essas coisas inúteis? – Hina sentiu uma magia obscura poderosa, junto com uma voz que estrondou o local.
– Quem ousa perturbar o meu sono???
~X~
Olá aventureiros.
A aventura nessa dungeon misteriosa acaba de começar.
Oh! Robert, o que você foi fazer? Haha xD
O próximo capítulo promete.
Deixarei o mapa abaixo para vocês se situarem.
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