Capítulo 6 - Sussurros de guerra e o baile de inverno
Meu novo livro saiu.
Eu não to bem. Eu estou em surto!
Meu primeiro de muitos. Saiu!
Eu to muito ansiosa, quero muito que vocês leiam. Eu tentei deixar o mais barato possível já que o valor é em dólar inicialmente (relaxem, vocês pagam em real), ficou menos de dois dólares 9,99 para o Brasil, em euro é mais caro, desculpe se alguém aqui é da Europa, mas acho que não, quem tem Kindle Unlimited é de graça.
Enfim, eu quero muito que vocês leiam e me digam depois o que acharam, só voltar aqui e dar sua opinião. Uma leitura mais tranquila enquanto esperam atualizações da fanfic. O nome é O que se vê no escuro, é o único livro com esse nome, mas se precisarem de link tem na minha bio em todas as redes sociais, inclusive nessa.
Eu to tão ansiosa que não estou conseguindo revisar esse capítulo direito, por isso vão me avisando se acharem erros que depois eu corrijo.
São essas as notícias, agora a fanfic!
No capítulo anterior de Quem será seu herói...
A Poção Polissuco era muito efetiva para averiguar uma amostra de DNA.
Embora possa ser usada para modificar idade e sexo, não pode ser usada para um ser humano tomar uma forma animal, nem pode ser usado em não-humanos ou meio-humanos. Usando o sangue de alguém, Albus só poderia se transformar em Gellert se fosse ele naquela cela. Qualquer cópia, mágica ou não, substituição ou um impostor seriam notados pela poção que não teria o efeito desejado.
E Albus agora era exatamente a figura do homem que vira na cela em Nurmengard.
....
Sua maior preocupação agora era que Gellert não podia ter colocado ninguém em seu lugar naquela cela. Não com aquela prova. O homem diante do espelho, que assumia a forma, era Gill, sem dúvidas alguma.
Faltava testar o sangue de Lakroff.
E descobrir no que se transformaria.
— Pode começar a preparar mais uma dessas assim que possível, Severus.
Dois meses.
Albus tinha esse tempo para conseguir uma forma de roubar o sangue de Lakroff Mitrica e descobrir de uma vez por todas quem ele realmente era.
— Não preciso dizer para manter isso entre nós, imagino.
Claro que não precisava. Severus apenas resmungou como resposta. Sem mais perguntas. Ou ele havia entendido o objetivo de Albus e não tinha nada a comentar, ou simplesmente não pretendia fazer perguntas.
Um espião nunca perde velhos hábitos.
— Ótimo, já que temos isso resolvido, o que você poderia querer ao vir aqui, Severus?
— Na verdade, vim passar um relatório que chegou mais cedo e o senhor não estava para receber [...] A névoa do ministério está se dissipando. Quim Shacklebolt usou a lareira mais cedo para informar que entrou no Hall das Profecias como foi instruído e confirmou. A profecia do lorde das trevas está desaparecida.
Alguém escolheu aquele momento para bater à porta.
Não foi uma batida qualquer. Foram acertos firmes, socos repetidos e constantes de uma pessoa desesperada.
— Albus! Albus, acorde! Albus!
Dumbledore olhou para Snape e os dois decidiram que, seja lá o que McGonagall queria naquele horário, aquela agitação toda era motivo o bastante para deixarem a conversa sobre o ministério e a profecia para depois.
Albus teve que fazer um feitiço de glamour para esconder a aparência de Gellert e ficar o mais parecido possível com o rosto de Albus Dumbledore que sua magia cansada conseguia. Seus esforços foram um tanto ruins, aparentemente, pois Severus se aproximou apontando a varinha para seu rosto e fez ele mesmo a coisa.
— Pronto – disse, indo mais para o lado.
— Entre, Minerva! – chamou Albus.
A mulher escancarou a porta e nem deu tempo de qualquer um dos homens falar qualquer coisa.
— Acharam o corpo de Alastor. Albus, Alastor Moody está morto! – contou.
Capítulo 6 — Sussurros de guerra e o baile de inverno
"Havia mais de uma pessoa triste com seu par, desejando outro alguém que parecia inalcançável
Mas quem dera esse fosse o único problema que as pessoas naquele castelo tinham para enfrentar".
A edição Dominical do Profeta Diário não teve tempo de anunciar a morte de Alastor Moody e se focou em insultar os esforços "ridículos e pouco efetivos" dos aurores e do ministério para resolver o problema da névoa, que pareceu começar a se dissipar sozinha.
Porém Rita Skeeter teve o domingo inteiro, ao que Harrison imaginou, para ouvir tudo que se dizia em Hogwarts sobre a morte do velho auror e fez seu trabalho para anunciar isso na primeira página de segunda.
Aparentemente o ministério não concordava com a possibilidade de uma morte que não fosse natural, uma vez que o pronunciamento oficial foi uma doença. Enquanto isso, o profeta dizia com todas as letras que o homem paranoico talvez não fosse tão louco assim e que estivesse mesmo com alguém em sua cola. A palavra assassinato apareceu entre as linhas da manchete e veio com várias teorias de porque o professor saiu de Hogwarts para morrer em seguida.
Tudo bem sensacionalista, o tipo de coisa que a besoura escreveria.
A semana que antecedeu ao Natal foi coberta de alunos em polvorosa com teorias, os dias sem aulas permitindo que suas mentes correrem livremente para as possibilidades mais sombrias.
Uma dúvida, entretanto, se mantinha acima de tudo: Quem assumiria o cargo agora?
— Se nem o maluco de um olho só sobreviveu ao cargo por um ano inteiro, que idiota que tentará agora? – zombava Pirraça.
O poltergeist, voava pelos corredores aleatoriamente cantando uma música de sua autoria, que narrava de forma bastante medonha o que tinha acontecido aos professores que assumiram o cargo de Defesa Contra as Artes das Trevas ao longo dos anos de Dumbledore como diretor, principalmente nos últimos quatro, evidenciados no refrão chiclete:
"Um turbante esconde o monstro
Que as criancinhas atacou
Este não foi visto mais,
O diretor o matou
Escolha agora um famoso,
que várias mentes apagou
Um acidente vem com ele
No St. Mungus se internou
Um lobisomem vem também?
Esse até que aguentou
Mas veja o olho tonto,
Só quatro meses ele durou!
Qual é o próximo cadáver
Que nosso cargo condenou?!"
Harry achou poético. Criatura criativa esse poltergeist.
Durante alguns dias escutando aquela coisa, Hazz acabou se pegando em pensamentos, se deveria se sentir culpado ou não.
Se tivesse agido de outra forma, talvez Alastor não precisasse morrer nas mãos de Voldemort. Seu corpo estava em Hogwarts esse tempo todo, para que Barty pegasse amostras para a Poção Polissuco e Hazz podia tê-lo salvo.
Esse sangue estava em suas mãos?
Um pequeno dilema moral que o distraiu um pouco, mas se viu sendo consolado sem que precisasse dizer nada, tanto por sua corte, como Luna e os gêmeos Weasley, ao que ficou bastante grato.
Não precisava de mais uma coisa para deixá-lo ansioso.
"Quanta responsabilidade temos por nossos atos se as consequências vêm apenas porque outras pessoas tinham mais poder sobre a situação do que nós mesmos?"
Foi o que acabou escrevendo em seu diário enquanto pensava sobre isso sozinho antes de dormir.
Ele não matou ninguém. Voldemort fez. Não sequestrou ou amaldiçoou Alastor Moody e nem era sua função descobrir um comensal em Hogwarts. Mesmo assim ele o prendeu logo que teve confirmação de uma identidade falsa e entregou ao vice-diretor de sua escola.
Depois de torturá-lo, mas essa parte não importava para a questão.
De certa forma, não tinha feito nada errado.
Os adultos tinham.
Não que estivesse julgando seu avô, mas Harrison tinha alguma culpa quando deu a responsabilidade pela tomada de decisão a adultos competentes?
Bem... Se Dumbledore fosse um desses adultos, não seria tão competente assim, mas já tinha julgado por tempo o bastante a falha do homem em reconhecer a diferença de um de seus melhores amigos, ou alguém substituindo-o.
Harrison, a seu próprio crédito e apenas isso, não tinha que proteger ninguém ou lutar para recuperar Moody, o que acabaria avisando e irritando Voldemort no processo. Claramente Voldemort irritado era a mesma coisa que esperar algumas mortes e cabia a ele calcular isso?
Veja, havia uma nota em outra notícia do profeta falando sobre um Auror desaparecido, então se o sonho que Harry teve a alguns dias era verdade, já foram dois mortos nas mãos do seu querido primo, depois de ter sido abertamente desafiado.
E estavam apenas no primeiro mês.
Então de novo: quanta responsabilidade tinha por tudo aquilo?
"Nenhuma. Sua consciência está me matando, pare com isso" reclamou Tom um dia através de sua ligação.
"Minha consciência está te matando?"
"Sim. Maldito sangue grifinório, culpo seus pais. Agora quer pegar a culpa até pelas ações do lorde das trevas? Por favor, eu matei meu próprio pai e avós apenas um pouco mais velho que você, isso é ter sangue nas mãos, me poupe de se culpar por algo assim".
"Ou você é parte do erro ou da solução".
"Erre uma vez, ninguém se importa. Os mais errados são os adultos ineficientes. Agora pare, mesmo. Pessoas com alguma consciência são cansativas, não seja cansativo pirralho".
De alguma forma estranha, aquilo tinha ajudado.
O maior problema, notou Harrison com certa curiosidade mórbida, é que ele não se importava de verdade.
Algo nele dizia que devia se culpar.
Não seja algo que seus pais não sentiriam orgulho ou algo assim, uma parte de sua consciência lhe dizia. Indiferente, suas ações pareciam erradas.
"Não seja algo que você teria vergonha de contar a Neville" esse pensamento que o pegava mais.
Com certeza teria vergonha, talvez medo, de admitir aquilo ao amigo.
Teria que esconder e talvez mentir um dia e nunca mentiu para Neville antes, então lhe causava uma sensação nervosa só de pensar. A amizade deles não era assim.
Talvez, chegou a considerar, fossem as vozes de seus tios que lhe colocavam a culpa de tudo.
No fim, tudo que tinha certeza era que em suas emoções não havia derramado uma lágrima pelo homem e na verdade estava mais chateado em perder aulas realmente interessantes com um ex comensal, do que com todo o resto.
O problema não era sua consciência, mas perceber que apesar de ter uma, ela mais fingia funcionar do que realmente estava culpando-o por alguma coisa.
Ele não se importava que Alastor morresse, mesmo que pudesse ter sido salvo. As tarefas que os professores tinham passado nas férias pareciam uma perda de seu tempo mais produtiva.
Provavelmente se importava mais com as tarefas.
Não se via na obrigação de salvar ninguém.
O que isso queria dizer sobre si?
-x-x-x-
Apesar da quantidade de dever que os alunos do quarto receberam, Neville não estava com a menor vontade de estudar quando o trimestre terminou.
Ele já havia passado Natais em Hogwarts, em seu primeiro ano com os Weasley, e no segundo, mesmo que a avó estivesse preocupada com os ataques. Apenas em seu terceiro estava se sentindo exaurido demais do castelo, ainda por culpa do fim do segundo ano, que acabou procurando um pouco de paz na mansão Longbottom.
Grande erro.
Com as visitas à casa, seus primos barulhentos e irritantes que insistiam em perguntar sobre o basilisco, tudo que teve foi mais irritação.
Deveria ter ficado em Hogwarts. Ou mais tempo na mansão Mitrica.
Esse ano ele tinha uma desculpa boa o bastante. O baile.
Harry.
Mesmo com a morte do professor Moody, que chocou bastante os alunos nos primeiros dias, era incrível como eles pareciam deixar isso de lado rapidamente.
Talvez porque o professor, apesar de seu lema "sempre alerta", era um homem machucado de guerra que provavelmente tinha a saúde fragilizada, então o Profeta podia tentar gerar pânico à vontade, Hermione não foi a única a bufar e chamar aquilo tudo de lixo.
Neville também preferia evitar entrar na onda dos delírios de Rita Skeeter.
A agitação na Torre da Grifinória também ajudou a acabar com o clima mórbido mesmo com a musiquinha de Pirraça ecoando pelos corredores. O lugar não parecia mais vazio agora do que estivera durante o tempo de aulas. Parecia até ter encolhido ligeiramente, porque seus moradores estavam muito mais presentes por conta do frio e mais barulhentos do que o normal.
Fred e George fizeram grande sucesso com os seus Cremes de Canário e algumas outras pegadinhas que anunciavam todos os dias para os colegas. Nos primeiros dois dias de férias, as pessoas não paravam de explodir em penas por todo o lado. Não tardou muito, porém, todos os alunos da Grifinória aprenderam a olhar a comida que outras pessoas ofereciam com extrema cautela, para a eventualidade de ter Creme de Canário escondido no meio.
George confidenciou a Neville que ele e Fred agora estavam preparando gomas de humor, que te deixavam de cores diferentes baseado nas suas emoções durante um dia inteiro.
A comissão final de últimos convites para o baile ia a todo vapor e Neville conseguiu convencer Ron a chamar Parvati Patil ou Lilá Brown, depois de ele pagar um mico gigantesco convidando Fleur Delacour aos berros em um dia azarado em que a pegou jogando charme Veela para cima de Diggory.
No fim, Lilá aceitou ao risinhos ir com o ruivo, mas desde então a menina parecia estar sempre por perto com a amiga.
Rindo.
Neville não sabia o que era tão engraçado.
Talvez nem Gina, que parecia revirar os olhos junto com Hermione sempre que viam as meninas. Não que as duas fossem grandes medidores, já que também pareciam exauridas com Fleur Delacour e Neville não viu de onde tinha começado tamanha antipatia.
Era porque a garota havia olhado Ron com nojo quando foi convidada? Como se ele fosse um inseto?
Para uma garota popular como ela, talvez Ron fosse mesmo. Quem não seria?
Não Cedrico, aparentemente.
Ou Harrison, Neville duvidava que Hazz fosse um inseto para qualquer um no mundo.
Caía neve grossa e persistente sobre o castelo e seus terrenos agora. Hogwarts estava linda. A árvore de natal tinha o dobro do tamanho, o que era realmente impressionante pois parecia subir aos céus no teto falso do grande salão.
No dia vinte e um, Harrison lhe desejou no café da manhã um bom Yule e lhe explicou, talvez pela quarta vez, já que Nev nunca se lembrava bem como funcionava o feriado pagão, como eram as comemorações bruxas tradicionais.
Para começar, fazia parte da roda do ano. Uma espécie de calendário bruxo, como pensava Neville.
— A roda é dividida em oito eventos principais, os sabbats – explicou Harry com paciência à mesa da Sonserina, enquanto pegava um pouco de pudim para ele e Luna.
Neville assistiu com satisfação o garoto comer de verdade ao invés de apenas beber café.
Ele não sabia o que tinha acontecido, mas Harrison estava cada dia mais se alimentando como deveria.
O grande diferencial era George.
Ele convidou Harry para outra escapada de preparação de lanches na madrugada, dessa vez com o objetivo de fazer uma boa torta que sabia a receita. Ele conhecia bem as cozinhas e os funcionários da escola, por todos os anos em que descia até elas e recorria aos elfos para pedir comidas em festas na torre da Grifinória.
Conversou com Harrison e os dois fizeram com que os elfos concordassem em receber Lala, que lhes explicaria as questões de saúde do Potter. Em Lala e Monstro (que a acompanhava agora como um mentor bem exigente), Harrison confiava o bastante para aceitar comer algo em Hogwarts sem supor que estaria envenenado.
Dobby também garantiu que não contariam a ninguém sobre isso, e apesar de normalmente as criaturas serem ingênuas demais para aceitar apenas a palavra, George lembrou que ninguém em Hogwarts sabia até hoje como os meninos sempre tinham lanchinhos para as festas e que a maioria dos bruxos sequer pensaria em perguntar a eles.
Era bem verdade.
Mesmo assim não disseram nada demais e com criaturas quase incapazes de mentir, enganar ou machucar bruxos, mesmo que se tentasse muito treiná-los para tal, tudo foi confortante o bastante.
Eles foram bem dissuadidos quando Hazz ameaçou começar a fazer a própria comida se eles não concordassem em proteger seu segredo.
Funcionou lindamente.
Depois disso, ainda houve uma terceira vez de escapada até a cozinha. Passaram horas por lá, primeiro com a desculpa de agradecer os elfos pela refeição perfeita aos gostos de Harry, cumprimentar Lala e Monstro por tê-los ensinado bem, mas então não quiseram perder outra oportunidade e ficaram juntos para preparar um doce tradicional brasileiro que Hazz quis apresentar a George.
Comeram a colheradas boa parte do brigadeiro antes que conseguissem enrolar em bolinhas e cobrir de granulado colorido. Tudo isso enquanto ouviam os elfos de Hazz contarem parte de sua triste história para tornar os de Hogwarts especialmente caridosos com o menino.
"Agora conquistou até os elfos, alteza, quem está a salvo de seus encantos?" zombou o ruivo.
Harrison apenas enfiou uma colherada do doce de chocolate na boca dele para calá-lo.
Aquilo tinha sido no dia anterior, agora pela manhã na sonserina, Harry também podia aproveitar o café que de alguma forma os elfos tinham conseguido preparar a moda vietnamita, com leite condensado e gelo, um dos jeitos que amava tomar em casa.
Ele sorriu para Neville.
— Entende o conceito da roda do ano? – perguntou após um gole gostoso e revigorante que lhe cabia muito bem depois de uma sessão de exercícios no barco com os amigos.
Viktor os tinha forçado a uma série pesada para acompanhar o treino que lhe era exigido na seleção oficial da Bulgária.
Yorlov saiu reclamando de dores em todos os lugares.
Neville encarou Harrison por um tempo, como se precisasse disso para lembrar as aulas que já teve na mansão Mitrica sobre o assunto.
Não lembrar dessas coisas indicava alguma vergonha como bruxo?
Longbottom supôs que não, ao menos ele ouvia e sabia um pouco sobre o assunto, pior não seria ser bruxo e nunca ter entrado em contato com qualquer coisa ligada às antigas tradições?
Ele recitou algumas coisas que lhe vieram a mente:
— A roda do ano tem esses oito feriados, os sabbats como o de Sahmarim, que foi comemorado em outubro. Cada um serve para refletir os movimentos da Terra e da Lua, o que gera as estações do ano e fenômenos astrológicos.
Harrison acenou com aprovação.
— O Yule é o que representava o período do renascimento. Uma contrapartida com o Sahmarim que você mencionou, que era a morte. É o solstício de Inverno e o tempo em que a Criança do Sol renasce.
— Eu lembro disso! – disse com orgulho. – Quer dizer que os dias voltam a se tornar mais longos e que a parte mais tenebrosa do inverno vai acabar.
— Isso. Astrologicamente falando este é o fenômeno. Para a cultura bruxa, quer dizer que deus está nascendo e a Deusa mãe está descansando após o parto. É um período de escuridão e introspecção, mas também de esperança e renascimento. O Yule nos mostra que não importa o quão frio esteja o inverno e quão escura esteja à noite, o Sol retorna vibrando vitalidade, trazendo calor, luz e vida para as plantas. Somos uma sementinha plantada com a esperança de nascer na primavera que logo virá.
Viktor, que estava sentado ao lado de Neville o cutucou e sorriu quando ganhou sua atenção.
— "O que você aprendeu ao andar pelas florestas sombrias de si mesmo?" – recitou, como se tivesse lido aquilo em algum lugar. – Agora que sabe mais de si e se deixou morrer em seu velho eu no Sahmarim, o que você quer dar à luz?
Neville refletiu sobre aquilo um pouco.
Renascimento.
Quem ele queria ser a partir daquele momento? Agora que tinha deixado para trás todo o peso da câmara, para onde deveria crescer?
Era um bom feriado, boas perguntas.
Ele se virou para Harrison:
— Em que você quer renascer?
Hazz tomou outro gole de café e ficou um tempo pensando antes de suspirar:
— Na melhor versão que conseguir de mim mesmo.
Depois, como se não conseguisse ficar muito tempo sério perto do amigo, acrescentou:
— Eu só não sei no que exatamente estarei me tornando melhor. Espero que Herbologia esteja na lista, quero me formar ano que vem sem falta.
Neville riu do haus feuer e deixou para trás o fato de que havia feito piada com o assunto.
"Na melhor versão que conseguir de mim mesmo", aquela era uma boa resposta.
Ivan escolheu aquele momento para puxar algo das vestes.
— É mesmo. Luna, feliz Yule.
E tirou uma coisa que logo todos notaram ser um belo colar com pingente de madeira rústico, onde um sol foi entalhado, uma tradição do feriado, trabalhar em madeira os símbolos do solstício.
A garota sorriu abertamente iluminando a mesa e colocou-o no pescoço, agradecendo pelo presente.
Um pouco depois da refeição, Neville foi com Hazz para o barco da Durmstrang, para passarem algum tempo juntos. O lugar tinha uma decoração parecida, mas ainda diferente de Hogwarts. Mais rústica, com símbolos mágicos entalhados em madeiras como o presente de Ivan, troncos de Yule preparados nos cantos dos cômodos, muitas velas iluminando e aquecendo todo o barco, folhas e pinhas.
— Não está mal por não passar esse ano com sua família? – perguntou em certo ponto enquanto jogavam xadrez de bruxo.
— Desde que meus irmãos arrumaram trabalho no exército e no ministério, nem todo Yule eles podiam comparecer. Eu fui para muitas festas na casa de amigos nessa época.
De toda forma, Harrison sempre tinha ao menos um membro da família com ele.
Lakroff, a propósito, parecia combinar com aquela época do ano. Ele estava radiante em suas vestes que, apesar de temáticas, não perdiam seu estilo e classe costumeiros. Com bordados sutilmente lembrando símbolos do evento, como flocos de neve, as galhadas de uma rena, e principalmente acessórios dourados com o sol, a roda do ano, galhos e pinhas de pinheiros e, Neville o viu certo dia, com um belo colar com uma guirlanda e um pentagrama todo dourado.
Tudo em conjuntos escuros azuis que ressaltavam a cor de seus olhos e o pouco que ainda estava de branco nas pontas de seus cabelos quando a luz batia.
Era bem diferente de Dumbledore que mais parecia uma árvore de natal enfeitada e andando. Ao menos, foi o que Harrison disse em um dos almoços que decidiu passar com Neville e os amigos na Grifinória.
Ron quase engasgou com sua sopa ao ouvir aquilo:
— Você tem razão – disse aos risos. – Podemos colocar uma estrela no topo de sua cabeça.
— Ronald! – repreendeu Hermione. – Não fale assim do diretor.
— Ele não é meu diretor – se defendeu Harrison, acrescentando com um olhar cúmplice para Ron. – Vamos lhe dar algumas bolas para pregar nas vestes e terminar o conjunto. Eu lhe daria pisca-piscas trouxas, mas eles queimariam suas roupas e acho que o diretor já está muito traumatizado com fogo nelas.
E o ruivo ficou vermelho de tanto rir.
Hermione revirou os olhos, mas não reclamou mais.
Provavelmente porque foi Harry a dizer.
Ela e Harrison enfim estavam formando uma espécie de amizade, desde toda a história com os elfos domésticos, mas agora a garota insistia com Neville que confiava em Harry, que ele tinha realmente um coração gigante e entendia porque os livros de história o viam como herói.
"Ele nasceu para fazer a diferença" murmurou em algum dia entre aqueles dias.
Neville estava apenas a vendo como mais uma de suas fãs aquele ponto.
Ela estava muito satisfeita em tê-lo com eles nos almoços e Gina também começou a sentar mais com o trio.
Na verdade, muitos começaram a se sentar mais próximos do grupo a cada dia.
Neville sentia seus olhos revirarem só de lembrar.
Hermione decidiu ela mesma puxar assunto:
— Como se comemora o Yule, Harry?
— A igreja católica roubou boa parte dos costumes pagãos para que as pessoas conseguissem se adaptar mais facilmente a nova relegião, então você não verá muitas diferenças do seu Natal para o meu Yule. Os elfos parecem concordar que nós da Durmstrang gostaríamos de comidas típicas e prepararam algumas. Tem um bolo que, em teoria, deve parecer uma tora e doces de maça, então trocamos presentes, enfeitamos a casa com símbolos de renovação, fertilidade, proteção e tem bastante dança e canto, o que teremos no baile, então no fim, vamos comemorar praticamente da mesma forma, eu apenas estou adorando coisas diferentes. E vamos abençoar o barco no último dia.
— Último dia?
— Yule dura do dia vinte e um ao primeiro.
— Que interessante, será que você teria...
— Livros sobre o assunto? Adoraria ajudar com isso. Posso recomendar alguns agora mesmo.
A menina se iluminou.
— Sim, por favor!
Realmente o tempo de festividades praticamente apagou a morte de Alastor Moody da cabeça de Neville, ou qualquer tipo de problema, para falar bem a verdade.
Até Dumbledore lhe mandar um bilhete.
Era vinte e quatro de dezembro, um dia antes do baile e do Natal, com um conjunto com pequenos papais Noel que Neville encontrou Dumbledore em sua sala.
Literalmente um mês de silêncio depois.
Neville não sabia bem o que esperar, mas achar Harry naquela sala definitivamente não era uma delas.
Isso ativou gatilhos imediatos no garoto que correu agarrar a mão do amigo, ambos se perguntando o que o outro tinha na cabeça para ir aquele lugar depois de tudo.
Depois olhando diretamente para Albus, que foi quem os chamou individualmente.
Neville estava bastante tenso quando conseguiu formar palavras para perguntar:
— O que está acontecendo?
Dumbledore, por sua vez, parecia bem calmo atrás de sua mesa quando sorriu e indicou as cadeiras a sua frente.
— Sentem-se meninos, querem balas... – mas parou no meio da frase, a mão alguns centímetros da jarra de balas de limão.
A nova.
Neville corou, mas não se moveu, preso ao chão e a Harry como se por magia.
O amigo discretamente lhe fez um carinho com o polegar na sua mão que até serviu para acalmá-lo.
— Diretor Dumbledore, se não se importa, gostaríamos de saber o motivo de ter mandado um bilhete me convidando e, ao que tudo indica o mesmo para Neville. Fizemos alguma coisa?
— Oh não, meu garoto. Nada com que devem se preocupar, pelo menos.
Harrison acenou.
— Então qual seria o motivo dessa reunião?
— Pedi para que os dois viessem para não termos mais problemas. Acredito que todos agimos de forma incorreta nas últimas situações e não quero que isso seja um problema.
Neville estava prestes a dar uma resposta atravessada quando Hazz falou primeiro:
— É claro. Sem ressentimentos, certo diretor? Já me desculpei pela sua sala.
Fineus Nigellus Black bufou:
— Não deveria.
— Quieto – mandaram alguns colegas e ele revirou os olhos.
— Claro, meu jovem, e Neville, acredito que Minerva já lhe deu punição o bastante.
O menino corou e olhou para baixo, de repente muito interessado no formato dos próprios pés.
Harrison, porém, continuava olhando diretamente para o velho.
— Imagino que não tenha sido só isso que nos trouxe aqui?
Na verdade, Albus havia mandado bilhetes idênticos pedindo para que estivessem em sua sala naquele horário, se quisessem. Não sabia se qualquer um dos meninos compareceria, mas precisava agir.
Em todos os sentidos da coisa.
E eles eram fundamentais.
— Não. Na verdade, queria ser sincero e pedir a ajuda de vocês dois com algo.
Os dois meninos franziram o cenho de forma bem parecida.
— Nossa ajuda?
— A conversa é longa, sentem-se, eu insisto.
Muito hesitantemente Neville olhou para Harry, como se quisesse saber sua opinião antes de tomar qualquer decisão. O amigo lhe sorriu de forma apaziguadora e o puxou em direção aos assentos.
Talvez ele fosse curioso demais, até para seu próprio bem.
Ou talvez não achasse Dumbledore uma ameaça que valesse sua cautela.
Se o homem pretendia fazer alguma coisa poderia se arrepender para sempre.
Os meninos tomaram lugar nas cadeiras e aguardaram, Albus se inclinou com um olhar que parecia simpático.
Nenhum dos dois sentia simpatia por aquele olhar naquele momento.
— Como eu ia dizendo – começou.
Mas naquele momento a lareira da sala rugiu em chamas verdes e os três assistiram um homem um velho, barrigudo e careca sair por ela.
Ele massageava o baixo-ventre e batia as mãos nas vestes para limpá-las, depois apertou os olhos para enxergar Dumbledore com um olhar lacrimejante e ofendido.
— Ótimo, está ocupado. Poderia ter me dado um horário naquela maldita carta, não acha, Albus? Com urgência me fez acreditar que havia uma real urgência no caso.
— Mil perdões, Horácio. Meninos, peço perdão também a vocês, deixem-me fazer as apresentações. Este é Horácio Slughorn, um velho amigo e antigo professor de Hogwarts.
— Prazer – murmurou Neville timidamente.
Harrison ficou quieto, mas inclinou a cabeça com curiosidade no instante que Tom murmurou em sua cabeça:
"Velho ardiloso, já entendi seu plano".
— Horácio, esses são Neville Longbottom e Harry Potter.
— Harrison – corrigiu, mas com uma vibração de Tom, sorriu de forma mais simpática para o convidado. – É claro que o velho nome ainda me cabe, então o professor sinta-se à vontade para usá-lo.
— Harrison – Neville interpôs, olhando em pânico para Dumbledore com um pedido mudo para que fosse inteligente. – Ele prefere Harrison.
Mas o olhar de Hazz estava apenas para Horácio, assim como Dumbledore, prontos para ver o momento em que a expressão do professor se transformou ao recair sobre o menino.
— Oho! – exclamou, esbugalhando ainda mais as redondas orbes, fixando a testa de Harry e a cicatriz em forma de raio. – Oho!
Dumbledore segurou um sorriso:
— Se puder aguardar aí mesmo Horácio, tome uma cadeira, apenas estarei trocando algumas palavras com os meninos.
O bruxo virou-se para Dumbledore, com uma expressão astuta no olhar.
— Então foi assim que você pensou que ia me convencer? Pois bem, a resposta é não, Albus.
Ele, entretanto, seguiu até os meninos e aceitou uma cadeira que Albus lhe transfigurou, tinha o rosto resolutamente virado e o ar de um homem que tenta resistir à tentação.
— Suponho que pelo menos possamos tomar uma bebida depois? – perguntou Dumbledore. – Para lembrar os velhos tempos?
Slughorn hesitou, mas acenou, olhando de relance para as duas crianças.
— Tudo bem, então, um drinque – concedeu de má vontade.
Dumbledore enfim sorriu, depois se voltou para os meninos:
— Realmente peço desculpas pela interrupção, na verdade eu estou tentando convencer Horácio aqui em nos ajudar e tomar novamente seu cargo de professor em Hogwarts. Depois dos últimos eventos, vocês sabem como é, precisamos preencher a vaga antes que as férias acabem. Espero que não se importem com sua presença aqui enquanto falamos.
Neville se importava.
E muito.
Ele não queria começar com o possível novo professor já falando sobre sua incrível atitude em arremessar um jarro contra o diretor. Agora queria oficialmente fugir o quanto antes.
— Talvez eu e Hazz possamos voltar depois. Converse com o professor primeiro.
— Imaginem. Esperem um momento aqui, sim? Vou apenas mandar um bilhete para Minerva, ela também queria falar com você, Horácio. Já volto.
E saiu da sala.
Dumbledore atravessou a sala e fechou uma porta ao passar, deixando-os em silêncio.
Os três ali sozinhos.
Harrison acharia a coisa mais absurda, se Tom não estivesse rindo como um louco em sua cabeça e vê-lo divertido por algo que Dumbledore fez era algum tipo de milagre que valia a pena ficar exatamente para entender.
Slughorn se levantou, mas pareceu não saber muito bem o que fazer. Lançou um olhar furtivo a Harry, foi até a lareira e virou-se de costas para aquecer seu traseiro.
Que homem estranho, pensou.
E Tom era apenas risadas.
Neville estava igualmente sem saber o que fazer e um tanto nervoso, mas decidiu que talvez pudesse conversar com aquele homem e não parecer tão... um delinquente?
— Professor Slughorn, o senhor parou de dar aulas a muito tempo?
— Um pouco quando seu pai se formou, senhor Longbottom. Dei aulas para ele e sua mãe, é claro.
— Entendo.
— Para a sua também – e olhou para Harry. – Você se parece com o seu pai.
— É o que dizem.
— Exceto nos olhos. Você tem...
— Os olhos de minha mãe, eu sei – Harry já ouvira esse comentário tantas vezes desde que pisou na Inglaterra que já estava pensando em se apresentar falando a coisa, para que talvez as pessoas pensassem em algo mais inteligente para falar.
— Algumas diferenças, entretanto... – continuou o professor mesmo assim, estreitando os olhos.
— Sirius Black é meu padrinho e dizem que tenho alguns traços Black da minha avó.
— Sim, os Black! Toda a família Black pertenceu à minha casa, eu era diretor da Sonserina. Ah, vamos – apressou-se a dizer, vendo a expressão no rosto de Neville, ao que Harrison acabou dando um risinho –, não deixe que isto o influencie contra mim! Você é da Grifinória como seus pais, não? É, em geral, está no sangue. Mas nem sempre. Sirius acabou na Grifinória, uma tristeza, era um garoto talentoso. Fiquei com o irmão dele, Regulus, quando apareceu, mas eu teria preferido a família toda.
Ele falava como se fosse um colecionador entusiasmado que tivesse perdido um lance em um leilão. Olhava para a parede oposta, parecendo absorto em lembranças, girando o corpo lentamente, sem sair do lugar, para permitir um aquecimento uniforme do traseiro.
Neville murmurou:
— Eu não ia julgá-lo – ele apenas tinha pensado em Snape ao ouvir as palavras "diretor da Sonserina" e isso lhe deu um mau presságio. – Harry é meu melhor amigo e é da Sonserina
Os olhos do professor brilharam tanto que era quase cômico:
— Mas... como? Potter estuda... ele não está com o uniforme de Hogwarts, li nos jornais que era da Durmstrang...
— Nós da Durmstrang fomos selecionados para casas no começo de nossa estadia em Hogwarts – explicou o menino com diversão àquela reação tão óbvia. – Para facilitar achar um lugar nas aulas e nas mesas de refeições. Todos os alunos do quinto ano em diante vieram, então estávamos em muito número para ficar espalhados. Estamos acompanhando as aulas junto com Hogwarts.
— Acompanhando as aulas? – ganiu o homem. – Mas espere, garoto, quinto ano? Você não deveria estar no quarto? Sua idade, eu não estou tão velho...
— Hazz é um prodígio, já fez seus seus NOMs ano passado – Neville explicou com orgulho na voz, olhando para o amigo.
Harrison, como de costume, corou com a forma elevada que o menino lhe enxergava.
— Bem, sim. Pretendo me formar ano que vem – esclareceu.
— Já?!
Horácio parecia, por algum motivo, mais agitado com aquela informação, ele olhava para os meninos, principalmente Harrison com uma energia quase louca.
Os amigos se entreolharam, confusos com tudo e Hazz sorriu carinhosamente para Neville enquanto tentava perguntar mentalmente ao outro amigo:
"Sabe o que está acontecendo?"
"Dumbledore é um velho atrevido, é isto. Não se pode dizer que não usa todas as armas que tem. Você caiu direitinho na armadilha que plantou".
"Armadilha?" questionou um pouco mais alarmado.
Tom o acalmou:
"Nada que vá te causar mal além de puro constrangimento, não se preocupe".
A voz de Horácio o fez sair de sua conversa em pensamentos.
— Fará o último ano na Durmstrang, imagino.
Hazz sorriu.
— É o que pretendo.
— Mas ficará o resto desse ano em Hogwarts, é isso? Os professores daqui estão lhe ensinando?
— Exatamente.
O professor se remexeu mais.
— Soube que foi brilhante na primeira tarefa do torneio.
Ele não sabia ao certo como responder aquilo, então apenas agradeceu.
Neville esperava, assim como Harry, que o silêncio caísse sobre eles quando, após quase um minuto o professor estourou como um balão.
— Dumbledore pode dizer o que quiser, mas aceitar um cargo em Hogwarts agora seria o mesmo que declarar publicamente a minha lealdade à Ordem da Fênix! E, embora eu acredite que eles sejam admiráveis e corajosos e tudo o mais, não me agrada muito o seu índice de mortalidade.
Aquilo foi inesperado, os dois meninos ficaram quietos, mas se encararam em espanto, suas dúvidas preenchendo o olhar.
Quem disse em seguida foi nada menos que um chapéu no topo de uma prateleira:
— Sem dúvidas a preocupação de um diretor da Sonserina... – murmurou pela boca rasgada no tecido.
— Oh, não me diga – resmungou Horácio e se voltou para os meninos. – Não que vocês precisem saber dessas coisas, é claro, são muito jovens ainda, mas soube que Longbottom igualmente teve a habilidade de se encontrar com você sabe quem algumas vezes e sair vivo. Vocês dois são realmente impressionantes, adoraria tê-los na minha prateleira, mas...
— Prateleira? – perguntou Harrison começando a juntar os pontos.
O bruxo mexeu-se um pouco para cima e para baixo, sorrindo satisfeito consigo mesmo, e fez um gesto amplo.
— Em casa – contou –, tenho essa estante onde posso relembrar todos os meus alunos mais brilhantes. Um professor não devia ter alunos favoritos, mas ela era um dos meus. Sua mãe – acrescentou Slughorn em resposta ao olhar de indagação de Harry. – Lílian Evans. Uma das mais inteligentes a quem lecionei. Viva, sabe. Uma menina encantadora. Eu costumava dizer a ela que deveria ter ido para a minha casa. E, sabe, costumava me dar respostas petulantes. Barnabás Cuffe, editor do Profeta Diário, sempre interessado em conhecer a minha leitura das notícias do dia. E Ambrósio Flume, da Dedosdemel, Gwenog Jones, a capitã do Harpias de Holyhead... as pessoas sempre se surpreendem quando me ouvem chamando os jogadores do Harpias pelo primeiro nome. São todos meus queridos alunos. Sempre em contato, sabe?
— Porque o senhor acha que estará declarando apoio publicamente a Ordem da Fênix apenas por dar aula em Hogwarts? – perguntou Neville ainda incomodado com aquilo.
Harrison sorriu e comentou, em tom jocoso:
— A maioria dos professores não pertence, pelo menos pelo que me consta da antiga formação do grupo, não é mesmo, Neville? E nenhum deles foi morto, se a taxa de mortalidade é uma questão. Bem, a não ser que o senhor esteja contando Quirrell, mas ele recebeu o que merecia considerando que trabalhava para o Voldemort.
Harry tinha certeza de que Slughorn era um daqueles bruxos que não suportavam ouvir o nome de Voldemort em alto e bom som, e não se desapontou: Slughorn estremeceu e soltou um grasnido de protesto, a que o garoto não deu atenção.
— Harry! – Neville repreendeu.
— Neville — sorriu. – Claro, tem Moody agora, mas não vejo como as coisas se ligam uma vez que ele estava apenas doente. Como a Ordem da Fênix é relevante também e qual o problema de se ligar a ela, se foi parte do sucesso da vitória na guerra... A menos, é claro, que o senhor esteja assumindo que há um novo perigo, não me parece muito lógico temer algo assim – murmurou.
A astucia de uma cobra, notou Horácio desconcertado.
— Eu – começou incerto, se movimentando pela sala – talvez tenha dito coisas que não fazem sentido, garotos, não liguem para mim, sou apenas um velho cauteloso demais. Como o chapéu disse, um bom sonserino.
— Que não ficaria com medo de se associar a pessoas influentes a menos que acredite que essa associação possa lhe causar alguma mau – rebateu Harry.
Neville olhou para o professor, aguardando sua resposta.
Se é que ele tinha uma. O homem parecia ter perdido seu chão e olhava nervosamente para os lados.
— Não posso fingir que a morte de Charlees Smiths não tenha me abalado... se ele, um auror experiente e treinado, com todos os seus contatos e proteção no Ministério...
Neville fez uma careta confusa.
— O que a morte de um auror tem de ligação com lecionar em Hogwarts?
— E com a Ordem da Fênix? – emendou Harry, segurando um sorriso.
O professor agora estava mudando o peso de uma perna para a outra nervosamente e olhava para a porta onde Albus tinha saído como se esperasse que ele voltasse logo para salvá-lo.
Harrison sabia que Dumbledore estava ouvindo e a porta continuou fechada, pelo que viu pelo canto do olhar. Ele queria que os meninos tivessem aquela informação.
Certo, porque?
Harry não queria fazer parte de suas maquinações, obrigada.
Neville, entretanto, estava mais interessado naquela conversa juntando pontos perturbadores de sua imaginação.
— O senhor pensa que Voldemort está envolvido? – o professor tremeu de novo, mas Nev ignorou a favor de continuar. – É isso não é? Com a morte de dois aurores?
— Veja, Longbottom, eu nunca disse nada sobre isso.
— Mas é o que está pensando, não é? Ele não está morto, como queremos pensar, eu já o enfrentei nos últimos anos, agora pensa que ele pode fazer algo de novo?
— Aquele que não deve ser nomeado não é um assunto para vocês crianças...
— Que ironia dizer isso justamente para os dois sobreviventes a seus ataques – cantarolou Harry com diversão.
Neville só não o repreendeu porque estava do seu lado.
— Bem, sim – o professor coçou as mãos nervosamente.
Harrison suspirou. Ele precisava de um professor e Hogwarts tinha um péssimo histórico, não queria prejudicar suas notas, por isso perguntou a Tom:
"Ele é bom no que faz ou não?"
"Um dos melhores. Me ensinou. Eu estive na prateleira por um tempo, acredito".
Bem, se Tom estava recomendando...
– Imagino – comentou o mais despretensiosamente que conseguiu – que os funcionários estarão mais seguros que a maioria das pessoas enquanto Dumbledore for diretor; acredita-se que ele seja o único de quem Voldemort tem medo, não é?
Por uns momentos o olhar de Slughorn pareceu distante: provavelmente refletia sobre as palavras do garoto.
Ou evitando olhar para os meninos.
Neville entretanto estava encarando Harry como se uma segunda cabeça tivesse crescido e lhe dado olá em búlgaro.
— Bem, é verdade que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado nunca procurou lutar com Dumbledore – murmurou contrafeito o professor. – E imagino que alguém possa argumentar que se não me uni aos Comensais da Morte, tampouco Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado pode me incluir entre seus amigos... caso em que eu talvez estivesse mais seguro perto de Albus...
— Então o senhor quer segurança – Neville apontou acusatoriamente. – O senhor acha que precisa. Que algo está acontecendo. Dumbledore te disse alguma coisa? – perguntou se lembrando da conversa que teve com Dumbledore no mês anterior.
Quando o homem lhe estendeu sua preocupação de que a guerra estivesse logo ali.
Que Voldemort estivesse logo ali.
O diretor e aquele professor haviam conversado? Eles pensavam que a morte do tal auror era uma pista?
Harry cutucou o amigo, dando um pequeno chute em seu pé:
— Ele não vai nos dizer, Neville.
— Hazz...
— Não adianta. Vamos sair, os professores precisam negociar, voltamos aqui depois.
Se aquela era a nova técnica de Dumbledore, contar e preocupar Neville sobre uma guerra de forma indireta para que não recaísse nele a culpa de envolver uma criança, Harrison não deixaria acontecer. Ele se levantou.
— Vem.
— Mas...
— Por favor – pediu e a forma como o pedido soou levemente desesperado pareceu funcionar para que o grifinório suspirasse e se levantasse.
Dumbledore saiu de sua sala naquele momento.
— Onde vão, crianças?
— Voltamos outra hora. Depois do jantar, que tal? – ofereceu Harry já puxando Neville pela mão para fora.
— Claro, até mais.
Eles passaram pela porta e conseguiram descer meio lance de escadas antes de Neville puxar a própria mão e correr para cima.
— Neville?! – chamou Harry correndo atrás dele.
— Shiu – pediu colocando o dedo em frente aos lábios. – Eu quero ouvir – sussurrou enquanto se aproximava da porta.
— É a sala do diretor, de certo tem proteções para que ninguém possa ouvir de fora.
— Já ouvimos antes.
— Foi diferente, vovó Augusta grita bem alto.
Neville o ignorou e se ajoelhou diante da porta, colocando a orelha contra a porta. Harry foi atrás.
Claro que não havia proteção alguma.
O Potter quase bufou de raiva com aquilo.
Não sabiam bem o contexto uma vez que perderam o começo da conversa, mas por algum motivo quem falava agora era o chapéu seletor:
— Eu já disse, Albus, entre uma pessoa ou uma causa, o sonserino escolhe a pessoa, o grifinório a causa.
Harry fez uma careta, Augusta tinha dito algo parecido para si e não gostava daquela frase, ele cutucou Neville que sussurrou irritado:
— O que?
— Uma causa ou eu?
— Hazz, estou tentando ouvir – foi a resposta irritada.
Do lado de dentro Slughorn falava:
— E a pessoa que escolho sou eu, Albus! Você não pode começar a movimentar a Ordem e achar que eu não vou suspeitar das coisas. Harry Potter em Hogwarts e seu nome de repente está em um torneio mortal? Moody, de todos, morto por uma doença? E que doença misteriosa é essa que nenhum jornal disse nada?
— Pensei que não queria se envolver nesse tipo de assunto, Horácio.
— E não quero! Mas informações chegam até mim! E agora você usa essa carta suja para me atrair, o que pode me arruinar!
— Você pretende se alistar aos comensais?
— Mas é claro que não!
— Então eles já poderiam ir atrás de você.
— Que é que os Comensais da Morte iriam querer com um velhote incompetente e alquebrado como eu?
— Você ainda não tem a minha idade, Horácio – replicou Dumbledore.
— Bem, então você também deveria pensar em se aposentar – disse Slughorn sem rodeios.
— A muito o que se fazer ainda. Assim como imagino que há muita utilidade para os comensais em suas habilidades, iriam querer que você empregasse o seu considerável talento para coagir, torturar e matar. Você está realmente me dizendo que eles ainda não vieram recrutá-lo na primeira guerra?
– Não lhes dei chance. Não parei de viajar durante a guerra. Nunca me demorei mais de uma semana no mesmo lugar. Mudei de uma casa de trouxa para outra.
— Está me parecendo muito cansativo para um velhote incompetente e alquebrado que procura uma vida calma. Agora, se você retornasse a Hogwarts...
– Se você vai me dizer que eu teria mais paz nesta escola pestilenta, pode poupar o seu fôlego, Albus! Chegaram aos meus ouvidos uns boatos engraçados desde que você trouxe aquela pedra para cá. E por favor, uma menina morreu de novo! Se você chama isso de segurança.
— E acha que encontrará melhor sozinho?
— O perigo parece estar cercando esse lugar.
— Alastor Moody parece ter pensado o mesmo, mas encontrou o seu fim assim que saiu da minha vista.
Eles caíram em um silêncio tão pesado que seria possível ouvir uma pena caindo no chão.
Ao menos, foi possível ouvir a estátua lá embaixo de mover, o que alarmou Neville a se levantar e correu os degraus para baixo, arrastando Harry quase aos tropeços, se seus reflexos não fossem ainda mais rápidos.
Ele encontraram com Minerva exatamente no meio do caminho e ela fez uma cara bastante surpresa quando os viu:
— O que estão fazendo aqui?
— O professor Dumbledore nos chamou – explicaram.
A mulher não lhes disse mais nada, sua expressão se tornou furiosa e ela subiu apressadamente os próximos lances de escada.
Neville pensou em tentar defender o diretor e acalmar a professora, mas reconhecia uma batalha perdida, por isso terminou de se afastar o máximo que pôde da sala.
Assim que estava pelos corredores sua mente borbulhante queria gritar e se virou para Harry:
— Você ouviu o que disseram?
— Ouvi. Se você tivesse que escolher, escolheria uma causa nobre ou eu?
— O que? – piscou espantado. – Do que está falando?
— Do que o chapéu disse. Grifinórios escolhem causas e Sonserinos pessoas.
— O que tem isso, Hazz? Eles estavam falando sobre Voldemort!
— Sim, estavam. Um assunto que, com todo respeito, espero que não faça você se envolver pela terceira ou quarta vez.
— Se for necessário como das outras vezes...
— Não é.
Neville cruzou os braços.
— Não há como saber ainda.
— Por que você pensaria que é da sua conta?
Neville hesitou, ele estava pensando em como dizer que Hazz estar com seu nome do cálice parecia prova o bastante de que ele devia interferir se pudesse, mas o amigo já estava repetindo:
— Entre eu e uma causa você escolheria qual?
— Hazz!
— Nevill!
— Isso não importa!
Agora Harrison cruzou os braços.
— Para mim importa.
— Por quê? A pergunta sequer faz sentido.
— Como não faz sentido?
— Que causa eu escolheria acima de você? Estamos do mesmo lado!
Harry mordeu o interior da boca.
— Suponhamos – tentou olhando para o lado, talvez com medo de ver a alma do menino – que não estivéssemos do mesmo lado.
Neville riu e Harrison estreitou os olhos estressado para ele.
— O que foi? – perguntou o grifinório. – É disso que estou falando quando digo que não faz sentido. Quer que eu suponha que você seja um comensal? Você? Comensal da morte? Com todo o respeito – recitou as próprias palavras de Harrison –, mas você não é exatamente o tipo de pessoa que Voldemort recrutaria.
— Sou um bruxo das trevas.
— Que matou ele uma vez. Te imaginar como comensal é como me imaginar assim, é simplesmente ridículo.
— Tem como apenas imaginar? – exasperou-se. – Se estivéssemos em lados opostos em uma causa o que você escolheria?
— Hazz, já estamos em lados diferentes, de certa forma. Eu sou um bruxo da luz e você das trevas, e no que isso deu?
— É diferente.
— Diferente como?
Harrison não sabia como explicar.
Era apenas diferente.
Uma coisa era aceitar que seu amigo usasse arte das trevas.
Outra era uma causa maior.
Ele se lembrou de todos brincando que Harrison era um lorde das trevas e por mais infantil que fosse, ele só queria ter certeza, certeza de que seu amigo não...
— Você me escolhe então? Se eu fosse um comensal, por mais ridículo que seja.
Neville revirou os olhos:
— Você não seria um comensal.
— Só responde – pediu com um suspiro.
O Longbottom o encarou por um longo tempo antes de responder, de mau gosto:
— Se você se juntasse aos comensais da morte, você não seria o Harry Potter que conheci, não seria meu melhor amigo, seria outra pessoa. Eu nunca te imaginaria escolhendo o preconceito e o ostracismo. Você não é assim. Eu escolheria lutar contra a coisa que está te controlando. Por isso a pergunta é ridícula. Para estarmos brigando em causas diferentes você não seria você. Não seria quem eu conheci. Quem eu amo. Seria um impostor.
— Para você é impossível nos imaginar em causas diferentes?
— Sim.
Harrison suspirou derrotado.
— Está bem.
— Acabou com sua dúvida idiota?
— Não, mas é a resposta que você consegue me dar e você já disse que me ama, vou me contentar com as migalhas.
Neville o empurrou.
— Podemos falar do que importa agora?
— Eu te escolheria.
— Como é? – piscou.
Hazz o olhou com intensidade:
— Entre você e uma causa. Eu te escolheria
— É fácil dizer isso quando também sabe que é impossível eu ser um comensal, não é?
O moreno negou com a cabeça e segurou o amigo, para que o olhasse diretamente:
— Se você, por qualquer motivo, fosse para outro lado. Se virasse comensal e fosse impossível comprovar que está sendo controlado. Se aquela foi sua escolha, vinda de você e apenas você. Então eu teria que me alistar também.
Neville bufou.
— Você é ridículo.
— Eu?!
— Como se tivesse qualquer chance de eu fazer algo assim sem estar sendo controlado. Se quer me escolher nessa situação, me resgate. É o que eu faria. Te resgataria. Te faria enxergar a verdade de novo, te traria a força para o meu lado e para a racionalidade e destruiria quem fez você ser controlado.
— E se eu não tiver sido controlado?
— É impossível!
— Imagine, Nev!
— Então eu teria que ser o que te prender para ver se você abre esses olhos. Já disse, eu te arrasto para a razão de um jeito ou de outro. Não deixaria meu melhor amigo tomar as decisões erradas. Eu escolho você, satisfeito?
— Sim, foi tão difícil?
Neville o empurrou de novo.
— Ótimo! Agora...
Ele voltou a falar sobre Voldemort e sobre as suspeitas, os sinais que poderiam estar tendo das ações do espectro, enquanto isso o coração de Harrison disparou, mas ele ficou quieto enquanto seguia a caminhada e ouvindo o amigo.
Não deixou desmontar como, no fim, Neville admitiu que escolheria uma causa, só não entendeu que o fez.
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— Entre uma causa ou um amigo, vocês escolheriam o que?
"Pontas da seus cumprimentos ao filho mal educado que nem bom dia oferece ao seu velho e pede contexto".
— Se vocês acreditassem em uma causa política diferente do amigo, vocês apoiam a causa política até o fim ou se alistam a outra causa pelo amigo?
"Pontas está realmente confuso" respondeu a letra no mapa.
— Por Baba Yaga, é alguma dificuldade cognitiva de grifinórios não saber responder isso?
Harrison revirou os olhos. Mal sabia porque estava recorrendo ao mapa naquela situação, mas queria a resposta deles.
Dos quatro.
"Aluado gostaria de lembrar que dificilmente um de nós faria amizade com alguém que apoia uma causa política contrária à nossa, porque no nosso tempo, isso queria dizer ser um comensal, e nunca nos associaríamos com comensais".
— Isso implica que vocês escolhem a causa.
"Pontas acha que escolher não se associar com comensais é uma questão de caráter básica".
— Lílian Evans. Ela é amiga, até onde vocês sabem, de um garoto que anda com comensais. Escolheu a amizade dela. Vocês acham que ela deveria parar com a amizade, escolher a causa. Estou certo?
"Rabicho gostaria de saber o porquê de Reptile estar com essa dúvida e talvez entenderíamos melhor onde ajudar".
— O chapéu seletor disse que vocês grifinórios sempre escolherão uma causa e os Sonserinos se aliam a pessoas, escolhem alguém. Vocês desistiriam ou mudariam sua visão de mundo por uma pessoa? Ou acham que devem fazê-la mudar de ideia porque a causa que defendem é importante demais?
"Pontas gostaria de lembrar ao seu filho que em nosso tempo as causas eram ser um maldito comensal podre ou estar do lado certo".
Harrison suspirou.
— Já entendi essa parte.
Ele não ia chegar a lugar nenhum.
Estava prestes a fechar o mapa do maroto quando a letra de Rabicho voltou a escrever:
"A resposta que quer é essa: escolhemos causas. O chapéu está certo. Nós quatro defendemos o que é certo e lutaríamos por nossa causa, se por algum motivo um amigo decidisse lutar por outra causa..."
"Almofadinhas diz que o mataria. Se um amigo meu se tornar um maldito comensal eu o mato".
"Rabicho gostaria de fazer um comentário: tinha que ser o Black ameaçando de morte".
"Almofadinhas acha que antes um homem íntegro morto a um traidor".
"Aluado está curioso. Reptile fez amizade com algum sangue-purista na Sonserina que o fez questionar sua índole?"
"Pontas diz para mandar todos os sangues puristas para o saco! Bando de insuportáveis!"
— Mas – murmurou Hazz, ignorando como estava se sentindo com todas aquelas palavras – suponhamos que fiz essa amizade. Eu devo escolher uma causa e simplesmente romper meus laços com a pessoa ou posso ignorar em favor da nossa amizade?
"Pontas ignorou que Almofadinhas era um riquinho de nariz em pé às vezes, depende o quão nojento ele é".
"Almofadinhas diz que também ignorou como Pontas era um idiota na maior parte do tempo".
— Então não veem problema de eu escolher a amizade?
"Pontas acha que não há necessariamente um problema, mas o que isso diz sobre você? Concordar com esse tipo de coisas também é se calar quando confrontado por ela. Eu escolheria a causa e tentaria conversar com meu amigo, se ele não pode mudar, como Almofadinhas mudou, talvez não seja um bom amigo para você".
"Almofadinhas o mesmo. Converse com seu amigo, pessoas mudam".
"Aluado diz que se ele não mudar, porque algumas pessoas são completamente podres por dentro, não se sinta mal, você é uma boa pessoa e apenas não merece ter como amigo alguém que também não seja".
"Rabicho diz que escolheria a causa".
Harrison fechou o mapa.
Estava começando a ficar com dor de cabeça, se quer saber.
— Olhe só – disse Sirius, se aproximando pelo corredor. — Achei que estaria no barco.
— Estava indo encontrar os gêmeos.
O sorriso de Sirius deu uma curva estranha e seus olhos brilharam.
— Como vai com George?
— Não comece, somos amigos.
— Ele te cortejou. Te deu o presente e tudo – o sorrisinho que acompanhava aquelas palavras fez Harrison começar a própria testa, uma expressão parte nervosa no rosto.
— Sirius, seus amigos ou uma causa?
— Uma causa, porquê?
— Ah, ótimo – e bufou.
— Na verdade – murmurou olhando para cima, então pensando um pouco e se voltando para o menino. – Depende do amigo, se quer saber. Antes a resposta seria fácil, mas tive meus problemas com amigos, então prefiro escolher algo que eu acredite.
— E você acha que antes você já não teria a mesma escolha, apenas era menos cauteloso?
— Não exatamente. De que amigo estamos falando?
— Remus?
— Escolho ele, dane-se a causa. Próximo?
Ao menos aquela resposta sincera fez Harrison rir e Sirius notou que o afilhado estava precisando disso. Aparentemente aquela resposta era mais importante do que ele fazia parecer, por isso desenvolveu mais:
— Já escolhi uma causa acima de Remus antes e me arrependi. Confio nele, mais do que em todo o resto agora.
— E eu?
Foi interessante ver a mudança. Uma sombra passou pelo rosto do Black escurecendo a luz que ele emitia antes de maroto, no lugar algo sério ficou e sua resposta desta vez não veio imediatamente. No lugar, ele levou um dedo para frente dos lábios e outros circundou o lugar, depois apontou para os próprios ouvidos.
Ele nem precisava abrir a boca para mexer sem soltar som, Hazz não precisava ler seus lábios para entender a mensagem:
"Há ouvidos por aqui".
Mas então sua voz saiu e era quase estranho ouvir Sirius com aquela expressão conseguir soltar um comentário com diversão. Como se seu rosto e sua voz não fossem das mesmas pessoas.
Sua alma ainda era uma pelugem vermelha, mas Harrison viu uma única pena de corvo negro cair.
— Garoto, eu me preocupo de verdade com suas escolhas de vida. Então eu gostaria de dizer que o escolheria acima de tudo, mas só lhe dou essa resposta se seu coração estiver no lugar certo.
Era uma frase tão convincente que até Harrison acreditaria nela, se Sirius não estivesse negando com a cabeça enquanto a falava.
Se não fosse por aquela pena.
A alma de Sirius ainda era fascinante.
Ele olhou para o mapa, por alguns instantes pensando na resposta de seu pai e se perguntando, será que, assim como Paddfoot, Prongs também mudaria com o tempo?
Se fosse escolher entre seu filho, não um amigo, e uma causa.
Qual escolheria?
"Ele aprendeu ou não artes das trevas por você?" murmurou Tom, um sussurro baixo no fundo da mente, como se quisesse apenas lembrar Harrison, mas deixar que ele pensasse sozinho desta vez.
Talvez quisesse lembrá-lo que mesmo quando Harrison perdeu tudo que tinha, ele ainda podia contar com sua vinha.
Tom estava lá.
Se ele já foi o bastante para Harry um dia, por que não agora?
Podia lidar com o resto. Não é como se não tivesse acumulado outras coisas para se apegar ao longo do tempo. A figura de um pai que a muito tempo foi perdida não deveria derrubá-lo.
Olhou para Sirius e sorriu:
— Pode deixar, meu coração estará do lado certo.
O padrinho acenou e conteve a vontade de levantar a mão para acariciar seus cabelos, ele tinha visto o menino se encolher quando fez isso algum dia naquele mês e ainda teve pesadelos com isso. Por isso apenas acenou da distância em que estava e completou:
— Não acho que você devesse fazer essa pergunta às pessoas, se quer saber.
— Por quê?
— Perguntas hipotéticas são perigosas. Nós achamos que somos um tipo de pessoa, mas na hora que as coisas acontecem nosso coração pode tomar decisões que nos arrependemos ou escolhas melhores, mas ambas são levadas pela adrenalina, pelo medo ou pela coragem. Se disser a Ron Weasley para entrar em um ninho de Acromântulas ele vai se recusar, mas fez quando foi preciso. Duvido que ele um dia responderia que entraria de novo, mas garanto que se houver um risco e se Neville decidir entrar sozinho, ele vai. Nossas respostas nem sempre são verdadeiras quando estamos pensando racionalmente, mas no momento em que temos que escolher, nosso coração fala mais alto. Entende como é perigoso? Você espera uma reposta que pode mudar.
— Entendo.
Sirius sorriu, então tomou aquele ar despreocupado de novo ao acrescentar:
— Por isso quero o seu coração no lugar, porque o meu deseja que possa sempre ter orgulho de você.
Harrison sorriu.
— Pode deixar, Pads.
— Agora... – murmurou com aquele olhar estranho de novo. – Vou te deixar para encontrar seu gêmeo favorito.
O menino estava prestes a dizer que ele não tinha um "gêmeo favorito" quando percebeu que, bem... de certa forma ele e George eram mais próximos.
Tiveram mais momentos juntos, só os dois. Eram um par para o baile e não, não seria a mesma coisa com Fred. Apesar de os dois serem incríveis juntos e sempre o ajudarem a se divertir um pouco lhe contando suas novas ideias de brincadeiras e como conseguiam pensar nelas, ainda era diferente.
George falava coisas diferentes.
Não sabia explicar o que, sua mente pareceu virar gelatina enquanto tentava racionalizar a sensação que George lhe passava sempre que adivinhava em cheio os planos de Harrison, ou quando fazia piadas espertas e certeiras sobre o que lia no jornal e n'O Pasquim sobre ele. Ou na forma como conseguia distraí-lo em dias tensos o fazendo praticamente se esquecer dos problemas e substituí-los por pequenas coisas sutis.
George sabia sobre sua família e Fred talvez não, porque a quem Hazz havia se aberto e contado foi apenas um. Foi George, para a forma de perceber que Hazz cozinhava com a família, que era uma coisa que o relaxava e astutamente o fez pensar neles, nos bons momentos, até que se sentisse em casa mesmo que estivesse completamente longe dela. Ao ponto de conseguir pensar em confiar na cozinha de Hogwarts de um jeito que nem Luna tinha conseguido antes.
Fred talvez conseguisse fazer as mesmas coisas, mas... talvez não.
Talvez não funcionasse como funcionava com George.
Não seria tão astuto como o irmão era, ou delicado aos detalhes, mesmo em sua forma divertida de agir.
Fred era uma diversão mais simples de entender, barulhenta. George era mais... complexo.
Era como nadar em um lago calmo. Era divertido, na mesma proporção que te trazia paz. Era uma boa conversa, uma boa música, comer um doce gostoso, ganhar em um jogo de xadrez contra um amigo bom naquilo.
Fred era uma festa na praia. Um jogo de quadribol com as arquibancadas berrando. Um festival de música, uma corrida para ver quem comia mais em menos tempo em troca de um bom prêmio.
Os dois juntos eram uma guerra de água, andar num centro comercial e ver as lojas depois comer fastfood e sorvete.
Harrison sempre viu diferença na forma deles de agir, mas agora? Talvez Sirius tivesse alguma razão mesmo que estivesse chegando às conclusões erradas. Havia uma chance de que Hazz tivesse um gêmeo que se sentia mais próximo.
Mas não sabia se favorito era a escolha de palavras correta.
Ele entrou na sala precisa ainda pensando sobre isso e se surpreendeu quando encontrou apenas George por lá. Provavelmente fosse as insinuações de Sirius, mas seu coração deu uma leve guinada quando o menino lhe lançou um sorriso.
— Olá, alteza – cumprimentou com uma voz suave.
Hazz devolveu o sorriso enquanto se aproximava:
— Oi, Gred. Forge não vem?
— Está ocupado com Angelina, eu disse a ele que podia cuidar da poção sozinho hoje.
— Como vão as coisas entre eles?
George deu uma risada como resposta, mas acrescentou:
— Bem o suficiente para Fred conhecer o sabor do gloss labial dela.
Harrison apenas soltou uma vogal, A, e riu também.
— Imagino como será o baile para eles – comentou o grifinório distraído com algumas voltas na poção. Ele segurava os cadernos de pesquisa de Gellert e Lakroff e parecia bem focado.
Harry ficou na dúvida se deveria conversar e atrapalhar, mas ao mesmo tempo simplesmente sair agora parecia estranho, como se estivesse fugindo de ficar sozinho com o menino, por isso acabou perguntando, de forma bem impensada se quisessem saber:
— Ele deu um presente a Angelina também?
Algo naquela pergunta deixou George estranho. Ele olhou para Harrison sem qualquer expressão no rosto, depois tossiu e voltou para a poção.
— Bem... – murmurou um pouco mais sombrio do que normalmente. – Sim.
— Aconteceu alguma coisa?
— Nada demais.
Hazz ficou em silêncio, olhando para a alma sempre colorida do outro ganhando tons frios e soube que ele estava deprimido com alguma coisa, mas não sabia bem perguntar se ele não tivesse vontade de dizer.
Aparentemente, porém, George tinha alguma vontade em falar sobre aquilo, pois sussurrou para a poção, alto o bastante para o outro ouvir:
— Minha mãe mandou um presente para entregar a ela.
Novamente o que saiu da boca de Harrison foi uma muito eloquente vogal. Desta vez, o.
Oh.
Molly Weasley tinha dado a Fred algo para presentear seu par.
George havia comprado com seu próprio dinheiro o presente de Harrison.
Harrison não sabia bem o que dizer para aquilo.
— Não ligue, por favor – pediu George.
O mais novo arregalou os olhos.
— Eu, claro que não, não se preocupe.
— Eu realmente sinto muito.
Hazz riu.
— Você está preocupado de eu me sentir ofendido com a atitude de sua mãe?
— Sim. Me desculpe.
— George, estou indo ao baile com você, não sua mãe. As atitudes dela não me interessam mais do que... bem... estou preocupado se você não se sentiu ofendido – e quando o menino pareceu travar a mandíbula e desviar a atenção mais ainda para o livro, acrescentou baixinho. – Ou magoado.
— Eu já imaginava – sussurrou e o som foi tão baixo e quebradiço que não combinava com o menino.
Não com George, que era uma fonte de alegria.
Molly Weasley não tinha o direito de diminuir aquela parte da essência dele.
Harrison desgostou um pouco mais da mulher.
— Eu sei como é – comentou baixinho, se aproximando do balcão.
George olhou para ele e isso lhe permitiu perceber que seu nariz estava vermelho e os olhos um pouco mais marejados que o normal.
Uma mãe não deveria fazer aquilo com um filho.
Mas tão pouco a irmã de sua mãe deveria ter feito tudo que fez.
— Família às vezes é uma droga – comentou, com toda a sua capacidade para consolar alguém.
Sua tentativa insípida e um pouco vergonhosa, entretanto, ao menos deu um sorriso a George novamente. Não era o mais sincero, o que mostrava que ainda teria que se esforçar um pouco mais, mas era um começo.
— Às vezes é – concordou. — Percy vivia dedurando Fred e eu sempre que tinha uma chance, além de se exibir sempre que ganhava algo novo por ser monitor, e Bill sentava na gente quando estávamos no sofá. Nós dois ao mesmo tempo, só para mostrar que não conseguíamos tirá-lo de cima.
— Alice uma vez colocou pimenta na comida de Heris e Diego o suficiente para fazê-los ficar uns vinte minutos bebendo leite para passar.
— Porque Lakroff não usou magia para ajudá-los?
— Ele disse que se esqueceu por um minuto que era bruxo. E depois por mais dezenove.
Isso tirou uma sutil risada e George, ainda com ela nos lábios, cobriu os olhos com o braço, esfregando a manga do cardigã vermelho e amarelo nos olhos. O coração de Harrison se apertou pelo garoto.
Porque ele não conseguia pensar em um modo de consolar o menino quando ele tinha feito aquilo por Hazz mais de uma vez?
Foi quando se lembrou. Havia uma frase que George havia lhe dito em um dos momentos na cozinha e Harrison achou melhor perguntar:
— Você quer falar sobre isso ou quer se distrair?
George demorou um pouco para responder, ele encarava o livro de pesquisas enquanto mexia uniformemente a poção e acrescentava alguns ingredientes. Por fim, quando falou sua voz estava grave, como se algo lhe apertasse a garganta:
— Acho que não sei falar sobre isso sem ser completamente... – hesitou, então suspirou. – Não deveria incomodá-lo com isso, alteza.
— Harry. Ou Hazz – corrigiu pegando um banquinho e se sentando do outro lado da mesa. – E sou todo ouvidos. Agora já estou curioso, não adianta tentar fugir.
George soltou mais um sorriso fraco e distante antes de tomar coragem para olhá-lo:
— Meus problemas são pequenos demais para você, é apenas ridículo.
— São seus problemas e eu adoraria ouvi-los. Não quero que meu par para o baile não consiga se divertir porque está preocupado com algo e se é pequeno podemos resolver.
— Não acho que haja uma solução...
— Então não é pequeno. Simples assim. Algo pequeno se resolve rápido. Sua mãe diferenciar os filhos tão descaradamente não é um problema pequeno. Como isso te faz se sentir também não. O problema é que isso é mais um defeito dela do que seu e não podemos consertar sua mãe com magia, mesmo que ela esteja quebrada.
— Minha mãe não está quebrada – riu.
De verdade.
Isso tirou um sorriso de Harrison:
— Está se ela não consegue ver como todos os filhos dela são excepcionais. Eu vejo isso e mal os conheço. Você principalmente – apontou o dedo para a poção. – Sabe o quão difícil é isso? Não é qualquer pocionista que conseguiria replicar a receita.
— Não sabemos ainda se conseguimos.
— Eu sei. Sempre soube. Por isso pedi a vocês.
— Não tem como saber.
— Eu sempre sei, esqueceu? Sou um Grindelwald.
George continuou a sorrir para o mais jovem, mas seus olhos mantinham-se deprimidos, Harrison queria tirar tudo aquilo de cima dele. Queria poder protegê-lo de qualquer dor.
Ele não podia.
O mundo era feito de dores.
Mas podia estar ao lado dele.
— Suas brincadeiras também são brilhantes.
George bufou:
— Minha mãe as odeia.
— É disso que estou falando quando digo que ela está quebrada. A habilidade para fazer aquelas coisas funcionarem já deveria ser uma prova para ela do talento que vocês têm. Você e seu irmão criam artigos mágicos do zero como se fosse brincadeira e não é. Temos uma aula inteira de feitiços experimentais e fracassos tremendos na matéria todos os anos para provar que criar magia é difícil. Às vezes é impossível para alguns e vocês tornam a magia aquilo que ela é: espontânea, viva, pulsante, imprevisível e fascinante. Vocês são brilhantes. Incríveis. São alquimistas criativos, tecelões do caos natural que é lidar com o que é mágico. Encantar algo, enfeitiçar, criar um artigo, uma poção, essas habilidades são raras e dignas de total atenção. É uma honra ter tido a chance de conhecer gente que consegue fazer esse tipo de coisa e que vocês tenham se tornado meus amigos. Porque se eu tentasse fazer o que vocês fazem eu não conseguiria, poderia até ter sucesso uma ou outra vez, mas nunca com a mesma graça, nunca com o mesmo dom. O meu é ver o que ninguém vê, o de vocês é moldar o mundo e criar. Para mim, é muito mais fácil destruir do que criar, por isso reconheço o quão valioso é esse dom. Quem não o vê é apenas idiota. Com todo respeito a sua mãe.
George estava corado e com os lábios suavemente inclinados para cima após o discurso de Harrison e depois de alguns segundos riu de novo, uma risada sincera e gostosa de se ouvir, como tinha de ser.
— Todos somos bons em alguma coisa, mas nem sempre as pessoas encontram seu lugar no mundo – continuou Harry, vendo que estava funcionando. – Você e seu irmão não foram feitos para serem monitores e mais um Weasley na lista do que sua mãe espera de alguém. Vocês estão aqui para criar coisas que ninguém jamais viu. São visionários e se estivéssemos no mundo trouxa, vocês seriam os mais valorizados. Ficariam ricos e apareceriam em todo tipo de revista exaltando sua mente afiada. Só estamos presos em um mundo condenado ao passado e tradições que acreditam que as pessoas devem sempre ambicionar as mesmas coisas. Um mundo que cria cópias de lordes que tomam as mesmas escolhas de seus pais e continuar repetindo um padrão maçante que, sinceramente, o que tem feito pelo futuro dos bruxos? Nada além de replicar falas racistas, retrógradas e causar conflitos internos. Vocês são diferentes em um mundo que precisa de gente diferente, não se sinta mal por ser diferente, é isso que mais gosto em você.
O sorriso de George aumentou, assim como sua risada se tornou mais brilhante.
Ele esticou a mão para Harrison e tocou seu rosto com as pontas dos dedos, um carinho tão sutil que fez o menino arrepiar.
— Sua forma de ver e querer mudar o mundo, alteza, também é o que mais gosto em você.
O menino nem percebeu como nem por um segundo sentiu necessidade de se encolher, como intimamente sempre fazia quando lhe levantavam a mão.
— Eu nunca disse que quero mudar o mundo.
— Não quer – concordou George. – Mas você faz, apenas mostrando as pessoas como olhar para ele de outro jeito, isso só torna tudo ainda mais especial. Sua visão é tão contagiante que muda as coisas naturalmente a sua volta, eu aprecio demais a ideia de poder ver isso acontecendo de perto.
Quem corou agora foi Harrison, que baixou o olhar, mas sorriu.
George voltou para a poção, sem deixar que nada interferisse em sua perfeita execução.
— Não estou mais tão triste, obrigada.
— Mesmo?
— Acho que só vou sentir falta do suéter – brincou.
— Suéter?
— Minha mãe sempre tricota um para cada filho no natal, uma cor para cada um, nossas iniciais na frente. Também fez para Neville e Hermione, pelo que sei, e Lino ganha um desde nosso segundo ano. Eu e George achamos que ela só colocou essa história de iniciais depois de nós nascermos para não trocar os filhos, mas nunca tivemos como confirmar isso. Ela não responderia.
Harry soltou uma pequena risada.
— Deixa eu adivinhar, então vocês nunca usam o suéter certo?
— Nunca por tempo o bastante – piscou.
Harrison sorriu, mas conteve qualquer comentário que revelasse seus pensamentos. Achava que se Molly Weasley fosse cruel ao ponto de não mandar mais o suéter de seu próprio filho apenas porque ele levaria um garoto ao baile, não era aquela mulher que não tinha feito um casaco.
George que nunca teve uma mãe.
Ele apertou os punhos embaixo da mesa de forma discreta e tentou conter a raiva diante daquela situação. Não tinha muito que pudesse fazer.
Petúnia nunca aceitou a magia de Harrison.
Molly poderia nunca aceitar a escolha de seu filho, por pior que fosse aquilo.
O mundo realmente só não era justo.
— Ela não respondeu sua carta?
— Nem uma palavra – murmurou George com um suspiro pesaroso. – Eu esperava pelo menos um berrador, sabe? Não o silêncio.
— Você preferia o berrador?
— Talvez. Já estou acostumado a recebê-los.
— Se é assim, vou deixar meus irmãos prepararem aquele que estavam querendo te enviar.
— Um berrador dos seus irmãos? – perguntou rindo.
— Sobre te matarem se você fizer algo comigo, provavelmente algo assim. Vai querer?
— Eu adoraria – respondeu rindo mais.
-x-x-x-
Neville contou para Ron e Hermione sobre o que aconteceu na sala de Dumbledore assim que se juntaram na comunal da Grifinória à tarde e os amigos tiveram reações diferentes entre si.
Hermione ficou curiosa:
— O que é a Ordem da Fênix?
— É uma sociedade secreta. Dumbledore é o responsável, fundou a Ordem. São as pessoas que lutaram contra Voldemort e formaram a resistência quando o ministério estava muito corrupto da última vez. Meus... – Neville lambeu os lábios. – Pais lutaram nela.
— Oh – suspirou a garota baixando a cabeça.
Os amigos deixaram um momento de silêncio se estender, como em respeito aos pais do garoto, mas Neville estava agitado demais para deixar que aquela parte deprimente de sua vida apenas tomasse mais lugar ainda em seu coração:
— E então? O que acham?
— O que será que Dumbledore queria? Bem... Ao menos ele não parece ter a intenção de te expulsar, isso é ótimo.
Ron cruzou os braços e estava com uma cara muito séria quando disse:
— Ele não iria. Não pode. Não depois da última. Porque não nos contou que recebeu um recado dele?
Neville deu de ombros:
— Não achei que devesse.
Ron estreitou os olhos, parecendo bem nervoso:
— E foi para a sala dele sozinho.
— Hazz estava lá.
— Você não sabia disso até chegar lá. Nenhum de vocês deveria ter ido.
— Ron! – exclamou Hermione chocada. — Você não está sugerindo que Dumbledore faria alguma coisa com Neville?
— De novo, você quer dizer?
Neville murchou e gemeu:
— Por favor, vamos deixar esse assunto para lá – pediu suplicante.
— Não é o tipo de coisa que se deixa para lá – Ron murmurou de forma sombria.
— Não é sobre isso que vim falar, Ron – o menino suspirou. – É sobre o que eu ouvi lá. Quer dizer, você não pode simplesmente ignorar isso. Nem você nem Hazz. É muito sério.
Hermione acenou com a cabeça, concordando e se inclinando para mais próxima deles, os cachos balançando:
— Se o que o professor Slughron disse for verdade e estiverem desconfiando mesmo de assassinato, quem poderia matar Moody? O que ganhariam com isso?
Ron dispensou com um gesto de mão:
— O homem tinha muitos inimigos. Vivia paranoico por isso.
— É diferente agora, são várias coincidências, não acha? Alguma coisa grande está para acontecer, Ron, e você sabe quem pode estar envolvido. O professor Dumbledore tinha razão em estar atento.
Ron suspirou. Ele estava justamente com medo disso. "Dumbledore tem razão". Se o próprio diretor começasse a pensar assim, logo poderia se achar no direito de ir mais longe do que já tinha ido, porque em teoria tinha mais provas de que algo estava estranho.
— Alguém coloca o nome de Harry no cálice, Moody morre em sua casa após sair de Hogwarts, são coisas circunstanciais.
— Se esqueceu do ataque na copa mundial e o incidente no ministério que pode ter sido de propósito – contou a menina. – E com um comensal em Hogwarts, não é difícil imaginar que tudo é um plano só.
— Agora está falando como Rita Skeeter.
— Como ousa?! Estou apenas declarando os fatos!
— Os fatos podem ser todas enormes coincidências, não podemos achar que é você-sabe-quem toda vez que algo estranho acontece.
Neville bufou:
— Ron, quando é que não foi esse o caso?
Infelizmente, o garoto não tinha uma resposta para isso.
— Agora, o pior de tudo, é que Hazz pode ser o alvo, o objetivo de Voldemort – murmurou Neville muito preocupado. – Podem estar querendo tirar ele do caminho.
Hermione juntou os braços perto do corpo, se abraçando como se de repente fizesse frio:
— Nós e Neville já fomos empecilhos para seus objetivos, mas Harrison matou você sabe quem quando era apenas um bebê. Ganhou a guerra. Ele estava bem enquanto se manteve escondido, mas esse é inegavelmente o primeiro ano que ele saiu da toca, saiu de suas proteções e bem nesse momento essas coisas acontecem. Ron, você disse que Moody tinha muitos inimigos, bem... Harrison tem também.
— E eles estão agindo – sussurrou Neville com pesar.
Ron mordeu o interior da boca.
De novo, ele não tinha argumentos contra aquilo.
— Supondo que fosse esse o caso, você pretende fazer o que, Neville? Não é como se a Ordem da fênix fosse nós dar informações ou nos incluir, somos crianças!
Longbottom se lembrou de quando Dumbledore falou sobre a possível guerra a primeira vez aquele ano, sobre como queria tratar Neville como adulto devido as circunstâncias. Como o problema não podia ser ignorado e ele confiava no garoto.
Talvez.
— Existe uma chance. Vamos lá, Ron. Nós que demos um jeito no cara de cobra nas últimas vezes, não pode esperar que eu sente e deixe ele fazer como quer.
Hermione pareceu momentaneamente horrorizada por Neville se referir ao lorde das trevas daquela forma, já Ron começou a se arrepender de todas as vezes que ajudou Neville com coisas que, agora, ele percebia que não deveriam ter se envolvido e escutado os professores quando disseram o mesmo.
Mesmo assim, uma parte dele, uma que estava bem irritado em dar ouvidos, dizia que Neville tinha razão.
Se ele sentasse e esperasse que os adultos fizessem algo, aquele que não deve ser nomeado já teria tomado a pedra filosofal no primeiro ano.
E matado sua irmã.
Harry era uma boa pessoa, ele não merecia que Ron simplesmente ignorasse agora que ele estava em perigo. Não quando correu para socorrer as pessoas em todos os outros anos.
Harry Potter podia ter vencido você sabe quem uma vez, mas não precisava fazer isso sozinho agora.
Quando Neville insistiu "temos que ajudá-lo", Ron concordou.
Assim como Hermione:
— Temos que descobrir mais sobre o que está acontecendo. Harrison merece.
— Você está mesmo gostando bem mais dele desde que se juntou ao FALE.
— Não é FALE, Ron. E sim, eu fiz.
— Só por causa dos elfos?
— Não são apenas os elfos! São os princípios! Harrison tem bom coração, mesmo que Dumbledore esteja preocupado com ele usando artes das trevas, e sinceramente eu também me preocupo agora, ele tem a mente no lugar. É realmente brilhante e conhece o sistema, sabe como uma mudança pode ser feita e tem quem o escute. Ele é...
Ron interrompeu:
— Juro, você está parecendo uma das fãs dele agora.
Hermione o olhou com cara feia. Neville também revirou os olhos.
— De toda forma! – continuou a garota. – Eu entendi porque tem tanta gente que o admira. Ele salvou pessoas como eu uma vez, acho que agora temos que juntar o máximo de informações para ajudá-lo também.
Com isso Neville concordava imensamente:
— Por onde podemos começar?
Essa era a grande dúvida.
— Investigando Karkaroff? – perguntou Gina, o que fez os três outros levarem um susto.
Ron foi o primeiro a se recompor:
— O que você está fazendo aqui? Desde quando está nos ouvindo?
— Tem um tempo, vocês não são os mais discretos.
— Enxerida.
— Cabeça oca. Vocês não suspeitavam que Karkaroff pudesse ter colocado o nome de Harry no cálice? Vamos descobrir mais sobre ele. Papai deve saber alguma coisa. Sabemos também pelas fofocas que ele conseguiu se livrar da cadeia por dedurar outros, quer dizer que ele teve um julgamento, então tem arquivos oficiais do ministério públicos que Hermione poderia ler para saber mais sobre isso. Se Karkaroff traiu seus colegas para sair livre, talvez pense que matando Harry ele consiga não ser punido, mas acho isso fraco, temos que investigar para poder descarta-lo logo e descobrir de uma vez quem fez isso e como teve a oportunidade.
— Temos nada! – reclamou Ron. – Você não está dentro.
— Estou.
— Não está.
— Ron – chamou Neville tentando ser apaziguador.
— Não. De jeito nenhum Gina vai se envolver nisso! É perigoso.
— Você pode me deixar ajudar vocês ou eu posso fazer isso sozinha sem você ter a chance de me vigiar.
— Vou contar para a mamãe.
— Dai eu conto sobre você, não vai rolar.
Ron parecia bem irritado porque claramente não sabia mais o que dizer, por isso recorreu a Hermione:
— Diga alguma coisa para convencê-la!
A cacheada crispou os lábios:
— Não sei se conseguiríamos, Ron.
O ruivo bufou.
— Ótimo – disse Gina tomando um lugar no sofá junto de Neville e Ron – Estou dentro.
-x-x-x-
Na manhã de natal, Neville acordou após uma visita de Dobby, o elfo doméstico, que apareceu porque ele havia garantido ao pequeno que podiam se ver de vez em quando. Dobby tinha um presente para lhe dar (seu favorito: meias), ao que Neville puxou do malão ele mesmo dois pares novos para entregar e Ron, além de meias, deu seu suéter feito pela senhora Weasley.
A criatura ficou muito feliz e teceu diversos elogios aos meninos antes de sair e deixá-los para abrir seus outros presentes.
Tinham ambos ganhado livros de quadribol de técnicas iniciais à avançadas para novos jogadores de Hermione. Neville ganhou como de costume presentes de toda a família e ficou muitíssimo feliz com todos, mas se levantou pronto para uma briga quando realmente ganhou um Dicionário da Língua Inglesa de Harrison.
— Aquele folgado!
— Quem?
— Harrison! Eu vou jogar isso na cabeça dele!
— Em defesa dele eu também nunca sei direito o que te dar de presente.
— Prefiro mil vezes sua sacola de bombas de bosta do que isso! – reclamou. A coisa ainda era gigante, poderia matar alguém se acertasse com jeito. Torcia para apenas botar algum juízo na cabeça do melhor amigo.
Ganhara, também, é claro, o pacote habitual da Sra. Weasley, incluindo uma nova suéter que ele guardou cuidadosamente no malão enquanto saia com Ron do dormitório em direção ao café da manhã.
— Você sabe que pode comer na Sonserina comigo, não é?
Ron bufou ao convite do amigo:
— Um Weasley na sonserina, acho que eu queimo.
Eles quase toparam com Fred, ou George, correndo como um louco escadas abaixo e saindo da comunal da Grifinória com tanta pressa que parecia que estava pegando fogo. Olharam para trás esperando ver o outro gêmeo, mas nada.
Ron deu de ombros e os dois seguiram seu caminho, pegando Hermione quase no quadro da mulher gorda e indo até o grande salão.
— Obrigada pelo livro, Neville – ela agradeceu conforme andavam. – O que é isso?
— O tipo de coisa que Harrison acha ser uma boa piada.
Ron explicou:
— Um dicionário.
Hermione deu um risinho e Neville revirou os olhos:
— Na próxima vez vou dar um livro de piadas infames para ele.
— Acho que você deveria – apoiou Ron.
Quando chegaram no grande salão, Hazz não estava e por isso foi timidamente até a mesa da Sonserina. Era mais estranho sentar-se sem ele, mas tomou um lugar ao lado de Viktor que já o deixou mais tranquilo, ainda mais quando o búlgaro lhe sorriu e lhe entregou uma pequena caixinha.
— Feliz Natal, Nev.
O menino piscou os olhos surpreso e agradeceu, tímido por receber ali na mesa, mas abriu se deparando com um cachecol da equipe Búlgara de quadribol, a mesma que Viktor jogava, com um pequeno Pin de leão dourado pregado a ele:
— Obrigada Viktor! – agradeceu lhe entregando agora bem menos satisfeito com o pombo de ouro de chocolate que tinha encomendado para o garoto.
Viktor, entretanto, pareceu bem feliz e exibiu para os amigos que brincaram por não terem recebido nada também, mas Nev estava preparado e deu algumas caixas de feijõezinhos de todos os sabores para que todos os amigos de Hazz pudessem pegar.
Foi quando Ivan se levantou para distribuir as caixinhas que Hazz finalmente apareceu.
Ele usava um Suéter verde com um inconfundível rabo-córneo Húngaro estampado.
Um Suéter inconfundível da senhora Weasley.
Aquilo foi chocante o bastante para Nev se esquecer de acertar o amigo com o dicionário.
Principalmente porque o menino estava com um dos maiores e mais sinceros sorrisos que Neville já o vira dar desde que pisou em Hogwarts.
Talvez o único daquele.
Fred, na mesa da Grifinória também ficou espantado em ver a peça de roupa, mas imensamente feliz porque entendeu imediatamente o que aquele gesto significava.
George estava com tanto medo de não receber um, mas havia acordado naquela manhã com dois pacotes.
Então era esse o segundo, pensou infinitamente mais feliz.
Não demorou muito para o irmão aparecer e Fred nem precisou fazer as perguntas que queria antes que George lhe estendesse uma carta. A letra era do seu pai.
"Querido e estimado George,
Sua mãe entrou em pânico porque não teria tempo de fazer um suéter bom o bastante para Harry até o Natal e eu precisei acalmá-la.
Essa é a notícia.
Explicando melhor, ela reagiu um tanto quanto... mal a sua notícia porque aparentemente era um péssimo momento. Ela foi tão longe que pensou em fazer um empréstimo com o banco para comprar um presente adequado, mas lhe expliquei que isso era ridículo, mesmo assim devo admitir com vergonha que essa ideia veio depois de um dia inteiro de possível negação.
Não sabíamos se você estava sério ou confuso.
Adolescentes são confusos.
Realmente lamentamos que tenhamos pensado tal coisa por tantas horas.
Quando entramos em nós mesmos de novo talvez já era tarde para apenas palavras bastarem, por isso decidimos que você merecia receber um presente. Pode dar a si mesmo ou ao seu par, a tradição antiga diz que devemos presentear aquele que convidamos, mas não sei se Harry é esse tipo de bruxo, acho que terá que me contar mais sobre ele depois.
Seu irmão Percy acabou ouvindo sobre o assunto, espero que possa ignorar qualquer absurdo que ele tente lhe dizer, saiba que não concordamos com nada disso. Mesmo assim ele convenceu sua mãe a mandar algo para que Fred desse a sua acompanhante, um par de brincos que eram da minha avó, mas como disse antes, estarei mandando algo para você mais especial.
Ainda é de segunda mão, claro, mas mandei em uma joalheria restaurar o máximo que podia, espero que fique adequado. Os brincos devem chegar ao seu irmão antes dessa carta porque já estão prontos, já o seu estamos na torcida. Sigo falando com Dumbledore para usar sua lareira no Natal assim eu mesmo entrego aos elfos, no pior dos casos.
Realmente espero que fique pronto até o Natal. Nessa época do ano o joalheiro está muito ocupado.
Sobre sua mãe, depois de dois dias em completo pânico ela enfim escolheu uma cor para as linhas do tricô de Harry e começou a trabalhar, mas apenas quando lhe disse que se esse garoto estava aceitando ir com você para o baile, te conhecia o bastante para não achar um suéter Weasley algo indigno dele.
Quero que isso fique claro: se não for o caso, se Potter não gostar do presente de sua mãe, tome como sinal, pode cancelar imediatamente esse pedido e ir sozinho, pois não aprovo ninguém que ache sua família e suas origens inferiores. Quanto a isso não há como me convencer.
É a única opinião firme que tenho sobre o tipo de pessoa que quer escolher para viver ao lado.
Desculpe se lhe assustamos demais ao demorar para lhe contar isso.
Sua mãe também gastou horas e dias tentando escrever uma carta para você, quando não estava acordada até de madrugada tricotando, tentava rascunhos inteiros que eram descartados e o tempo passou. É horrível de nossa parte, mas quero que saiba disso, não sei se tem mais tinta ou sangue nas mãos de Molly Weasley pela quantidade de vezes que se furou porque estava distraída. Perdoe-a por não te responder logo, realmente está tendo dificuldades em achar as palavras certas, que talvez nem eu tenha conseguido. É difícil para nós, só posso imaginar quanto foi para você. Os pais sempre querem o melhor para os filhos e os caminhos mais certos, o caminho que está diante de você é tortuoso, mas sei que encontrará forças para enfrentá-lo, você é um garoto muito forte, você e seu irmão. Fortes e criativos, claro que você não escolheria o mesmo caminho chato dos seus irmãos.
Eu temo pelo mal que as pessoas possam te fazer, por favor, não se deixe destruir pela vontade dos outros de tentar derrubar quem você é e tenha certeza de que o amamos. Sua escolha de parceiro não será considerada para mudar o que sentimos por você, mas espero que escolha um bom que saiba a pessoa incrível que você é e valorize cada ponto positivo seu ainda mais.
Estamos orgulhosos que tenha tido coragem de nos contar por suas próprias palavras.
Eu sinto muito orgulho de você, filho.
Achei que se sua carta foi direcionada a sua mãe, ela que deveria responder primeiro, mas quando isso levou mais tempo do que o esperado decidi dizer algo também.
Tenha um ótimo baile.
Do seu pai".
Fred se viu segurando várias emoções intensas que o invadiram e imaginou que se estava à beira das lágrimas, George tinha razão em ter surtado.
Estava tão tenso com tudo aquilo e agora... acabou.
Para Fred foi como tirar um peso das costas, como não foi para George? Entendeu porque o gêmeo simplesmente tinha saído correndo.
Ele quis contar a Harry.
...
...
Ele quis contar a Harry!
Antes de contar a Fred!
O menino encarou sua cópia com os olhos completamente espantados. George fez uma careta confusa:
— O que foi?
— Traidor!
— O que eu fiz?
Ele puxou o irmão, para que pudesse falar apenas para ele:
— Você mostrou isso para Harrison primeiro! Já está me deixando de lado e nem admite que o está cortejando!
— Não estou.
— Vá se foder.
— Não é que eu queria mostrar para ele primeiro, eu só... – George não tinha resposta para aquilo.
De certa forma Fred tinha razão, mas ao mesmo tempo não.
George queria pegar Harrison antes que ele chegasse no grande salão, assim poderia abrir seu presente sem estar na frente de todos porque, por algum motivo idiota, ainda pensou que o menino não fosse querer o suéter.
Estava completamente errado, Harrison agiu como se aquele fosse o presente mais incrível que ele poderia ter recebido e imediatamente retirou a jaqueta que estava usando para poder se vestir com o presente da senhora Weasley. Sorria tanto que George teve ciúmes de sua mãe por ter conseguido deixar o menino tão feliz.
Agora queria conseguir superá-la logo.
Talvez à noite, no baile, se tivesse alguma sorte e as habilidades certas.
Aquela reação, entretanto, provou que seu pai estava certo sobre Harry e George deu o relógio de bolso que Arthur havia restaurado, mas decididamente o que o menino mais tinha gostado era o suéter feito à mão. Mesmo que tivesse ficado muito grato com os dois.
"Seus pais podiam ter poupado muito estresse e deixado uma nota nos brincos dizendo que o seu viria depois" foi o que ele acabou brincado e George concordava.
Mas talvez fosse a dificuldade deles em achar palavras.
Talvez, por mais tranquilo que o pai tenha parecido na carta, eles estivessem bem mais ansiosos com aquela notícia. Conhecendo sua mãe, talvez ela tenha precisado de uns dias para conseguir absorver completamente a notícia.
Ele havia mandado sua carta dia sete. Não sabia exatamente quando receberam, mas levando em conta que tiveram de ir na joalheria e esperar mesmo com a época do ano. Bem... os brincos tinham chegado apenas alguns dias antes, talvez não tivessem pensado que mensagem errada isso passaria porque estavam preocupados demais com todo o resto.
Talvez nem soubessem como lidar com a situação e estivessem fazendo seu máximo.
Queria pensar assim antes de supor que por algum tempo eles ficaram na dúvida sobre como reagir.
De toda forma, agora estava aliviado, Harry tinha um suéter e George tinha o seu e nunca pensou que ficaria tão feliz com isso.
— Desculpe – pediu ao irmão.
Fred bufou:
— Que seja. Feliz Natal, idiota.
— Feliz Natal.
-x-x-x-
— Vocês ficaram sabendo?
— O que?
— O professor Spinoza está vindo para Hogwarts.
Aquela notícia se espalhou pelos alunos da Durmstrang rapidamente, como uma epidemia que os deixava imediatamente ansiosos e alegres de um jeito que despertou a curiosidade dos alunos de Hogwarts.
Ao lago da estadia dos estrangeiros muito tinham ouvido sobre o professor lobisomem.
O alpha sangue puro.
Ver como a simples ideia de tê-lo por perto parecia deixar seus alunos felizes só piorou a curiosidade.
— Pensei que ele não podia pisar na Grã-Bretanha – disse Pansy no café.
Harrison parou de comer por um instante para respondê-la:
— Não sem tomar Wolfsbane e sem autorização do Ministério.
— Mas essa poção não era veneno para ele?
— Sim, em grandes quantidades. Quanto mais tomar pior. Mas ele ficará apenas para o baile e até o almoço de amanhã e chamaram alguns aurores.
— Vão ter aurores no baile só por causa dele?
— Sim. E ele vai estar com a coleira. Parece que... – Harry tossiu, pronto para as expressões que sua corte faria com a próxima informação. – Dumbledore convenceu o ministério e ajustou a chave de portal para que ele fosse levado a floresta proibida no pior dos casos.
— Dumbledore? – perguntou Viktor, sua cara estava, para dizer o mínimo, azeda.
— Sem ele acho que dificilmente o Ministério correria o risco de deixar uma criatura como ele entrar na escola e, abro aspas, colocar em risco a vida de todos os alunos.
Os meninos da corte ficaram ainda mais incomodados. Ivan bufou, mas tentaram não parecer tão desconfiados em prol de Neville, sentado logo ao lado.
Todos, entretanto, pensavam a mesma coisa: o que o velho queria com isso?
Harrison achava que ele só estava cuidando de sua imagem publica para com os professores da Durmstrang que estavam furiosos com ele desde que intimidou Lakroff.
Talvez, se fosse um pouco mais convencido, poderia pensar que era para o próprio Harry ter uma imagem melhor do diretor depois de tudo.
Não que fosse funcionar.
Harry pegou seu café e tomou um gole.
— Me surpreende mais que Spinosa tenha concordado em tomar Wolfsbane por um baile.
— É – concordaram os amigos.
Era estranho.
Depois da refeição a maioria foi para suas respectivas comunais, mas quando estava na hora de se reunirem de novo para o almoço, os alunos da Durmstrang começaram a se juntar no hall de entrada de Hogwarts e não demorou muito para que suas vozes explicassem o porquê daquela movimentação.
O professor tinha chegado e se aproximava pelos jardins.
Dumbledore e os demais professores das duas escolas foram cumprimentar o pequeno grupo de novos convidados enquanto alunos se espichavam para ter uma visão da procissão.
Neville, arrastado pela curiosidade de Ron, teve a impressão de dejavú de quando Durmstrang e Beauxbatons chegaram, e puxou o amigo, junto de Hermione e Gina até Harry, em um grupo no topo das escadas.
Axek e Ivan conversavam com Graham Montague, Adriano Pucey e Cassius Warrington. Krum, Harry e Luna acenaram para Neville e os outros se aproximarem assim que o viram e Draco e seus amigos estavam logo ao lado.
— Quanta gente – comentou Nev assim que estava ao lado de Hazz.
Luna agarrou Gina com o braço livre, uma vez que estava segurando Pansy com outro:
— Estou curiosa para conhecer Spinosa, vocês não?
Ela não pareceu notar o olhar assassino que Pansy deu para Gina antes de a coisa sumir como se nunca estivesse estado lá.
Gina notou.
E estreitou os olhos para a menina em desafio.
— Eu estudei um pouco sobre lobisomens alfa – disse Hermione para Harry, aparentemente. – Mas não achei tantos livros sobre o assunto, apenas algumas notas.
— Posso conseguir alguns para você.
— Seria brilhante, obrigada Harrison.
— Não por isso, Hermione.
— Não está com medo de estudar criaturas das trevas, Granger? – Draco não conseguiu segurar o comentário ácido.
Ron riu:
— Não mais do que ela tem medo dessa sua cara feia, Malfoy.
Krum deu uma risadinha com aquilo e Harry levantou uma sobrancelha para ele.
— Desculpe, só pensando que lembram muito as provocações dos Land conosco.
A comoção na entrada aumentou e o grupo olhou para as portas a tempo de ver, os alunos de Hogwarts pensaram, o maior professor não gigante de que tinham conhecimento.
Era um homem negro, alto o suficiente para não ser confundido com um meio gigante, mas superar qualquer outro professor humano, e forte. Muito. Tinha músculos tão marcados e evidentes que era de se imaginar o tipo de coisa que conseguiria carregar com aquilo tudo. Tinha cabelos em mexas emaranhadas em dreads e uma baita presença.
Seria impossível, mesmo se estivesse sem a coleira ou cercado por quatro pessoas em uniformes de aurores, não perceber que ele era o tão famoso professor lobisomem.
Havia uma tatuagem escapando por seu pescoço e outras tatuagens em seus braços expostos, piercings em suas orelhas. Ele parecia mais uma força do que uma pessoa, dava a impressão de conseguiria atropelar os outros como um trem e sorria de um jeito que mais parecia estar desafiando todos a olhá-lo por muito tempo e de alguma forma tornava aquilo carismático.
Krum sorriu:
— Só quatro aurores?
Harry estreitou os olhos naquela direção:
— Acho que um deles é minha prima.
— Nymphadora Tonks – disse Draco. – É mesmo uma Black.
Ele deixou de lado que Nymphadora havia sido deserdada junto com sua mãe Andrômeda por Ted Tonks, pai da menina, ser um nascido trouxa. Isso obviamente seria deixado para trás com Sirius como lorde da casa.
— Ah que bom, uma oportunidade para conhecê-la – disse Harry então se virou para todos.
— De que matéria é aquele professor? — perguntou Blaise.
— Qual?
— Aquele, vindo um pouco mais atrás. Black está indo cumprimenta-lo.
Luna imediatamente se iluminou em um sorriso e soltou as amigas para se aproximar mais do corrimão, ela gritou, o que sempre espantava os amigos que estavam acostumados com o tom baixo e etéreo. Levantando o braço em um aceno largo, ela chamava:
— Professor Lupin! Oi!
O barulho no lugar era muito, mas o nome dito por Luna chamou atenção das pessoas e foi se espalhando um sussurro por vez.
E Remus era um lobisomem.
Leandro também.
O brasileiro chamou o colega e apontou na direção de Luna e Remus com um sorriso simpático acenou de volta.
— O senhor está diferente! – gritou Luna, agora que notou que ele conseguia ouvi-la. – Cortou o cabelo?!
Aquilo imediatamente tirou uma risada gostosa de Harrison, assim como dos lobisomens e Sirius.
Remus tinha cortado o cabelo sim, mas de todas as mudanças aquela parecia a menor.
Lakroff, lá embaixo, colocou sua varinha na garganta e falou com uma voz magicamente aumentada:
— Durmstrang! – o chamado fez efeito instantâneo.
Os alunos do Instituto pararam o que estavam fazendo para responder com um sopro conjunto em respeito ao chamado.
Lakroff continuou:
— Cumprimentem o novo professor de feitiços do Instituto, Remus John Lupin.
— Au! – rugiram em uníssono.
Para cumprimentar um homem alto, cerca de 1,90, cabelos loiros muito dourados, olhos claros, músculos aparentes, postura firme, rosto simpático, porém calmo e sábio, usando um terno trouxa de linho ao estilo clássico e com várias cicatrizes no rosto que davam um ar de perigo eminente, além de uma seriedade ainda maior. Era bem diferente de Leandro Spinosa, mas decididamente era um professor da Durmstrang e um poderoso. Havia um mistério e uma promessa que o circundavam, uma expectativa como padrinho de sua alteza que ele parecia disposto a cumprir com.
Era um bruxo completamente diferente do que Hogwarts vira a menos de um ano antes.
Pansy foi a primeira do grupo a verbalizar o que todos estavam pensando:
— Está de brincadeira, aquele é o Lupin?
Se havia um significado de Grow Up, Remus era um deles.
O choque durou um tempo ainda. Os alunos de Hogwarts durante o almoço não paravam de olhar na direção da mesa dos professores para observar Remus, falando e conversando com simpatia e confiança que não estavam acostumados vindos do antigo professor mirrado, tímido, que parecia se encolher para diminuir de tamanho.
Sirius estava muito feliz em perceber essas reações ao seu noivo e quase não ligou quando Snape o encarou por tempo demais.
Ele tinha que lidar com o fato de que seu namorado lindo estava, como quando estudavam em Hogwarts, chamando atenção pela beleza que ele sempre teve, mas que não sabia.
Agora ela estava ainda mais evidente e se para Sirius, que tinha visto todos os fins de semana a mudança acontecendo, já foi impressionante, ele conseguia entender a surpresa alheia.
— E seu ritual? – sussurrou para o noivo em um dos poucos momentos em que não tinha ninguém puxando assunto com ele.
— Vou voltar hoje a noite, depois volto para o almoço de amanhã.
— Mas...
— Amor – chamou Remus, puxando o rosto de Sirius para olhá-lo diretamente nos olhos. – É importante.
Sirius fez biquinho, mas ficou quieto.
E ele achando que conseguiria ir para a cama com o noivo aquela noite.
Luna chamou Pansy e os meninos para a guerra de neve que ela e Harrison iam participar com os Weasley, mas os Sonserinos educadamente recusaram, Ivan, Axek, Viktor e Heinz por outro lado pareceram bem animados com uma pequena guerra.
Ainda com as barrigas cheias de um banquete que incluía no mínimo uns cem perus, pudins de Natal e montanhas de Bolachas Mágicas de Cribbage, o grupo da Durmstrang, grifinórios e uma corvina saíram para os jardins a tarde e começaram uma troca intensa de bolas arremessadas certeiramente nas costas ou cabeças uns dos outros, os alvos mais desejados.
Hermione escolheu assistir no lugar de tomar parte na batalha e Viktor transfigurou de um galho de árvore um cobertor para que ela pudesse se sentar.
A careta de Ron só foi interrompida quando Fred lhe acertou uma que o fez engolir neve e o motivou a atacar os irmãos.
Outros dos amigos de Harrison foram chegando com o tempo e alunos da Durmstrang paravam para assistir ou acabavam entrando em suas próprias guerras o que fez o exterior de neve anteriormente intocada de Hogwarts se tornar um grande amontoado remexido de branquitude e risadas.
Cerca de cinco horas Hermione os deixou junto de Luna e Gina, ao que Ron ficou indignado por precisarem de tanto tempo para se arrumarem, mas a distração só fez com que George conseguisse acertar uma enorme bola bem na orelha que quase o desequilibrou para cair no chão e tirou risadas do grupo.
Não houve o chá de Natal àquela tarde porque o baile incluía um banquete, de modo que às sete horas, quando ficou difícil pela escuridão fazer pontaria direito, os garotos abandonaram a batalha e marcharam de volta para seus respectivos quartos.
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Neville ficou muito feliz e observou por bastante tempo Ron, que estava sorrindo apesar dos meninos sentirem-se bastante envergonhados em suas vestes a rigor. Ele tinha ganhado um conjunto novo dos irmãos que, diferente do que sua mãe havia comprado, não parecia um vestido.
Longe disso, o conjunto preto, vermelho e marrom tinha um corte moderno apesar do estilo clássico que as vestes pediam, se encaixava quase que sob medida em seu corpo e chamava a atenção perfeita para seus cabelos e pintas, como um padrão de cores feitas para ele.
— Eu vou ter que agradecer aqueles idiotas, não vou? – perguntou a Neville depois de dar uma quarta volta no espelho.
Neville desviou o olhar para cima mesmo:
— Acho que deveria – disse baixinho.
O salão comunal estava com um ar estranho, cheio de gente usando cores diferentes em lugar da massa negra e vermelha de sempre. Gina esperava Neville ao pé da escada. Estava realmente muito bonita, com um lindo vestido vermelho sangue que a deixara deslumbrante, seu cabelo estava em um rabo de cavalo com uma trança na cabeça que formava um tipo de tiara entrelaçada com uma fita dourada e a pulseira que Neville lhe dera reluzindo no braço.
— Você... hum... está muito bonita Giny – disse se sentindo muito sem jeito de repente.
A menina sorriu e pegou a mão de Neville completamente à vontade para contrastar com ele:
— Você também está ótimo.
Neville não se sentia nada demais em suas vestes pretas e brancas, mas gostou que a gravata combinasse com o vestido da amiga e o broche em sua lapela tinha o mesmo desenho de leão da pulseira da menina, então estavam bem.
Lilá Brown apareceu em um vestido branco de flores rodado e deu risinhos quando viu Ron:
— Olá Ron!
— Oi Lilá – e olhou em volta. – Você viu Hermione?
Neville fechou os olhos de constrangimento pelo amigo, mas Ron era alheio demais para perceber o que fez e apenas olhou para a loira de cima a baixo e, sem tecer nenhum elogio, apontou para a saída:
— Vamos?
Neville tossiu e mostrou seu braço para Gine, para que Ron visse o que tinha de fazer.
Não funcionou.
Ele começou a ir para a saída esperando que a menina o acompanhasse.
Gina riu:
— Ele não tem salvação.
O saguão de entrada também estava apinhado de estudantes, todos andando por ali à espera de que dessem oito horas, quando as portas para o Salão Principal seriam abertas. As pessoas que iam encontrar pares de outras Casas procuravam atravessar a aglomeração para localizar uns aos outros.
Dino se aproximou do grupo com Parvati e Simas, logo atrás aparentemente estava com Padma, sua irmã gêmea.
— Oi gente.
— Oi – disse Rony sem olhar para ninguém, mas espiando os convidados. — Ah, não...
Ele dobrou ligeiramente os joelhos para se esconder atrás de Neville, porque Fleur Delacour ia passando, absolutamente fantástica com suas vestes de cetim cinza-prateado, acompanhada pelo monitor chefe da Durmstrang Rusev Spasova. Quando os dois desapareceram, Rony se endireitou e ficou examinando as cabeças das pessoas que estavam de costas.
— Cadê a Hermione? – indagou outra vez.
— Não a vi – comentou Simas, agora também olhando em volta.
Gina suspirou:
— As vezes eu me pergunto se ele nasceu tão burro para que eu pudesse ficar com toda a inteligência – sussurrou para Neville que não conseguiu segurar a risada.
O grupo olhou para ele confusos.
— Desculpe, não é nada.
— Olá gente! – uma cabeleira cacheada e loira apareceu se espremendo entre as pessoas e parou junto de Gina. – Você está linda!
— Lune, você é o raio de sol mais brilhante nessa noite! – a amiga respondeu de volta sorrindo abertamente e abraçando-a.
Luna tinha um vestido roxo de saia rodada e estrelas douradas, brincos de visgo e o colar que Ivan lhe dera de sol. Era uma combinação muito interessante e que irradiava a energia do Yule, apesar de algumas pessoas estarem apontando para ela e rindo, Neville notou, sem entender o porquê.
Ela realmente estava linda.
E usava uma coroa de flores de visgo que encerrava o conjunto de uma forma muito fofa.
— Cadê seu par? – perguntou Gina.
— Os meninos da Durmstrang ainda não subiram, eu estava esperando com Hermione do lado de fora, mas lembrei de vir perguntar se não queriam dividir uma mesa conosco e quis... – mas foi interrompida.
Ron olhou de forma bem agitada para a loira:
— Hermione estava com você?
— Sim, esperando o par dela. Já vou voltar para lá, querem vir comigo?
— Vamos.
Ao menos, dessa vez, Ron se preocupou em olhar para Lilá e chamá-la.
Antes de se afastarem completamente de onde estavam, Neville ainda conseguiu ver um grupo de alunos da Sonserina subindo as escadas do seu salão comunal na masmorra. Malfoy à frente; usava vestes de veludo negro com a gola alta, que na opinião de Neville o faziam parecer um padre. Pansy Parkinson estava agarrada ao braço de Malfoy, com vestes rosa-claro cheias de babadinhos.
Gina era muito mais linda.
E estava feliz que Harrison tinha achado um par melhor, Draco estava com uma cara tão fechada que o grifinório só conseguia pensar o quão chato deveria ser ir nesta festa com ele como par.
Crabbe e Goyle estavam de verde e pareciam pedregulhos cobertos de limo. Nenhum dos dois, Neville ficou infantilmente satisfeito de constatar, conseguira encontrar um par.
Não viu Theodore Nott ou Blaise Zabine a princípio.
Eles foram andando em direção às enormes portas de carvalho da entrada que estavam abertas para permitir que pessoas andassem, o que deu a Neville uma boa visão dos gramados e os enfeites de Natal que se estendiam pelos jardins. A entrada do castelo fora transformada em uma espécie de gruta cheia de luzes encantadas, centenas de fadinhas vivas encontravam-se sentadas nas roseiras que tinham sido conjuradas ali e esvoaçavam sobre as estátuas que pareciam representar Papai Noel e suas renas.
A delegação da Durmstrang estava vindo e todos os alunos de Hogwarts olharam em sua direção com curiosidade.
Neville, entre eles, quase deixou o queixo cair.
O professor Karkaroff vinha na frente, os braços dados com uma muito deslumbrante mulher de cabelos absurdamente escuros, brilhosos e volumosos, olhos azuis tão escuros que com um conjunto de jóias da cor mais pareciam ser roxos, um vestido que mostrava o decote e um busto avantajado, além de mangas e uma capa lilás com transparência que deixavam a pele com algumas pintinhas, exposta na medida certa para continuar com classe mesmo que fosse sensual.
Ela rivalizava em beleza com a parte veela Fleur Delacur.
— A mãe de Zabini é linda, não? – comentou Luna.
Ron, Simas e Dino a encararam como se "linda" fosse uma ofensa.
A mulher era um estouro.
Mas não era isso que surpreendia Neville, sim o par de Lakroff Mitrica que, em suas vestes azul e douradas com capa bege estava como sempre muito apropriado e elegante, o etíope de bom gosto, acompanhado de uma mulher com a mesma palheta de cores, um vestido que mais parecia um macacão com saia, beje com vários detalhes e pedras de ouro no busto, mangas azul escuras e uma grande saia delicada azul clara.
A única pessoa que Neville não conseguiria imaginar usando um vestido que não tivesse junto calças.
— Sabe quem é a acompanhante do vice-diretor? – perguntou Dino. – Ela parece bem nova.
— É a filha dele, pelo que sei – contou Luna.
Alice Pandora Mitrica, a filha mais nova.
Aquilo Neville decididamente não esperava.
A garota viu o Longbottom e deu um sorriso simpático em sua direção, mas foi o máximo que fez para mostrar que o reconheceu entre as pessoas. Simas ainda perguntou se não estava olhando em sua direção, o que fez Padma revirar os olhos.
Outros professores da Durmstrang vinham em seguida, acompanhando em sua maioria outro colega, a professora de oclumência com o de magia marcial, o velho professor de magia experimental com a de línguas antigas, o lobisomem Spinosa com um homem o que já começou a gerar murmurinho, que não foi aplacado quando Sirius Black e Remus Lupin vieram com lindos conjuntos bruxos clássicos que combinavam entre si.
Neville notou que além dos brincos que eles tinham iguais um em cada orelha, Sirius usava um colar com uma lua cheia e Remus um broche de lapela com duas estrelas em cada ponta da corrente.
Os verdadeiros Lorde e Consorte Black. Muito preto e prata e cheios de elegância rica e fina. Neville estava feliz por eles.
— Luna! – chamou uma voz logo atrás e Ivan apareceu.
Ele, assim como foram percebendo a maioria dos demais alunos da Durmstrang, usava o mesmo tipo de vestes a rigor. Um conjunto vermelho vibrante com capa lateral. Parecia com o uniforme de escola deles, porém mais chique e combinava muito bem com o menino.
Ele se aproximou mais apressadamente e a menina aguardou por ele para fazer uma reverência:
— Lorde Tshkows – cumprimentou. – Bonito o uniforme de festa de vocês.
— Lady Lovegood – ele cumprimentou de volta, tomando a mão dela e deixando um beijo casto. – Escola militar, temos vestes padronizadas para tudo, mas que bom que gostou.
— Todos vocês são obrigados a usá-la? – perguntou Padma, curiosa.
— Ah não. O diretor Mitrica nos garantiu que se fosse da nossa vontade trocar as vestes para nos adequar ao nosso par, era permitido, mas como a maioria já tinha esse uniforme no armário acho que acabamos optando por usar.
Lilá estava dando risinhos com Lilá:
— Fica bem em você realmente.
— Obrigada meninas.
A voz da professora McGonagall chamou:
— Campeões aqui, por favor!
E agora não apenas o queixo de Neville ou dos meninos caiu, mas de uma boa parte dos alunos de Hogwarts que estavam diante de Minerva McGonagall com um vestido verde safira estilo sereia que mostrava a favorecia espantosamente. Mostrava que mesmo com a idade, a mulher continuava com um corpo lindo, uma grande fenda nas costas era toda a pele exposta, com mangas compridas e gola alta, um belo colar de ouro pendendo até o centro do peito e tranças decorando seu cabelo castanho cobre com pedrinhas douradas e verdes que brilhavam conforme andava ela estava quase irreconhecível.
— Aquela é nossa professora? – perguntou Lilá em choque.
Estavam tão distraídos que perderam completamente Viktor Krum passar com uma garota bonita de vestido azul, mas viram o momento em que os gêmeos se aproximaram.
Angelina cumprimentou os colegas de casa e parecia bem feliz nos braços de Fred, George levou sua mão para os cabelos de Neville ignorando completamente que ele pudesse ter os ajeitado.
— Boa noite, crianças. Viram Harrison?
Ivan apontou para onde colegas de escola ainda chegavam.
Naquele momento eles o viram. Usava uma camisa preta e luvas pretas, calça e uma capa branca com o interior e uma boa camada de tecido em verde musgo, haviam padrões de losangos de ouro por cima de todo verde, na gola e mangas da camisa, além de vários acessórios, como as abotoaduras que George lhe dera, as correntes que seguravam a capa no lugar, o broche de lapela também dado por George, brincos de uma argola grossa que abraçava a orelha inteira deixando-a dourada e, por fim, uma corrente que prendia os óculos de aro preto atrás da cabeça.
Havia alguma coisa em seu cabelo, todos perceberam apesar de não saber exatamente o que, mas que fazia pontinhos de luz brilharem conforme ele se mexia que mais pareciam estrelas no céu noturno.
Estava lindo, constatou Neville e George talvez também concordasse, uma vez que estava de olhos arregalados encarando com um sorriso distraído e vidrado o garoto.
— É tão injusto que ele seja tão bonito e tão bom em tantas coisas ao mesmo tempo – murmurou Parvati e talvez não fosse a intenção que todos ouvissem, mas isso gerou risinhos das outras meninas.
E uma boa risada de Ivan, que se aproximou de George e lhe deu um tapa forte nas costas antes de dizer com firmeza:
— Cuide dele.
George acenou vagamente antes de seguir até onde o menino estava e, após uma reverência, o puxar em direção de onde Minerva havia chamado.
— E nós? – perguntou Neville quando eles se afastaram.
Ivan fez uma reverência para Luna:
— Por aqui, milady.
Ela aceitou o gesto e o acompanhou.
Não reparou como Pansy agora tinha a mesma expressão irritada e azeda de Malfoy.
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— Eu devo me curvar? – perguntou George ao se aproximar com um sorriso para Harrison.
Que era oficialmente o garoto mais bonito daquela noite.
Com o sorriso mais bonito, constatou quando Hazz lhe sorriu.
George pretendia tirar vários daqueles do menino até o fim da noite, queria deixa-lo com as bochechas doloridas se pudesse.
— Quem fez o convite que toma a iniciativa e guia – o Haus Feuer explicou as tradições.
George se curvou imediatamente e pediu a mão de Harrison, beijando as costas antes de lhe oferecer um braço.
Harrison colocou o seu por cima do dele e sorriu aguardando que George o guiasse. Seguiram em direção ao grande salão. Ao vê-los, a professora Minerva lhes explicou para esperar a um lado, enquanto os demais entravam.
Os campeões deviam entrar no Salão Principal em cortejo, quando os outros estudantes se sentassem.
Cedrico Diggory e Cho Chang ficaram mais próximos à porta. Fleur Delacour e Rusev Spasova ao lado de Harry e George, que de repente tossiu como se estivesse engasgado enquanto olhava na direção de Viktor.
O Weasley mal podia acreditar no que via e Hazz sorriu para a garota:
— Boa noite, Hermione.
— Boa noite, Harrison, George.
Ela estava radiante, pela forma como sorria, mas também por sua beleza com seu vestido azul que parecia parte da decoração do lugar de tão bonito e lindos cachos arrumados em um pequeno coque no topo da cabeça que depois os soltava em ondas que iam até as costas.
— Você está ótima Hermione – constatou George que mal a tinha reconhecido antes de se aproximar.
Talvez também fosse a energia mais leve e confiante da menina que dificultou o reconhecimento antes de se aproximar, ou a ausência de um quilo de livros nas costas.
Viktor sorriu e tomou a mão da menina em um beijo casto, Harrison, satisfeito pelos amigos, decidiu fazer as apresentações:
— Deixe-me apresentar, esse é Rusev Spasova, meu amigo da Haus Luft, secretário e chefe do comitê de disciplina.
O menino fez uma reverência e sorriu para Hermione:
— Senhorita Granger.
Hermione corou com o fato de que Potter, pelo jeito, havia falado sobre ela, ou Viktor, qualquer um a deixava acanhada.
— Prazer.
Hazz acrescentou com um sorriso para Fleur:
— Acho que sua parceira dispensa apresentações, mademoiselle Delacur.
A francesa também sorriu, mas deu um longo olhar na direção de George que notou e fez uma careta antes de se voltar para Harrison:
— Tem algo na minha roupa?
A loira riu, mas esclareceu:
— Non. Estava apenas pensandu que agorra muita coisa faz sentidu – e apontou na direção de onde os braços de George e Harrison se juntavam.
Viktor também olhou naquela direção, sentindo-se um incômodo chato no peito, mas ainda estava bem satisfeito com seu par, que revirava descaradamente os olhos e murmurava em desafio:
— Então para não cair de amores por ela tem de ser obrigatoriamente gay?
O búlgaro segurou uma risada. Hermione era uma lutadora, alguém que enfrentava, isso era uma das coisas que tinha gostado nela, apesar de ser uma característica que muitos poderiam não achar agradável.
Harrison, enquanto isso, estava fazendo o de sempre e sendo charmoso:
— Não se preocupe, mademoiselle, ainda a acho uma ninfa encantadora, meus olhos sabem reconhecer uma beleza mesmo que meu coração não seja tomado.
George deu de ombros:
— Se esse era o teste final, eu realmente passei em gay com louvor.
Ele achava que Harrison era infinitamente mais belo que Fleur naquela noite. E o menino ainda o agraciou com uma das coisas que mais gostava nele, um sorriso ladino e uma provocação:
— Quer seu diploma? Sai no jornal amanhã talvez.
— Será que esse, minha mãe vai emoldurar como fez com o dos meus irmãos? Vou cobrar.
— Eu dou uma moldura bonitinha para ela.
— Vocês deux são une belle paire, um belo par – e olhando para Hermione e Viktor acrescentou. – E você está muitu bunita.
A Granger duvidava muito que o comentário da loira fosse sincero, mesmo assim agradeceu educadamente.
Mas evitou dizer que Fleur estivesse bonita, mesmo que estivesse, ela já poderia se contentar com metade dos homens babando para saber disso.
Ao menos seu par não era um idiota babão.
Krum, por outro lado, pareceu levar muito em consideração a opinião de Fleur, ou apenas queria elogiar sua parceira, pois deu um olhar intenso para Hermione e concordou:
— Ela realmente está linda. Estava pensando em alisar o cabelo, que bom que a dissuadi.
— Alisá-los por quê? – perguntou Harry.
Hermione meneou com a cabeça:
— Acho que ficam mais bonitos lisos.
Ele estalou a língua:
— Bem, se você acha mais bonito é seu direito alisar, você já usa os cachos todos os dias do ano mesmo.
— Foi o que eu disse a Viktor! – concordou a menina animada que alguém a entendia. – Mas ele me convenceu dizendo que eu brigaria com alguém até o fim da noite se me dissessem que eu só fico bonita sem eles ou que eu tinha que fazer o processo todo dia, como se pudessem escolher como mantenho meu cabelo.
— Eu disse que você tinha que esfregar na cara de todos como são exatamente bonitos assim.
Eles também não estavam completamente naturais, Hermione tinha feito alguns artificialmente que pendiam junto dos outros de uma forma muito interessante e havia deixado duas mechas na frente que pareciam ter sido desenhadas a dedo, mas o conjunto de ambos deixou o penteado mais bonito. Elegante, porém também espontâneo.
— Eu fico feliz – disse Harry – em saber que você brigaria com alguém que lhe dissesse tal absurdo, você é bonita com seu cabelo natural e mostra sempre muita garra, alguns ficariam se sentindo inseguros.
— Eu sei o tipo de pessoa que faria comentários assim e não quero deixar que me afetem mais do que lhes dou o direito.
— Realmente entendo porque Neville é seu amigo, você é uma garota e tanto Hermione.
Ela corou e Viktor entrou na sua frente:
— Sem roubar meu par, alteza.
— Eu nunca ousaria, a dama é toda sua. A menos que seja tolo de perde-la de vista.
— Vou manter isso em mente. Weasley, segure ele.
Hermione havia corado mais ainda, mas também sorria diante da brincadeira dos meninos.
Harry olhou para seu acompanhante:
— Ele ficará de olho, já disse que minha queda é por ruivos, vai ter muita da minha atenção.
— E loiros, você também os mencionou – argumentou George com um sorriso travesso. – Será que fico bem de loiro? Assim atendo os dois.
— Por favor, nunca! Jamais faça uma atrocidade dessas – pediu rindo imaginando que terrível seria George pintando os cabelos de loiro. – Você é perfeito assim.
— Acha que sou perfeito, alteza?
— Eu sou, você também tinha que ser para virar meu par.
E os dois riram. Tão próximos quanto um par para um baile deveria parecer. Fleur comentou novamente:
— Sim, um belu par.
Rusev foi o único a notar como Viktor pareceu murchar por um instante e sentiu pena do amigo.
Todos da corte, mesmo mais recentemente, sabiam como Harrison os via e, para alguns, essa visão era diferente de como queriam.
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— Estou indo até Luna – anunciou Pansy puxando Draco sem se importar com os modos ou quem deveria guiar quem.
O menino, entretanto, não tinha exatamente um problema com isso, exceto que Luna estava junto de Neville, um grupo de Weasleys e outros grifinórios.
E seu humor não estava dos melhores.
Decididamente não bom o bastante para lidar com aquele grupo mais do que já se sentia cansado de ter de lidar com o seu.
Theodore, por exemplo, que se aproximava com Daphine Grengass no braço, além de Blaise Zabine e Emma Vane, da Corvinal, logo atrás.
— Parece que o salão foi organizado em mesas de doze lugares – anunciou Theo. – Vamos entrar e sentar primeiro, os campeões vão por último. Quem vai sentar na nossa mesa?
Draco contou rapidamente que o grupo deles formavam oito pessoas, faltavam dois pares ou quatro desacompanhados como Gregorio e Vicente, mas Pansy olhou para Theodore como se ele tivesse insultando-a ou matado seu animal de estimação e murmurou em um tom sombrio:
— Você fica aqui – e tornou a puxar Draco, deixando os outros amigos para trás.
Não sem antes apontar para Crebe e Goyle e acrescentar:
— Vocês também, fiquem.
A menina parecia tão furiosa e decidida que todos simplesmente não se sentiram tentados a contrariá-la e Malfoy calou-se conforme ela o levava até seu alvo.
Quando se aproximou a mudança foi tão instantânea que era digno de aplausos, seu rosto se iluminou em simpatia, assumindo um ar muito gentil ao cumprimentar:
— Luna, você está uma estrela brilhante mesmo! Ivan tem muita sorte – e abraçou a amiga.
Amiga, Draco quase riu.
Pansy queria enfiar esse título em um lugar onde ele nunca mais tivesse lugar.
Luna, completamente alheia, era só sorrisos:
— Obrigada Pansy, amei seu vestido.
— Vocês souberam? O salão está diferente, agora tem várias mesas de doze lugares cada, eu e Draco podemos nos sentar com você e Ivan, Lua?
— Claro! Ivan vamos sentar com seu irmão?
— Quero distância da peste enquanto possível, vamos procurar Heinz.
— Gina, Neville querem vir conosco?
Para crédito da ruiva, ela conseguiu segurar qualquer expressão azeda que lhe viria ao olhar para Pansy e Draco, mas aproximou a cabeça para com a de Neville e sussurrou:
— Não sei se é bom deixar Luna sozinha com eles.
Neville sussurrou de volta:
— Ela já está acostumada.
Pansy usou aquela oportunidade para se voltar para Luna:
— Theo, Blaise, Crabbe e Goyle nos convidaram para nos juntar a mesa com eles, conosco falta apenas mais dois lugares, não sei se Longbottom vai querer ficar longe do Weasley. O que não é o par dele, claro.
Gina deu uma risada forçada na direção da garota Sonserina, queimando-a com um olhar que Pansy prontamente respondeu com um sorriso, tão convincente que mal podia ser descrito como falso.
Neville tentou intervir antes que acontecesse algum desastre:
— Luna, vá com eles, nós formaremos outra mesa.
Gina, entretanto, agora queria tornar o dia de Pansy Parkinson pior.
— Eu tive uma ideia melhor! Luna e Ivan são dois, Pansy – ela fez questão de usar o primeiro nome e sorrir para a outra enquanto o dizia, olhando em seus olhos – e Malfoy, quatro, eu e Neville seis, Ron e Lilá oito, Simas e Padma, Dino e Parvati, somos em doze perfeitamente. Vamos sentar.
Pansy, Draco notou, não vacilou nem por um segundo antes de responder:
— Acho que não funcionaria, não tem nenhum Haus Feuer ou Durmstrang para que Ivan não se sinta tão deslocado e entre crianças.
Ivan, entretanto, sentiu toda a tensão que emanava daquelas duas e sorriu:
— Ah não, estou aqui com Luna, qualquer lugar que ela quiser tomar serve.
Luna inclinou a cabeça:
— Mas Pansy tem razão, você precisa de um amigo, vai ser mais divertido assim – e vendo que ele diria alguma coisa, acrescentou apressadamente – Um além de mim.
Pansy deixou que seu sorriso fosse apenas um pouco vitorioso:
— Como eu disse.
— Eu também prefiro evitar sentar com o Malfoy – Ron ofereceu descaradamente e Gina lhe lançou um olhar tão mortal que os demais não tiveram como concordar.
Simas e Dino, entretanto, começaram a rir.
Uma ideia, entretanto, veio ao ruivo:
— E tem Hermione e o par dela. Temos que achá-los.
— Eles já acharam uma mesa – disseram Ivan, Luna e Gina.
Ron inflou:
— Todos vocês sabem o par dela?! Quem é?
Ivan, que não sabia que Hermione vinha guardando aquele segredo de Ron para provocá-lo por irritá-la, acabou contando:
— Viktor.
— Que Viktor?
O russo fez uma careta, mas lembrou que nem todos ali eram obrigados a saber com quem ele andava para entender que Viktor se referia:
— Krum. Viktor Krum, o apanhador, sabe?
Poder-se-ia fazer uma competição agora.
Quem tem os olhos mais arregalados?
A expressão mais espantada ou indignada.
No pódio Pansy Parkinson, Ron Weasley e as gêmeas Patil.
Draco Malfoy perdera sua medalha por tentar manter a classe apesar do choque.
Os demais estavam rindo.
Ron foi o primeiro a dizer, mas sem perder a expressão:
— Como é?!
Ivan sorriu, muito divertido com o efeito causado:
— Ele e Heinz convidaram-na, mas ela acabou aceitando o pedido de Viktor. Pode-se dizer que ele tem mais charme apesar da cara feia.
Lilá soltou um gritinho esganiçado em forma de nome:
— Krum?!
— Vai sentar na mesa dos campeões, então não precisam se preocupar com ela.
Um burburinho saiu da entrada do grande salão, as portas tinham acabado de serem abertas e as pessoas começaram a se movimentar para entrar, tinham de resolver a disposição logo.
Gina Weasley foi a mais rápida e pegou a mão de Luna:
— Quero muito sentar com você Luna – o que era verdade.
Ela e a amiga estavam juntas desde a infância, mas com Luna sempre com os Sonserinos era como se tivessem se afastado um pouco, mesmo que continuassem juntas nas aulas que compartilhavam.
Pansy segurou a outra mão da loira apesar de falar com Ginevra:
— Venham para nossa mesa então. Você e Neville e temos que correr para chamar Heinz.
O barulho das pessoas, como uma colmeia de abelhas agitadas impediu Draco de ouvir tudo e, sinceramente, não soube direito todos os motivos que levaram a isso, talvez a agitação para entrar, a batalha entre aquelas duas, mas no fim ele estava numa mesa com dois Weasley.
O resto, igualmente pouco satisfatório.
Por sorte, não precisaram conversar a princípio e também pareciam longe o bastante da mesa dos amigos para que Draco tivesse que suportar o olhar de Theodore que de certo estaria debochando de sua situação.
As paredes do salão estavam cobertas de gelo prateado e cintilante, com centenas de guirlandas de visco e azevinho cruzando o teto escuro salpicado de estrelas. As mesas das Casas haviam desaparecido, como Theodore havia dito; substituídas por mesinhas iluminadas com lanternas.
Depois que estavam todos sentados no salão, a Profª Minerva mandou os campeões e seus pares formarem um cortejo, de dois em dois, e a seguiram.
O salão começou a aplaudir e Draco fez de má vontade, tentando, mas não conseguindo tirar os olhos de Harrison Peverell-Potter.
Deslumbrante em verde, preto, branco e ouro.
Ao lado do maldito Weasley.
Os dois sorriam e pareciam conversar entre si enquanto entravam e se dirigiram a uma grande mesa redonda no fundo do salão, onde estavam sentados os juízes.
As câmaras de diversos jornalistas explodiram em direção deles, mas os campeões continuaram de cabeça erguida os ignorando.
Ron encarava Hermione com um olhar intenso e Lilá parecia chateada.
Não que Draco tivesse notado, estava focado em como Harrison de repente ria de alguma maldita piada que um dos palhaços Weasley havia contado e como seu cabelo parecia ter estrelinhas brilhando sempre que se movia ou que os fleches das câmaras o atingiam.
Em contrapartida Draco notou a presença de aurores espalhados pelo lugar e ficou curioso se eram apenas para vigiar o tal professor lobisomem ou para os repórteres.
Dumbledore sorriu feliz quando os campeões se aproximaram da mesa principal, mas Karkaroff tinha uma expressão parecidíssima com a de Rony ao ver Krum e Hermione se aproximarem.
A mesa dos campeões era como a dos demais. Ludo Bagman, esta noite de vestes roxo-berrante, com grandes estrelas amarelas, batia palmas com tanto entusiasmo quanto qualquer estudante e não acompanhava ninguém; a mulher que tinha vindo com Karkaroff, mãe de Blaise, não estava lá e Draco a procurou encontrando cconversando com Lakroff Mitrica junto da mesa de professores da Durmstrang; Madame Maxime, trocara o uniforme costumeiro de cetim negro por um vestido rodado de seda lilás, os aplaudia educadamente; O Sr. Crouch, Draco percebeu de súbito, não estava presente. A quinta cadeira de juiz à mesa estava ocupada por – Draco se segurou para não gritar de frustração – outro maldito Weasley. O tal Percy, monitor Chefe até ano passado.
O que ele estava fazendo lá estava fora dos conhecimentos de Dray, que ficou feliz quando pôde parar de bater palmas e se focar em outra coisa. No menu, por exemplo.
— O que fazemos? – perguntou Weasley homem, estupidamente.
Não conseguiu conter um comentário ácido:
— Nunca foi em um baile, não é mesmo Weasley?
— Você nunca foi para frente de um espelho para ver como fica ridículo com esse penteado e nunca te digo nada sobre isso.
Draco travou a mandíbula irritado e Longbottom arregalou os olhos:
— Ron! Vamos ser civilizados.
— Ele sabe o que é isso?
— Você também, Malfoy!
Luna pegou seu menu e falou em voz alta:
— Salada, por favor.
E imediatamente uma sala com alguns frios apareceu em seu prato. Isso fez aqueles no grupo que não tinham entendido, enfim compreenderem a ideia e começarem a fazer seus próprios pedidos em voz alta.
Malfoy e Pansy foram os únicos a não acrescentar um por favor no final.
Por alguma sorte que Draco mal podia descrever, Ivan Tshkows fez um comentário sobre quadribol e Malfoy conseguiu se segurar para não zombar de Weasley e Longbottom quando eles disseram que fariam testes no ano seguinte, apenas lhes desejou sorte de forma irônica para tentar ganhar da Sonserina e contou de novo como era apanhador. Os meninos todos entraram em uma conversa sobre quadribol e equipes nos mundiais que conseguiu fazer Malfoy ao menos um pouco menos azedo.
Entretanto, sempre que sentia ter ouvido a risada de Harrison ecoar pelo salão seu humor parecia ganhar um traço a mais de ódio.
Ele não deveria estar com um homem, pensava.
Não devia estar com um Weasley.
Não devia estar rindo tanto, parecendo tão satisfeito, sendo tão bonito.
Draco não devia estar olhando tanto naquela direção e, que merda, Harrison não devia estar tão entretido que seus olhares nunca se encontraram.
As mãos do loiro estavam marcadas por suas unhas de tanta que as apertava para conter a vontade de fazer alguma coisa.
Qualquer coisa.
Gritar com Harrison de preferência.
Ele não seria trocado por um Weasley de todas as pessoas!
Neville mordia seus lábios para conter a risada que tentava lhe escapar do estado de Malfoy.
Estava realmente muito satisfeito com a escolha de Harrison como par.
Foi apenas no fim do jantar, quando toda a comida acabou que Draco registrou que não estava sendo trocado se ele e Harrison nunca tiveram nada.
Se ele nunca deixou que tivessem nada.
Mas ele queria que tivessem algo?
Ele perguntou no corredor a Harrison algo que não teve resposta, o que o garoto queria de Draco. Talvez estivesse na hora de se fazer a mesma pergunta.
O que ele queria de Harry Potter?
-x-x-x-
Quando entraram no salão, George notou algumas coisas. Como o sorriso de Hermione mal contido, os olhares na sua direção de deboche e que Harrison ficou tenso. Alguma coisa o incomodou apesar de manter o sorriso intacto, por isso o grifinório até tentou fazer uma piada sobre como o fogo na sala de Dumbledore foi bom, incentivando-o a comprar vestes descentes para a noite ao invés de um de seus pijamas.
Harry realmente riu disso e deve ter ficado lindo rindo para uma foto, esperava que os jornais pegassem justo essa, o melhor ângulo de Harrison era o momento exato em que brilhava em uma risada, mas George sabia que havia algo que o atormentou de algum modo. O deixou atento.
Eles sentaram-se na mesa e Percy por algum motivo estava lá, mas tratou como se nunca tivesse visto George exceto por um breve olhar que já dizia tudo.
Ele não aprovava o que George estava fazendo.
Somada a carta de seu pai, só podia imaginar os absurdos que seu irmão mais velho tinha colocado na mente dos pais antes que Arthur assumisse o controle e declarasse apoio a George.
Provavelmente, vindo de Percy, devia achar que era outra maldita brincadeira dos gêmeos. Uma de mau gosto.
Bem, que se exploda, George não estava afim de passar seu jantar ouvindo o idiota falar sobre o que devia ser uma promoção, o chefe incrível dele que sequer sabia seu nome, como deveria estar trabalhando no seu futuro para conseguir um emprego descente, ou sobre o maldito relatório de caldeirões que Percy passou o verão enchendo o saco de todos sobre.
Ao menos a tensão entre os irmãos fez Harry se preocupar em falar com George mais do que com aquilo que vinha observando. Ele pegou seu menu e se aproximou do parceiro:
— E se cada um pedir uma opção, mas experimentamos um do outro?
— Por isso ando com você, alteza, você fala minha língua – sorriu pegando seu próprio cardápio.
— Costelas de porco – disse Dumbledore em voz alta e os ocupantes na mesa viram seu prato ser preenchido com o que foi pedido.
Entendendo a lógica, George se focou em decidir com Harrison quais as melhores opções para eles naquela noite. Hermione e Krum, logo ao lado deles, conversavam animadamente.
— Bom, temos um castelo também, não é tão grande quanto este, nem tão confortável, eu acho.
— Eu acho Durmstrang caoticamente mais aconchegante – disse Harry, sem se importar em intrometer-se, Viktor não parecia se importar ou estaria falando mais baixo –, mas talvez seja porque me lembra de casa.
Hermione riu:
— Sua casa é caótica?
— São os filhos do meu tutor, contando comigo, somos quatro adolescentes perturbando-o, apesar de os documentos da maioria dizerem que já são adultos e deviam ter superado a fase rebelde.
— Sou filha única, cresci sozinha, foi diferente vir para Hogwarts e começar a sentir como se tivesse uma família maior na Grifinória, apesar de ter demorado um pouco.
— Sei como é.
Viktor sorriu:
— Harrison era nosso pequeno desajustado por um tempo, mas como pode ver no fim tudo acabou bem. Mas eu gostei daqui. Temos só quatro andares, e as lareiras só são acesas para finalidades mágicas. Mas a propriedade é ainda maior do que esta, embora no inverno a gente tenha muito pouca luz solar, por isso não aproveitamos muito os jardins. Mas no verão todo o dia sobrevoamos os lagos e montanhas...
— Ora, ora, Vítor! – disse Karkaroff, com uma risada que não se estendeu aos seus olhos frios. – Não vá contar mais nada agora, ou a nossa encantadora amiga vai saber exatamente onde nos encontrar!
Dumbledore sorriu, seus olhos cintilando.
— Igor, tanto segredo... a pessoa poderia até pensar que você não quer visitas.
Harrison queria mandar Igor a merda porque sabia exatamente o porquê de ele não estar gostando do par de Viktor e da conversa. Maldito sangue purista, mas ao mesmo tempo não queria concordar com Dumbledore por isso respondeu de imediato:
— Nossa escola não quer visitas, isso é um fato. Do contrário não esconderia tanto sua localização. Ela quer seus alunos apenas, mas não julgue um prédio por seu temperamento – acrescentou de forma mais gentil para Hermione.
Karkaroff ainda mostrou seus dentes amarelos para o colega de proteção:
— Meu aluno está certo – e parecia bem desgostoso em concordar com Harrison.
Os dois estavam.
Era um péssimo momento para ambos.
— Dumbledore, todos protegemos os nossos domínios, não? – continuou – Todos não guardamos zelosamente os templos de saber que nos foram confiados. Não estamos certos em nos orgulhar de que somente nós conhecemos os segredos de nossas escolas, e, mais uma vez, certos em protegê-las?
— Ah, eu nunca sonharia em presumir que conheço todos os segredos de Hogwarts, Igor – disse Dumbledore amigavelmente. – Ainda hoje... – mas o homem o interrompeu.
— Imagino, tem a câmara secreta e todos os incidentes com invasões. Sem contar esse ano com Potter nesta competição contra sua vontade. Esqueci que não somos todos preocupados com a proteção das escolas.
Harrison olhou para George para tentar não rir, pior decisão.
O Weasley ajudou o diretor da Durmstrang:
— Uh, imagine que às vezes nem precisamos ser invadidos para corrermos perigos, o próprio diretor pode atrair alguns. Acho que essa escola ensina mais sobrevivência que magia para os desafortunados. Harrison está ganhando o curso expresso, só isso.
Harry tentou cobrir a boca, mas mal teve tempo de alcançar os lábios antes que estivesse rindo.
George olhou para Hermione, como se a desafiasse a proteger Dumbledore naquele momento, mas a menina apenas corou e olhou para Krum, voltando ao assunto:
— Eu gosto bastante de Hogwarts, é bem diferente de tudo que eu tinha visto no mundo trouxa, mas também... – e continuava.
Percy Weasley começou a tagarelar em tom de repreensão como era bem verdade que nos últimos anos Hogwarts teve alguns problemas, mas garantiu que as coisas seriam diferentes com o bom trabalho dos aurores.
George não quis prestar atenção e viu Harrison tirar os óculos por um momento para limpá-los um pouco à frente do rosto.
Devia ser horrível para ele uma festa com tantas pessoas agitadas e deixando suas almas e magias soltas, mas os óculos com sua corrente eram um acessório ainda muito bonito junto com os demais.
Ele pareceu olhar por um tempo para a mesa dos professores da Durmstrang e o gêmeo acompanhou aquela direção vendo Lakroff Mitrica junto de sua acompanhante, conversando com uma mulher bonita de roxo e um homem que não conhecia.
— Aqueles são professores do que? Falando com seu vice-diretor?
— Não são professores – explicou Harry. – Aquela é Samanta Xatwin, acompanhante de Karkaroff e um parente dela, que está aqui para que não fique tão inapropriado uma mulher casada vir sem seu marido. O lorde Xatwin parece que está doente e não pôde vir. Ela também é a mãe de Blaise, caso não reconheça o nome.
— Entendi. E a garota com o professor Mitrica?
— Sua filha.
George sorriu.
Então era a irmã de Harrison? Estava oficialmente muito curioso.
— Acho que podemos pegar o risoto e o pato? Ou as costelas e o Pato?
— Gosto de carne – sorriu George e os dois finalmente pediram.
— Her-mi-o-ne – dizia a Grifinória lenta e claramente.
Viktor tentou repetir:
— Herm-on-nini.
— Está bastante parecido – disse ela.
Mas George riu em discordância:
— Gêmeos como eu e Fred.
Harrison deu uma risadinha:
— Que bom que Hermione não te forçou a aprender o modo correto antes de te aceitar como par, Heinz poderia ser quem a roubaria de você, não eu.
— Esses nomes em inglês que são complicados – se defendeu, mas sorria de seu próprio mal jeito.
— Ele ainda não consegue falar o de Neville corretamente – contou Harry se inclinando para Hermione. – Na maioria das vezes escorrega e diz Nevirir.
A garota deu uma risada tímida e George provocou:
— Sabemos que ele tem esperanças porque um dia aprendeu a dizer Harrison. Quanto tempo isso levou, já é outra questão.
Harry piscou para Viktor:
— Acho que foi o primeiro ano todo.
— Harrison – disse lentamente, como se para provar que agora conseguia.
George abriu um sorriso travesso:
— Certo, mas e algum dos novos? Consegue dizer Peverell sem errar três vezes rápido?
Viktor não conseguia e Harrison se viu rindo de outra onda de tentativas horríveis quase conseguindo se esquecer do que o deixou tão ansioso quando entrou no grande salão.
Não que seu olhar não vagasse como se levado por um imã com frequência naquela direção.
Para onde Voldemort estava sob o disfarce de parente de Lady Xatwin.
Espero que tenham gostado, o próximo vem ano que vem, mas já está começado, então não vai demorar muito.
Até lá, leiam meu livro, por favor! Se de alguma forma vocês gostam da história que escrevi para vocês e quiseram um dia me apoiar, agora é a hora, preciso de leitores para dar opinião sobre meu primeiro livro e vocês são meus favoritos <3
O livro está disponível apenas em ebook na Amazon e está é a capa:
Aguardo vocês lá e até a próxima!
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