O som metálico da campainha ecoou pela casa silenciosa. Esther estava no quintal, guiando Stiles em mais um exercício de controle mágico, mas sua atenção foi desviada pelo toque insistente. Ela ergueu os olhos, soltando um suspiro pesado.

— Continue praticando, Stiles. Preciso atender à porta.

Stiles assentiu, embora não conseguisse esconder a curiosidade sobre quem poderia ser.

Esther caminhou calmamente pela casa, já antecipando quem estaria do outro lado. Quando abriu a porta, encontrou exatamente o que esperava: seus filhos. Klaus estava à frente, os olhos ardendo com sua raiva habitual, enquanto Elijah permanecia logo atrás, sereno, mas atento. Kol e Rebekah pareciam desinteressados, embora seus olhares entregassem que estavam atentos a cada movimento. Freya, a mais velha, permanecia um pouco afastada, observando tudo com uma expressão indecifrável.

Klaus foi o primeiro a falar, sua voz carregada de sarcasmo e ameaça.

— Mãe, que surpresa agradável. Não esperava que estivesse tão... confortável em sua nova vida, escondendo-se como uma covarde.

Esther manteve a compostura, seus olhos fixos nos de Klaus.

— Niklaus, eu já esperava que viesse. Por favor, entre. Todos vocês.

O tom calmo da mãe surpreendeu os irmãos. Por um momento, Klaus hesitou, mas Elijah colocou uma mão em seu ombro, incentivando-o a aceitar o convite. Relutante, Klaus entrou, seguido pelos outros.

A sala era espaçosa, mas a presença dos Mikaelsons parecia preenchê-la completamente. Esther fechou a porta e voltou-se para os filhos, seus olhos refletindo algo que raramente demonstrava: arrependimento.

— Sei por que estão aqui — começou ela, a voz firme, mas com um toque de melancolia. — E antes que digam qualquer coisa, quero que me escutem.

Klaus cruzou os braços, um sorriso cínico curvando seus lábios.

— Escutá-la? Depois de tudo o que fez? Não vejo por que deveríamos.

Elijah, no entanto, interveio.

— Deixe-a falar, Niklaus. Viemos até aqui. Podemos ao menos ouvir o que ela tem a dizer.

Esther respirou fundo, encarando cada um de seus filhos antes de continuar.

— Eu vim a Nova Orleans não para causar mais dor, mas para tentar corrigir os erros do passado. Cometi muitos, especialmente contra vocês, meus filhos. Fui arrogante, cobicei poder e deixei isso me consumir.

Klaus deu uma risada amarga.

— Ah, que conveniente. Só levou séculos para perceber isso.

Esther ignorou o comentário e olhou diretamente para ele.

— Niklaus, sei que você tem mais motivos do que qualquer outro para me odiar. Tentei destruir o que você mais ama. Tentei tirar sua filha, Hope. E por isso... eu peço perdão.

O silêncio que se seguiu foi quase sufocante. Klaus parecia dividido entre sua raiva e a surpresa pelas palavras da mãe. Kol, sempre o provocador, quebrou a tensão.

— Bem, isso é novo. Mamãe implorando perdão. Alguém anote isso.

Rebekah revirou os olhos, mas Freya observava Esther com uma expressão pensativa, como se tentasse decifrar suas intenções.

Antes que alguém pudesse responder, passos vindos do corredor chamaram a atenção de todos. Stiles apareceu, os olhos curiosos enquanto analisava a cena. Ele parou ao ver os Mikaelsons, claramente desconfortável com os estranhos.

— Está tudo bem? — perguntou ele, olhando para Esther.

Esther virou-se para ele, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.

— Stiles, venha aqui. Quero apresentá-lo.

Stiles hesitou, mas acabou se aproximando, mantendo uma distância segura dos vampiros.

— Estes são meus filhos: Niklaus, Elijah, Kol, Rebekah e Freya.

Os olhos dos Mikaelsons pousaram no garoto, avaliando-o. Klaus foi o primeiro a falar, seu tom carregado de desconfiança.

— Então, este é o famoso garoto que tem atraído tanto sua atenção.

Stiles franziu a testa, claramente desconfortável com o tom do vampiro.

— É, acho que sou eu. Quem são vocês?

Kol sorriu, divertido com a ousadia do garoto.

— Nós somos os Mikaelsons, querido. A família mais disfuncional e mortal que você terá o prazer de conhecer.

Antes que Stiles pudesse responder, o som de um telefone tocando quebrou o momento. Ele puxou o celular do bolso e viu o nome de Scott na tela. Seu rosto endureceu.

— Um segundo — disse ele, atendendo a chamada. — O que você quer?

A voz de Scott soou do outro lado, hesitante, mas carregada de arrependimento.

— Stiles, eu... eu queria pedir desculpas. Fui um idiota. Não deveria ter te tratado como tratei.

Stiles deu uma risada curta, amarga.

— Pedir desculpas agora, Scott? Depois de tudo? Eu estava lá por vocês, sempre. Mas quando eu precisei, vocês me trataram como um monstro.

— Eu sei — disse Scott, a voz quase um sussurro. — E eu sinto muito. Por favor, me dê outra chance.

Stiles apertou o celular com força, a raiva transbordando em suas palavras.

— Outra chance? Eu gostei de matar aquelas pessoas, Scott. E se você ou qualquer um da sua matilha me incomodar de novo, eu juro que uso sua pele como jaqueta.

Sem esperar resposta, ele desligou o telefone e guardou-o no bolso, respirando fundo para se acalmar.

Os Mikaelsons o observavam em silêncio, claramente intrigados. Klaus foi o primeiro a falar, um sorriso predatório em seu rosto.

— Gosto dele.

Elijah lançou um olhar repreensivo para o irmão antes de se dirigir a Esther.

— Então, mãe, o que pretende fazer agora?

Esther cruzou as mãos diante de si, olhando para Klaus.

— Pretendo continuar o treinamento de Stiles. Ele tem um potencial que não pode ser ignorado.

Klaus inclinou a cabeça, avaliando a resposta.

— Então você não se importaria se ele ficasse sob minha proteção. Você e o garoto. No Complexo Francês.

Esther ergueu uma sobrancelha.

— Isso é um convite ou uma ordem?

— Uma precaução — respondeu Klaus, o sorriso nunca deixando seu rosto. — Não confio em você, mãe. E quero garantir que você não tente mais nada contra mim ou minha família.

Esther suspirou, mas assentiu.

— Muito bem, Niklaus. Aceito sua oferta.

Stiles, que estava quieto até então, olhou para Esther.

— O que isso significa?

— Significa que estaremos nos mudando para o Complexo Francês — respondeu ela calmamente.

Stiles suspirou, já sentindo que sua vida estava prestes a se complicar ainda mais.