Capítulo Trinta e Quatro
Victor Jones:
Urlac me conduziu pelas profundezas do mundo espiritual, seus passos firmes guiando-me através de paisagens etéreas que se estendiam infinitamente. Enquanto avançávamos, meus olhos se maravilhavam com a riqueza de detalhes antes despercebidos. As cores eram mais vivas, os contornos mais nítidos, e o ar estava impregnado de uma magia que envolvia todos os sentidos.
Caminhando ao lado de Urlac, eu absorvia cada vislumbre dessa realidade oculta. Árvores espirituais erguiam-se majestosas, com folhagens eternamente verdes, enquanto riachos de água brilhante serpenteavam entre pedras preciosas que adornavam seu leito. Criaturas misteriosas, meio visíveis, meio incorpóreas, flutuavam no ar, criando um caleidoscópio de formas e cores que dançavam ao nosso redor.
Então, algo ainda mais extraordinário aconteceu. Pequenos espíritos, como faíscas de luz cintilante, começaram a surgir ao meu redor, atraídos pela minha presença no mundo espiritual. Eram como vagalumes de dimensões superiores, suas formas brilhantes e delicadas dançando no ar, como se me cumprimentassem com alegria.
Esses espíritos curiosos logo encontraram abrigo em meus ombros, sentando-se ali com uma sensação de leveza e benevolência. Suas vozes ecoavam em minha mente, sussurrando segredos antigos e histórias que só os espíritos conheciam.
Urlac observou com um sorriso enquanto eu me familiarizava com essas pequenas presenças luminosas.
— Você está sendo aceito por este lugar, Victor — declarou com satisfação. — Esses espíritos são sensíveis às almas nobres e estão dispostos a compartilhar seus conhecimentos contigo. Nem com Camilla isso aconteceu; os espíritos estavam mais assustados com ela. Acho que nenhum guardião se conectou tanto com os espíritos como você.
Olhei para os espíritos, sentindo-me honrado por sua presença.
— Eu os recebo de bom grado — respondi com gratidão, consciente de que eles estavam respondendo em sua língua antiga.
Enquanto eu me movia pelo mundo espiritual com Urlac ao meu lado e os pequenos espíritos brilhantes adornando meus ombros, o cenário em constante mudança continuava a me surpreender. Descobri que o mundo espiritual era um lugar de infinita diversidade e maravilhas.
Passamos por riachos de águas cintilantes onde seres aquáticos translúcidos nadavam graciosamente, suas formas fluidas se transformando em uma dança etérea. Em seguida, nos encontramos sob a copa de árvores espirituais gigantes, cujas folhas emitiam melodias quando a brisa espiritual passava por elas.
Urlac me guiou até um campo onde flores de todas as cores do arco-íris desabrochavam sob a luz espiritual, exalando fragrâncias que enchiam meu ser de tranquilidade. Era um lugar de beleza indescritível e serenidade.
— Este é o mundo que poucos têm a oportunidade de ver e experimentar, Victor — disse Urlac com reverência. — Você é agora um visitante honrado, e o mundo espiritual responde à sua presença.
A voz de Urlac era uma mistura de respeito e admiração, e eu me sentia profundamente humilde diante da magnificência desse reino espiritual.
— Obrigado, Urlac — respondi sinceramente. — É verdadeiramente uma experiência única e surpreendente.
À medida que continuávamos nossa caminhada, eu sabia que a ligação com esse mundo mágico estava apenas começando e que a promessa de um contrato entre nós revelaria ainda mais mistérios e aventuras emocionantes. O mundo espiritual era vasto e cheio de segredos, e eu estava ansioso para desvendá-los ao lado de meu novo amigo espiritual, Urlac, e dos pequenos espíritos que agora me acompanhavam.
Enquanto percorríamos o mundo espiritual, nossos olhos capturavam vislumbres fugazes de maravilhas que desafiavam a imaginação. Mas, em meio a essa beleza espiritual, algo chamou minha atenção. No canto do meu campo de visão, vislumbrei uma pequena parte sombria de um portal que se abria para um mundo desconhecido.
Minha curiosidade foi imediatamente substituída por uma sensação de apreensão quando percebi que aquela abertura estava impregnada de uma escuridão profunda e perturbadora. Era como se o próprio abismo estivesse se manifestando através daquele portal, e o ar em volta parecia encharcado de desespero.
Antes que eu pudesse reagir, Urlac agiu com uma rapidez impressionante, puxando-me para longe daquele local sombrio no exato momento em que o portal começou a se desfazer, desaparecendo como areia sendo carregada pelo vento.
Ofegante e ainda sob o impacto do que tinha testemunhado, questionei Urlac com urgência.
— O que era aquilo?
Urlac franziu a testa, sua expressão se transformando em desgosto.
— Era um mundo prisão — respondeu sombriamente. — Um lugar onde almas perdidas e condenadas são aprisionadas em tormento eterno. É um dos aspectos mais sombrios e tristes do mundo espiritual. Se ele surgiu agora, significa que vai voltar. Devo avisar meu pai.
Os pequenos espíritos desapareceram em segundos.
— Melhor eu voltar para o mundo real — falei, e Urlac assentiu.
— Sim, deve ser muito perigoso neste momento — disse Urlac, desaparecendo logo em seguida.
Deixei o mundo espiritual me puxar de volta para a realidade em segundos, sentindo o peso da experiência que acabara de vivenciar e a promessa de mais descobertas por vir.
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Abri os olhos, retornando ao meu lugar de meditação em completa calma. Sentei-me e observei ao meu redor, notando que os pequenos espíritos que momentos atrás haviam se aglomerado alegremente à minha volta haviam desaparecido deste lugar em questão de segundos.
A ausência deles me intrigou profundamente. Era evidente que algo no mundo espiritual havia se alterado de maneira súbita e drástica. Perguntei-me se aquilo tinha alguma relação com o enigmático portal sombrio que Urlac havia me afastado tão rapidamente.
Enquanto ponderava sobre esses eventos incomuns, um som oco ecoou à porta do meu lugar de meditação, o som de uma mão batendo contra a madeira. Levantei-me com calma e respondi:
— Entre.
A porta se abriu, e Erick adentrou, seu semblante carregando uma expressão de preocupação palpável.
— É um alívio que esteja tudo bem — ele começou, antes de corrigir sua fala com uma expressão levemente embaçada. — Quero dizer... estava procurando por você por todos os lados.
Dei um leve sorriso para acalmá-lo.
— Estava apenas fazendo uma visita ao mundo espiritual e encontrei Urlac — expliquei, enquanto Matt e Marko entravam na sala e pousavam em meu colo, emitindo um som de cumprimento. Fiz carinho em suas cabeças com ternura, agradecido por sua presença constante.
No entanto, apesar da serenidade aparente, eu sabia que os eventos recentes no mundo espiritual eram um lembrete de que a fronteira entre os mundos podia ser instável e misteriosa, e eu estava determinado a descobrir o que estava acontecendo.
Erick permaneceu ali por um momento, aliviado por minha segurança, mas seus olhos refletiam a intriga diante da menção ao mundo espiritual. Ele parecia curioso e, ao mesmo tempo, cauteloso sobre esse aspecto da minha vida que ele ainda não compreendia completamente.
— O mundo espiritual — ele murmurou pensativamente. — É fascinante e, ao mesmo tempo, enigmático. Você parece ter uma conexão única com ele, Victor. Lembro que nenhum outro guardião na história teve tal conexão.
Eu assenti, reconhecendo a verdade em suas palavras.
— Sim, fiquei sabendo disso — falei, divertido.
Nesse momento, Matt emitiu um suave gorjeio, como se compartilhasse a mesma determinação. Era como se ele soubesse que algo estava em jogo e estava disposto a estar ao meu lado, independentemente dos desafios que enfrentássemos.
Erick concordou com um olhar respeitoso.
— Senhor Victor, você pode me dizer como é o mundo espiritual? — Erick pediu. — Quero saber se é como o que li nos livros.
— Posso falar só o que vi, não tenho muito como explicar — respondi.
— Mas você está mais próximo dos espíritos — Erick disse, sentando-se em uma cadeira. — Qualquer coisa conta.
Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas para descrever o indescritível.
— O mundo espiritual é... vasto e cheio de maravilhas — comecei. — Imagine um lugar onde as cores são mais vivas, onde cada detalhe é mais nítido. Árvores gigantes com folhas eternamente verdes, riachos de água brilhante que serpenteiam entre pedras preciosas, e criaturas misteriosas que flutuam no ar, criando um espetáculo de formas e cores. É um lugar onde a magia é palpável, envolvendo todos os sentidos.
Erick ouviu atentamente, seus olhos brilhando com fascinação.
— E os espíritos... — continuei. — Eles são como faíscas de luz cintilante, pequenos vagalumes de dimensões superiores que dançam no ar. Eles são curiosos e benevolentes, sussurrando segredos antigos e histórias que só eles conhecem.
Erick assentiu, absorvendo cada palavra.
— Isso soa... incrível — ele murmurou. — E ao mesmo tempo, há essa escuridão... esse portal sombrio que mencionou. O mundo espiritual parece ser um lugar de contrastes.
— Sim, exatamente — concordei. — É um lugar de infinita beleza, mas também de perigos desconhecidos. A fronteira entre os mundos é instável, e eu sinto que ainda temos muito a descobrir sobre o que está acontecendo.
Erick me olhou com uma mistura de respeito e admiração.
— Obrigado por compartilhar isso comigo, Victor. Eu sinto que estamos apenas começando a entender a profundidade do mundo espiritual. E com sua conexão única, sei que vamos desvendar muitos mistérios juntos.
Sorri.
A porta se abriu novamente e Merlin entrou, com as pontas do cabelo levemente congeladas e o rosto divertido salpicado com pedaços de neve.
— Como foi sua... — comecei, mas parei ao perceber que não sabia o que ele tinha feito depois do café. — Você está um desastre completo.
— Tive uma missão no mundo humano, e Aurora foi comigo. A criatura que nos atacou era do elemento gelo e, antes que conseguíssemos pegá-la, ela deu o bote e me atacou. Aurora achou que seria uma ótima ideia usar magia para lançar uma enorme bola de neve em cima de mim — explicou Merlin, jogando-se na cama. — Mas conseguimos capturar a criatura antes que fizesse mais alguma vítima humana.
Imaginei Merlin e Aurora competindo para capturar a criatura e ri da cena em minha mente.
— Você já foi mais humilde — resmungou Merlin, com um sorriso no rosto.
Matt voou do meu colo e pousou sobre a cabeça de Merlin. Olhei para a cena e tirei uma foto, não conseguindo conter o riso.
— Isso é bastante fofo e engraçado ao mesmo tempo — falei.
Merlin levantou a cabeça minimamente e me mostrou um sorriso.
— Só você para achar graça disso — disse ele.
— Acho graça porque é você — respondi, sentindo uma onda de calor ao ver o leve rubor em seu rosto.
Merlin desviou o olhar por um momento, um sorriso tímido se formando em seus lábios.
— Você sabe como fazer alguém se sentir especial, Victor — ele murmurou.
Sentei-me ao lado de Merlin na cama, sentindo a proximidade de nossos corpos. Toquei suavemente seu cabelo ainda úmido e gelado, sentindo a textura entre meus dedos.
— Você merece se sentir especial, Merlin. Sempre — disse, minha voz suave e cheia de sinceridade.
Ele levantou os olhos para me encarar, e por um momento, o mundo ao nosso redor parecia desaparecer, deixando apenas a conexão entre nós.
— Obrigado, Victor. É bom saber que tenho alguém como você ao meu lado — sussurrou Merlin, sua mão encontrando a minha.
Entrelaçamos nossos dedos, e senti uma corrente de energia passar por nós, fortalecendo nosso vínculo. O toque era reconfortante, um lembrete de que, não importando os desafios que enfrentássemos, estaríamos juntos.
— Sempre — respondi, apertando sua mão levemente, sabendo que essa simples palavra carregava todo o peso da promessa que fizemos um ao outro.
Nos olhamos por mais um momento, apreciando a proximidade e a confiança que compartilhávamos. Merlin sorriu, e eu sabia que, apesar das adversidades, tínhamos algo especial que nos guiaria através de qualquer tempestade.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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