Victor Jones:

O semestre escolar voou, e logo percebi que os espíritos ao meu redor se tornavam cada vez mais sinceros. No entanto, mesmo com essa crescente confiança espiritual, eu sabia que não podia baixar a guarda, especialmente ao visitar o palácio. O rei afirmava estar ao meu lado, mas meu coração relutava em confiar plenamente, sabendo que qualquer erro poderia resultar em um ataque da Meteora.

Os dias passavam rapidamente, e eu estava proibido de retornar ao reino mortal, a menos que fosse absolutamente necessário ou até que me comprometesse com a festa que se aproximava. Felizmente, estudar magia era uma experiência completamente diferente dos estudos convencionais, o que tornava minha preparação menos monótona.

Enquanto me preparava para a festa, tive a oportunidade de conhecer a rainha mais de perto. Ela era uma mulher amável e demonstrava um profundo interesse pelos filhos. Sua personalidade calorosa e foco na família a tornavam uma rainha de bom coração, que valorizava mais os assuntos familiares do que as questões políticas. Quando chegamos ao palácio, ela imediatamente envolveu seus filhos em um abraço afetuoso.

Eu permaneci ao lado de Merlin, observando a rainha com curiosidade. Minha ansiedade era palpável, tanto que mordi meu lábio com força. Fiquei surpreso ao perceber que os olhos da rainha brilhavam com uma certa inveja.

O castelo da rainha ocupava o centro do palácio, seguido pelo do herdeiro e, por último, pela residência de Rafael. O último castelo pertencia a um conde famoso por sua produção de seda azul, um luxuoso produto apreciado pela realeza e pela nobreza. Gerações da família Fidelo colecionaram livros raros graças aos recursos abundantes provenientes da produção de seda azul.

Eu me perguntava que tipo de vestimenta seria apropriada para essa festa, tão distante do meu estilo usual. No entanto, descobri que o chefe da família da rainha, várias gerações atrás, também era um colecionador de livros raros, o que havia estabelecido uma conexão entre eles.

A rainha que agora nos recebia se chamava Daniela Watford, uma mulher de aparência suave, semelhante aos seus filhos. Ela parecia sorrir a cada palavra que proferia, como se fosse natural para ela irradiar felicidade enquanto governava seu reino. Eu não conseguia evitar ficar intrigado com sua expressão constantemente sorridente.

— Vocês percorreram um longo caminho, minhas crianças — disse a rainha aos filhos. — Levem suas malas para dentro.

Um pequeno grupo de empregados logo se formou para levar Aurora e Rafael para longe. Agora, éramos apenas Merlin, a rainha e eu.

— Eu sou Daniela Watford, a rainha deste país. É um prazer conhecê-los — disse a rainha com uma reverência graciosa. — Sinto-me honrada em receber o Guardião em minha festa de casamento.

Eu finalmente estava conhecendo melhor a rainha Daniela, uma mulher de aparência meiga e traços encantadores. Ela parecia ter um sorriso perene, talvez porque sua abordagem calma e sincera à governança a tornasse assim.

— Pedimos desculpas pela visita repentina. Eu sou Merlin Shinewood — Merlin se apresentou, fazendo uma reverência que me surpreendeu.

— É um enorme prazer conhecer a rainha de Florença — acrescentei, fazendo uma reverência também. — Pode me chamar de Victor Jones.

A rainha continuou com seu sorriso suave, segurando minha mão com ambas as mãos. Sua saudação era calorosa, mas o aperto era surpreendentemente firme, causando um desconforto momentâneo em minha mão já frágil. A dama de companhia ao lado percebeu e rapidamente se ofereceu para nos mostrar o palácio.

Lamentei que ela não tivesse feito isso antes de apertar minha mão com tanta força.

A dama de companhia que estava ao lado da rainha, percebendo o aperto firme da minha mão, interveio de maneira graciosa.

— Permitam-me levá-los para um breve tour pelo palácio, onde poderão se instalar antes da festa começar — ela sugeriu, aliviando a pressão sobre minha mão dolorida.

Aceitamos a oferta com gratidão e começamos a seguir a dama de companhia pelos corredores ornamentados do palácio. Enquanto caminhávamos, a rainha Daniela continuou a falar com Merlin e eu, compartilhando mais sobre a história de Florença e como a tradição de colecionar livros raros estava profundamente enraizada na cultura do reino.

— Florença sempre valorizou o conhecimento e a sabedoria, e essa tradição de colecionar livros raros tem sido passada de geração em geração — explicou a rainha, com entusiasmo. — É por isso que nosso convidado de honra, o Guardião, é tão especial para nós. Seu papel na proteção do conhecimento é inestimável.

Merlin e eu trocamos olhares, reconhecendo a importância da nossa missão. Enquanto continuávamos a conversa, a dama de companhia nos conduziu por salões grandiosos e quartos luxuosamente decorados.

— Este é o seu quarto, Guardião Victor Jones, onde você pode se preparar para a festa — anunciou a dama de companhia, abrindo a porta de um quarto deslumbrante, com cortinas de seda azul e móveis elegantemente entalhados.

Agradecemos à dama de companhia e entramos no quarto, deixando espaço para que Merlin fosse conduzido ao seu próprio quarto nas proximidades.

Enquanto eu começava a me arrumar para a festa, ouvi a voz de Merlin ecoando do quarto ao lado.

— Victor, você percebeu como a rainha estava genuinamente interessada em nós? Parece que ela realmente valoriza o conhecimento e a cultura.

Concordei com Merlin enquanto ajustava minha gravata.

— Sim, é impressionante. Espero que isso signifique que teremos uma parceria produtiva durante a festa e, quem sabe, possamos aprender mais sobre os segredos deste reino.

Nossos pensamentos estavam voltados para a missão que nos trouxe até ali e para o desafio que nos aguardava durante a festa de casamento da rainha. À medida que nos preparávamos para o evento, estávamos cientes de que teríamos que ficar atentos a cada detalhe, pois o futuro do conhecimento estava em nossas mãos.

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O conhecimento sobre a história da família real de Florença se tornava mais claro à medida que explorávamos o palácio. Sabia que o filho mais velho do casal real havia falecido de peste há dez anos, deixando Aurora como herdeira do trono, pronta para assumir o governo quando necessário.

Enquanto admirávamos os corredores ornamentados do palácio, uma pintura antiga capturou minha atenção. No meio do corredor, pendurada na parede, estava uma obra que retratava os ancestrais da família real. No centro, um jovem que me parecia familiar, embora eu não conseguisse explicar por quê. Era como se meu coração e minha mente soubessem quem ele era.

A rainha Daniela e sua dama de companhia, Diana, pararam diante da pintura. A rainha explicou:

— Este é o guardião Carlos, que se casou com um membro da nossa família Watford séculos atrás. Ele se parece um pouco com o senhor, Victor, mas é claro, o senhor é mais bonito.

O rapaz na pintura, Carlos, tinha cabelos loiros, olhos verdes e uma aura de serenidade. Seu cabelo longo estava elegantemente preso, e ele usava uma vestimenta imperial com uma gola larga, a mesma que seu marido, ambos de mãos dadas.

Eu não pude deixar de reconhecê-lo.

— Carlos... Não, ele é o rei regente Carlos Watford — eu disse, minha voz carregada de surpresa. — Ele nasceu como um membro do reino das fadas e trouxe o conhecimento da magia divina feérica para outros países.

Diana interveio, compartilhando mais sobre Carlos.

— Sim, ele veio ao nosso mundo com preciosos livros do reino das fadas, o que resultou em um acordo entre os feéricos e as outras nações. Acredito que ele tenha sido o primeiro a trazer a primeira edição de 'O Reino Perdido'.

Minha curiosidade foi imediatamente despertada.

— Se não se importa, gostaria de dar uma olhada nesses livros mais tarde — solicitei.

Diana concordou prontamente.

— Claro, vou providenciar para que tragam os livros até você.

Embora a perspectiva de me encontrar com o rei não me empolgasse muito, eu estava entusiasmado com a oportunidade de acessar a biblioteca real.

— Agradeço imensamente — respondi.

Após me estabelecer no quarto onde ficaria hospedado temporariamente, comecei a arrumar minhas coisas. Fui surpreendido quando um grupo de empregados entrou no quarto e começou a me vestir.

Eles me envolveram em uma roupa adornada com o emblema da família real de Florença. A vestimenta era tão elegante e bem elaborada que parecia um uniforme de batalha real, com pedras preciosas delicadamente costuradas ao longo das mangas. Sentei-me calmamente enquanto as mãos hábeis dos empregados cuidavam de cada detalhe.

A maquiadora que estava trabalhando em meu cabelo e aparência perguntou:

— O senhor guardião está perfeito! Está se sentindo bem por ser apresentado a nobres de diversas nações?

Eu virei minha cabeça, fingindo não estar ciente desse plano. Parecia que em todos os lugares eu era tratado como um troféu, e a empregada riu alto, como se eu fosse uma adorável peça de decoração.

— Não se preocupe enquanto se veste e fica elegantemente vestido.

— Certo. Além disso, ele é sempre tão tranquilo e obediente.

— É uma honra para a família real ter o guardião ao nosso lado.

Os elogios continuavam a fluir, mas desta vez eram por não reclamar, algo que raramente me acontecia. Na verdade, costumava receber elogios por coisas simples, simplesmente por ser reconhecido como o guardião. Internamente, eu estava envergonhado e me sentindo um pouco desconfortável com tantos elogios.

A empregada logo me trouxe um espelho, perguntando:

— Senhor, gostaria de ver o seu reflexo?

Meus olhos se iluminaram pela primeira vez, e meu coração acelerou um pouco. Ao olhar para o espelho, fiquei momentaneamente surpreso com a imagem refletida.

Era como se o espelho me mostrasse de uma forma que eu nunca havia percebido antes. Minha aparência estava deslumbrante.

— Senhor, não gostou? — a empregada perguntou, olhando para mim com preocupação.

Eu percebi que estava olhando fixamente para o espelho por tempo demais.

— Não, estou apenas pensando em outra coisa — respondi rapidamente, e a mulher guardou o espelho.

Eu podia sentir os espíritos da luz, que sempre pairavam ao meu redor, especialmente vibrantes sob a luz da primavera. Distrai-me pensando nisso até que alguém bateu à minha porta.

— Está na hora — informaram do outro lado da porta, e eu me levantei da frente da penteadeira, pronto para enfrentar o que a noite na festa de casamento da rainha de Florença nos reservava.

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Gostaram?

Até a próxima 😘