Capítulo Sessenta
Victor Jones:
Retornei à floresta, um lugar que, em questão de segundos, havia mudado de forma irreversível. O dano à dimensão mágica era profundo e, embora esperasse que tudo voltasse ao normal, era difícil acreditar que isso fosse possível em tão pouco tempo.
Ao chegar, encontrei os outros reunidos em frente aos portões do palácio de emergência. Eles se abraçavam e trocavam congratulações, compartilhando um alívio palpável após a tempestade. Apesar da agitação, eu precisava de um breve momento de descanso e pedi que cuidassem dos feridos. Eles se mobilizaram imediatamente, e eu me retirei para um canto, em busca de um pouco de paz.
Fui informado de que levaria duas semanas inteiras para reconstruir todas as áreas devastadas da dimensão mágica. Urlac mencionou que o reino dos espíritos ofereceu ajuda, mas o conselho mágico havia recusado, forçando-nos a depender de nossos próprios esforços para a recuperação.
Finalmente, consegui um tempo para estar com minha família no mundo humano. O alívio em seus rostos ao me ver de volta com vida era inegável. Carla e Brian aproveitaram a oportunidade para visitar suas próprias famílias, cada um lidando à sua maneira com a recente tempestade.
Anna havia partido em busca de Aurora, claramente para evitar discutir a situação difícil de seus pais. Quando o castelo começou a desmoronar, ela agarrou seus irmãos e o cavaleiro e fugiu o mais rápido possível daquele lugar infernal.
Ao voltar para casa, minha mãe ligou a televisão. O noticiário estava repleto de imagens confusas de cidades ao redor do mundo em estado de alerta. Relatos de explosões e luzes estranhas surgiram de várias cidades, com pessoas escapando por pouco de serem esmagadas. As câmeras capturavam apenas imagens distorcidas e desfocadas, tornando difícil entender o que realmente estava acontecendo. Especialistas especulavam sobre terrorismo, mas parecia que os danos eram temporários, apenas luzes misteriosas e perturbadoras. Eventualmente, as autoridades suspenderam o alerta.
Minha mãe me olhou, e eu me senti um pouco envergonhado, afundando no sofá.
— Você acha que posso ganhar algum dinheiro vendendo suas fotos, usando seus poderes? — perguntou Max, pensativo.
— Não force a barra — respondi, rindo levemente.
Charlie soltou uma risada calorosa.
— Vejo que, mesmo após tudo o que aconteceu, você ainda é o mesmo Max de sempre — comentou Charlie, bagunçando meus cabelos. — Tente descansar um pouco agora. Todos nós precisamos de tempo para nos recuperar.
Eu não me importei com as brincadeiras de Max. O que eu mais desejava naquele momento era um descanso profundo e a chance de acalmar minha mente após todas as experiências angustiantes.
Apesar de ter passado tanto tempo desde a última vez que estive em meu quarto, me senti um pouco deslocado ao vê-lo novamente. Tentei dormir, mas o sono não veio. Em vez disso, fiquei parado na frente da janela, observando o nascer do sol que dourava o céu. Em meio ao silêncio, perdido em meus pensamentos, uma pequena criatura voou e pousou na beirada da janela. Matt, o nosso animal de estimação, pulou para o meu colo e adormeceu instantaneamente. Minutos depois, outra criatura apareceu na beirada da janela. À primeira vista, parecia um pequeno pássaro cinza, mas logo sua forma começou a se transformar, revelando olhos astutos. Sua aparência mudou para a de um homem com cabelos cinza, vestindo calças jeans rasgadas e um colete da mesma cor.
— Wililas — eu disse, um sorriso se formando em meus lábios.
— Vejo que está pensativo. Deveria celebrar sua grande conquista — Wililas comentou, com um olhar compreensivo.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, curioso. — Ouvi que você havia escapado dos outros quando saíram daquela dimensão-prisão.
— Aproveitei a oportunidade para ver como o mundo mudou enquanto estive naquele lugar. Além disso, é uma precaução para evitar que os magos tentem me capturar novamente — Wililas explicou, seu tom leve e amigável. — Vim apenas para verificar como você está. Muitos dizem que você derrotou o rei das sombras de uma vez por todas.
— Agradeço — eu disse sinceramente, e ele voltou seu olhar para fora da janela.
— Devo me despedir por agora, mas saiba que podemos nos encontrar quando o destino assim permitir — disse ele com um sorriso. — Agora, quero aproveitar minha recém-adquirida liberdade. E qual a melhor maneira de fazer isso senão visitar o mundo humano? Viva a sua glória, guardião!
— Estou curioso para saber o que fará agora que está livre após tanto tempo — comentei, observando-o pular para fora da janela e se transformar em um pássaro, voando pelos céus.
Fiquei ali, observando-o se afastar, enquanto acariciava a cabeça de Matt, que ainda dormia em meus braços. Marko surgiu ao meu lado, e eu fui para a cama, deitando-me com os dois. Apesar do desejo de descanso, a mente não parecia querer desacelerar.
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Passaram-se duas semanas num piscar de olhos e, finalmente, fui convocado para o prédio onde todos os registros mágicos e magos se reuniam para uma celebração, ou, pelo menos, era isso que eu imaginava que seria.
Ao entrar, encontrei todos os líderes das nações e países sentados em uma longa mesa, junto com os membros que mantinham a ordem no mundo mágico. A assembleia era imponente, um verdadeiro painel de poder e autoridade.
O rei Orwen, que estava encarregado de comandar a reunião, era uma figura familiar para mim, pois havia passado grande parte do meu treinamento sob sua supervisão. Alguns consideravam sua liderança adequada para o evento, inclusive Seniana, que estava ao lado da rainha e seus filhos. No entanto, havia olhares de desconfiança voltados para a dama de companhia da rainha, o que só adicionava tensão ao ambiente.
Merlin estava ao meu lado, e era a primeira vez que nos encontrávamos pessoalmente em duas semanas. Ele me lançou um sorriso encorajador, tentando transmitir força, mas eu estava cada vez mais ansioso para sair daquele ambiente opressor.
No canto da mesa, estava o sumo sacerdote Horeom. Seu olhar se voltou brevemente para mim antes de retornar ao rei. Na última cadeira, brilhante como a luz do dia, estava o rei dos espíritos, uma presença que não podia ser ignorada.
Urlac me informou que seu pai nunca havia participado de uma reunião para discutir a ordem mágica em toda a sua existência e teria tomado a mesma decisão, se tivesse a oportunidade. A arrogância que pairava no ar era palpável; nem mesmo Shinewood, que lutou bravamente ao nosso lado, foi devidamente elogiado. Embora alguns magos e cavaleiros tenham sido reconhecidos como heróis, os outros três pareciam ser esquecidos.
— Expliquem — ordenou o rei Orwen finalmente. — Expliquem em detalhes o que aconteceu durante a missão de vocês.
Não havia motivo para esconder nada. Minhas palavras foram calmas, mas ressoaram pelo salão com uma clareza desconcertante. Falei sobre tudo, desde o início da missão até o fim, embora omiti a parte sobre Maryse e Demétrio Shinewood. Quando terminei, um silêncio pesado tomou conta do salão. Os presentes pareciam mais inseguros sobre o que fazer a seguir do que qualquer outra coisa. A espera pela resposta deles era palpável.
Finalmente, o rei Orwen retomou a palavra.
— Vocês conseguiram salvar as dimensões e evitar uma catástrofe iminente. Reduziram o número de mortes que poderiam ter ocorrido. Agradecemos pelo serviço prestado ao mundo mágico — disse ele, e, de repente, todos se ajoelharam diante de mim. Por um momento, cada membro presente naquele salão prestou homenagens a mim. Em seguida, Orwen se levantou e, com um olhar severo, prosseguiu. — No entanto, não sabemos como lidar com os outros quatro que os acompanharam — declarou ele, dirigindo um olhar de desdém para Anna, Duncan e Merlin. — A lealdade, Guardião... A lealdade à ordem mágica é fundamental. Precisamos discutir isso em particular antes de chegarmos a um veredicto...
À minha esquerda, uma voz interrompeu.
— Eu desejo fazer uma intervenção e oferecer minha opinião sobre este assunto.
Olhei para o lado e vi o rei dos espíritos, agora ao meu lado, vestindo trajes que lembravam um monge.
— O rei dos espíritos — murmurei para mim mesmo, maravilhado.
Todos na sala se curvaram profundamente, apoiando-se em um joelho. O rei dos espíritos caminhou com majestade até a mesa e tomou seu lugar na longa mesa, sua presença parecia iluminar o ambiente.
— Muito bem! — ele declarou, sua voz ecoando com uma autoridade inabalável. — Qual é a decisão que estão considerando em relação aos nossos heróis?
O salão estava em silêncio, todos aguardando a resposta do rei dos espíritos, como se o peso de sua presença fosse o fator decisivo para o próximo passo. A tensão era palpável, e eu me sentia entre aliviado e ansioso, esperando para ver como essa intervenção influenciaria o rumo dos eventos.
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Antes mesmo que o rei dos espíritos fizesse qualquer movimento, a movimentação no salão foi frenética. Servos e oficiais se apressaram para servi-lo da melhor maneira possível, e eu precisei morder o lábio para não rir diante da cena de subserviência.
O rei dos espíritos parecia visivelmente entediado com toda a pompa e formalidade. Enquanto Orwen discursava longamente sobre a bravura dos heróis para o rei dos espíritos, alguns presentes estavam tão ansiosos que pareciam à beira do desmaio. A atmosfera estava carregada de tensão e expectativa.
Merlin se aproximou e ficou ao meu lado, o olhar preocupado.
— O que está acontecendo? — sussurrou ele. — Por que o rei dos espíritos veio para cá?
— Bem, Urlac me disse que, como salvamos o reino espiritual, eles nos deviam um favor — expliquei. — Enviei uma mensagem para que ele viesse aqui e garantisse que os líderes das nações ou os membros da ordem mágica não tomassem nenhuma decisão injusta.
Quando Orwen finalmente terminou sua longa explanação, o rei dos espíritos levantou a mão com um gesto delicado e imponente.
— Está sugerindo que deseja reverter as ações dos outros quatro que nos ajudaram a salvar — declarou o rei dos espíritos. — Eles merecem tanto reconhecimento quanto os outros magos que lutaram nesta batalha.
Eu sorri amplamente, sabendo exatamente o que ele estava prestes a fazer.
— E quanto aos meus irmãos Shinewood e ao cavaleiro — continuou Orwen, claramente desconfortável —, estamos gratos... bem, gratos por sua ajuda.
Anna e Merlin assentiram com um orgulho visível, e eu sabia que eles tinham conquistado esse direito. Eles trocaram tapinhas amigáveis nos ombros, e Duncan parecia mais feliz do que nunca.
— E, claro — Orwen prosseguiu, embora parecesse engolir espinhos —, devemos... hum... agradecer-lhes por esse feito.
— Desculpe, rei Orwen — interrompi, com um tom de inocência. — Não consegui ouvir direito.
— Também não consegui ouvir nada — acrescentou o rei dos espíritos, com um tom de leve ironia.
— Devemos agradecer às crianças Shinewood — Orwen resmungou, visivelmente contrariado. — Sem elas, teria sido difícil...
— Difícil? — perguntei, fingindo não entender.
— Impossível — Orwen finalmente admitiu, a relutância em sua voz. — Teria sido impossível derrotar o rei das sombras, seus demônios e os aliados que ele reuniu.
Os líderes das nações murmuraram em concordância e aplaudiram em aprovação, aplaudindo não apenas pela vitória, mas pela justiça que estava sendo restaurada.
— Agora, resta apenas... — o rei dos espíritos continuou, interrompendo Orwen, que parecia afundar em sua cadeira como se tivesse levado um golpe. — A questão de reconhecer e recompensar nossos jovens heróis, que defenderam as dimensões com bravura. Acredito que todos nós, aqui na mesa da Ordem Mágica, concordamos que eles merecem uma recompensa.
O rei dos espíritos olhou ao redor da mesa, e os líderes começaram a se mexer inquietos em seus assentos, como se a decisão estivesse pendente em um fio.
— Guardião, seja o primeiro a fazer seu pedido — o rei dos espíritos apontou para mim, e todos os olhares se voltaram para mim.
— Eles devem ser reintegrados aos registros mágicos — afirmei, dando um passo à frente. — Além disso, quero a liberdade de entrar e sair da dimensão mágica sem restrições.
— Eu também quero que as terras de nossa família sejam devolvidas a nós — Merlin disse, ficando ao meu lado.
— O que desejo não é para mim — Anna acrescentou. — Quero que removam as correntes de punição de nossa mestra, Meteora. Ela foi acorrentada quando usou sua magia para curar as pessoas feridas durante a invasão do exército do rei das sombras. As correntes foram parcialmente retiradas e depois reaplicadas quando a crise passou.
Duncan deu um passo à frente, sua voz cheia de orgulho.
— Quero ter a oportunidade de me tornar um conjurador oficial, sem que ninguém possa interferir — Duncan declarou, olhando diretamente para alguns membros da arquibancada, que começaram a se mexer desconfortavelmente sob o olhar penetrante do rei dos espíritos.
— Dos cinco... — o rei dos espíritos continuou, voltando-se para o cavaleiro. — Quatro revelaram seus desejos. E quanto ao cavaleiro imortal, o que deseja como recompensa?
— Já faz tanto tempo que nem me lembro... mas lady Anna costuma me chamar de Dalibor. Na verdade, não desejo nada além de manter minha vontade de lutar contra o mal e a injustiça nas dimensões — Dalibor afirmou, e eu olhei para Anna, que me havia contado o nome dele.
Dalibor era o nome de seu ursinho de pelúcia que ganhou de Meteora quando tinha cinco anos. Era um nome perfeito para o cavaleiro que, agora, era também um habilidoso arqueiro.
O rei dos espíritos assentiu e se levantou de sua cadeira com uma aura de determinação.
— Que todas as recompensas sejam concedidas — ele declarou, e o salão inteiro explodiu em comemoração. Aplausos ecoaram das arquibancadas, e o som da celebração encheu o ambiente.
Quando a comemoração finalmente começou a se acalmar, o rei dos espíritos ergueu a mão. Uma lança branca cintilante apareceu, brilhando como a luz da manhã.
— Pela vontade dos Deuses, declaro que esses cinco heróis têm total liberdade de passagem por onde quer que vão. Quando usarem meu nome, sua honra será minha, e qualquer ofensa contra eles será uma ofensa contra mim.
Ele bateu a lança no chão, e os nomes de Anna, Duncan e Merlin apareceram no ar em letras brilhantes. Em seguida, um pergaminho mágico surgiu e, sobre ele, o nome da família Shinewood brilhou em dourado. Os três nomes estavam ali, eternizados em reconhecimento.
— Que eles tragam honra ao nosso mundo — o rei dos espíritos proclamou, e a lança desapareceu. — Hoje, celebramos em homenagem aos nossos heróis.
O salão explodiu em alegria, uma celebração merecida para aqueles que enfrentaram as trevas e emergiram vitoriosos. Eu me sentia aliviado e exultante, ciente de que, apesar das adversidades, a justiça e a honra haviam prevalecido.
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Enquanto os líderes das nações se esforçavam para atrair a atenção do Rei dos Espíritos, eu não pude evitar intervir. A ameaça iminente de morte pairava sobre eles, e eu estava determinado a evitar qualquer catástrofe que pudesse desencadear a ira do rei. Com urgência, conduzi o monarca por um corredor isolado, onde ele soltou um suspiro irritado, fazendo pequenos brilhos dourados dançarem ao redor de meus leais espíritos de companhia.
— Agora entendo por que evito misturar-me com outras raças — comentou o rei dos espíritos, visivelmente cansado com a formalidade. — Mas considere isso como um favor retribuído.
— Agradeço — respondi. — Pelas minhas experiências, essas pessoas não teriam cooperado facilmente.
— Você está correto nisso — ele assentiu. — Mas agora, você tem um aliado poderoso ao seu lado, embora já o tivesse antes.
Ele me observou minuciosamente, como se esperando algo.
— Algum problema? — perguntei, curioso.
— Guardião, você ainda não me contou como conseguiu derrotar meu irmão — lembrou ele.
— Não há motivo para preocupação — assegurei. — Tudo ficará em paz.
O Rei dos Espíritos riu levemente.
— As coisas não serão mais como eram antes, Guardião — alertou ele. — A Floresta das Três Dimensões está rachada, enfraquecendo a barreira entre a Dimensão Mágica e o mundo humano. Além disso, duas almas escaparam do Reino dos Mortos.
Engoli em seco, o peso da revelação se instalando sobre mim.
— Você suspeita do que estou pensando? — indaguei.
— Maryse e Demétrio Shinewood escaparam e não retornaram quando a magia de Serty desapareceu. Eles fizeram algo para evitar serem puxados de volta para aquelas terras — explicou o Rei. — Não pretendo compartilhar essa informação com os outros líderes, mas entenda que ambos representam um risco. Os mortos jamais deveriam retornar ao mundo dos vivos.
Concordei silenciosamente, a gravidade da situação se revelando ainda mais clara. A possibilidade de Anna, Merlin e Duncan terem influenciado a fuga de seus pais era uma sombra sobre nossa vitória.
— Agradeço pela informação — disse.
Ele me estudou com um olhar atento.
— Há algo ao seu redor — percebeu ele, piscando os olhos. — Mas esqueça, não é importante no momento.
— Rei, poderia me contar o que aconteceu com Ravan, Borges, Maya e o filho do Rei das Sombras?
— Ravan, Maya e Darwin foram aprisionados e, sem os poderes concedidos por Serty, voltaram ao que eram. Maya tornou-se uma simples vampira, e Darwin perdeu as habilidades que a magia de Serty lhe havia dado, transformando-se em um jovem com uma personalidade desagradável, que amargou seu tempo na prisão — explicou o Rei. — Ravan é um caso especial, ela não matou ninguém, apenas feriu, o que resultou em sua prisão, mas ela foi mantida separada de seu pai.
— O fato de não terem tentado matar o Mestre Borges foi surpreendente para mim — comentei.
— Essa foi uma decisão do Rei Orwen, mas a Mestra Meteora e a Rainha Daniela intervieram — disse o Rei. — Borges governava através do medo.
— Concordo plenamente — confirmei.
— Atualmente, muitos líderes anseiam ser temidos, em vez de respeitados e honrados — o Rei observou, apertando meu ombro. — Isso pode desfazer tudo o que nossos antecessores construíram.
— Rei dos Espíritos, há algo mais que desejo perguntar antes que você parta ou desapareça.
Ele ergueu uma sobrancelha.
— Existe alguma maneira de ajudar Calia? — indaguei, a preocupação evidente em minha voz.
— Ah, aquela criança — o Rei murmurou, pensativo. — Sua maldição veio de um lugar que eu nunca ouvi falar. Lembro-me de que, como Guardião, ela procurou incansavelmente uma solução em toda a Dimensão Mágica e no Reino Espiritual, mas não encontrou nada.
— Como isso é possível? — perguntei, perplexo.
— Eu sei que existem dimensões além das nossas, e esse encantamento deve ter vindo de lá — o Rei explicou. — O encantamento da maldição sobre Calia foi quebrado, mas quem o lançou fez com que apenas os primeiros versos permanecessem em sua mente durante a investigação. Sua versão desta vida tentou encontrar uma solução, mas nunca teve sucesso, eventualmente criando o Mundo Prisão como um paraíso para sua amada filha.
A revelação sobre Calia trouxe um peso profundo ao meu coração. As sombras do desconhecido pareciam se estender ainda mais longe, envolvendo o mundo mágico.
— Existe algum meio, qualquer pista ou pista que possa nos levar a essa dimensão desconhecida? — perguntei, com uma determinação renovada.
O Rei dos Espíritos pareceu intrigado e pensativo.
— A resposta pode residir nos artefatos ancestrais guardados pelos Dragões Anciões. Eles têm um conhecimento que abrange inúmeras eras e podem conter a chave para desvendar esse mistério — sugeriu ele, com um tom de esperança.
O nome dos Dragões Anciões ecoou em minha mente, despertando curiosidade e preocupação.
— Como posso entrar em contato com os Dragões Anciões e solicitar sua ajuda? — perguntei, ansioso por qualquer pista que pudesse levar à salvação de Calia.
O Rei dos Espíritos franziu a testa, ponderando minhas palavras.
— Não é uma tarefa simples, Guardião. Os Dragões Anciões não são facilmente acessíveis e, muitas vezes, exigem provas de devoção e lealdade antes de compartilharem seus segredos. Procure o Oráculo das Eras, ele é o guardião das tradições ancestrais e pode guiá-lo no caminho certo. Mas esteja avisado, o caminho será árduo e repleto de desafios.
Agradeci ao Rei dos Espíritos por sua orientação e prometi buscar o Oráculo das Eras imediatamente. Com a incerteza sobre o destino de Calia pesando em minha mente, eu estava pronto para enfrentar qualquer desafio na busca por uma solução.
Antes de nos separarmos, o Rei dos Espíritos deixou uma última mensagem:
— Guardião, esteja ciente de que as sombras se movem silenciosamente entre nós, e o equilíbrio do mundo mágico está mais frágil do que nunca. Cuide-se e, quando encontrar a verdade, proteja-a com todas as suas forças.
Assenti solenemente, consciente da magnitude da missão que estava diante de mim. A jornada para encontrar os Dragões Anciões e o Oráculo das Eras estava prestes a começar, e eu estava decidido a enfrentar cada desafio que surgisse em meu caminho.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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