Capítulo Nove
Victor Jones:
Eu tinha acabado de chegar ao castelo e, honestamente, estava em choque. Não esperava que minha nova moradia pudesse se parecer com um castelo saído de um livro de contos de fadas.
A paisagem ao redor era deslumbrante. Colinas verdejantes se estendiam como um tapete de veludo, enquanto florestas escuras cercavam a área, adicionando um ar de mistério. O castelo, cercado por portões imponentes e jardins bem cuidados, tinha torres com cúpulas em cada lado, e o telhado era pontilhado de pequenas torres adicionais. As paredes pareciam ser de granito, mas de alguma forma mais lisas, como se tivessem recebido um brilho mágico que as tornava quase como vidro.
Eu vi duas pessoas voando em motos voadoras, e um pequeno camaleão de fogo roubando comida e fugindo enquanto a pessoa que foi roubada corria atrás dele.
Olhei para o meu telefone. Meteora havia me dito que alguém iria me encontrar para me mostrar a rotina básica do castelo e, em seguida, me levaria para começar meus estudos com os outros discípulos de vários mestres da região. Ela pediu que eu esperasse um pouco, explicando que eu estava atrasado.
Claro que quem deveria me dar o tour estava atrasado, e eu queria explorar o lugar por conta própria. Comecei a seguir em frente, mas logo fiquei em dúvida e mudei de caminho, apenas para voltar e seguir em frente novamente.
O castelo estava vivo com a energia da magia, e cada canto parecia esconder um segredo esperando para ser descoberto. Estava ansioso para conhecer esse novo mundo e descobrir tudo o que ele tinha a oferecer.
— Uau, você parece tão perdido... — ouvi alguém dizer. Levantei a cabeça e vi Merlin ali, me acompanhando. Ele brincava com uma faca. — Posso ver como está ansioso com tudo neste lugar. Afinal, todos aqui usam magia.
— Como fez isso? — perguntei. — Chegar perto sem que eu percebesse?
Ele bateu as botas delicadamente no chão, desapareceu e depois surgiu do meu outro lado.
— Desse jeito, são botas encantadas — Merlin disse. — Mas voltando, vejo como está ansioso por estar aqui.
Ele apontou para uma garota pálida com uma nuvem de cabelo castanho, que estava segurando várias plantas no colo enquanto corria pelo pátio. Outra pessoa passeava por ali, lembrando vagamente um punk rocker de pele morena, usando fones de ouvido enormes que zumbiam fracamente em suas orelhas, com asas saindo das suas costas. Uma linda garota loira, com pele de porcelana, estava tirando uma selfie com um grupo de alunos mais jovens e intimidados. Um fio luminoso flutuava no ar, fazendo seu cabelo lustroso brilhar, proporcionando uma iluminação perfeita. Pelo visto, as fadas podem criar sua própria iluminação de beleza.
O castelo era um lugar vibrante, cheio de vida e magia. Cada pessoa parecia ter uma habilidade única e fascinante, e a atmosfera era de excitação e descoberta. Eu estava maravilhado e um pouco sobrecarregado, mas a presença de Merlin e seu jeito descontraído me ajudaram a me sentir um pouco mais à vontade.
— Vamos, vou te mostrar o lugar — Merlin disse, acenando para que eu o seguisse. — Há muito para ver e aprender, e quero garantir que você se sinta em casa aqui.
Segui Merlin pelo castelo, admirando cada detalhe e sentindo que este novo mundo mágico era exatamente onde eu deveria estar.
— Meteora tem muitos discípulos de diferentes raças — Merlin disse enquanto andávamos.
— Isso é fantástico. Tem algum dragão aqui? Feiticeiro? Bruxo ou um mago de alguma magia diferente? — perguntei, e ele parou de brincar com a faca. — O que foi? É errado perguntar isso abertamente aqui, Merlin?
Ele sorriu.
— Não, não é errado perguntar. Só estou impressionado com sua curiosidade. Temos sim dragões, feiticeiros, bruxos e magos de todos os tipos por aqui. E mais, temos seres que você nem imaginaria — respondeu Merlin, com um brilho nos olhos. — É uma verdadeira mistura de culturas e poderes, e isso é o que torna este lugar tão especial.
Eu fiquei maravilhado com a ideia de estar cercado por tantas criaturas e pessoas diferentes, todas unidas pelo desejo de aprender e crescer em suas habilidades mágicas. Continuamos a caminhar, e Merlin começou a me mostrar as diferentes áreas do castelo.
— Aqui é o jardim dos elixires, onde cultivamos plantas mágicas — ele disse, apontando para um exuberante jardim cheio de plantas exóticas que pareciam pulsar com energia própria. — E ali está a biblioteca dos magos, onde você pode encontrar livros e pergaminhos de todos os tipos de magias e histórias antigas.
Enquanto caminhávamos, vi um dragão jovem voando pelo céu, suas escamas refletindo a luz do sol em cores deslumbrantes. No chão, um grupo de bruxos praticava feitiços, fazendo pequenas explosões de luz e cor. Havia também uma feiticeira em um canto, invocando espíritos da natureza para ajudá-la a curar uma árvore.
— Este é um lugar onde todos podem ser eles mesmos e explorar suas habilidades ao máximo — Merlin disse, com um sorriso de orgulho. — E você, Victor, tem um grande potencial para descobrir. Vamos continuar, há muito mais para ver.
Eu me sentia mais animado a cada passo. Aquele castelo não era apenas um lugar de aprendizado, mas um verdadeiro lar para todos aqueles que, como eu, buscavam encontrar seu lugar no mundo.
— Valeu por me mostrar as dependências — falei.
Merlin soltou uma risada suave, guardando a faca no cinto com um gesto ágil.
— Oh, estou mostrando para ser cortês. Na verdade, eu estava indo na mesma direção, então pensei em te dar uma mãozinha no seu primeiro dia aqui. É fácil se perder nesse lugar, como você já percebeu — disse Merlin com um sorriso.
— Então, quem iria me apresentar deu um bolo em mim — resmunguei.
— Na verdade, ela está tendo uma conversa com uma amiga dela — Merlin disse. — Mas acho que deve terminar em breve e poderá mostrar a parte de dentro.
Começamos a caminhar juntos pelos jardins bem cuidados do castelo. À medida que nos movíamos, pude sentir a magia que emanava de cada pedra e planta ao nosso redor. Era como se o próprio castelo estivesse vivo.
Merlin me explicou um pouco sobre a estrutura do castelo enquanto caminhávamos. Ele disse que havia várias alas, cada uma dedicada a um tipo diferente de magia. Alguns dos discípulos eram especializados em magia elemental, enquanto outros estudavam alquimia ou magia das fadas. Era um lugar diverso e cheio de oportunidades de aprendizado.
Enquanto conversávamos, observei os outros discípulos que passavam por nós. Cada um tinha sua própria aparência única e parecia mergulhado em seu próprio mundo de magia. Era fascinante ver a variedade de talentos e habilidades reunidos naquele lugar.
Chegamos à entrada principal do castelo, onde duas enormes portas de carvalho se erguiam diante de nós. Merlin apontou para as portas.
— Bem, aqui estamos. Esta é a entrada principal do castelo. Lá dentro, você encontrará a Grande Biblioteca, onde passará a maior parte do seu tempo estudando. Também há a Sala de Treinamento Mágico e a Sala do Conselho dos Mestres. Ah, e não se esqueça da Cantina Mágica, onde a comida é preparada com ingredientes encantados.
Ele sorriu e acrescentou:
— E, claro, se tiver alguma dúvida ou precisar de ajuda, não hesite em me procurar. Sou um dos discípulos mais antigos aqui, então estou à disposição para orientar os novatos.
— Pelo visto terei que perguntar muitas vezes — falei, rindo.
— Sem problemas. Todos começamos assim. E lembre-se, a curiosidade é o que nos leva a crescer e aprender mais — respondeu Merlin, batendo levemente no meu ombro.
Senti-me mais confiante com a presença de Merlin ao meu lado. A excitação de estar em um lugar tão mágico e cheio de possibilidades começava a superar qualquer nervosismo que eu tinha sentido antes. Estava pronto para enfrentar essa nova jornada, sabendo que teria apoio e orientação ao longo do caminho.
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No entanto, antes que pudéssemos continuar nossa conversa, uma voz misteriosa murmurou atrás de nós. Era uma voz suave, mas carregada de poder mágico. Fiquei perplexo enquanto a roupa de Merlin começava a se mover de uma maneira indescritível, como se um vendaval invisível estivesse girando sob suas vestes. Tudo ao seu redor começou a oscilar e tremer, como se o próprio ar estivesse reagindo a algum tipo de encantamento.
— Trilha do Vento, Passo Rápido!
Uma luz azul intensa brilhou ao redor de Merlin, e pude ver claramente um fio etéreo de uma bela luz estelar que se movia rapidamente, envolvendo todo o corpo do rapaz ao meu lado. A luz das estrelas cintilou enquanto se espalhava, e de repente, Merlin foi lançado para trás, em meio a um grito surpreso, caindo diretamente sobre um grupo de alunos que estavam tirando fotos.
O caos se seguiu quando os colegas de Merlin reagiram, alguns xingando-o furiosamente e outros desferindo tapas leves e risadas em seu rosto.
— Ele é muito inadequado — Anna disse, aparecendo ao meu lado com um enorme sorriso, como se sua chegada fosse perfeitamente cronometrada. — Então vamos lá.
— Poderia ao menos se desculpar por estar atrasada — falei. — Seu irmão fez o que era para você fazer. — Observei os garotos ajudando Merlin a se levantar, enquanto ele tentava recuperar a compostura e olhava com raiva para Anna. — Eu estava esperando. Seu irmão foi uma companhia interessante, para dizer o mínimo.
Anna arqueou uma sobrancelha, pensativa.
— É estranho, poucas pessoas dizem isso — ela comentou. — Nem mesmo de mim dizem isso.
— Sério? Já pensou em ser menos grosseira e se desculpar com sinceridade? — sugeri com um sorriso irônico, e ela me olhou com um suspiro resignado.
— Não adiantaria. Alguns têm medo de ficar ao meu lado ou ao lado dos meus irmãos — Anna disse, enquanto o grupo que estava tirando fotos passava rapidamente por nós, soltando resmungos sobre filhos de traidores. — Melhor seguirmos em frente.
— Deveria ao menos tentar — falei, mas ela me ignorou.
Anna virou-se e começou a caminhar pelo castelo, e eu a segui. Notei que, apesar de sua atitude exterior, havia algo em seus olhos que sugeria que talvez ela desejasse poder se conectar mais com os outros. Mas, por enquanto, essa barreira permanecia intacta.
Enquanto andávamos, comecei a sentir a grandiosidade do castelo. O corredor era adornado com tapeçarias antigas que contavam histórias de grandes batalhas mágicas e conquistas. O ar estava impregnado de um aroma de pergaminhos velhos e ervas frescas. Anna me levou até a Grande Biblioteca, onde fileiras intermináveis de livros mágicos se estendiam em todas as direções.
— Aqui é onde você passará muito tempo estudando — Anna disse, seu tom ligeiramente mais suave. — A biblioteca tem todo o conhecimento que você pode precisar. Apenas lembre-se de tratar os livros com respeito. Eles são mais valiosos do que ouro.
— Entendi — respondi, maravilhado com a vastidão do lugar.
Enquanto continuávamos nossa caminhada, percebi que, apesar das primeiras impressões, Anna estava realmente tentando me ajudar a me ambientar. Havia uma complexidade nela que eu ainda não compreendia completamente, mas sentia que, com o tempo, talvez pudesse descobrir mais sobre sua verdadeira natureza.
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Anna começou a guiar o caminho pelo castelo com uma atitude casual, acenando sem compromisso para os arredores impressionantes. Alguns dos lustres no lugar eram verdadeiras obras de arte, tão elegantes e delicados que pareciam estrelas suspensas em fitas douradas. Os quartos eram amplos e inundados de luz, com raios de sol tingindo os vitrais, tão detalhados quanto o bordado na bainha da saia de uma princesa. Muitos dos vitrais eram em diferentes tons de verde, colorindo sutilmente o ar ao nosso redor, como se estivéssemos em um mundo feito de jade e esmeralda.
Em determinado momento, passamos por um quadro que tinha uma mulher sentada em uma cadeira, e sua aparência me pareceu estranhamente familiar.
— Anna — chamei, curioso. — Quem é essa? Parece ser muito importante.
Anna se virou na direção que apontei, seus olhos brilhando de alegria. Fiz uma nota mental: Essa mulher deve ser alguém de extrema importância neste lugar, dada a grandiosidade da moldura. Pelo olhar de Anna, ela é uma grande admiradora dessa mulher.
— Essa mulher, meu amigo, é Camilla Skyline — disse Anna, com um brilho nos olhos. — Foi a última guardiã que o mundo teve. Mas ela morreu há muito tempo; foi uma grande guerreira e conseguiu estabelecer um tratado de paz entre bruxos e dragões.
Seus olhos brilharam intensamente, e até sua magia pareceu se manifestar ao falar dela.
— O que você quer dizer com "guardiã"? — perguntei, completamente fascinado.
— Um guardião ou uma guardiã está intrinsecamente ligado ao mundo mágico, seja fisicamente ou espiritualmente. Eles dominam todas as formas de magia do mundo e são abençoados pelos espíritos e deuses para manter a ordem e a paz na dimensão mágica.
— Então, o que acontece quando um guardião ou guardiã morre? — indaguei, mantendo meus olhos fixos no quadro.
— Bem, um novo guardião ou guardiã nasce — Anna explicou com simplicidade. — Às vezes, eles nascem como dragões, fadas, bruxos, magos ou qualquer outra raça que habita a dimensão mágica. Não se sabe ao certo quantos existem. Era para funcionar assim, mas até agora, nenhum novo guardião surgiu.
A história de Camilla Skyline me deixou ainda mais impressionado com o lugar em que eu estava. A ideia de guardiões místicos e tratados de paz entre criaturas tão diferentes parecia saída de um conto épico, mas ali, diante de mim, estava a evidência de que tudo isso era real.
Olhei mais uma vez para o quadro, enquanto Anna parava de falar e voltava a andar. Subimos uma majestosa escadaria que nos levou a um conjunto de quartos no castelo. Fiquei surpreso ao perceber que parecia uma suíte. Joguei minhas malas na cama, mas não prestei muita atenção no que Anna estava fazendo enquanto ela pegava um livro aleatório.
— Esta suíte é dividida em dois quartos, então vou ver com quem você vai compartilhar... meu irmão, Duncan — Anna disse com uma careta, jogando o livro longe em direção a um sofá no centro da sala. — Já vou avisando que não será muito divertido. Ele adora passar o dia lendo e estudando magia. Acho que vocês nem vão se ver muito.
— Pode pelo menos me dizer se ele é organizado? — perguntei, lembrando das desordens do meu irmão mais velho.
— Não vai gostar da resposta — Anna disse com um sorriso misterioso.
Sentei-me no sofá ao mesmo tempo em que o celular dela começou a tocar.
— É melhor atender — comentei.
Ela pegou o celular e viu quem estava ligando.
— Não é ninguém importante; posso ligar de volta mais tarde — Anna disse, levantando um pouco a sobrancelha. — Vou dar um aviso, há muitos aqui que adoram provocar os mais fracos em magia.
— Então provocações são uma constante em qualquer lugar — falei, e desta vez ela soltou uma risada.
O celular dela tocou novamente.
— Preciso atender. Veja como sou importante — Anna brincou, virando-se para sair. — Até mais tarde.
Acenei enquanto ela saía, e então fiquei sozinho no espaço. Deitei-me imediatamente na cama, absorvendo tudo o que havia acontecido nos últimos dias, com a mente cheia de novas informações e expectativas para os desafios que estavam por vir.
Enquanto olhava para o teto esculpido, pensei na figura de Camilla Skyline e nos mistérios do castelo. Meu coração estava dividido entre a excitação e a ansiedade pelo desconhecido. Eu sabia que grandes aventuras me aguardavam e que, de alguma forma, esse era o lugar onde eu deveria estar.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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