Lua
Sentado sobre o que sobrou de uma parede de pedras, Henrique se amaldiçoava por estar ali. Durante a tarde se convencera de que o melhor era ignorar o convite de Ágatha. Pois estar perto dela só intensificaria sua dor.
Então a lua ficou visível, e o sino da meia-noite ecoou no silencioso dormitório. Seus companheiros nem ligaram, e continuaram a dormir. Mas ele, que ainda não pregara os olhos, só conseguia pensar em Ágatha.
E agora, ali estava ele. Respiração acelerada, coração apertado sendo consumido pela ansiedade. Sentimento amplificado quando passos se aproximaram e o inconfundível cheiro de laranjeiras invadiu o ambiente sem teto e poucas paredes.
— Você veio! — ela constatou surpresa. E ele mais ainda por ela ter dúvida. Quem diria não para uma princesa? Ele tentou sem sucesso.
— Por que me chamou aqui? — indagou controlado.
— Aconteceu alguma coisa, Lang? Te ofendi em algum momento? — Sua voz era baixa, sem ironia, apenas sinceridade. No automático, ele negou com a cabeça. — Mas você desapareceu, não vem mais às caçadas. E no mercado simplesmente fugiu.
— Você é uma Nobre, e ainda uma princesa. Eu sou apenas um Guardião. — Não sabia onde queria chegar com aquela obviedade. Fitou o chão coberto por raízes de heras, que formavam um tapete com pequenas flores brancas em destaque pela luz da lua.
— Isso nunca impediu que fôssemos amigos.
— Não consigo ser apenas seu amigo. — Sentiu as bochechas corarem ao assumir a verdade para ela. Ela se mantinha séria ao observá-lo, com as mãos escondidas pela capa vermelha. — Melhor eu voltar para o dormitório.
Ao passar por ela em direção a saída, ele não a olhou. Era dor demais. A mão de Ágatha deslizou para fora da capa e segurou a sua, sentiu o toque quente e a pele macia em contato com a dele. Congelado no lugar, ele ergueu o olhar para a garota ao seu lado.
— Nem eu — ela sussurrou ao ficar na ponta dos pés e tocar sua bochecha com os lábios úmidos e carnudos.
Quando ela voltou ao seu lugar, Henrique a observou com profundidade, sem palavras para explicar como todo seu corpo borbulhava. Levou a mão ao rosto dela e acariciou a ponta da orelha e seus cabelos. Os lábios dela se abriram um pouco e os olhos se fecharam. Henrique se inclinou e a beijou. Um beijo que pressionou seus lábios de modo tímido, e evoluiu em uma dança ligeira de línguas.
O calor o consumia, e parecia afetar Ágatha, pois ela deixara sua capa cair no chão e trouxera o corpo para junto dele. Os lábios não queriam descanso. Enquanto Henrique deixava seu desejo guiá-lo com toques que percorriam as costas dela coberta pelo tecido fino, Ágatha enrolou os dedos nos cabelos dele ao pressionar contra seu tórax.
Os lábios dela percorreram a linha de seu maxilar, e mordiscou seu pescoço. Ele arfou e voltou a procurar a boca dela com a sua. A respiração acelerada e o corpo dominado por arrepios. Ele tinha consciência do erro daquela situação. E mesmo assim não conseguia se afastar. Sua mente gritava para ele dar um basta, enquanto seu coração implorava por mais.
A urgência dos lábios dela, e as mãos que invadiram abaixo de sua camisa e arranhavam suas costas não soavam dúbias.
Entre beijos e carinhos cada vez mais ousados, se deitaram sobre a capa vermelha abandonada ao chão. Os dedos de Ágatha mostraram-se hábeis em desabotoar sua camisa e deixar escorregar pelos ombros musculosos dele. Afastou-se de seus lábios, como se precisasse de uma pausa para respirar. E se olharam com intensidade, os rostos corados apenas iluminados pela lua.
— Não está certo, devíamos nos afastar. — Henrique tentou ser forte e começou a ensaiar um movimento para abandonar Ágatha.
— Parece certo para mim. — Ela sorriu ao puxá-lo pelo cós da calça para ele se manter sobre ela. — Nunca quis tanto algo, como te quero agora.
— Sou um Guardião e você uma princesa — tentou argumentar apoiado em um resto de coragem.
— Aqui somos apenas Henrique e Ágatha, dois lobos que querem um ao outro. E não há nenhuma regra contra isso. — Ela mordeu o lábio ainda segurando-o pela calça. — Não pense, só me beije.
Obediente ele mergulhou na boca dela, libertando o desejo que tentava reprimir há segundos. Permitiu-se ser guiado por seus instintos, uma das mãos encontrou a pele macia oculta pelo vestido, subiu pela coxa saboreando cada novo toque. Sua calça foi abandonada. Os corpos se aproximaram, peito com peito, barriga com barriga, virilha com virilha. Ágatha cravou as unhas nas costas do lobo, quando seus corpos se uniram por completo. Juntos iniciaram com movimentos cautelosos, que se intensificaram. E gemidos abafados entre os lábios para não serem revelados diante do silêncio da noite à luz da lua.
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Ah! O amor ao luar.... O quê será que o destino prepara para nossos lobinhos?
Estão gostando? Curiosos para saber o quê vem em seguida? Quem arrisca um palpite?
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