Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Caçada

Quando as luzes do quarto se apagaram, Henrique esperou alguns minutos até perceber seus parceiros de quarto adormecidos. À meia-noite, o sino da torre da Grande Biblioteca tocou. Henrique saiu da cama com movimentos leves, e pulou a pequena janela.

Ele percorria ruas quase vazias ao anoitecer, alguns homens e mulheres cruzaram seu caminho entre sussurros e risadas. Mas ninguém estava preocupado em saber dele. Henrique seguiu até o limite da cidade, uma área abandonada, e entrou em uma casa de pedra sem telhado e com parte das paredes derrubadas após um incêndio anos atrás, nas quais plantas se entrelaçavam nas pedras. As carcaças de paredes existentes eram suficientes para ocultar as sombras altas que ali se juntavam.

Dylan estava escorado em uma parede rindo e bebendo vinho, provavelmente surrupiado da adega particular do pai. Sentado no chão a sua frente estava outro garoto, um dos primos do loiro, Hans. Um pouco mais velho que eles, já estava na Guarda Oficial. Hans era quieto e Henrique não o conhecia muito, só o encontrava nesses momentos de caçada. Ele acenou aos garotos e aceitou um gole da garrafa.

Então, o coração de Henrique batucou como um pandeiro ao sentir o cheiro de laranjeira dos cabelos chocolate de Ágatha. Ela se aproximou sorrindo, uma das mãos baixou o capuz da capa de veludo vermelha com várias luas crescentes bordadas em dourado, o símbolo de sua nobreza, revelando seu rosto. Ao seu lado estava Cristina, sua dama de companhia, uma garota do mesmo clã Nobre, mas de menor hierarquia.

Cristina passou por ele e pegou a garrafa de sua mão, e parou com seu corpo escorado sobre o de Dylan. Ela alternava goles entre risinhos quando cochichava no ouvido do garoto loiro.

Henrique os ignorou e cumprimentou Ágatha. Segurou sua mão e lhe deu um beijo. Um ato de devoção acostumado a fazer por educação na sua cidade. E que parecia ter sido criado apenas para esse momento. Quando ele segurou a mão delicada dela e tocou os lábios naquela pele branca como a lua, ela sorriu acanhada e voltou a esconder as mãos em sua capa real.

— Vai caçar, princesa? Ou veio apenas observar, como sempre — Dylan desdenhou ao se mexerem em direção ao grande muro.

— Tenho lobos para caçar para mim. — Ela piscou de modo implicante. E Dylan bufou.

Henrique sorriu. Fora assim desde a primeira vez. Ágatha ia até a "caçada", mas nunca se transformava em lobo. Os Nobres não eram adeptos a se entregarem as suas formas de lobo, não por diversão. Teoricamente nem os Guardiões, mas Henrique gostava.

Em silêncio andaram até o muro de madeira. Dylan saltou, agarrou-se no muro mais acima e o escalou. Então se deitou sobre o muro e soltou os braços para pegar os amigos assim que esses pulassem e os ajudavam a atravessar. Só ele conseguia chegar lá sozinho. Hans foi primeiro, depois Cristina, que, ao chegar no topo do muro, deu um beijo estralado na bochecha de Dylan e depois saltou para o outro lado. Então Ágatha largou a capa no chão, revelando o leve vestido branco de alcinhas, que não cobria seus joelhos, e saltou agarrando a mão de Dylan, que a impulsionou para o outro lado de modo natural, como se ela fosse uma pluma. Enquanto isso, Henrique olhou o chão, temeroso de invadir a privacidade da princesa.

— Seu tolo — Dylan chamou ao fazer sinal para ele pular. E assim Henrique fez, e sentou-se no muro para se preparar para descer. — Quando vai dizer suas intenções para a princesa?

— Eu não... — tentou mentir. Mas Dylan apenas riu ao chamá-lo novamente de tolo e saltar para a floresta.

Henrique imitou o gesto e aterrissou na grama fofa. Evitou olhar para Ágatha temendo estar vermelho de constrangimento. Dylan e Hans, sem pudor, correram tirando suas roupas pelo caminho.

— Quem chegar por último no riacho vai polir as botas do outro! — Dylan gritou ao se livrar da última peça de roupa.

Na escuridão da floresta, Henrique avistou as nádegas brancas dos garotos desaparecerem quando deram lugar aos seus lobos imensos. Sumiram em correria. Cristina havia se retirado para trás de uma árvore e voltara coberta de pelos marrons claros, uivando e indo atrás dos outros dois.

Henrique queria acompanhá-los, mas também queria ficar. Ágatha se deitou na grama e o encarou com seus olhos castanhos e boca de cereja. Ela tinha uma beleza helênica, que fazia o corpo dele entrar em chamas só de contemplá-la.

— Vá caçar, Lang. Eu ficarei aqui contemplando as estrelas.

Ele suspirou e começou a andar para trás de um ipê de tronco largo e pequenas flores amarelas. E antes que tivesse terminado sua transformação ouviu-a gritar para ele:

— Vença aquele lobo branco irritante!

Ele uivou e correu, sentia o vento em seus pelos. Demorou um pouco a encontrar o rastro do lobo branco, Dylan, e os outros. As palavras de Ágatha dominavam seu coração e ele estava decidido a vencer a caçada.

Há seis meses, eles se encontravam uma vez por semana nas caçadas noturnas. E ele nunca teve coragem de dizer como ela mexia com ele. E na verdade, nem de trocarem muitas palavras.

Quando a viu chegar a primeira vez com a capa vermelha à velha casa de pedra, ele pensou ter visto uma fada. Então ficou impressionado como a garota respondia Dylan à altura. Nos dias seguintes, ele encheu o amigo de perguntas, e descobriu, para sua infelicidade, que ela era a filha do líder do Grande Clã.

Como filho do líder dos Guerreiros, Dylan frequentava as mesmas festas e ambientes oficiais que Ágatha desde as fraldas e por isso tinham tanta intimidade um com o outro. Já Henrique era de outro clã, e de uma matilha apenas suportada pelos Nobres por causa dos acordos; a ele nunca seria dada a permissão de estar com Ágatha.

Mas só de estarem no mesmo ambiente, ele se sentia feliz. E por isso acelerou e correu nas quatro patas querendo ser o vitorioso. Queria que ela se orgulhasse dele.

Encontrou o cheiro da alcateia e a seguiu. Começou a correr ao lado do lobo branco. Seguia os comandos de cabeça deste ao contornarem árvores e se agacharem no mato alto. Avistaram um grupo de capivaras se banhando no riacho.

Sorrateiros. os lobos se aproximaram. Sua ânsia de ganhar a caçada o fez saltar antes do tempo e assim as capivaras fugiram em disparada. Uivou em frustração.

Os lobos aceleraram em busca da caça, cada dupla de lobos de um lado dos animais à espera da oportunidade. Uma capivara idosa ficou isolada. A loba marrom ganhou mais velocidade, então saltou. Cravou os dentes no pescoço do animal, e o manteve preso com suas garras até ele dar o último suspiro.

Hoje Cristina venceu, e Henrique, desanimado, afastou-se sem dividir a carne macia com seus companheiros.

Perto do muro encontrou as roupas deixadas atrás da árvore e as vestiu. Pensava o que dizer para Ágatha sobre sua falha, mas não a encontrou em nenhum lugar. Ele inalou o ar com respirações ligeiras, tentou rastrear seu cheiro e ouvir seus movimentos. Será que aconteceu algo?

Caminhou ligeiro por entre as árvores, até encontrar os odores de laranjeiras mais à frente. Controlou a agitação no peito, respirou fundo e se aproximou com passos silenciosos e garras prontas a salvá-la de qualquer fera.

Ela estava agachada, espiava algo mais à frente. Ele soltou um suspiro ao recolher as garras e agachou-se ao lado dela. Ágatha tinha as bochechas coradas ao encará-lo ligeiramente, cobriu uma risada com a mão e indicou com o dedo o que a intrigava. Quando ele encontrou o motivo, as suas bochechas também ganharam tons púrpuras.

Um casal nu estava deitado na grama. O homem sobre a mulher e, juntos, eles se moviam e gemiam.

— Melhor irmos antes que nos ouçam. — Henrique pegou sua mão ao levá-la para longe.

Não era a primeira vez que viam casais na floresta. Sair dos muros era proibido para os jovens, os outros tinham livre acesso aos portões. E fugir para a floresta era uma prática comum entre os Guerreiros, para caçarem ou "namorarem". O muro não fora construído para os impedirem de sair e sim para que humanos não entrassem.

— Será que Dylan e Cristina também estão por aí perdidos na floresta? — ela indagou entre risos ao cobrir a boca novamente quando se sentou na grama com as pernas cruzadas.

— Não hoje, pelo menos — Henrique constatou ao recordar dos lobos abocanhando a carne ainda quente. Dylan não comentara sobre isso, mas deixava subentendido passeios ocultos com Cristina, com a filha do padeiro, a irmã do ferreiro e a prima do marceneiro...

— Tenho inveja deles — ela falou ao deitar-se na grama com os braços esticados. Enquanto fitava o céu, as estrelas refletiam em seus olhos negros, o que fez ele esquecer os pensamentos anteriores.

— Dylan e Cristina? — questionou ao sentar-se ao lado dela, esticou as pernas na grama apoiando o corpo com as mãos atrás.

— Não, de todos os Guerreiros. Eles são livres para serem rebeldes, caçarem e se juntarem com quem desejam.

— Você pode caçar com a gente se quiser, ninguém vai te julgar. — Henrique ignorou o resto, pois não sabia como dizer que, se pudesse, escolheria estar junto dela.

— Eu vou me julgar. — Seus olhos o encararam. Sua expressão era séria. — Vou me sentir tola por agir como uma "Selvagem".

— É o que pensa de mim?

— Não, correr como um lobo é algo natural para você e os outros. Não para mim.

Ele não disse nada, havia um abismo entre eles. Ela nasceu para governar uma raça inteira, era única. Ele era apenas o Guardião. Dispensável, pronto a morrer por sua honra quando seu líder pedisse. Ele era "selvagem", enquanto ela era quase humana.

— Não sinto cheiro de sangue em você, não pegou a caça? — Ela virou o rosto para ele, em curiosidade sincera.

— Não, Cristina nos venceu — assumiu fitando a ponta de suas botas com barro.

— O grande lobo branco perdeu! — ela gargalhou com a informação.

E naquele momento era como se todo o céu se iluminasse. Uma felicidade genuína, que era raro ela se permitir mostrar.

Ainda rindo, com lágrimas de alegria nos cantos dos olhos, ela arfou; e, em um movimento inesperado, inclinou-se em direção a Henrique e fez com que seus lábios se tocassem com pressão por alguns segundos.

O coração dele disparou e sentiu o rosto esquentar. Pensava no que dizer, quando ela sorriu meiga e levantou-se ao ouvir os outros lobos voltando.

Ele não ganhou mais palavras, olhares ou sorrisos enquanto Dylan e os outros falavam animados sobre a caçada e Ágatha abraçava Cristina a parabenizando. Dylan sorriu sem graça ao passar a mão nos cabelos. No entanto, quando começaram a andar, ele pegou Cristina no colo segurando suas costas e pernas e beijou-a.

Henrique olhou para o lado oposto ao de Ágatha, fingia interesse na bananeira próxima. Queria ser como o amigo e expressar seus sentimentos sem medos. E perguntar para Ágatha o que representava o beijo de antes. Hans pigarreou impaciente e Dylan colocou a garota no chão e fez uma reverência debochada ao primo, para que este continuasse a caminhada.

Quando pularam novamente pelo muro de troncos e as meninas se dirigiram para a Casa Grande, localizada mais ao fim do território, isolada do restante por seus gramados enormes e muros altos, era como se Henrique tivesse imaginado o beijo de Ágatha.

Cabisbaixo, ele acompanhou Dylan e Hans pelas ruelinhas de terra, sem prestar atenção à Grande Biblioteca ou às falas dos dois garotos. Hans despediu-se com um aceno ao desviar para sua casa, assim como Dylan ao chegar a sua. E Henrique seguiu silencioso até a janela de seu dormitório.

Aodeitar-se na cama, Henrique tocou os lábios. Seu coração oscilava entre oencantamento daquele beijo e a tristeza pelo modo frio de Ágatha em seguida. Elase arrependera? 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro