III - QUANDO O HOMEM NA LUA FALOU COMIGO
O homem na lua falou com Jack Frost uma única vez. Mesmo após trezentos anos desde a queda de Jack, não haviam respostas para nenhuma de suas perguntas. No entanto, certa noite, algo aconteceu. A notícia de que Jack Frost havia sido escolhido para ser um Guardião, reverberou por todo o planeta. “Por que ele?”, “Não passa de um irresponsável!”. Coisas assim foram discutidas por dezenas de pessoas que um dia desejaram fazer parte daquele universo. Não estavam errados, não. O jovem Jack não queria nada mais, nada menos, do que diversão e neve em que pudesse deslizar.
Naquela noite, eu uma cidade dos Estados Unidos que ele sequer se lembrava o nome, o responsável pelo feriado da Páscoa, Coelhão, o sequestrou, levando-o então até a oficina de Norte, do feriado do Natal.
Jack explicou a Elsa que todos corriam perigo. As crianças já tinham mais razões para acreditar que eles eram reais. E com isso, todos desapareceriam.
— Quem iria querer isso? – perguntou Elsa, se mostrando interessada na história.
Breu. O responsável por todos os pesadelos.
A visão do homem alto e esguio, cujo as vestes não passavam nada além do que escuridão, assolava de forma violenta os sonhos mais preciosos de todas as pessoas. Bastava apenas um toque de medo.
“No entanto”, disse Jack, “Conseguimos deter Breu”.
Havia Jamie flutuando nas memórias de Jack Frost, ainda sim. Infelizmente, desde aquele fatídico dia, Jamie mudou-se com a família, se esquecendo mais uma vez do Guardião.
Sozinho, então, rasgando os céus com velocidade e expressando apenas tédio e insatisfação em seu rosto, notou um certo brilho na lua. Poderia ser? Parou imediatamente, indo para cima das nuvens. Inacreditável! O homem na lua chamava por Jack, trezentos anos após sua última aparição. E ele não havia aparecido para dizer qualquer coisa.
“O quê? Alguém como eu?”, indagou ele, impressionado.
Abaixo de seus pés, no lago congelado, emanava uma luz de forma ascendente. Curioso, Jack não hesitou em ir até lá para que pudesse ver melhor. Os dedos de seus pés tocaram a água congelada. E abaixo deles, uma rajada de gelo foi lançada, o assustando. No entanto, não o feriu. Refletida no gelo, a imagem de uma mulher assustada consigo mesma era vista. O homem na lua falou sobre uma rainha naquela noite. Entretanto, não revelou seu nome, tampouco como encontrá-la.
A busca incessante de Jack por aquela mulher, cujo sofrimento era como o seu, durou anos. Até que finalmente encontrou algo perdido em meio a neve, no topo de uma colina: uma coroa e uma capa. Ao tocar a coroa, Jack pôde jurar ter visto um flash de luz diante de seus olhos.
“Elsa…”, ele concluiu, espantado.
— Voltei para os Estados Unidos. Permaneci lá por algum tempo. Mas… algo me disse que eu devia voltar. Encontrei a fadinha e então… achei você.
O olhar entristecido de Jack Frost fez o coração de Elsa doer. Ao vê-lo se afastar e ir em direção ao cajado, se atreveu a dizer:
— Todos esses anos havia alguém procurando por mim. Por muitas vezes tentei fugir de todos, até de mim mesma… E esse tempo todo alguém procurava por mim incansavelmente…
Pobre Elsa. Trancada em seu quarto por todos esses anos, se permitiu ver apenas o que seus olhos podiam alcançar. Via a grande praça do reino, bem como pessoas andando por ela todos os dias. Ao longe, imaginava o que havia além do fiorde. Quantas outras pessoas poderiam existir além dali? Poderia existir um lugar em que Elsa não precisasse se esconder?
— Doze anos, Elsa. O homem na lua não me disse muita coisa. Apenas… que quando te encontrasse, te protegesse.
A cabeça de Elsa rodopiou em confusão.
— Do quê?
Jack a encarou.
— Breu.
— Vocês não acabaram com ele?
— Achamos que sim. Mas recentemente, ouvi dizer que ele conseguiu se libertar do próprio pesadelo, mas não sabemos como exatamente. – falou Jack, voando para perto de Elsa.
— Senhor Jack Frost...
— Me chame de "Jack", Elsa. "Senhor" me deixa muito velho. Está bem? Eu sei que tenho mais de trezentos anos, então não faz diferença, mas… eu gostaria.
O rubor no rosto da rainha poderia ter sido visto até mesmo no escuro. Encarando os olhos cintilantes de Jack, Elsa acenou positivamente com a cabeça. Desviou o olhar, abaixando os olhos em seguida. Seus pensamentos estavam tão distantes que sequer notou a mão de Jack Frost indo até sua testa. Só foi perceber quando ele a tocou, lhe causando um pequeno incômodo.
“Ai…”, ela resmungou.
— Machucou a testa. — falou Jack, caminhando então até uma cômoda no canto do quarto. Abriu a gaveta, tirando dela um curativo — Vamos cuidar disso.
— Jack, preciso voltar até a Ana...
— Elsa, eu procurei por você durante tanto tempo... Se tem que ir embora, pelo menos vá quando amanhecer.
A rainha pôde ver uma certa súplica nos olhos do rapaz, implorando para que ela ficasse. A história que lhe fora contada lhe pareceu muito intrigante. Deveria acreditar? Parando para pensar, Elsa se deu conta de uma coisa.
“De fato… Me lembro de ter sonhado com alguém como ele certa noite. Eu me lembro desses dentes. Desses olhos.", pensou ela.
— Você se sente sozinho, então. – ela voltou a si, o encarando novamente — Por que não volta para os Guardiões?
— Eles dizem que eu sou muito travesso. Principalmente o Coelhão. – respondeu ele, indiferente — E bem, nos reunimos apenas quando alguma coisa muito séria acontece. Faz… – Jack pensava — Dezesseis anos desde que estivemos juntos.
Em silêncio, Elsa foi até a janela, onde pôde ver, mais uma vez, a luz da lua refletindo no lago congelado. O vento balançava os galhos das árvores lá fora, derrubando a neve presa no chão.
— Se sentir sozinho... é horrível. – disse a rainha.
Elsa podia afirmar que sim, mais do que ninguém. Por anos, a solidão tem sido sua única companhia. Mas ao contrário do que uma companhia deveria fazer, a solidão lhe deu apenas o silêncio e a incerteza se um dia ela a deixaria. Mais do que tudo, Elsa desejava ser livre dela mesma, de sua própria prisão. Perdeu sua infância e sua juventude. O medo a impedia de conviver com sua própria irmã, sua única família. O silêncio incomodou Jack Frost. Devagar, caminhou até a rainha, ficando às suas costas.
— Você não vai mais precisar se sentir sozinha, Elsa. – ele sussurrou.
Os olhos da rainha brilharam, assim como o sorriso de Jack. Havia bondade em seus gestos, em suas palavras. Havia calor em seu coração.
Sem dizer nada, Jack se afastou, indo até outra gaveta. “O que ele tem atrás dele?”, pensou Elsa. Voltando a garota rapidamente, Jack fez suspense. Ela ergueu uma sobrancelha, deixando com que um sorriso escapasse. Devagar, ele ergueu a mão, mostrando enfim o que escondia. Uma barra de chocolate foi posta em frente ao rosto de Elsa, que imediatamente o pegou.
— Meu deus, chocolate! Como você sabia, Jack?! – indagou Elsa, animada.
— Uma suposição. – respondeu ele, cruzando os braços. “Isso!”, comemorou por dentro, “Sabia que ela gostaria!”.
De certa forma, Elsa sentiu seu coração aquecer, mesmo que momentaneamente. Embora seu reino não mais a temesse, foram poucas as vezes em que ela se sentiu realmente feliz ou até mesmo empolgada com alguma coisa. Uma barra de chocolate! Jack acertou em cheio! Olhando para a rainha, notou que agora seu rosto tinha cor. Um rubor, indicando que mesmo que não aparentasse, Elsa havia ficado sem jeito com gesto. Quanto a ela, sentindo suas bochechas queimarem, sentiu-se um pouco mais humana.
Ai, esses dois!!!
Vamos, leitores, quero vê-los!!
Para isso, preciso que votem no capítulo e deixem um único comentariozinho!!!
❄️❄️
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