será que você sabe que eu ainda não apaguei as conversas.
que eu ainda te amo.
e que eu não vou superar tão cedo?

será que você se dá conta de que eu saio quase todos os dias e encho a cara
porque bêbada e chapada são os dois únicos momentos do meu dia em que você não vaga o meu cérebro.

você tem noção do tanto que me machuca eu ter feito tudo aquilo com você.
eu acho que não.

porque você não acredita em mim.
mas esse não é o ponto.
não sei se você sabe,
mas eu não paro de pensar em você.
você está no meu cérebro,
nos meus pensamentos,
nas músicas que eu ouço,
nos filmes que eu vejo ou nas séries.

você só não está naquela bebida ou naquele baseado.
você sai de mim junto com a fumaça.
você sai de mim todas as vezes que a boca da garrafa toca na minha.
você sai de mim quando eu estou no meio da galera,
fazendo coisas que eu nunca faria sóbria,
contraditório.
você sai de mim,
ali.

quando eu estou chorando pra alguém,
quando alguém pega na minha mão e senta na minha frente enquanto eu desabo.
ali você sai de mim.

todas as vezes que eu saio é justamente pra ver você sair de mim.
porque ali no meio da galera eu sou outra.

eu canto.
eu danço.
eu bebo.
eu faço tudo.
eu rio.
eu conto piada.

ali no meio deles eu sou eu sem você.
até que a alegria acaba,
a brisa não bate mais,
e eu chego em casa.
jogo o salto o chão,
tiro a calça jeans e durmo só de calcinha.

ali.
bem nessa hora.
meu corpo todo treme e a minha cabeça roda,
e é bem ali que eu sei que você está voltando.

é ali que eu abraço o cobertor e choro feito um bebê querendo você.
é ali que eu desabo de verdade.
de que valeu aquele cigarro que eu fumei pra te esquecer?

de que valeu aquela dose de tequila que eu tomei pra tirar você da minha mente?
de que valeu tudo aquilo sendo que quando eu deito a cabeça no travesseiro
e você vem mais rápido do que a falta de ar de tanto chorar?
me diz,
de que vale?

desculpa agir como eu agia.
desculpa fazer tudo isso agora.
desculpa sair de mim mesma pra não te ter em mim por dez minutos de brisa.