R a s m u s A n d e r s e n
Estava chovendo do lado de fora do abrigo de seu grupo, seria um problema pra qualquer pessoa que fosse lá fora, menos para você.
De alguma, você era imune ao vírus. Você não entendia isso direto, mas a chuva não a infectava, ou infectou, você morreu e tudo é um sonho, já que você escorregou numa poça sem querer, já esbarrou em uma árvore que derrubou uma gota água em você, até mesmo já ficou na chuva e nada acontecia com você.
Obviamente, você escondeu dos outros. Você não poderia chegar para alguém falando "Eu tava lá fora tomando banho naquela chuva que passa uma doença estranha que faz as pessoas morrerem, mais eu tô de boa, não precisam me matar que eu não vou infectar ninguém, beleza?" Ninguém iria acreditar, principalmente Patrick que é frio que nem uma pedra e atiraria em você antes que terminasse a frase.
É claro, Martin não deixaria ninguém machucar você. Ele era como um irmão mais velho, desde o começo de tudo, quando você tinha 13 anos, ele te protegeu com a vida dele.
Mas essa imunidade tinha seus defeitos, uma vez você perdeu a paciência com o Patrick e algo estranho aconteceu, um tipo de fumaça preta começou a sair de suas mãos e suas veias ficaram completamente escuras, você logo entendeu o que era então escondeu a sua mão no bolso do seu moletom e saiu correndo para a floresta, ignorando os chamados de Martin e Lea. No meio da floresta você se apoiou em uma árvore e notou que não era apenas a sua mão, tinha veias pretas por todo o seu corpo o que te deixou em pânico, você escorou em uma árvore para tentar se acalmar mas, ao fazer isso, uma parte da árvore também ficou preta e começou a morrer. Demorou muito para você se controlar a poder voltar ao grupo e você teve que arrumar uma desculpa para o seu desaparecimento misterioso. Desde então você se considerou contagiosa.
Aí em um belo dia, você e seu grupo invadiram um bunker e conheceram os irmãos Simone e o Rasmus Andersen. Eles eram boas pessoas mas passaram os últimos seis anos presos naquele lugar, eles mal sabiam do que estava acontecendo do lado de fora e com certeza não sabiam sobreviver ali.
Rasmus de cara demonstrou que era afim de você, era compreensível, durante seis anos a única garota que ele via era a irmã mais velha dele, então era óbvio que ele teria uma queda pela primeira garota da mesma idade que ele conhecesse. Você também era apaixonada pelo garoto, ele era gentil e alegre, as vezes parecia uma criança mimada, ele era uma pessoa interessante. Mas, como já citado, você era contagiosa e não queria machucar ele, então simplesmente ignorou todas as tentativas de te impressionar que Rasmus fazia e, com o tempo, ele acabou desistindo de você.
Agora Rasmus estava no pé da Beatrice, mas você sabia como ela era e não queria que o Rasmus fosse enganado igual o Martin, Beatrice seduziu e mentiu para que ele e Patrick a protegesse e agora, que Martin se apaixonou pela Simone e deixou ela de lado, Beatrice começou a fazer o mesmo com o Rasmus, para ter alguém que possa protegê-la denovo. Uma jogada inteligente, eu presumo.
- Essa chuva está mais demorada. Ainda bem que encontramos um abrigo a tempo - Simone fala se sentando ao seu lado - Você não comeu nada, não está com fome?
- Não - Você resmunga e cruza os braços, enquanto batia o pé no chão e observava Rasmus e Beatrice conversando e rindo em um canto isolado.
- Por que você não vem ficar mais perto do grupo? Parece ser solitário ficar aqui.
- Eu sou tão descartável? - Você pergunta frustrada e continua a observar Rasmus.
- Do... que você tá falando? - Simone pergunta.
- Quer dizer, eu sou bonita não sou? Eu sou chata? Ele sempre gostou de mim, eu sei disso, mas agora ele simplesmente virou as costas e desistiu de mim, eu tô sendo egoista, não estou? Mas eu tive os meus motivos para não ter dado bola pra ele.
- Ainda não tô entendendo o que você...
- Eu sei que eu sou esquisita, fico sumindo e aparecendo do nada e que eu sempre causo dor de cabeça no Martin por isso, mas eu sou tão bonita quanto ela, não sou? Ou você também me acha feia?
- Quem te acha feia? - Simone questiona confusa sobre o assunto que você estava falando.
- Ela não é confiável, não que eu não goste dela, eu gosto muito, ela é simpática e uma boa amiga, mais ela tá usando ele, ele é ingênuo e inocente demais, ele ficou muito tempo preso e não sabe como o mundo e as pessoas são, eu sei disso por que ela fez a mesma coisa com o...
- S/n! - Simone grita, você volta aos seus sentidos e olha para ela.
- O que? - Você pergunta confusa por ela ter gritado.
- Do que você tá falando?
- Deixa pra lá - Você suspira e volta a olhar Beatrice e Rasmus.
- Você tá bem? - Simone pergunta
- Aham - Você suspira e se levanta e limpa seu short - Vou explorar o local, talvez eu ache comida ou coisa do tipo.
- Tá, mas toma cuidado e... volta logo.
E você sumiu da vista do grupo novamente.
O abrigo que vocês estavam era uma escola enorme, era fácil de se perder e com certeza Martin ficaria maluco quando notasse que você desapareceu novamente.
Devido aos muitas anos, a escola estava totalmente descuidada e acabada, era difícil imaginar que naquele lugar, crianças corriam por toda parte.
Você entrou em uma das salas, tinha um buraco enorme na parede e tinha água entrando por ele. Por seguranças, você fechou a porta e entrou em outra sala.
Essa outra sala estava mais preservada, mas o que te chamou atenção foi uma mochila vermelha que estava sobre uma mesa. Você não perdeu tempo e abriu ela. Para seu azar, não tinha suprimentos ou algo útil para você, mas tinha um sketchbook com todas folhas limpas, um lápis quase novo e uma caneta preta. Você não sabia desenhar então aquilo não era de seu interesse, mas Rasmus amava desenhar.
A primeira coisa que veio a sua cabeça foi Rasmus. Mesmo estando com raiva e ciúmes dele, você guardou os objetos na sua bolsa transversal que você levava para todo lugar, para que, mais tarde, entregasse ao rapaz.
Você estava prestes a sair da sala, mas, alguns livros caíram de uma estante e você entrou em pânico. Não era nada grave ou sobrenatural, nem era algo que ativaria a sua perigosa "habilidade" de espalhar o vírus, mas mesmo assim você se assustou e saiu correndo o mais rápido de lá.
Deve ter corrido a escola toda até chegar dentro de um banheiro masculino. O lugar estava tão destruído quando o resto da escola, porém tinha um espelho limpo.
Você se apoiou numa pia e encarou o espelho, todos os seus sentimentos de raiva, ciúmes, egoísmo e medo sumiram quando você notou que ficou assustada com algo tão idiota, era apenas o vento derrubando os livros, não uma criatura maléfica.
Uma risada incrédula saiu de sua boca e você se sentou no chão, com as mãos no rosto. Você não se assustava com uma chuva tóxica, mas se assustava com vento.
Depois de terminar sua pequena crise de risos, você acendeu um cigarro. Cigarros eram horríveis e fedorentos, você não imaginava o motivo das pessoas fumarem, mas você começou a fazer isso por que, de alguma forma, controlava o vírus dentro de você.
Deve ter ficado uns cinco minutos sentada no chão daquele banheiro e fumando, contando desde quando você saiu para explorar, você deve estar sumida a meia hora.
- Não sabia que você fumava - Uma voz veio da porta do banheiro e você olhou naquela direção, apenas para ver Rasmus escorado e olhando para você.
Só de olhar para ele sua raiva voltou
- Ninguém sabia e ninguém vai saber, é um segredo - Você se levantou, jogou o resto do cigarro no chão e pisou encima para apagar - Por que você tá aqui?
- Martin está maluco te procurando. Eu vi você correndo pelos corredores e queria saber se você estava bem, mas eu me perdi e vim parar aqui.
- Então você veio acabar com a minha aventura? - Você pergunta saindo do banheiro e Rasmus te segue.
- Você não deveria sair por aí.
- E quem vai me impedir? Você? Eu acho que não. Você está ocupado demais se preocupando com a Beatrice.
- Quando eu me preocupava com você, você dava de ombros e fugia de mim, igual você está fazendo agora - Ele para de andar e você se vira para ele.
- Você não deveria acreditar na Beatrice, ela é mentirosa e tá fazendo com você o mesmo que fez com o Martin.
- Para de falar dela assim - Ele fala exaltado - Desde que eu te conheci eu tentei me aproximar de você, de todas as formas, mas você me ignorava e me tratava mal agora que eu finalmente te deixei em paz, você quer afastar de mim a única pessoa que me tratou da maneira que eu queria que você me tratasse. Por que você faz isso? Você não gosta de mim?
- Rasmus, eu tenho um motivo para te afastar e...
- Então me fala! Eu realmente quero entender!
- Você não entenderia!
- Como você poderia saber se não me fala?!
Essa discussão estava fazendo você perder o controle e você sabia o que viria depois.
- Rasmus, por favor para...
- Você me trata como lixo, como se eu tivesse uma doença contagiosa!
- Isso não é verdade, não é você que é contagioso.
- Se você não gosta de mim, para de tentar me afastar de quem gosta!
- Mais eu gosto de você...
- Para de mentir!
Você sentiu a mesma coisa que havia sentido quando discutiu com o Patrick, daquela vez você conseguiu fugir e a única coisa que você machucou foi uma árvore, mas Rasmus não deixaria você fugir, ele era um garoto mimado e não desistiria até ter o que quer.
- O que você quer que eu diga? Quer que eu fale que eu te odeio? - As veias do seu braço já estavam começando a ficar pretas, mas Rasmus não notou, ele estava focado na discussão e não no que acontecia em volta de vocês
- Eu quero que me diga a verdade! - Ele segurou nos seus ombros para olhar diretamente nos seus olhos.
- Rasmus, eu te amo, por isso você tem que se afastar ou eu vou acabar te machucand...- Você não conseguiu terminar sua frase, já que foi cortada pelos lábios de Rasmus colados no seu.
No começo você retribuiu, mas logo lembrou do que aconteceu com a árvore e ficou com medo de que acontecesse o mesmo com Rasmus, então se afastou dele.
- Você não deveria ter feito isso... - Você sussurra.
- Mas eu fiz, por que dessa vez você falou a verdade.
Você não tava preocupada com o seu relacionamento, e sim com a saúde dele, mas, se era para algo acontecer, já tinha que ter acontecido, no instante em que você tocou na árvore ela ficou infectada mas Rasmus estava ali, de pé esperando uma resposta sua de uma pergunta que você nem tinha escutado.
- Eu...
- S/n! - Você escuta a voz de Martin vindo na direção de vocês, para de falar e olha na direção dele - Essa é a última vez que você some sem me falar nada! Você perdeu a cabeça? Não sabe o quanto isso é perigoso?
- Você acabou de atrapalhar um momento de extrema importância, muito obrigada Martin. - Você reclama
- Ok, eu ouvi gritos, tá tudo bem? - Martin olha para você e depois olha para o Rasmus, como se ele fosse a razão dos seus gritos.
- Tá, tudo ótimo! Eu me assustei por que vi um gato. Bem, eu já vou. - Antes de ir embora, você olha para Rasmus novamente e dá um leve sorriso - Ei, onde será que fica o ginásio dessa escola?
- Você não vai sozinha. - Martin alerta e você dá uma gargalhada.
- Claro que não, Rasmus vai comigo.
🍇
Ainda bem que Rasmus também é imune, imagine se ele não fosse? Kakakakakakak
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro