EPISÓDIO XX
Lita e Obi-Wan corriam pelos longos corredores tendo apenas droids de batalha em seu caminho. Estrondos horríveis eram ouvidos por ambos, a estrutura chacoalhava devido às ondas de choque amplificadas pela densa atmosfera. Quando algumas partes da estrutura da base começaram a se romper, Lita precisou envolver o Jedi num campo de força nutrido por sua energia, porque a atmosfera de Aquarius 5 invadia aos poucos o ambiente. Ela sabia que o Jedi não sobreviveria à pesada atmosfera, principalmente à radiação.
Obi-Wan segurou firme em seu braço. Apesar de tanto ter desejado isso, Lita não queria que fosse dessa forma. Ignorou por um pouco mais, até não ser possível.
- Sailor Júpiter, é preciso deixar-me. Parte de nossa missão já foi cumprida, mas ainda falta o primordial. E pelo jeito, Mestre Yoda e Anakin estão obtendo sucesso lá fora. Tudo será em vão se não conseguir destruir o canhão.
- Não posso avançar sem você, Jedi - disse Lita de lágrimas aos olhos.
- Um homem não é importante, mas o coletivo. Os outros não arriscam suas vidas por você ou por mim, mas pela galáxia. Deixe-me. Vá. Eu monto uma cobertura. Não terá ninguém além de mim em suas costas.
Lita então removeu o campo de força aos poucos para que o corpo dele se acostumasse à atmosfera.
- Como consegue viver tão perto da morte? - perguntou ela.
- No instante seguinte ao aceitarmos o treinamento Jedi estamos sujeitos a ela.
Bastou a ela afastar-se dele alguns passos para que a atmosfera logo o afetasse. O Jedi levava a mão ao peito e se curvava, com um joelho ao chão. Num impulso, Lita o tomou nos braços e carregou o desacordado Obi-Wan consigo. Não podia deixá-lo morrer, não o seu terno cavaleiro Jedi.
De volta sob a proteção da Sailor Júpiter, respirando o mesmo ar filtrado que ela, ele abriu os olhos. Lita não se conteve e aproximou seu rosto do dele. Apreciou seus traços, o desenho de sua barba, seus bonitos olhos tranquilos. Tirou-lhe os cabelos da face suada e, como não ouve recusa a seu toque, à sincronia de suas respirações num mesmo ritmo, Lita beijou Obi-Wan.
Ela sabia, em seu coração ela sabia: em seu coração aquele beijo reavivava não só a ela, consolando sua solidão, mas sentia que o trazia de volta à vida, ao homem que amava. Com seu beijo de Sailor Júpiter ela mantinha o cavaleiro Jedi vivo.
Seu coração batia acelerado, seu corpo todo tremia, enquanto tinha os olhos cheios de lágrimas. Ela apertava forte Obi-Wan contra si. Queria beijá-lo eternamente. Ela sabia que podia mantê-los assim por algum tempo se a missão falhasse e Aquarius 5 entrasse em colapso.
Porém mesmo com o campo de força ampliado devido seus sentimentos, finalmente libertos de um longo período de reclusão, ouviu um zunido que lhe era semelhante. Ampliou seus sentidos e percebeu um sabre de luz rasgando droids. Ainda com Obi-Wan nos braços viu alguém portando um sabre de luz azul e um traje espacial.
- O que houve com o mestre? - este perguntou.
Lita reconheceu a voz de Anakin.
- Há um traje para ele? Vocês não suportam a radiação do planeta.
- Deve haver uma nave de fuga aqui próximo.
- Como assim "deve haver", Anakin? - resmungou seu mestre.
- Depois de destruído o canhão procurarei um. Tenho certeza de que encontrarei.
Lita entregou Obi-Wan aos braços de Anakin.
- Confio em você para manter seu mestre em segurança. Guie-o até a nave e fujam.
- Que nave? - perguntou Anakin.
- Aquela. - E Lita apontou numa direção antes de concentrar seu poder. - Trovão de Júpiter... Ressoe!
Um grande disparo houve arrebatando a estrutura metálica. Assim puderam ver que além havia um hangar.
- Leve-o.
- Mas e você, Lita? - perguntou Obi-Wan. Ela percebeu um brilho diferente em seu olhar e que pela primeira vez a chamava por seu nome.
- Eu o verei na nave de Mestre Yoda, depois de medicado pelo droid - falou Lita sorrindo.
Ela mantinha um esperançoso brilho nos olhos. Assim os Jedi a viram partir.
***
Agora Lita corria sozinha. Sabia que ao fim do corredor havia uma imensa porta, como as portas corta-fogo da Terra. E além dela, mais algumas do mesmo tipo. Barravam a entrada da atmosfera.
Ao fim do corredor, atirou-se dele até uma gigantesca estrutura alaranjada, que assim mantinha tal coloração por conta das cores do céu: uma profusão de vermelho e amarelo. Em diversas plataformas e decks havia destróieres. Todos perfilados. Dookan sabia que ela chegaria até ali, tanto que preferiu montar uma forte proteção naquela parte.
Lita não poderia falhar. Concentrar sua atenção nos destróieres era tudo o que Dookan queria. "Tempo a perder não temos", lembrou-se das palavras de Mestre Yoda. Em queda livre, atenuada pela densidade do gigante gasoso, ela concentrava níveis altíssimos de energia. Precisava fazer o que nunca conseguira. Teria de ser hoje ou tudo o mais estaria perdido.
Um pouco de sua atenção foi abalada porque ouvira disparos, mas que sua energia em ascensão protegia. E liberando um kiai vigoroso, Lita despejou todo seu poder, canalizado num ponto somente: o centro do canhão.
O fluxo de energia era intenso. Ela sentia a cabeça pesar, mas não podia parar, não agora. Precisava controlar o canhão, ou não o destruiria de uma só vez. Seu corpo todo se enrijeceu. Ela estacou por um momento, olhos fechados, e então puxou o fluxo.
Era isso. Finalmente havia conseguido, fizera a energia do canhão correr ao contrário, exatamente como o Mestre Yoda havia lhe mostrado.
Tinha pouco tempo. Precisava proteger a nave que lhe tinha dado cobertura. Ela agradeceria ao clone antes que Aquarius 5 colapsasse.
A nave chegou próximo a ela, que pulou sobre as asas, porém franziu o cenho ao reconhecer Anakin e Obi-Wan lá dentro. Decerto estava feliz por saber que ambos estavam bem, principalmente o mestre Jedi. Ela envolveu a nave em sua energia e seguiram para fora do gigante gasoso, deixando este mundo que se desfaria para trás, antes que tudo colapsasse num tumulto de gases e radiação.
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