EPISÓDIO X
- Teríamos mais chances esperando Obi-Wan - falou Lita furiosa.
- Não temos tempo. Obi-Wan se atrasou.
- Mas quê? Você o deixou. Como pôde dizer isso?
- Era preciso, Srta. Lita. É mais fácil para nós dois atravessarmos o planeta ocultos que uma tropa de oito, além do que apenas você e eu somos necessários para a conclusão da missão. Tenho um plano todo traçado em minha mente.
Ao dizer estas palavras, Dermiah fez uma curva brusca e ingressou num hangar.
- Olhe lá embaixo - falou ele. - Droids de batalha. Veja o que faço.
Dermiah estendeu a mão e derrubou os droids da beira do hangar. Ambos ouviram os ecos do choque dos droids contra as estruturas da base.
- Eles são patéticos ao utilizarem este modelo de droid - falou Dermiah sorrindo.
- Não deveríamos nos deslocar ocultos? - disse Lita de sobrancelhas franzidas.
- Criar uma distração para os Separatistas faz parte da estratégia. E ainda atrasamos Obi-Wan.
Lita percebeu que não era mera rusga o que havia entre Dermiah e Obi-Wan. O jovem Jedi de fato odiava ao cavaleiro mais velho. Seria ele capaz de pôr sua vida em risco. Ele já o fizera ao abandonar Obi-Wan no deck. Mesmo com o apoio dos clones corriam perigo maior sem sua proteção de Sailor Júpiter. Ela queria pensar que Dermiah não tinha intenção de ferir Obi-Wan, tampouco media as consequências de suas atitudes.
Dermiah começou a cantar baixinho. Sua voz era bonita ao cantar, mesmo que tremesse algumas vezes por não sustentar corretamente as notas. Fosse talvez a atmosfera de Aquarius 5 ou a tensão enfrentada por ambos desde os últimos dias. E a canção era bonita, embora não fosse capaz de compreender pela língua empregada. Sentia que Dermiah a entoava com emoção, um tanto contida era verdade, mas que parecia a um passo de explodir de tantos sentimentos guardados dentro de si. Ela queria perguntar o que diziam seus versos, mas não ousava perturbar a concentração do Jedi, enquanto pilotava o pod.
Mas de repente ele parou, demonstrando traços de acanhamento. Lita tocou em suas mãos. Apesar da pena que sentia, achava-o completamente estranho e não se sentia confortável em sua presença, como com Obi-Wan.
Perguntou:
- O que é aquilo que faz durante as viagens? Parece tão desconfortável, como se sentisse dor.
Dermiah abanou a cabeça.
- Aquilo não é nada. Apenas meditação.
- Não me parece de todo benéfico. Sinto-o exausto e um tanto assombrado após recolher-se a um canto da nave.
Lita pôde perceber que Dermiah tremia e tentava não demonstrar. Sentia qualquer sorte de fraqueza nesses sentimentos.
- Todos temos medo. E isso normal. Até mesmo Mestre Yoda deve ter os seus. Mas "preciso é ao medo vencer" - disse Lita imitando o velho mestre Jedi.
Dermiah sorriu. Olhou Lita profundamente nos olhos e, apesar de perceber que a enrubescia, não desviou o olhar. Pelo contrário, tornou-o mais incisivo.
- Adoro você - disse tocando seu rosto, colocando uma mecha de cabelo por trás de sua orelha.
Lita sentiu sua pele arrepiar, mas apesar de perceber as intenções do Jedi não sabia se aceitaria suas carícias. Não era em Dermiah que ela pensava com carinho.
- É sempre tão meiga, principalmente comigo - prosseguiu ele. - Gostaria de levá-la comigo a conhecer as belezas do cosmo que os terráqueos sequer imaginam.
Lita retirou as mãos de Dermiah de seu rosto.
- Vejo que aquilo o atormenta. Por quê? E se tanto o machuca por que prosseguir com aquilo?
Dermiah baixou a cabeça. Havia programado o pod para seguir até o centro do planeta. Lá precisaria abastecê-lo.
- É mesmo bastante astuta. Não há como enganá-la.
- Nenhuma mulher seria enganada quanto a isso. Diga-me, o que é isso?
- Não sei ao certo. Mas se me fecho em mim, mergulhando fundo em meus sentimentos, encontro um vazio escuro. Nele há olhos negros. Que olham dentro da minha alma. Não posso fugir deles. Para sempre estarão comigo. Por mais que tente fugir eles me alcançam. Estes olhos se sobrepõem aos meus e então enxergo o oculto. E conheço o coração daquilo que está a meu redor. Conheço os sentimentos de todos.
Lita sentiu um aperto no coração, já havia visto algo parecido, em sua luta pelo amor e pela justiça.
- Consegue ver ou supõe que possa ver?
Tomado por um ímpeto de descontrole, Dermiah empurrou Lita, levantando-se. Desequilibrada, ela quase caiu do pod, que viajava a uma velocidade altíssima. Apesar de hesitar diante do que fizera, o Jedi a tomou pela cintura, assombrado, tendo sua respiração sobre o rosto dela.
- Me solte - disse Lita debatendo-se. - Você está completamente transtornado. É um inconsequente. Pouco conheço do que se passa além da Terra ou do Sistema Solar, mas nunca que você poderia ser um cavaleiro Jedi. Inspire-se em Obi-Wan. Ele é mais que um espelho para você.
E ao ouvir as duras palavras de Lita, Dermiah caiu ao assoalho do veículo, aos prantos. Parecia agora um frágil menino indefeso, rosto banhado pelas lágrimas.
- Eu... eu vi nos olhos negros o canhão... - disse entre soluços. - E parte da base de operação... Vi também Obi-Wan levando você nos braços... estava morta... e ele não derramava uma lágrima sequer.
Lita sabia que não era correto, mas estava longe de casa e num ambiente completamente desconhecido. Pensou nos maiores perigos que enfrentou como Sailor Júpiter. Pensou em suas amigas, em Rei¹, que certamente saberia como impor sua liderança, e até mesmo em Serena², que com os poderes de Sailor Moon salvou o universo como conheciam. Pensou na Terra e em todas as pessoas que, assim como ela, desconheciam todas aquelas ordens impostas e muito sofreriam com um ataque dos Separatistas.
Não podia falhar.
Abraçou Dermiah e enxugou suas lágrimas.
1 – N.A. Rei Hino, a Sailor Marte SM
2 – N.A. Serena Tsukino, a Sailor Moon SM
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