| Ando pelos corredores, meus olhos estão vidrados em você, o cheiro de morte está por toda a parte, você será mais um em minha coleção.

"Venha me pegar, bobinho!"

"1, 2, 3, o tempo está passando..."

"talvez eu esteja do seu lado, não, não... do outro lado... ou quem sabe... atrás de você."

Não, não, não, de novo não...

Os risos ecoavam em sua mente, onde quer que aquela criatura medonha estivesse. Sua voz irritante, sua risada que o dava ânsia, fazia seu estômago embrulhar e a vontade de vomitar crescer ainda mais quando o cheiro metálico e enjoativo do sangue invadia o ambiente escuro. O total breu o impedia de saber onde ele estava, apenas o som de sua voz e o barulho de seus passos correndo de um lado ao outro podia ser ouvido, claro, junto dos pingos dos corpos pendurados por aquele local frio. O sangue que escorria dentre os cadáveres - alguns em estado de putrefação - e outros, frescos. Todos igualmente pendurados mas em lugares diferentes sob o teto de um lugar que parecia não ter fim.

Suas almas? Estavam presas. Presas em um limbo, trancafiadas como um nada.

"Acha que pode escapar de mim, jinnie? Venha me achar, jinnie, isso está se tornando divertido, JINNIE!"

— Droga! Como quer que eu escape de você se nem posso enxegar direito? — gritou em meio a escuridão, sua risada ecoou pelas paredes. Hyunjin olhou ao redor tentando encontrar algo ou alguém à quem pudesse o ajudar. Sua única escolha era perambular à procura de uma saída, até encontra-lo, ou talvez, ele o encontrar.

"Acha que pode escapar de mim, jinnie? Ninguém pode escapar de mim!! Eu sou invencível" A risada se tornou mais forte. Mais intensa. Mais alta. Mais irritante.

— Me deixe sair daqui, caralho! Não irei contar para ninguém sobre você e nada sobre o que aconteceu, apenas me deixe viver! — o ar se tornava sufocante, a respiração engatando a cada fungada tentando não ligar ou pelo menos disfarçar o cheiro estranhamente mais forte.

"Venha me encontrar, jinnie!" ignorando completamente a súplica sua voz assim como um sussurro tomou um efeito sob seu corpo, seus pelos do braço se arrepiaram e as gotas de suor escorriam sem parar fazendo a roupa grudar ainda mais na pele fria. A sensação de desamparo, de querer fechar os olhos, abrir, e se encontrar deitado em sua habitual cama quente, como em todas as noites, sem aquele maldito espelho que ficava de frente para sua cama. Era o último fio de esperança no qual ele agarrava, o fio que fazia Hyunjin acreditar que aquilo não passava de um pesadelo, um terrível pesadelo, e logo acordaria e viveria sua vida como se nada houvesse acontecido.

"Eu disse venha me encontrar, porra." um vento gelido em sua nunca fez seus sentidos apuraram. A paralisia que tomou seu corpo o fez entrar em um torpor com a voz altamente grave que faria qualquer criança com miolos sujar as calças. Assim como uma ruína, ele sabia que aquele era seu fim. Era difícil sentir a dor das garras vermelhas deslizando por seus braços, mesmo com o extremo medo que, como uma lufada eletrizante tomava conta de seu ser.

O silêncio era tão opressivo, que podia ouvir o batimento de seu próprio coração.

Podia sentir seu sorriso de orelha a orelha, seu sorriso de divertimento. A leve tontura se tornando cada vez mais forte pelo cheiro extremamente enjoativo de morte que tomava conta de cada canto da grande escuridão, o único som sendo assim, os filetes e gotas cor carmim que se desepejavam pouco pouco de seus pertencentes donos.

Pode sentir sua mão deslizar sob seu braço em um singelo carinho, seu olhar afiado e louco olhando diretamente para si enquanto meus olhos permaneciam observando o escuro vazio em sua frente, sem ao menos conseguir piscar pelo tamanho medo que me tomou inteiramente. A figura atrás de si pendia sua cabeça em meu ombro, e seu olhar queimava cada canto de seu rosto. Se houvesse luz eu poderia ver com clareza a escuridão que preenchia o vazio olhar do garoto sem olhos.

Jeongin não estava tomado por uma força maligna. Ele era a força maligna.

Uma força maligna que vivia dentro do espelho em seu quarto, virado em direção à sua cama.