Capitulo 22
"Os que desprezam os pequenos acontecimentos nunca farão grandes descobertas. Pequenos momentos mudam grandes rotas."
Augusto Cury
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A chuva caia fina. Olhei para trás e o carro do Edward continuou estacionado onde estava. Tirei meus saltos e caminhei segurando o guarda-chuva.
“Foi só uma noite ruim...” Repeti novamente.
Eu só preciso chegar em casa... tomar banho... tomar um chá e dormir.
Olhei novamente para trás enquanto seguia caminhando pela rua silenciosa.
Aquele homem ficaria ali até quando?
Meus pés estavam doloridos e eu continuei me esforçando até avistar a casa da avó da Kim mesmo de longe. Ainda bem que não tinha nenhum vizinho naquela hora para ver meu estado precário.
Continuei olhando para frente e estranhei algo em frente à casa da avó da Kim. Havia um carro estacionado em frente. Fui chegando um pouco mais perto e consegui ver o que poderia estar acontecendo ali.
Meu Jesus Cristo!
Era só o que me faltava.
O portão do porão estava aberto, consegui ver um pouco da claridade da luz que vinha de dentro.
Eu estava sendo roubada!
Eu não deveria ter saído do carro do Edward ... olhei para trás, mas já não conseguia ver se ele estava estacionado no mesmo lugar.
E se eu realmente estivesse sendo assaltada?
A chuva começou a diminuir gradativamente. Fiquei parada na calçada de uma das casas próxima da minha residência e peguei meu celular.
Com as mãos tremulas o liguei e tinha várias ligações perdidas do meu chefe. Continuei passando a tela e mais ligações perdidas.
Além das ligações do Philipe, havia várias outras da Kim. Será que ela já sabia do estrago no vestido? Mas possivelmente não era só por isso que ela havia me ligado. Tinha mais de vinte ligações perdidas.
Meu Deus! Teria alguma coisa a ver com o que estava acontecendo ali?
Depois retornaria para Kim. Disquei o número da Kate. Continuei esperando e tentei novamente. Todas minhas tentativas tinham dado errado. Kate não me atendia. Continuei tentando, mas continuou sendo em vão. O celular dela possivelmente estaria desligado.
Não tinha outra escolha a não ser ir ver o que estava acontecendo.
Se eu não tivesse feito a burrada de sair do carro do Edward... talvez não correria tanto risco.
Fechei o guarda-chuva e voltei a caminhar. Ao menos aquele objeto me serviria de arma naquele momento ou até mesmo meu salto.
Me aproximei cuidadosamente da calçada.
O que poderia estar acontecendo?
Caminhei cautelosamente até chegar em frente à casa da avó da jovem estilista. A porta da casa dela também estava meio aberta, estiquei meu pescoço para tentar ver alguma coisa lá dentro. Consegui ver um sofá que estava coberto por plástico, e algumas caixas no chão, possivelmente no meio da sala.
Minha garganta formou um nó e eu sentia meu estomago se revirar. Com passos leves continuei me aproximando do portão do porão. Ouvi murmúrios vindo de dentro e vi a sombra de duas pessoas se aproximando.
Não tinha como voltar mais, apontei o guarda-chuva para o portão aberto e consegui ver quem estava subindo a escada.
Não podia ser!
Não! Não!
Minhas mãos gelaram ao reconhecer uma das mulheres que subia a escada com uma chave na mão. O mesmo cabelo loiro... os olhos amendoados.
Fiquei parada. Não conseguia entender aquilo.
Eu estava sonhando?
O que minha mãe estava fazendo ali? Onde eu morava! E como ela tinha me encontrado?
— M- Mãe? — Minha voz saiu trêmula.
Ela ficou com os olhos fixos em mim e sorriu.
A mulher que estava ao lado dela olhou para mim e continuou subindo os degraus.
Minha mãe fez o mesmo.
— O que aconteceu com você? — Foi a primeira coisa que minha mãe perguntou ao ficar de frente para mim depois de tanto tempo.
— Ahn... eu não sei...
— Eu sabia! Essa ideia louca de se mudar só iria piorar sua vida.
— Eu não estou acreditando nisso, é a senhora mesmo? A minha mãe?
— Claro! — ela se aproximou e me acolheu em seus braços.
As lagrimas começaram a aparecer novamente, respirei fundo e me controlei para não chorar ali.
O que estava acontecendo comigo?
O melhor, o que estava acontecendo naquela noite?
— Mas, olha a sua situação minha filha. Onde você estava? Por que está segurando esse salto na mão?
Me afastei de minha mãe. Minha cabeça girava em torno de si. Comecei a sentir fraqueza e tristeza. Muita tristeza.
— Não sei, mãe...
Eu realmente não sabia o que estava acontecendo em minha vida.
— Essa aqui é a Kátia, eu sei que vocês não se conhecem, ela é a mãe da Kimberly...
Olhei para a mulher ao lado da minha mãe. Eu nunca tinha conhecido quem era a pessoa a qual eu depositava todo mês o dinheiro do aluguel. A jovem estilista tinha traços herdados da mãe. Os olhos cor de mel eram idênticos. A semelhança no modo que os lábios se moviam em um sorriso.
— É bom te conhecer pessoalmente, Luara. — Ela me estendeu a mão. Retribuí seu gesto. — Mas pra onde você foi que está dessa forma?
A noite realmente parecia não ter fim...
Suspirei.
— Mãe? — A chamei e ignorei a pergunta da outra mulher. — O que a senhora está fazendo aqui?
Meu celular tocou. Era a kimberly.
— Alô?
— Luara, pelos céus! Ainda bem que me atendeu! Me desculpa por estar te incomodando, mas é que... como posso dizer... a minha mãe está negociando a casa da minha avó com uma pessoa do exterior, e eu não sabia disso! Mas, ela está negociando o porão também..., mas não se preocupe eu estarei indo aí amanhã mesmo... para resolvermos tudo isso. — Percebi a aflição em suas palavras.
— Ahn... espera um minuto, Kim...
Passei pelas mulheres que estavam de frente para mim e me sentei na escada que me levava para minha bat caverna. Me encostei na parede sem se importar se sujaria minha roupa. Eu só precisava me sentar em algum lugar. Voltei a colocar meu celular perto do ouvido.
— Bem... eu não entendi muito bem, Kim, pode me explicar novamente.
— Para resumir tudo... é que praticamente a minha mãe vendeu a casa da minha avó o que inclui o porão também.
Senti uma dor latejante em minha cabeça, o mundo pareceu girar. Completamente aquela noite não era de sorte.
Não podia ser!
Não! Não!
Eu só queria tomar um banho, tirar aquela roupa e dormir...
Eu precisava disso.
— Ah, tudo bem, sei que tudo vai se ajeitar — respondi sem muita emoção.
— Claro que vai. Me desculpa por ter incomodado, mas era necessário ter falado... espero que fique bem.
— Sem problemas, irei ficar bem sim.
Voltei a desligar o celular, não queria atender as ligações do meu chefe. Não agora.
Minha mãe se aproximou do portão. Pude ver sua sombra desenhada na parede.
— O que está fazendo aí, filha?
— O que a senhora está fazendo aqui?
— Eu vim te levar pra casa.
— Como assim, mãe? Me explica o que está acontecendo. — Me esforcei para levantar novamente.
Desci três degraus e parei novamente olhando fixamente para minha mãe no topo da escada.
— Eu vim te buscar, minha filha.
— Não, mãe...
Como eu iria voltar? Depois de ter conseguido um emprego, ter feito amizades...
— Você não tem escolha. Eu comprei essa casa. — Foi tudo o que consegui ouvir antes de tropeçar na escada e sentir minha cabeça doer ainda mais, ficando tudo escuro.
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