Capítulo 18
"Nenhuma técnica psicológica funcionará se o amor não funcionar."
— Augusto Cury
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Já era noite, assim que saí do meu trabalho, Kim me ligou perguntando se poderia vir me ver e trazer o vestido essa hora pois era única que ela estaria livre, e bem, se o vestido precisasse de algum ajuste ela teria tempo para fazer antes de ir embora.
— Nossa! O vestido lhe serviu tão bem! Pensei até que teria que fazer algumas pregas... Dá um jeito com algum alfinete… ou até mesmo trocar minha opção de escolha — Kim falou estando em minha frente observando o vestido em meu corpo.
E realmente! O vestido majestoso que ela me trouxe tinha ficado muito bom no meu corpo, sua cor rosê dava contraste perfeito com meu tom de pele. O vestido marcava bem minha cintura e sua saia descia levemente até meus pés, o tamanho tinha ficado ideal. Ele era todo coberto por renda e as suas mangas também era do mesmo tecido. Tinha o formato ombro a ombro, que deixava meus ombros um pouco expostos, e eu estava me sentindo lindíssima!
Era a primeira vez que eu me sentia tão linda vestida em uma roupa somente para provar.
— Ainda nem sei o que dizer, Kim! Muito obrigada mesmo, ele é tão... — Passei a mão pelo meu corpo novamente sentido a textura do tecido. — Lindo! — terminei de falar e sorri. — Imagino que custou muito alugar ele...
—Ah, não pense em valores, ele não me custou muito e eu não iria vestir ele... então iria mofar no meu guarda-roupa. — Ela sorriu como o habitual.
—Muito obrigada, novamente...
A jovem estilista sorriu e se sentou no pequeno sofá do porão.
Kim estava diferente desde a última vez que eu a vi. Seu cabelo que antes era pintado de rosa, agora estava com tonalidade de um castanho claro natural. Não ficou nada ruim, ela ficou com aparência ainda mais jovem, visto pelo novo corte também. Channel combinou perfeitamente com ela. Kim disse que gostava de mudar seu visual sempre, mas nunca arriscava a tesoura nos seus cabelos, e que dessa vez ela se desafiou a isso, e bem, o resultado foi incrível!
Mesmo com sua mudança no cabelo, a jovem estilista mantinha seu bom gosto para roupas. Ela estava vestida em uma calça jeans clara e uma blusa preta. Mas, o que chamava mesmo atenção e era pomposo demais era o sobretudo com estampa de onça que ela vestia. Dava pra perceber que ela gostava desse tipo de estampa.
Continuei me olhando pelo pequeno espelho à minha frente, pensando no quanto eu estava linda.
O celular da jovem estilista tocou e ela pegou sua bolsa para procurá-lo. Kim ainda mantinha sua habilidade com salto alto, e não tropeçou em nenhuma quina dos moveis do casulo onde eu morava.
— Boa noite, docinho... — Kim respondeu e sorriu em seguida. Ela ficou em silêncio por alguns segundos apenas escutando a pessoa da sua ligação. — Ah! Meu bem, eu já disse que não vou poder voltar antes, talvez eu pegue algum vôo no final de semana... — Olhei novamente as expressões dela. — Eu sei querido... não, não, eu fiquei só um dia hospedada em um hotel, agora estou hospedada na casa da minha mãe... tudo bem... beijos! —Ela desligou o celular e deu um sorrisinho.
Possivelmente quem ligou para ela foi algum amigo próximo... ou um namorado pela expressão serena que ela ficou depois.
Não queria ser intrometida nem muito curiosa, mas não evitei pergunta-la.
— Era seu namorado?
— Está tão na cara assim? — Ela sorriu. — Estamos namorando a um mês... e eu não tinha saído assim de perto dele para ficar uma semana fora... mas já estou com saudade. — Suspirou.
—Aahh! Ele deve te fazer muito bem, pelo modo que você ficou deve ser amor de verdade.
— Ele me faz! Ele é um docinho de coco... as vezes parece um docinho de limão, mas nos entendemos bem no final — Sorriu.
— Isso é bem importante em uma relação.
Claro que eu não era a professora de amores e a melhor pessoa para saber sobre isso. Mas, eu tinha a certeza que era fundamental o diálogo para resolver as coisas entre o casal.
— É sim! Mas, voltando ao assunto do concerto, com quem você vai? Algum pretendente? — Ela perguntou sorrindo de canto, fazendo uma expressão investigativa.
—Não! Não! Meu chefe me convidou.
O que continuava sendo estranho...
— O Philipe? Hmmm... Ele é uma pessoa legal... nunca fui próxima a ele, mas ele parece ser legal.
—Ele é um bom chefe.
Kim sorriu novamente e se levantou dizendo que estava tarde demais e precisava voltar para casa de sua mãe para descansar. Me despedi dela, e voltei para dentro para tirar meu vestido que iria para o concerto.
~~*~~
O barulho da chuva era incessante na rua. Estava caindo uma grande tempestade. Agarrei meu guarda-chuva com mais força para o vento forte não o tirar de mim. Aquilo me lembrou do dia que eu usei o lenço azul para ir trabalhar, era um dia de chuva também e eu estava vestida na minha mesma capa de chuva amarela, e inclusive, foi o dia que meu chefe me elogiou.
Eu deveria ter perguntado ao Edward qual era a relação entre ele e o Cristhian, e o porquê de o Cristhian não ter me falado o que queria falar comigo naquele mesmo dia. Muitas coisas tinham acontecido essa era a certeza que eu tinha.
Desviei meu olhar das pessoas que caminhavam na rua para os carros que estavam passando, esperei o sinal fechar e atravessei já chegando na porta do meu trabalho.
Eu tinha chegado 10 minutos atrasada e eu precisei me justificar para não levar nenhuma advertência depois, sendo que meu chefe não suportava atrasos, a não ser se fosse por algo de suma importância e urgência.
Expliquei ao Philipe o motivo do meu atraso e comecei meu trabalho. Os minutos livres que tive para respirar e conversar com minha amiga tagarela foi no nosso horário de almoço. Falei para Kate como era meu vestido e sobre o quanto eu estava feliz. Ela me disse que eu não precisava ficar preocupada com o que calçar. Dona Marcela, sua mãe, disse que iria me emprestar um de seus saltos. O que mais combinasse com meu vestido e que me deixasse ainda mais linda.
O dia passou de forma rápida, não me senti entediada enquanto trabalhava. A chuva cessou durante toda tarde, o sol trazia alegria para a rua, mas ainda continuava frio. No cair da tarde a chuva deu as caras novamente. Estava quase indo para casa quando começou uma tempestade, eu poderia seguir assim mesmo, mas o que me impediu foram os trovões e relâmpagos. Aquilo me assustava.
Decidi esperar mais um pouco dentro do barnes & coffee. Todos já tinham ido embora, somente Philipe tinha ficado para fechar o lugar.
Philipe apagou as luzes da cozinha e foi colocando todas as coisas que ele encontrava fora do seu devido lugar. Fiquei sentada na última cadeira do fundo, olhando pelo vidro preto da porta se a chuva tinha cessado mais.
— Está esperando a chuva passar um pouco mais? — Meu chefe perguntou ao se aproximar segurando uma chave de carro e alguns papéis em mãos.
— Sim, mas já vou indo, não quero atrapalha-lo de fechar aqui.
—Aceita uma carona? Eu não vou pra casa agora, preciso resolver algumas coisas antes e não me incomodo em te dá carona.
Olhei a rua novamente e estava ficando mais escuro, a chuva não deu uma trégua se quer, uma carona seria bem-vinda naquele momento. Mas eu não podia confiar tanto assim.
—Ah, não precisa, consigo chegar intacta em casa. — Sorri. — Mas muito obrigada.
— Você vai pegar um resfriado se continuar com essa teimosia, lá fora está frio, e você não deve conseguir aguentar chegar em casa somente com esse casaco. — Ele olhou para o casaco que eu estava vestida.
Realmente ele estava certo, eu poderia até ir para casa somente com aquela proteção, mas as possibilidades de pegar um resfriado eram grandes.
— E eu já vou saber onde irei te buscar no domingo. — Ele concluiu com seus olhos fixos em mim.
— Tudo bem... eu aceito sua carona.
—Então vamos! — Philipe se direcionou até a porta e apagou as últimas luzes que estavam acesas.
O acompanhei e esperei ele abrir a porta. O vento gélido me recepcionou do lado de fora me fazendo arrepiar. Abri meu guarda-chuva enquanto esperava Philipe fechar a porta.
Meu chefe se virou para mim e olhou de relance para a rua movimentada.
—O carro está no estacionamento do outro lado… pra não correr o risco de você cair, escorregar ou acontecer qualquer outro acidente enquanto corre até ele, eu acho melhor ir buscá-lo e passo aqui. — Ele estendeu os olhos para analisar a rua onde ele havia direcionado. — Não vou demorar.
—Okay.
Philipe correu atravessando a rua em meio a chuva. Eu poderia ter emprestado meu guarda-chuva pra ele chegar até o carro, mas eu ficaria me molhando, o que não iria ajudar.
Meu Chefe sumiu entre os outros carros que estavam estacionados e eu continuei esperando.
Alguns segundos depois um Sonata preto encostou no meio fio da calçada, e o vidro da janela abaixou mostrando meu chefe atrás do volante, fazendo gestos para que eu corresse. Fechei meu guarda-chuva e entrei no carro. Fechei o vidro da janela logo em seguida ao sentir os pingos da chuva. Meu chefe ligou o aquecedor antes de da partida no carro.
Nunca soube muito sobre a vida do meu chefe, e nem seus gostos, família, ciclo social... O que eu sabia era pelo que observava e o que ele se mostrara durante todos esses meses. Nunca soube também o motivo que ele sempre trabalhava aqui sendo que poderia contratar algum gerente para ficar no lugar dele, já que o Barnes & Coffee sempre foi muito frequentado.
Mas, o que eu acabara de ter certeza é que ele com certeza tinha um bom gosto para tudo que possui, e gosta das suas coisas muito arrumadas, beirando o perfeccionismo. Ele tinha suas manias de arrumação, como sempre percebi no trabalho e praticamente vivia sua vida para o trabalho.
— Agora eu preciso que você me direcione até sua casa... continuo por essa avenida mesmo? Ou entro na direita? Esquerda? — Philipe perguntou com os olhos fixos à sua frente.
— Pode ir por essa mesma avenida, e virar à esquerda na próxima esquina... e só seguir reto até chegar em uma rua menos movimentada. — Continuei analisando os pingos que caiam no vidro do carro e escorregavam.
Meu chefe continuou dirigindo tranquilamente. Ele não murmurou nenhuma vez sobre o congestionamento causado principalmente pela chuva, e pouco falou algumas palavras, principalmente sobre o concerto. Antes de chegar no meu destino, Philipe me perguntou novamente sobre o concerto, se eu realmente iria, e me disse que já estava tudo preparado.
Philipe parou o carro em frente à casa da avó da Kim.
—Então, te buscarei no domingo às 19:00h. — Ele olhou para mim e esperou que eu tirasse o cinto de segurança e abrisse a porta.
—Okay! E muito obrigada pela carona.
Ele sorriu em resposta e eu saí em seguida abrindo meu guarda-chuva.
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