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Tribulações

Voltei ❤❤❤
Demorei mas chegay!!!
Tenham uma Good leitura

--- T H E • P A P E R • B O Y ---

O leitor, em pé de igualdade com o autor, pode ser considerado o personagem principal do romance - sem ele nada é possível.

- Elsa Triolet

Como um hotel podia ter uma biblioteca tão suntuosa?

Visivelmente, a generosidade do eixo emir não beneficiara apenas a clínica médica. O que mais impressionava era o lado anacrônico e "estilista" do lugar - acreditaríamos estar na sala de leitura de uma prestigiosa universidade anglo-saxã, e não na biblioteca de um clube de férias. Milhares de volumes elegantemente encapados repousavam em prateleiras sustentadas por colunas coríntias. Nesse ambiente quieto e intimista, as pesadas portas esculpidas, os bustos de mármore e as madeiras antigas nos remetiam a séculos de distância no passado. Uma única concessão à modernidade: computadores de última geração embutidos em móveis de nogueira.

Eu teria adorado poder trabalhar num ambiente daquela quando mais jovem. Minha casa não tinha escritório. Eu fazia os deveres trancado no banheiro, usando uma prancheta nos joelhos como escrivaninha e um capacete de operário na cabeça para abafar os gritos dos vizinhos.

De óculos redondos, suéter angorá e saia escocesa, até a bibliotecária passava a impressão de ter sido teletransportada de outro universo. Enquanto eu lhe mostrava a lista de livros que desejava consultar, ela me confessou que eu era o primeiro "leitor" do dia.

- Nas férias, os hóspedes geralmente preferem a praia à leitura de Georg Wilhelm Friedrich Hegel.

Esbocei um sorriso enquanto ela me passava uma pilha de livros e uma caneca de chocolate quente com especiarias mexicanas.

Para aproveitar a luz natural, instalei-me próximo a um dos janelões, ao lado de um globo celeste de Coronelli, e me pus imediatamente ao trabalho.

* * *

A atmosfera era propícia ao estudo. O silêncio só era perturbado pelo farfalhar das páginas viradas e pelo suave deslizar de minha caneta sobre o papel. Na mesa à minha frente, abrira diversas obras de referência que havia estudado na faculdade, entre elas Que é a literatura?, de Jean-Paul Sartre, Lector in fábula, de Umberto Eco, e o Dicionário filosófico, de Voltaire. Em duas horas, cobrira uma dúzia de páginas com anotações. Eu me encontrava em meu ambiente - rodeado de livros, num mundo de quietude e reflexão. Sentia-me novamente um professor de literatura.

- Uou! Parece que estamos na faculdade! - exclamou Liam, adentrando a augusta sala como um elefante em uma loja de porcelana.

Deixou a bolsa em uma das poltronas Charleston e se debruçou sobre meu ombro.

- Então, descobriu alguma coisa?

- Talvez eu tenha um plano de guerra, quer dizer, se você topar me ajudar.

- Claro que eu topo.

- A primeira coisa então é distribuir as tarefas - eu disse, tampando a caneta. - Você volta a Los Angeles para tentar encontrar o último exemplar com defeito. Eu sei que é missão impossível, mas, se ele for destruído, o Tommo c certeza vai morrer.

- E você?

- Vou levá-lo a Paris para uma consulta com o médico que a Aurore recomendou, para ao menos tentar deter a doença, mas principalmente....

Juntei minhas anotações para ser mais claro possível.

- Principalmente...

- Preciso escrever o terceiro volume da minha trilogia para devolver o Toomo ao mundo do imaginário.

Liam franziu a sobrancelha.

- Não entendo muito bem como o fato de escrever um livro vai levá-lo concretamente de volta para seu universo.

Agarrei meu bloquinho e, como fez o dr. Philipson, tentei reunir os pontos importantes da minha dedução.

- O mundo real é aquele em que você, o Niall e eu vivemos. É a vida real, o campo no qual podemos agir e que partilhamos com nossos semelhantes.

- Até aí, estamos de acordo.

- Por outro lado, o mundo imaginário é o da ficção e do descanso. Ele reflete a subjetividade de cada leitor. Era nesse nível que o Tommo evoluía - expliquei, emendando minhas afirmações com alguns breves apontamentos:

MUNDO REAL (a vida real) | MUNDO IMAGINÁRIO (a ficção)

HARRY - LIAM - NIALL | TOMMO DONELLY

- Continue - pediu Liam.

- Como você mesmo disse, o Tommo pôde transpor a fronteira que separar os dois mundos devidos a um acidente industrial: a impressão de cem mil exemplares do meu livro com defeito. Foi o que você chamou de "porta de entrada".

MUNDO REAL (a vida real) | MUNDO IMAGINÁRIO (a ficção)

HARRY - LIAM - NIALL | TOMMO ->livro defeituoso =Porta de entrada para o mundo real

< -

- Tá - ele aprovou.

- Bem, e o que temos agora é um Tommo em vias de definhar em um ambiente que lhe é estranho.

- E o único meio de salvá-lo - ele completou - é encontrar o volume com defeito para evitar sua morte na vida real...

- E devolvê-lo ao mundo da ficção escrevendo o terceiro volume da trilogia. É a sua "porta de saída" do mundo real.

MUNDO REAL (a vida real) | MUNDO IMAGINÁRIO (a ficção)

HARRY - LIAM - NIALL |

TOMMO -> escrita do terceiro

volume= porta

de saída do mundo real

- >

Liam olhava interessado meu esquema, mas eu podia notar claramente que alguma coisa o incomodava.

- Ainda não entendeu como o novo livro vai possibilitar a partida dele, é isso?

- Não concretamente.

- Tudo bem. Preste atenção. Na sua opinião, quem cria o mundo imaginário?

- Você! Ou melhor, o escritor, no fim das contas.

- Sim, mas ele não está sozinho! Porque eu faço apenas metade do trabalho.

- E quem faz a outra metade?

- O leitor...

Ele me fitou ainda mais perplexo.

- Veja o que Voltaire escreveu em 1764 - eu disse, passando-lhe meus apontamentos.

Ele se debruçou sobre as folhas e leu em voz alta:

- "Os livros mais úteis são aqueles cuja metade é feita por seus leitores."

Levantei-me da cadeira e, inabalável, desenvolvi minha argumentação:

- No fundo, o que é um livro, Liam? Meras letras dispostas em certa ordem no papel. Não basta ter colocado o ponto-final em uma narrativa para fazê-la existir. Embora eu tenha em minhas gavetas alguns começos de originais não publicados, eu o considero histórias mortas, já que nunca ninguém pousou os olhos sobre elas. É o leitor que lhes dá vida, compondo imagens que criarão o mundo imaginário no qual se movem os personagens.

Nossa conversa foi interrompida pela bibliotecária, que ofereceu a Liam uma xícara de seu chocolate com especiarias. Meu amigo deu um gole na bebida antes de observar:

- Exato! Pertence ao leitor, que assume as rédeas se apropriando dos personagens e os fazendo viver em sua mente. Às vezes, chega a interpretar determinadas passagens à sua maneira, atribuindo-lhes um sentido que não era o que eu tinha em mente no início, mas isso faz parte do jogo!

Liam me escutava com a atenção enquanto rabiscava em meus blocos:

2 LEITOR - > - >

= - >

1 AUTOR escreve - > LIVRO

- >

= CRIAÇÃO DO MUNDO IMAGINÁRIO

Eu acreditava piamente naquela teoria. Sempre achei que um livro só existe de fato por sua relação com o leitor. Eu mesmo, depois que comecei a ler, sempre tentei mergulhar ao máximo possível no imaginário de meus romances preferidos, antecipando, criando mil hipóteses, procurando sempre estar um passo à frente do autor e até mesmo prolongando em minha mente a história dos personagens, muito depois de ter virado a última página. Para além das palavras impressas, é a imaginação do leitor que trás endereço o texto e permite à história existir plenamente.

- Então, se eu entendi bem, para você, escritor e leitorado parceiros na criação do mundo imaginário?

- Não sou eu quem fiz isso, Liam, é Umberto Eco! É Jean-Paul Sarte! - argumentei, estendendo-lhe o livro aberto no qual eu sublinhara esta frase: "A leitura é um pacto de generosidade entre o autor e o leitor; um confia no outro, um conta com o outro".

- Mas e concretamente?

- Concretamente, vou começar a escrever meu novo romance, mas, apenas quando os primeiros Leitores o descobrirem, o mundo imaginário tomará forma e o Tommo desaparecerá do mundo real para retornar sua vida na ficção.

- Então não tenho um único segundo a perder - ele disse, instalando-se diante da tela de um computador. - Preciso encontrar de qualquer forma o último exemplar com defeito. É o único jeito de manter o Tommo vivo enquanto você escreve seu novo romance.

Ele se conectou ao site da Mexicana Airlines.

- Há um voo para Los Angeles em duas horas. Saindo agora, estarei em Macarthur Park à noite.

- O que você tem em mente?

- Se você pretende levar Tommo para Paris, ele vai precisar de um passaporte falso com urgência. Mantive alguns contatos que podem ser úteis...

- E o seu carro?

Ele abriu a bolsa e tirou vários maços de cédulas, que dividiu em duas partes iguais.

- Um homem de confiança de Yochida Mitsuko veio apanhá-lo hoje de manhã. Foi tudo que consegui tirar dele, mas isso vai nos ajudar a sobreviver por algumas semanas.

- Depois disso, teremos esgotado nossos recursos.

- É, e com o que devemos ao físico estados endividados pelos próximos vinte anos...

- Isso você esqueceu de me contar, não?

- Achei que você tinha entendido.

Tentei não dar importância à situação.

- Vamos tentar salvar uma vida, é a coisa mais nobre do mundo, não é?

- Tenho certeza disso - ele respondeu -, mas esse Toomo vale nosso empenho?

- Acho que ele joga no nosso time - eu disse, procurando as palavras certas. - Acho que ele poderia pertencer a nossa "família", a que escolhemos, você, o Niall e eu. Porque no fundo sei que ele não é muito diferente de nós. Debaixo daquela carapaça existe uma pessoa sensível e generosa. Um falastrão de coração puro, já calejado pela vida.

Demos um abraço para nos despedir. Ele já estava na porta quando se virou para mim.

- Você vai mesmo escrever esse último romance? Pensei que não fosse mais capaz de juntar três palavras numa linha.

Olhei para o céu através da janela. Grandes nuvens cinzentas vedacam o horizonte, dando ao lugar ares de campo inglês.

- Tenho outra escolha? - perguntei, fechando meu bloquinho de anotações.

💮 Notas Finais 💮

Desculpem a demora e se houve alguns erros, a história está em reta final então :-(... Espero que estejam gostando estamos quase com 1K ♥♥♥ Obrigada!! Sem vocês isso não daria certo ❤❤❤

Vejo vocês no próximo!!
All the love, A.

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