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Tommo & Clyde

Boa Leitura !!!
Aproveitem 😀❤

Votem e comentem!!
Larry is real💙💚

——— T H E • P A P E R • B O Y ———

Um dia desses tombaremos juntos. Não me preocupo comigo, é por Bonnie que sofro. Quem me importa perder a pele? Eu, Bonnie, sofro por Clyde Barrow.

– Serge Gainsbourg

— Temos que abandonar o carro!

O Bugatti voava por uma estradinha estreita ladeada por eucaliptos. À primeira vista, o xerife desistira de nós perseguir, mas podíamos ter certeza de que ele soara o alarme. E, falta de sorte, a presença de um acampamento da marinha a poucos quilômetros fazia o lugar uma zona superprotegida. Ou seja, estávamos em maus lençóis.

Subitamente, um barulho ensurdecedor vindo do céu só fez aumentar nossa preocupação.

— Isso é com a gente? – inquietou-se Tommo.

Abaixei o vidro e, projetando a cabeça para fora, notei um helicóptero da polícia rodopiando logo acima da floresta.

— Temo que sim.

Excesso de velocidade histórico, desacato à autoridade, fuga. Se o escritório do xerife cumprisse com seu dever, estávamos correndo grande risco.

Tommo enveredou-se pela primeira estradinha da floresta e embrenhou o Bugatti na mata o máximo possível para camuflá-lo.

— A fronteira fica apenas uns quarenta quilômetros – eu disse. — Tentamos arranjar outro carro em San Diego.

Ele abriu o porta-malas, que transbordava de bagagens.

— Isso é seu, eu trouxe umas coisinhas! – disse, lançando para mim uma velha Samsonite de tampa dura que quase me derrubou.

Quanto a ele, obrigado a fazer uma escolha, eu o via hesitar diante da montanha de malas abarrotadas de roupas e sapatos surrupiados do meu armário, de roupas antigas, que esqueci de doar quando mais jovem.

— Fique sabendo que não iremos ao baile todas as noites – eu disse, para apresá-lo.

Ele pegou uma bolsa grande de grife e uma maleta de cosméticos prateado. Quando eu estava me afastando, ele me segurou pelo braço:

— Espere, tem um presentinho para você no banco de trás.

Franzi o cenho, temendo um novo trote, mas ainda assim dei uma espiada e descobri sob a toalha de praia...a tela Chagall!

— Eu pensei e acho que devia ficar ela.

Olhei para Tommo com gratidão. Mais um pouco eu o teria beijado.

Enrolados no assento, os Amantes em azul davam a impressão de se enlaçar com fervor, como dois estudantes em seu primeiro encontro num drive-in.

Como sempre, a visão do quadro me fez bem, me passando um pouco de serenidade e me dando um aperto no coração. Os amantes estavam ali, eternos, enraizados um no outro, e a força do abraço deles agia como um bálsamo reparador.

— É a primeira vez que vejo você sorri – ele observou.

Coloquei a tela debaixo do braço e saímos às pressas por entre as árvores.

-x- -x-

Carregados como mulas, suados e ofegantes – quer dizer, principalmente eu –, atravessamos diversos obstáculos na esperança de escapar das buscas do helicóptero. Dava para perceber que ele não havia detectado nossa presença, mas, a intervalos regulares, ouvíamos seu zumbido pairando como uma ameaça sobre nossas cabeças.

— Não aguento mais – confessei, com a língua de fora. — O que tem dentro dessa mala? Parece que estou carregando um cofre.

— Já vi que esporte também não é a sua praia – ele constatou, voltando-se para mim.

— Engordei um pouco nós últimos tempos – admiti —, mas se tivesse pulado do segundo andar como eu, não seria tão malvado.

Descalço, com os escarpins na mão, Tommo se esgueirava graciosamente por entre os troncos de árvores e arbustos.

Descemos um último declive que nos levou a uma estrada asfaltada. Não era uma rodovia federal, embora fosse larga e permitisse a circulação em mão dupla.

— Para que lado? – ele perguntou.

Larguei a mala aliviado e coloquei as duas mãos nos joelhos para recuperar o fôlego.

— Não faço ideia. Por acaso está escrito Google Maps na minha testa?

— Podemos tentar pegar carona – ele sugeriu, ignorando a minha observação.

— Com toda essa tralha, ninguém vai querer levar a gente.

— Ninguém vai levar você – ele corrigiu. — Já eu...

— O que te faz ser especial, para somente, você, conseguir uma carona? – me segurei para não rolar os olhos — Que eu saiba, somos dois homens aqui...

— Ora, tenho pernas afeminadas e embora não seja uma mulher sedutora, mas um garoto gay, tenho meus truques na manga. – me lançou uma piscadela — Além do mais, sempre tem um caminhoneiros, que está a procura de satisfação, coisas assim...

Senti uma ânsia subir, após sua fala.

— Estamos na vida real! – o lembrei.

— Sei disso, mas não quer dizer que sempre há aqueles que se escondem atrás do armário, como você parece esconder....

Ele se agachou para vasculhar a bolsa e pegou uma muda de roupa. Sem cerimônia, desabotoou o jeans, que substituiu por uma calça sknning cuja colava e moldava suas pernas preta, e tirou a camisa, mostrando seu corpo de jovem forte, a franja escorreu pelo seu rosto, mas com a ponta dos dedos, ele a cooxou no lugar, deixando a luz do dia realçar os olhos azuis quase como cristais dele.

— Em menos de dez minutos estaremos dentro de um carro – garantiu, ajeitando os óculos escuros e dando uma rebolada.

Mais uma vez fiquei boquiaberto diante daquela dualidade, que, num piscar de olhos, transformava um garoto travesso e puro num sedutor homem fatal.

— O miss dos caminhoneiros limpou as butiques de Rodeo Drive – lancei, alcançando-o.

— O miss dos caminhoneiros está te mandando à merda.

-x- -x-

Alguns minutos se passaram. Uns vinte carros já haviam cruzado nosso caminho. Nenhum havia parado. Tínhamos deixado para trás uma primeira placa indicando a proximidade de San Dieguito Park, depois uma segunda na bifurcação que dava acesso à Federal 5. Estávamos na estrada certa, embora na direção errada.

— Temos que atravessar e pedir carinha do outro lado. – ele disse.

— Sem querer ofender, mas eu diria que a situação não deu muito certo, não é?

— Em menos de cinco minutos você estará com a bunda num banco de couro, quer apostar?

— O que quiser.

— Quanto sobrou?

— Um pouco mais de setecentos dólares.

— Cinco minutos – ele repetiu — Você cronometra? Ah, esqueci, você não tem mais relógio...

— E eu, o que você me dá se eu ganhar?

Ele se esquivou da pergunta, voltando subitamente a ficar séria e fatalista.

— Harry, teremos que vender o quadro...

— Isso está fora de questão!

— Como você pretende comprar um carro e pagar nossa hospedagem?

— Mas estamos no meio do nada! Um quadro desse valor é negociado com um leiloeiro, não no primeiro posto de gasolina que aparece!

Ele franziu o cenho e refletiu um minuto antes de sugerir:

— Bom, vender talvez não, mas poderíamos penhorá-lo.

— Penhorar? É uma obra de artes, não um anel da minha avó!

Ele mordeu os lábios no momento em que uma velha caminhonete cor de ferrugem passou se arrastando à nossa frente.

A caminhonete se adiantou uns dez metros e começou a dar marcha ré.

— Passa a grana – ele exigiu, sorrindo.

No Inter da lata-velha, dois mexicanos – dois jardineiros que durante o dia trabalhavam no parque, voltando à noite para Playas de Rosarito – se ofereceram para nos levar a San Diego. O mais velho tinha a virilidade de um Benício del Todo, com trinta anos e trinta quilos a mais, já o mais jovem respondia pelo doce nome de Ansel e...

— Igualzinho ao jardineiro sexy de Desperate Housewives! – se alegrou Tommo, sem esconder sua atração pelo rapaz.

— Rapaz, usted puede usar el asiento, Pero el senor viajará en la cajuela.

— O que ele disse? – Perguntei, pressentindo uma má notícia.

— Disse que eu posso ir na frente, mas que você tem que se contentar com a caçamba... – ele responde, feliz da vida pelo meu castigo.

— Mas você me prometeu um banco de couro! – Protestei, subindo na traseira e me instalando em meio a ferramentas e sacos de capim seco.

-x- -x-

�� “I've got a black magic woman” ��

O som generoso e saturado da guitarra de Carlos Santana escapava pela janela aberta da caminhonete. Era um verdadeiro Calhambeque: um velho Chevrolet dos anos 50 que devia ter sido pintado dezenas de vezes e cuja quilometragem já dera sem dúvida uma volta completa no contador.

Sentado sobre um fardo de feno, limpei a poeira acumulada no quarto e interpelou diretamente os Amantes de Azul.

— Oi, sinto muito, mas vamos precisar nos separar por um instante.

Eu refletira sobre o que Tommo me dissera e acabava de ter uma ideia. No ano anterior, a revista Vanity Fair me encomendara um conto para sua edição de Natal. O mote era revisar um clássico da literatura – uma heresia para alguns –, e eu optaria por fazer uma versão moderna de meu romance preferido de Balzac. Na segunda primeiras linhas, portanto, o leitor acompanhava uma jovem herdeira que, após dilapidar toda a sua fortuna, era contratada por um agiota, em cujo estabelecimento se encontrava uma “pele mágica” com o poder de realizar os desejos de seu proprietário. Digo desde já a meu favor que, embora apreciado pelos leitores, esse texto não representava o melhor de minha produção, mas o trabalho de documentação que ele havia exigido me permitiria descobririr um personagem pitoresco: Nicholas Grimshaw, o agiota mais influente da Califórnia.

Assim como o consultório de Sophia Schnabel, a lojinha de Grimshaw era um dos endereços mais concorridos e indicados das celebridades do Triângulo de Ouro de Los Angeles. Em Hollywood, como em outros centros, a necessidade de liquidez às vezes pressionava os mais ricos a se descapitalizar penhorando algumas de suas loucuras, e, dos vinte agiotas de Beverly Hills, Nicholas Grimshaw era o preferido da clientela abastada. Graças ao apoio da Vanity Fair, pude conhecê-lo em sua birosca perto de Rodeo Drive. Às vezes ele mesmo se intitulava orgulhosamente como o “agiota das estrelas” e não hesitara em cobrir as paredes de seu escritório com fotografias em que aparecia posando ao lado de estrelas mais constrangidas que honradas por ser flagradas daquela forma no delito de pauperização.

Verdadeiramente caverna de Ali Babá, seu depósito regurgitava tesouros ecléticos de jazz, o bastão de basebol fetiche do capitão dos Dodgers, uma Magnum Dom Pérignon de 1996, um quadro de Magritte o Rolls-Royce personalizado de um rapper, a Harley de um crooner, várias caixas de Mouton Rothschild 1945 e, apesar da proibição da Academia do Oscar, a pequena estatueta dourada de um ator mítico cujo nome não revelarei.

Dei uma olhada no celular. Eu continuava não podendo fazer chamadas, mas ainda tinha acesso à minha agenda e encontrei com facilidade o número de Grimshaw.

Então, projetei o corpo para frente e gritei algumas palavras para Tommo:

— Quer fazer a gentileza de pedir ao seu novo namorado o favor de me emprestar o celular?

Ele negociou com o “jardineiro” por um instante, então:

— Ansel concorda, mais vai custar cinquenta dólares.

Sem perder tempo negociando, estendi-lhe uma nota em troca de um velho Nokia dos anos 90. Contemplei saudoso o aparelho: feio, pesado, fosco, sem câmera nem wi-fi, mas pelo menos funcionava.

Grimshaw atendeu no primeiro toque:

— Harry Styles falando.

— O que posso fazer por você, meu amigo?

Sem que eu soubesse muito bem o motivo, fui tratando com toda a pompa. No meu texto, entretanto, eu o descrevia de modo nada lisonjeiro, porém, longe de contrariá-lo, aquele holofote “artístico” lhe concedera certa aura, que ele retribuíra me enviando uma edição original de A sangue frio, autografado por Truman Capote.

Perguntei educadamente como andavam as coisas, e ele confessou que, com a recessão e a queda da Bolsa, seu negócio nunca fora tão lucrativo. Abrira uma segunda loja em San Francisco e planejava abrir a terceira em Santa Barbara.

— Tenho médicos, dentistas e advogados me trazendo seu Lexus, coleções de tacos de golfe ou casaco de pele da mulher porque não conseguem mais pagar as contas. Mas você certamente está me ligando por um bom motivo. Tem alguma proposta a me fazer, certo?

Falei do meu Chagall, mas ele demonstrou um interesse meramente pró-forma:

— O mercado de arte ainda não saiu da crise. Passe aqui amanhã e verei o que posso fazer.

Expliquei que não podia esperar até amanhã, que estava em San Diego e precisava de dinheiro vivo em duas horas.

— Suponho que também acabam de cortar o seu celular – ele presumiu. — Não reconheci o número, Harry. E, com a quantidade de fofoqueiros que preambulam pra essa cidade, tudo corre muito rápido por aqui...

— E o que eles dizem?

— Que você está no fundo do poço e passa mais tempo se entupindo de remédios do que escrevendo seu novo romance.

Meu silêncio foi eloquente. Do outro lado da linha, contudo, eu o ouvia digitando em seu laptop e presumi que se informava sobre a cotação de Chagall e os lances dados por suas telas em leilões recentes.

— Quanto ao celular, posso mandar religar sua linha em uma hora – ofereceu-se espontaneamente. — Sua operadora é a TTA, não é? Vai custar dois mil dólares.

Antes mesmo que eu concordasse, ouvi um ruído de um e-mail saindo da sua caixa de mensagem. Se Sophia dominava as pessoas com os segredos delas, Grimshaw as dominava com seu portfólio.

— Quanto ao quadro, eu lhe ofereço trinta mil.

— Espero que esteja brincando. Vale pelo menos vinte vezes mais!

— Pode até ser que valha quarenta vezes mais, na Sotheby’s em Nova York, daqui a dois ou três anos, quando os novos russos sentirem vontade de estourar seu Black Card mais uma vez. Mas, se quiser ver a cor do dinheiro hoje à noite e levar em conta a comissão astronômica que terei que pagar ao meu colega de San Diego, só posso lhe dar vinte e oito mil dólares.

— Você acabou de falar trinta mil!

— Menos dois mil para religar sua linha. É isso se você seguir à risca as instruções que vou passar.

E eu tinha escolha? Eu me consolei pensando que teria quatro meses para reembolsar a soma – acrescida de cinco por cento de juros – e reaver meu patrimônio. Não tinha certeza se conseguiria, mas era um risco a correr.

— Vou enviar os procedimentos agora mesmo para seu celular – concluiu Grimshaw — Ah, a propósito, diga ao seu colega Liam que ele tem poucos dias para vir pegar o sax dele.

Desliguei e devolvi a Ansel seu celular de colecionador no momento em que entravámos de fato na cidade. O sol começava sua despedida em direção ao horizonte. San Diego estava bonita, banhada por uma luminosidade cor-de-rosa e alaranjada tipicamente mexicana. Tommo aproveitou um sinal vermelho para deixar a cabine e vir se juntar a mim na caçamba.

— Nossa, que frio! – ele disse, esfregando os braços.

— Também, está sem sua blusa...

Ele agitou um pedaço de papel na minha cara:

— Eles me deram o endereço de um mecânico amigo dele que talvez possa nos arranjar um carro. E você, algum progresso?

Olhei para o visor do meu celular. Como num passe de mágica, eu podia novamente enviar mensagens, e um SMS de Grimshaw exigia que eu utilizasse a câmera fotográfica acoplada ao aparelho.

Então, com a ajuda de Tommo, cliquei o quadro sob todos os ângulos, sem esquecer dos closes no certificado de autenticidade colado na parte de trás. Em seguida, graças a um aplicativo baixado em poucos segundos, cada uma das fotografias foi automaticamente datada, criptografada e geolocalizada antes de ser enviadas a um servidor protegido. Segundo Grimshaw, esse registro lhes dava valor de prova perante os tribunais e permitia apresentá-las contra terceiros em caso de processo.

A operação durou apenas dez minutos e, quando a caminhonete nos deixou na estação ferroviária central, já havíamos recebido uma mensagem de confirmação do agiota passando o endereço de um colega para deixarmos o quadro em troca de vinte e oito mil dólares.

Ajudei Tommo a pular para a calçada e depois a pegar nossas bagagens antes de agradecer aos dois jardineiros pela ajuda.

 Si vuelves por aqui, me llamas, de acuerdo?* – disse Ansel, dando um abraço exagerado no garoto.

(Se passar por aqui de novo, me telefone, combinado?*)

— Sí, sí! – ele respondeu, passando a mão nos cabelos num último gesto de flerte.

— O que foi que ele disse?

— Nada! Só que estava nos desejando boa viagem.

— Tudo bem, eu não sirvo para nada mesmo. – resmunguei, entrando na fila do táxi.

Ele me dirigiu um sorriso cúmplice que me incitou a lhe prometer:

— De qualquer modo, se tudo correr bem hoje à noite, é comigo que você vai comer quesadillas e chili com carne.

Falar de comida foi suficiente para acionar sua fábrica de palavras, mas o que há poucas horas me apavorava agora soava como música alegre e amiga a meus ouvidos:

— E enchiladas, você já provou enchiladas? – ele exclamou — Eu adoro, principalmente de frango, quando estão bem gratinadas. Mas você sabia que elas também podem ser feitas com carne de porco ou camarão? Em compensação, dos nachos, eca, quero distância. E escamoles? Nunca provou? Bom, então teremos que achar. Imagine que são larvas de formigas! É super- megarrefinado, tanto que tem gente que chama isso de caviar de inseto. Bizarro, não é? Eu comi uma vez. Foi durante uma viagem com umas colegas a...

Notas finais

O que estão achando?
Hauhauaha

E a aventura só começa....
Tivemos Harry com ciumes 😌😏

Bem, até o próximo
💚💙💚💙💚💙💚💙

All the love, A.

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