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O risco de te perder

Voltei meus amores ❤
Sei que estavam esperando por isso... Obrigado por esperarem até agora e não desistirem de mim (mais da história) ❤

Boa leitura sz

—————— THEPAPER • BOY ——————

Com o cano de uma arma entre os dentes, a gente só pronuncia as vogais.

— Fala do filme O clube da luta,

De Chuck Palahniuk

CLÍNICA DO HOTEL

UMA HORA DA MANHÃ

— O senhor é marido dele? — perguntou o dr. Philipson, fechando a porta do quarto no qual Tommo havia acabado de apagar.

— Hum... não, não exatamente. — respondi.

— Somos primos dele — Afirmou Liam. — Sua única família.

— Hum... e o senhor costuma tomar banho com o seu “primo”? — ironizou o médico, me fitando.

Uma hora e meia antes, quando se preparava para um putt, ele enviará às pressas um jaleco branco sobre a calça de golfe para se dirigir com urgência até a cabeceira de Tommo. Imediatamente assumirá o caso e fizera de tudo para reanimar o garoto, hospitalizá-lo e lhe prestar os primeiros socorros.

Como sua pergunta não pedia resposta, o acompanhamos até sua sala, um cômodo comprido que dava para um gramado bem iluminado e liso com um green, em cujo centro uma bandeirinha esvoaçava. Ao se aproximar da janela, era possível observar uma bola de golfe a sete ou oito metros do buraco.

— Não vou mentir — ele começou, convidando-nos para sentar. — Não tenho ideia de qual seja a doença de seu amigo, tampouco a natureza da crise.

Tirou o jaleco e o pendurou em um cabide antes de se instalar à nossa frente.

— Ele tem febre alta, seu corpo apresenta rigidez anormal e ele vomitou tudo o que tinha no estômago. Também sente dores de cabeça, respira com dificuldade e não se aguenta em pé. — recapitulou.

— E então? — perguntei, apressado em ouvir o início de um diagnóstico.

Philipson abriu a primeira gaveta da mesa e pegou um charuto no estojo.

— Ele apresenta sintomas evidentes de anemia — esclareceu —, mas o que efetivamente me preocupa é essa substância escura que ele regurgitou copiosamente.

— Parece tinta, não?

— É possível...

Pensativo, retirou o Cohiba do tubo de alumínio e acariciou o invólucro, como se esperasse uma revelação ao tocar as folhas de tabaco.

— Pedi um exame de sangue, a análise da pasta escura e de um fio de cabelo, que, pelo que o senhor disse, embranqueceu de uma hora para outra.

— Não deve ser grave, deve? Sempre ouvi dizer que uma crise emocional pode branquear os cabelos numa noite. Aconteceu com Maria Antonieta na noite em que aconteceu a execução.

— Bullshit — descartou o médico. — Apenas uma descoloração química pode fazer o cabelo perder os pigmentos tão rapidamente.  

— Você tem mesmo como fazer esse tipo de análise? — preocupou-se Liam.

O médico cortou a ponta do havana.

— Como puderam notar, nossas instalações estão na vanguarda do progresso. Há cinco anos, o filho mais velho do xeique de uma monarquia petrolífera se hospedou aqui no nosso hotel. O rapaz sofreu um acidente de jet ski, um choque violento com uma lancha, que o deixou em coma por vários dias. Seu pai prometeu uma doação significativa ao hospital se o salvássemos. Mais por sorte do que por mérito meu, ele se safou sem sequelas, e o xeique cumpriu com a palavra, daí nossos recursos.

Enquanto Mortimer Philipson se levantava para nós acompanhar até a porta, pedi para passar a noite com Tommo.

— Não é preciso — ele decretou. — Temos uma enfermeira de plantão, além de dois estudantes que trabalharão a noite toda. Seu “primo” é nosso único paciente. Não o deixaremos um segundo sem vigilância.

— Insisto, doutor.

Philipson deu de ombros e se dirigiu novamente à sua sala, resmungando:

— Se quiser dormir em uma poltrona estreita e acabar com a coluna, não se faça de rogado, mas, com seu entorse e a vértebra quebrada, não venha se queixar amanhã que não consegue se levantar.

Liam se despediu de mim na porta do quarto de Tommo. Dava para sentir que alguma coisa o perturbava.

— O Niall está me deixando preocupado. Deixei dezenas de mensagens na secretária dele, mas não tive resposta. Vou atrás dele.

— Boa sorte, meu velho.

— Boa noite, Harry.

Eu o vi cruzando o corredor, mas no fim de poucos metros ele parou e deu meia-volta.

— Sabe, eu queria lhe dizer que... sinto muito — confessou, olhando-me nos olhos.

Seus olhos estavam vermelhos e brilhantes, a expressão derrotada, mas o ar decidido.

— Estraguei tudo com os investimentos financeiros arriscados — continuou. — Me achei mais esperto que os outros. Trai sua confiança e te arruinei. Eu sinto muito...

Sua voz falhou. Ele piscou e uma lágrima inesperada escorreu por sua face. Vendo-o chorar pela primeira vez na vida, senti-me desarmado e sem graça de tempo.

— Eu fui muito burro — acrescentou, esfregando as pálpebras. — Achava que a gente tinha feito o mais difícil, mas me enganei. O mais difícil não é conseguir o que se quer, mas saber conservar o que se tem.

— Liam, estou me lixando para esse dinheiro. Ele não me preencheu nenhum vazio, não resolveu problema nenhum, e você sabe disso tão bem quanto eu.

— Você vai ver, vamos sair dessa, como sempre fizemos — ele prometeu, tentando seu melhor astral. — Nossa estrela da sorte não vai nos abandonar agora!

Antes de ir atrás de Niall, ela me deu um abraço fraterno, garantindo:

— Vou tirar a gente dessa, eu juro. Talvez leve algum tempo, mas eu vou conseguir.


* * *

Abri a porta sem fazer barulho e passei a cabeça pelo vão. O quarto de Tommo estava mergulhado em uma penumbra azulada. Em silêncio, aproximei-me do leito.

Ele dormia um sono agitado e febril. Um lençol grosso cobria seu corpo, deixando aparecer seu rosto diáfano. O garoto animado e presunçoso, o furacão castanho que, naquela manhã, devastava minha vida, envelhecera dez anos em poucas horas. Comovido, permaneci um longo momento ao seu lado antes de ousar pôr a mão em sua testa.

— Você é um tremendo garoto, Tommo Donelly — murmurei, debruçando-me sobre ele.

Ele se agitou na cama e, sem abrir os olhos, resmungou:

— Eu achava que você ia dizer “um tremendo de um chato”...

— Um tremendo de um chato também — eu disse, para esconder a emoção.

Acariciei-lhe o rosto e disse:

— Você me tirou do buraco negro. Fez recuar passo a passo o ressentimento que me devorava. Com sua risada e sua esperteza, você venceu o silêncio que me emparedava...

Ele tentou dizer alguma coisa, mas o fôlego curto e a respiração irregular obrigaram-no a desistir.

— Não vou te abandonar, Tommo. Você tem a minha palavra — reconfortei-o, pegando sua mão.

* * *

Mortimer Philipson riscou um fósforo para acender a ponta do havana, depois, com um putter na mão, saiu no gramado e deu alguns passos no green. A bola de golfe estava a pouco mais de sete metros, num terreno em leve declive. Mortimer deu uma voluptuosa baforada antes de se agachar para melhor decifrar a tacada a ser dada. Era um putt difícil, mas já acertara centenas daquela distância. Levantou-se novamente, se posicionou e se concentrou. “A sorte é apenas a conjugação da vontade e de circunstâncias favoráveis”, dizia Sêneca. Mortimer deu a tacada como se sua vida dependesse daquilo. A bola rolou sobre o green e apareceu hesitar quanto a sua trajetória antes de flertar com o buraco, sem cair nele, contudo.

Naquela noite, as circunstâncias não eram favoráveis.

* * *

Carrancudo, Liam irrompeu no estacionamento e pediu ao manobrista o Bugatti, parado no subterrâneo do hotel. Tomou a direção de La Paz, recorrendo ao GPS para encontrar o lugar onde deixará Niall.

Naquela tarde, na praia, tomara consciência dos sofrimentos lancinantes do jovem rapaz. Sofrimentos cuja existência ele nem suspeitava.

Puxa, quantas vezes não ignoramos os tormentos vividos pelas pessoas que mais amamos, pensou.

Ele também sofrerá com o retrato impiedoso que Niall fizera dele. Assim como os outros, ele sempre o tornara por mal-educado, caipirazinho suburbano, grosseirão e machista. Vale dizer que ele nunca havia feito nada para contrariar tal opinião. Essa imagem o protegia, camuflando uma sensibilidade que ele estava incapaz de assumir. Para conquistar o amor de Niall, ele estava disposto a tudo, mas Niall não depositaram confiança suficiente para fazê-lo mostrar sua verdadeira personalidade.

Dirigiu por meia hora, rasgando a noite clara. A sombra das montanhas se destacava num céu completamente azul, há muito tempo ausente de cidades poluídas. Ao chegar ao destino, Liam enveredou por uma estradinha em meio às floresta para deixar o carro, depois, após ter enfiado um cobertor e uma garrafa d'água na mochila, tomou o caminho pedregoso que dava acesso ao litoral.

— Niall! Niall! — gritou com toda a força.

Seus gritos se perderam, carregados pela brisa morna e caprichosa que soprava sobre o mar emitindo tristes gemidos.

Chegou à enseada onde haviam discutido horas atrás. O tempo estava ameno. Narcisista, a lua cheia prateada procurava seu reflexo na água. Liam nunca virá tantas estrelas no céu, mas não descobriu o rastro de Niall. Equipado com a sua lanterna, seguiu adiante, escalando as rochas escarpadas que margeavam a praia. Aproximadamente quinhentos metros à frente, embrenhou-se no estreito atalho que descia até uma pequena baía.

— Niall! — ele repetiu, desembocando na praia.

Dessa vez, sua voz soou mais alto. A baía era protegida do vento por um penhasco granítico que suavizava a rebentação das ondas na areia.

— Niall!

Com todos os sentidos à espreita, Liam percorreu a extensão da baía até perceber um movimento na extremidade. Aproximei-me do paredão escarpado. Em quase toda a sua altura, a rocha era atravessada por uma longa falha, que dava acesso a uma gruta natural escavada na pedra.

Alô estava Niall, caído na areia, costas curvadas, pernas dobradas, em um estado de completa prostração. Com a cabeça baixa, ele tiritava e continuava segurando a pistola na mão fechada.

Liam ajoelhou-se junto a ele com uma ligeira apreensão, que rapidamente seu lugar a real preocupação com a saúde de amigo. Ele o cobriu com o cobertor que trazia na mochila e o levantou para carregá-lo nos braços pela trilha que levava até o carro.

— Desculpe pelo que eu disse — ele murmurou. — Foi sem pensar.

— Já esqueci — Liam garantiu — Está tudo bem.

O vento ficou mais frio e soprou mais forte.

Niall passou uma das mãos nos cabelos de Liam e ergueu os olhos marejados em direção a ele.

— Nunca vou magoar você. — Liam prometeu, falando em seu ouvido.

— Eu sei — o loiro respondeu, agarrando-se ao pescoço de seu amigo.

* * *

Não desista, Dinah, continue de pé, de pé!  

Algumas horas antes, naquele mesmo dia, em um bairro popular de Los Angeles, uma moça, Dinah Jane, caminhava apressadamente pela rua. Ao vê-la praticamente correr, abrigada no grosso capuz de seu suéter acolchoado, tudo sugeria que mantinha a forma com uma caminhada matinal.

Mas Dinah não praticava jogging. Ela percorria as latas de lixo.

Um ano antes, levava uma vida agradável, jantava regularmente em restaurantes e não hesitava em torrar mais de mil dólares no shopping com as amigas. Mas a crise econômica virava tudo de cabeça para baixo. Da noite para o dia, a firma onde trabalhava reduzirá drasticamente seus efetivos e suprimida o posto de controladora de gestão que ela ocupava.

Por alguns meses, fizera força para acreditar que se tratava apenas de uma fase ruim e não esmorecera. Disposta a aceitar qualquer oferta que se adequasse a seu perfil, passara dias em sites de busca de emprego, inundando as empresas com currículos e cartas de apresentação, participando de fóruns de desempregados, chegando a contratar um escritório de planejamento de carreira. Infelizmente, todas as suas tentativas resultaram em fracasso. Em seus meses, não havia conseguido uma única entrevista promissora.

Para sobreviver, designara-se a fazer faxina diária em uma casa de repouso de Montebello, mas não seriam os poucos dólares recebidos com aquele bico que pagariam seu aluguel.

Dinah diminuiu o ritmo ao chegar à Purple Street. Ainda não eram sete da manhã. A rua permanecua relativamente calma, o movimento havia apenas começando. Apesar de tudo, esperou que o ônibus escolar deixasse a via para mergulhar a cabeça na lata de lixo. Com o tempo, aprendera a deixar de lado o orgulho e a altivez quando se lançava naquele tipo de empreitada. De qualquer forma, não tinha escolha. Culpa de um temperamento mais para cigana que para formiga e de algumas dividas que pareciam insignificantes na época em que ganhava trinta e cinco mil dólares por ano, mas que agora a enforcava e ameaçavam lhe fazer perder o teto.

Inicialmente, limitara-se a vasculhar os contêineres do supermercado embaixo de sua casa para recolher alimentos que haviam passado da data de validade. Mas estava longe de ser a única a ter tido essa ideia. Todas as noites, uma multidão cada vez maior de sem-teto, trabalhadores informais, estudantes e aposentados sem renda se espremia em volta da caçamba de ferro, de modo que a direção do estabelecimento terminara por borrifar detergente nos alimentos para inutilizá-los. Dinah resolvera então levar as suas explicações para fora do bairro. No início, vivera a experiência com um trauma, mas decididamente o ser humano é um animal que se adapta a todo o tipo de humilhação.

A primeira lata de lixo estava abarrotada e sua busca não foi inútil: a caixa de de nuggets de frango pela metade, um copinho de Starbucks com um restinho de café preto, outro de capuccino. Na segunda, encontrou uma camiseta Abercrombie rasgada que poderia lavar e reciclar e, numa terceira, um romance que se novo com uma bela capa imitando couro. Colocou aquela pobres tesouros no saco e continuou a ronda.

Meia hora mais tarde, Dinah Jane chegou em casa, um pequeno apartamento em um prédio novo e bem conservado, cuja mobília fora reduzida ao mínimo necessário. Lavou as mãos, depois despejou o café e o capuccino numa caneca, que esquentou no micro-ondas junto com os nuggets. Enquanto preparava o café da manhã, esparramou seus achados na mesa da cozinha. A elegante capa gótica do romance logo chamou sua atenção. Um adesivo colado no canto esquerdo advertia o leitor:

Do autor de A Companhia dos anjos

Harry Styles? Ouvira falar dele pelas garotas do escritório, que adoravam seus livros, mas nunca lera nada. Limpou a mancha de milkshake na capa, pensando que poderia conseguir um bom preço por ele, depois se concentrou à internet, piranteando como de costume o wi-fi da vizinha. Novo, o livro custava dezesse dólares na Amazon. Acessou sua conta do e-Bay e fez uma tentativa: uma oferta por quatorze dólares em caso de compra imediata.

Em seguida foi lavar a camiseta, tomou uma chuveirada para “tirar a crosta” e se vestiu, detendo-se diante do espelho.

Acabara de completar trinta e sete anos. Ela, que durante muito tempo pareceram mais jovem do que era, envelhecera subitamente, como se um vampiro tivesse sugado seu frescor. Desde a perda do emprego, de tanto se empanturrar com porcarias, ganhara dez quilos, tudo na bunda e cara, o que lhe dava a aparência de um hamster gigante. Tentou sorrir, mas achou o que viu lastimável.

Estava à deriva e seu naufrágio transparecia em seu feio rosto.

Corra, você vai chegar atrasada!

Enfiou um jeans claro, um suéter com um capuz e um par de tênis.

Está ótimo, você não vai à boate. Não vale a pena se a emperiquitar para limpar cocô de velhinhos.

Imediatamente odiou a si mesma pelo cinismo. Sentia-se completamente desamparada. A que se agarrar nos momentos mais sombrios? Não tinha ninguém para ajudá-la, ninguém com quem desabafar as mágoas. Nem amigos de verdade nem homem em sua vida — o último remontava a meses. Sua família? Receando a humilhação, não comentara seus infortúnios nem com o pai nem com a mão. E não se pode dizer que eles estivessem interessados em ter notícias dela. Em certos dias, quase lamentava não ter permanecido em Detroit, com sua irmã, que ainda morava a cinco minutos da casa dos pais. Ally nunca tivera a menor ambição. Casara-se com um corretor de seguros grosseirão e tinha um menino insuportável, mas pelo menos não era obrigada a se perguntar diariamente onde e o que comer.

Enquanto abria a porta, Dinah teve um instante de abatimento. Como todo mundo, tomava remédios: analgésicos, para não sentir dor nas costas, e ibuprofeno, que engolia como balas para expulsar a enxaqueca crônica. Mas hoje ela precisaria de um poderoso calmante. À medida que as semanas passavam, ficava a cada vez mais sujeita a crises de ansiedade, vivendo sempre com receio, com a sensação definitiva de que, independente de seus esforços e de sua boa vontade, não controlava mais nada em sua vida. Às vezes, a miséria a exasperava e ela se sentia capaz de cometer uma loucura, como aquele ex-executivo de finanças que, nove meses antes, mataria cinco membros da família antes de se suicidar. Deixaria uma carta à polícia atribuindo seu gesto à situação desesperadora em que se encontrava. Desempregado havia vários meses, acabara de perder todas as suas economias em decorrência da queda da Bolsa.

Não desista, Dinah, continue de pé, de pé!  

Lutou para recobrar o juízo. Sobretudo para não pagar o mico de desmorona. Se abaixadas os braços, se afundaria, sabia disso. Precisava se açoitar com toda a força para não perder o apartamento. Às vezes, tinha a impressão de ser um animal na toca, mas ali pelo menos podia tomar banho e dormir em segurança.

Pôs os fones de seu iPod nos ouvidos, desceu a escada e pegou o ônibus para a casa de repouso. Fez a faxina durante três horas e aproveitou a pausa do almoço para procurar emprego na internet, no computador da sala de recreação.

Boas novas. O livro que pusera à venda encontrara um comprador pelo preço pedido. Dinah trabalhou ainda até as três da tarde, depois passou no correio para despachar o romance.

Ariana Grande, campus de Berkeley, Califórnia.

Colocou o romance no envelope sem notar que o livro tinha mais da metade das página em branco...

* * *

“Atenção, pessoal, hora de se mexer!”

O rádio cuspiu a ordem a todos os motoristas da frota de oito caminhões de lixo que cruzaram a zona industrial de Brooklyn. Sem dever nada a um transporte de valores, a duração e o trajeto entre o depósito de New Jersey s a empresa de reciclagem perto de Coney Island eram rigorosamente fiscalizados para evita roubo de mercadorias. Carregado com trinta paletes, cada caminhão transportava sozinho treze mil livros embalados em caixotes de papelão.

Era por volta de dez da noite quando o gigantesco carregamento atravessou debaixo de chuva as portas da estação de trituração instalada em um imenso terreno cercado por grades, que em muito lembrava um acampamento militar.

Sucessivamente, cada caminhão descarregou sua carga no calçamento asfaltado do vasto entreposto: toneladas de livros ainda embalados em plásticos.

Acompanhado de um oficial de justiça, um representante da editora supervisionava a operação. Não era todo o dia que cem mil exemplares eram colocados na trituradora por defeito de fabricação. A fim de evitar qualquer fraude, os dois homens fiscalizaram escrupulosamente a carga. A cada descarregamento, o oficial de justiça retirava um livro de um caixote para constatar a impressão defeituosa. Todos os exemplares apresentavam a mesma falha: das quinhentas páginas do romance, apenas metade estava impressa. A história parava bruscamente no meio da página 266, numa frase igualmente inconclusa...

Como se se tratasse de simples entulho, um balé de três retroescavadeiras avançou em direção àquela manacial de livros, para empurrá-los sobre esteiras rolantes que subiam velozmente em direção às bocas escancaradas dos monstros de ferro. A trituração industrial podia começar.

As duas trituradoras devoraram gulosa mente aquelas dezenas de milhares de livros. Com violência, o ogro mecânico destrinchava e mastigava os volumes. Em meio a pó de papel, páginas rasgadas esvoaçavam.

Terminava a digestão, um monte de livros dilacerados, picados, despedaçados, saiu das entranhas da besta antes de ser compactado por uma prensa, que terminou por excretar fardos em forma cúbica cingidos de arame.

Em seguida, os cubos compridos foram empilhados no fundo do galpão. No dia seguinte seriam, por suas vez, carregados em outros caminhões. Reciclados como pasta de papel, reencarnariam como jornais, revistas, lenços descartáveis ou caixas de sapatos.

* * *

Em poucas horas, o caso estava encerrado.

Destruída a totalidade do estoque, o responsável pela fábrica, o editor e o oficial de justiça assinaram o documento que registrava metodicamente o número de exemplares eliminados a cada operação.

A soma total: 99.999 exemplares...

💮 Notas finais 💮

Desculpem demorar tanto
Eu ainda estou com muita história pra atualizar... Por isso se você escreve não faça a loucura que eu fiz de sair postando um monte

Então, espero que tenham gostado
Não importa quanto tempo eu demore eu vou terminar essa história 🌹

Em nome de Larry!

All the love, A.

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