O estrondo da bala reverberou em meus tímpanos e um silêncio fúnebre se instalou, quando ergui meus olhos vagarosamente e busquei algum indício de sangue em meu corpo, mas não encontrei nada, subitamente o silêncio se rompeu com Tatiane me empurrando e clamando o nome de Roger. Desviei o olhar para o solo e constatei que o homem jazia com o peito ensopado de sangue, enquanto Tatiane sustentava a cabeça dele em seu regaço e afagava sua face, trêmula e soluçando por ele.

── PAI, EU JURO QUE VAI FICAR TUDO BEM! ── Ela proferia com a maquiagem escorrida e suas mãos manchadas de sangue.

Eu estava atônito, parecia que algo havia me petrificado e eu não conseguia articular uma palavra, eu observava as pessoas em minha volta tentando socorrer Roger, enquanto eu me esforçava para me mexer mas não lograva. Presenciei David tentar fugir mas os seguranças lograram impedir sua evasão.

Mas de que valia, por que eles não obstruíram a entrada dele? Agora já era demasiado tarde.

Eu permanecia imóvel, como se estivesse anestesiado, quando testemunhei Tatiane se erguer e bradar desesperadamente:

── ELE SE FOI, ELE ME ABANDONOU, ELE ESTÁ MORTO! ── Tatiane vociferava descontrolada apontando para Roger.

Eu recobrei a consciência e fui assimilando aos poucos o que havia acabado de ocorrer. Aproximei-me de Tati com cautela e nos abraçamos.

── Ele se foi Tom... no dia do meu casamento, ele se foi.. ── Ela murmurava enquanto chorava incessantemente.

── Vai ficar tudo bem, pelo menos ele se arrependeu a tempo.. ── Falei tentando tranquilizá-la.

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Quando a noite caiu, encontramos um ambiente de profundo pesar. Tatiane, Bill e eu dividíamos a mesma residência. Minha mãe e os meninos tinham vindo para consolar Tatiane, mas ela preferia o isolamento e eles respeitaram sua vontade. Afinal, não é simples lidar com a perda de um pai, ainda que ele tenha cometido atrocidades, Tatiane jamais deixou de amá-lo.

Acessei o aposento onde Tatiane repousava e me acomodei ao seu lado.

── Compreendo a sua dor pela morte de seu pai, mas procure recordar dos momentos felizes, caso existam, que você compartilhou com ele. Tudo vai melhorar e lembre-se que agora somos esposo e esposa e podemos finalmente viver em harmonia. Como o matrimônio foi uma surpresa, não é mesmo senhora Tatiane, eu adquirirei uma moradia para nós em breve. ── Proferi enxugando as lágrimas de seu rosto.

── Obrigada, Tom... ── Ela murmurou.

── Eu estarei aqui sempre para o que você necessitar. ── Sorri afetuosamente para ela.

── Sabe, ocorreu aquele incidente no casamento e impediu que a gente desfrutasse dele, o que você acha de acionar o rádio com uma música tranquila e iniciar uma dança aqui, como uma valsa? ── Ela propôs e eu concordei entusiasmado.

── Claro, vai ser bom até para te distrair. ── Falei segurando as suas mãos.

── Aliás, era para você ter ido de helicóptero para o casamento, já que você queria que eu fosse de helicóptero, mas o Bill parece que esqueceu. ── Ela soltou uma gargalhada.

── Sério? Se for assim, o que você acha da gente sobrevoar amanhã? ── Sugeri e ela ligou o som, selecionando uma música suave.

── Amanhã é o sepultamento do meu pai Kaulitz, sem chances. ── Ela disse parando em minha frente e colocando as duas mãos no meu ombro, enquanto eu coloquei minhas mãos na sua cintura e fomos movendo os pés delicadamente.

── Então depois do sepultamento a gente vai, sei que você vai inventar alguma desculpa, mas vai ser bom para você e ainda vai estar superando os seus temores, tenho certeza que o Roger vai se orgulhar disso onde quer que ele esteja agora... no inferno ou no céu e se existir isso também né. ── Falei e ela sorriu.

── Está bem... ── Ela concordou e eu a beijei suavemente.

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Após um dia transcorrido, chegou a ocasião em que Roger seria sepultado. Na verdade, isso já se consumara.

── Que Deus o tenha. ── Tatiane beijou a extremidade dos seus dedos e depositou na lápide, afagando.

Abaixei-me e me uni a ela em um abraço. O enterro já havia ocorrido, e eu deveria estar consternado pelo que sucedera a Roger, pois ele se colocou na minha frente para me proteger, mas eu experimentava um alívio por saber que, a partir de então, tudo se resolveria. Roger finalmente pagaria pelo que fizera.

Era evidente que eu não diria isso a Tatiane, imagine como ela reagiria, nem quero cogitar.

Deixamos o cemitério e eu conduzi até minha residência para nos higienizarmos, mas antes paramos em uma loja de vestuário para adquirirmos algumas peças para Tata, já que em minha moradia não havia nenhuma indumentária dela.

Assim que chegamos em casa, fomos direto para o banho e comunicamos a Bill que iríamos sobrevoar de helicóptero, obviamente ele quis ir, mas eu o impedi, pois seria um instante só entre eu e ela.

Já estávamos no helicóptero e ele estava prestes a alçar voo. Creio que é esse o termo, Tatiane estava apavorada. Ela agarrava minhas mãos, enquanto as dela transpiravam geladas.

── E se o helicóptero despencar? ── Ela indagou.

── Bem, agora ele está seguro, mas se ele estivesse lá em cima e algo desse errado, nós iríamos simplesmente para o mesmo destino que o seu pai. ── Fiz uma piada, mas logo me arrependi. ── Desculpe. ── Sorri sem graça.

Iniciamos o voo e Tatiane berrava enquanto observava o solo e eu apenas me divertia com a situação.

── É muito alto, e se eu quiser desistir? ── Ela sussurrou.

── Você ainda não viu nada e não vai desistir, senão eu te atiro daqui. ── Eu disse e rimos juntos.

Solicitei ao piloto que sobrevoasse a boate onde ocorreu o nosso casamento e ele assim o fez.

── Olhe lá embaixo, as decorações do nosso casamento ainda estão lá. ── Eu apontei e Tatiane olhou com pavor.

── É verdade, nem parece que aconteceu o que aconteceu. ── Ela falou com tristeza.

── Pois é, mas eu não pedi ao piloto que sobrevoasse a boate para você ficar com essa expressão, mas sim para você recordar que foi por causa desse lugar que nós nos conhecemos. Agora olhe de novo e lembre-se de quando nos vimos pela primeira vez, eu na mesa quatro e você uma bela garota vindo me atender. ── Eu falei com um sorriso e ela olhou novamente, dessa vez orgulhosa.

── É, você tem razão, nós passamos por tantas coisas para chegar onde estamos. Tenho orgulho de nós. ── Ela olhava para fora orgulhosa.

── E por falar em orgulho, parece que você superou mesmo o seu medo de voar de helicóptero, né? Até parou de gritar e tremer. ── Eu brinquei e ela segurou a minha mão.

── Quando estou ao seu lado, nada me assusta. ── Ela disse com um sorriso, enquanto me fazia carinho.

── O HELICÓPTERO VAI DESPENCAR! ── Eu gritei.

── COMO ASSIM? ── Ela exclamou, aterrorizada.

── Foi só uma piada, porque você disse que não tem medo de nada quando está comigo, mas parece que você tem sim, mesmo com a minha presença. ── Eu expliquei e ela suspirou aliviada.

── Que horror, kaulitz, não faça mais isso, seu palhaço! ── Ela reclamou, me dando uns tapinhas.

── Esse é o meu jeito. ── Eu sorri, brincando com o meu piercing.

── Eu admito que mesmo com você aqui eu sinto medo, mas bem pouco, porque você me dá conforto, segurança e muito amor. Você é, sem dúvida, a pessoa certa que eu escolhi para enfrentar o meu maior medo e me casar com você. ── Ela declarou, me dando um beijo rápido.

── E juntos nós vamos superar outros mil medos que guardamos dentro de nós. ── Eu sorri, segurando as mãos dela.

── E se eu tiver medo de ter medo? ── Ela indagou.

── Aí eu te mando à merda e tudo se resolve. ── Eu falei e nós rimos juntos.

── Mas agora falando sério, eu te amo demais e nunca quero me afastar de você! ── Ela falou, fitando os meus olhos castanhos.

── E nós nunca vamos nos separar, meu amor. Eu também te amo, você será sempre a melhor garçonete que me atendeu e a minha esposa, a minha Tata. ── Eu falei, admirando cada detalhe dela.

── E você será sempre o melhor cliente que eu já atendi e o meu maravilhoso, garoto da mesa quatro!

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O garoto da mesa quatro

Iniciado: 21/05/23

Finalizado: 13/12/23

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Sim, demorei muito para finalizar a obra, mas finalmente chegou o grande dia kkkkkk.

Espero que tenham gostado da fanfic!