- 𝒄𝒉𝒂𝒑𝒕𝒆𝒓 57
Retornávamos ao nosso lar enquanto Bill conduzia entusiasmado. Ele demonstrava mais euforia que o habitual, parecia que nutria um grande interesse por aquela festa de nossa fã. Essa conversa me deixou desconfiado, ainda tenho uma dúvida incômoda, mas também estava animado, afinal essa seria a nossa primeira vez invadindo sorrateiramente a festa de uma fã sem o seu consentimento, apenas com o dos seus responsáveis.
── Qual é o nome dessa menina? Será que ela conhece todas as nossas canções? ── Interroguei enquanto Bill dirigia e me observava pelo canto do olho.
── Chame ela de fã, o nome você vai saber lá na festa, relaxe que é amanhã, ou seja, não vai tardar muito. ── Bill respondeu ligando o rádio do automóvel em um volume moderado.
Depois de um longo tempo chegamos na nossa residência, Bill deixou as chaves sobre um móvel de madeira, enquanto eu caminhava até a geladeira para pegar um copo de água.
Bill parecia inquieto, ele mordia suas unhas enquanto olhava pela janela através da fresta da cortina.
── Está ansioso para essa festa, não é? ── Indaguei deixando o copo na pia e caminhando até Bill, que se assustou.
── Ah... não.. é que... está chovendo, e olha que é dia, estava sol agora a pouco, será que vai chover amanhã? Tomara que não. ── Bill falou nervoso enquanto se jogava no sofá.
── Se chover amanhã não tem problema, a gente tem carro, a não ser que seja um sinal para a gente não ir. ── Falei e Bill deu um salto do sofá.
── NÃO! A gente vai, nem que o mundo esteja acabando. ── Bill disse e eu soltei uma gargalhada.
── Pelo visto a mãe da garota vai nos pagar muito bem, não é? ── Falei e Bill revirou os olhos se sentando de volta no sofá.
── Não é isso, é que a gente não pode decepcionar ela.. ── Bill argumentou ligando a televisão.
── Sei, tenho certeza que é por causa do dinheiro sim! ── Falei pegando uma almofada e jogando em Bill.
── Não é não! ── Ele retrucou devolvendo a almofada em meu rosto.
Ficamos assim, no final acabou que iniciamos uma guerra de almofadas. Era tão bom estar morando em uma casa, só eu e o Bill, pois assim poderíamos fazer coisas que só eu e ele compreenderíamos.
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10 de fevereiro de 2013,
── Desperte, Tom, desperte!
Bill saltava sobre a cama com exaltação, assemelhando-se a uma criança irrequieta que não sossegava nem por um instante.
Abri os olhos lentamente e Bill cessou seus saltos e afastou a cortina, o clima estava sombrio, ou seja, para uma alvorada, estava muito desagradável e parecia que iria chover.
── Tom, é hoje, é hoje! ── Bill abraçava um travesseiro e rodopiava parecendo um insano.
── Que diabo que tem hoje? ── Falei passando as mãos pelo meu semblante e erguendo-me na cama.
── O que eu te contei ontem!! ── Bill disse e eu revirei os olhos deitando-me na cama novamente.
── Anda, desperte, você precisa se embelezar, já são uma hora da tarde! ── Bill tentava me arrastar pelo pé para eu despertar.
── Espera, está de tarde e não de manhã? ── Falei erguendo-me na cama outra vez.
── Sim, por isso você deve apressar-se logo, a festa é duas horas da tarde, vai banhar-se, vestir sua roupa elegante, que eu vou por a minha.
Minutos depois, voltei do meu banho e pós meu terno, fiquei impressionado que Bill estava impecável, ele não costumava usar terno, mas hoje parecia um dia muito especial. Ele usava umm blazer azul-marinho de lã, com lapelas finas e dois botões. O blazer tem um corte ajustado e um bolso no peito, onde Bill coloca um lenço branco dobrado, além disso, usava uma camisa branca de algodão, com colarinho italiano e punhos duplos. A camisa é lisa e sem estampas, para dar um contraste com o blazer. Também usava uma gravata borboleta preta de seda, com um nó simples e simétrico.
Na parte de baixo, usava uma calça azul-marinho de lã, com o mesmo tecido e tom do blazer. A calça tem um corte reto e uma bainha discreta, que termina logo acima do sapato. Logo vem o cinto preto de couro, com uma fivela prateada e discreta. O cinto combina com a cor da gravata borboleta e do sapato, e ajuda a definir a cintura de Bill.
E em seus pés, usava um sapato preto de couro, com um bico fino e um salto baixo. O sapato é polido e confortável, e completa o visual elegante de Bill.
── Caralho, Bill, você arrasou! ── Exclamei e Bill retribuiu com um sorriso.
── Não exagere, temos que ir, o tempo está se esgotando. ── Ele disse e me arrastou pelos braços para fora do quarto.
── E eu não vou comer? ── Indaguei e Bill me conduziu para a saída da casa.
── A culpa é sua por ter dormido demais. ── Ele replicou me levando para a rua.
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Estavamos no carro e passou alguns minutos, mas pareciam horas, eu balança minha perna, nervoso, pois estava bastante desconfiado sobre essa festa. Derrepente Bill freiou o carro bruscamente, me fazendo levar um susto e me entregou uma máscara de repouso para eu por nos olhos.
── Pra que isso, a surpresa é para a fã ou pra mim. ── Falei e Bill gargalhou.
── Fica quieto e só coloca a venda.
Bill mandou e assim eu fiz, mesmo achando estranho, em seguida senti o carro andar novamente e depois alguns minutos o carro parou e Bill me retirou dele e foi me guiado até um lugar, quando ele disse chegamos e escutei a música i'm Yours de Jason Mraz soar pelos meus ouvidos, quando Bill segurou meus braços e finalmente retirou a máscara do meu olho, assim eu poude ver que não era festa nenhuma, ou parecia que não. Na realidade, observando o local, era nítido que aquilo era um casamento.
O local estava com um tapete vermelho sobre a terra, que levava até o altar. Velas e flores espalhadas pelo terreno, que criavam uma atmosfera de aconchego e romantismo. As velas iluminavam o local, que não tinha eletricidade, e as flores traziam um toque de cor e perfume. Eu percebi que às velas e as flores eram as preferidas de Tatiane. Além disso, tinha um altar improvisado com uma cortina branca e um arco de balões, que servia como o cenário principal da cerimônia. O altar era simples, mas bonito e significativo. Uma faixa com os dizeres: "Aqui nos conhecemos, aqui nos casamos", que estava pendurada no fundo do altar, sobre os restos da boate, parecia uma forma de homenagear o lugar onde a gente se conheceu pela primeira vez, e de mostrar que nós dois não se importavámos com as aparências ou as convenções. Enquanto eu caminhava nervoso até o altar, analisei os bancos de madeira para os convidados, que eram poucos, mas especiais e no meio desse pouco, vi Gustav, que ria disfarçadamente enquanto me encarava.
Ao me postar no altar, lancei um olhar ansioso para a entrada e percebi, com as mãos trêmulas, que Bill não estava lá. Onde ele teria se metido? De repente, a música cessou e deu lugar a "Fix You" de Coldplay.
Bill surgiu, caminhando vagarosamente, enquanto me fitava com os olhos marejados. Ao seu lado, uma mulher desconhecida para mim. Logo atrás, vinha a minha mãe, que se esforçava para não chorar e estragar a maquiagem. E ao lado dela, Georg, com uma expressão radiante. Eles se aproximaram de mim e me abraçaram, um por um. Bill me abraçou e me disse para eu me acalmar. Minha mãe me disse que estava orgulhosa. Georg me disse para eu agradecer a todos, pois foram eles que organizaram tudo. E a moça que eu não reconhecia apertou a minha mão e sorriu amistosamente. Fiquei intrigado para saber quem era, mas eles se separaram, indo cada um para um lado. Minha mãe e Georg ficaram do meu lado, enquanto Bill e a garota ficaram do outro.
Meu coração estava acelerado, minhas mãos estavam soando e eu estava a espera da Tatiane. Por que ela se escondeu esse tempo todo? Por que ela não me disse nada? Deixei meus pensamentos para lá e observei ela entrando com os olhos lacrimejando, mas ela estava mais linda do que nunca.
O vestido dela era elegante e sofisticado, feito de renda branca com detalhes em pérolas e cristais. O vestido tem um decote em V, mangas longas e uma cauda longa que arrasta pelo chão. O véu é longo e transparente, preso por uma tiara de pérolas. Tatiane segurava um buquê de rosas brancas e um colar de diamantes. Ela está radiante, mas parecia nervosa, assim como eu.
Quando ela se aproximou de mim, tomou as minhas mãos entre as suas e implorou perdão, eu apenas lhe dei um beijo na testa e nos voltamos para os convidados, ignorando as palavras do padre, que se prolongavam em demasia. Eu estava tão nervoso que, se pudesse, mandaria ele se calar e ir direto ao assunto, mas como ele é um padre, não posso desrespeitá-lo.
── Tatiane e Tom, vocês se apresentaram aqui para celebrar o sacramento do matrimônio. É por livre e espontânea vontade e com todo o coração que vocês pretendem fazê-lo?
O padre finalmente foi direto ao ponto e, em uníssono, eu e Tatiane, respondemos, sim. E Bill nos entregou uma mini almofada onde tinha às alianças.
── Tatiane, você recebe o Tom como seu esposo e promete ser-lhe fiel, amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de sua vida? ── O padre indagou, fitando-a.
── Sim, aceito, com certeza, ele é o meu bem mais precioso que eu tenho, e eu escolhi casar aqui, aonde a gente se viu pela primeira vez, porque, como diz ali, aqui nos conhecemos e aqui nos casamos, assim, poderemos dizer para os nossos filhos que esse lugar, será para sempre nosso e você será para sempre, meu garoto da mesa quatro. ── Ela retrucou, me olhando orgulhosa e dando um sorriso tímido, enquanto passava suas mãos suaves em meu rosto.
Em seguida ela pegou a aliança dourada que tinha nossas iniciais e colocou em meu dedo.
── Tom, você recebe a Tatiane como sua esposa e promete ser-lhe fiel, amá-la e respeitá-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias de sua vida? ── Ele me encarou, aguardando minha resposta.
── Sim, aceito. Eu quero ser o marido da mulher mais linda do mundo inteiro, eu te amo, me desculpa pelos meus erros ou por algo que eu te fiz que te magoou. Eu prometo que serei para sempre o seu garoto da mesa quatro e você será pra sempre a garçonete mais linda que eu já conheci e pôde escolher para amar, respeitar e casar!
── Falei com olhos cheios de lágrimas e coloquei a aliança no dedo de Tati, que deixava cair uma gota de lágrima do seu rosto e em seguida eu ajudei a limpar.
── Se alguém se opõe a esse casamento, fale agora ou cale-se para sempre. ── O padre declarou firme e um silêncio sepulcral se fez. ── O que Deus uniu, o homem não separe. Eu vós declaro, marido e mulher, pode beijar a noiva!── O padre rompeu o silêncio, concluindo.
── A MAIS SEPARA SIM! ── Uma voz irada ecoou pelo salão, parando a música e fazendo-nos virar e encarar David, o ex-namorado de Tati, que empunhava uma arma em nossa direção. Os convidados entraram em pânico e se dispersaram, enquanto eu protegia Tatiane com o meu corpo.
── Não se meta entre nós. ── Retruquei e David soltou uma gargalhada.
── Você acha que eu vim aqui para machucá-la? Eu vim aqui para cumprir o plano que o Roger havia traçado e que contava com a ajuda da Laís, mas esses dois covardes desistiram e se aliaram a vocês. ── David revelou e todos os olhares se voltaram para a garota que estava ao lado de Bill, que finalmente teve sua identidade revelada, Laís.
── Laís? Você foi cúmplice na tentativa de assassinato do meu irmão? ── Bill indagou.
── Não foi bem assim, eu estava desempregada e o Roger me procurou aqui na Alemanha e depois me ofereceu uma boa quantia para ajudá-lo em um plano, eu não podia recusar, tanto que ele me levou para Los Angeles e me mandou junto com o David sequestrar o Tom, mas eu não consegui fazer isso com ele, eu o ajudei a escapar, foi quando o Bill me encontrou e eu tive que mentir. ── Ela confessou deixando todos atônitos.
── Então era você a garota... ── Eu falei enquanto ela me olhava com pesar.
── CHEGA! ── Bradou David.
── Tati, é melhor você fugir daqui. ── Cochichei no ouvido dela, mas ela insistiu em ficar.
David nos fitava com ódio, enquanto a maioria dos convidados já havia saído do salão. Eu senti que minha vida estava por um fio ali. Eu apertei a mão de Tatiane atrás de mim, tentei dialogar com David, mas ele não se deixava convencer, então fechei os olhos e só aceitei, sussurrando no ouvido de Tati que a amava, em seguida só ouvi o estrondo do tiro e os gritos...
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