- 𝒄𝒉𝒂𝒑𝒕𝒆𝒓 43
── Tata, por favor, acorde! ── A voz de Tom ecoou em meu ouvido, cheia de desespero e angústia.
── Ela está voltando a si. ── Outra voz, feminina e desconhecida, se fez ouvir.
Abri os olhos devagar, sentindo uma forte dor de cabeça. Diante de mim, vi o rosto preocupado de Tom e de uma mulher que parecia ser uma vendedora. Eu estava sentada em uma cadeira branca e acolchoada, e Tom me envolveu em seus braços fortes.
── Você me deu um susto, sua boba. Não pode morrer antes do nosso casamento, hein! ── Ele tentou fazer uma piada, mas eu vi a lágrima que escorreu pelo seu rosto.
Então me lembrei do que tinha acontecido. Tom tinha me feito um pedido de casamento surpresa, na frente de toda a loja de joias. Eu fiquei tão emocionada e nervosa que acabei desmaiando. Eu ainda não tinha dado a minha resposta.
── Estou bem, não se preocupem.. ── Eu disse com voz fraca, pegando a garrafa de água que estava em minhas mãos e bebendo um pouco.
── Que bom que você está melhor. Agora, vocês vão levar essas alianças? A do Tom já está aqui, só falta a da moça. ── A mulher disse, apontando para mim com um sorriso enorme nos olhos.
── A dela é essa aqui, a menorzinha. ── Tom disse, mostrando o anel que eu tinha experimentado antes de desmaiar. Era lindo, a mulher pegou o anel e colocou em outra caixinha azul, junto com o de Tom.
── Pronto, aqui estão. ── Ela entregou a caixa para Tom, que a guardou no bolso. Ele tirou o cartão de crédito e pagou pela compra. Depois se virou para mim e me ajudou a levantar.
── Vamos embora, meu amor? Já está ficando tarde. ── Ele disse, me abraçando pela cintura e me guiando para fora da loja. Eu fui com ele, sem dizer nada, pois ainda estava em estado de choque.
Entramos no carro e Tom me olhou nos olhos. Ele tirou as caixinhas do bolso e abriu uma delas. Pegou o anel menor e colocou no meu dedo anelar esquerdo. Depois abriu a outra caixa e me estendeu o anel maior.
── Sua vez. ── Ele sussurrou, com uma ternura que me fez derreter.
Eu peguei o anel e coloquei no dedo dele, sem pronunciar nenhuma palavra. Ele estranhou o meu silêncio e me acariciou o rosto.
── Você está mesmo bem? Você parece estranha, eu fiz alguma coisa que você não gostou? ── Ele perguntou, com uma expressão de preocupação.
── Não é isso, é que eu estou sem reação com tudo isso. Eu nunca imaginei que um dia eu ficaria noiva de alguém, muito menos que esse alguém seria você. Você é a melhor coisa que já me aconteceu na vida, Tom. Eu não respondi antes porque eu estava com medo, mas agora que eu pensei melhor, sim, eu quero me casar com você!
Tom sorriu e seus olhos brilharam de felicidade. Ele me puxou para um abraço apertado e eu senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Ficamos assim por alguns minutos, sentindo o calor um do outro. Eu respirei fundo e senti o cheiro doce do Tom, que sempre me acalmava. Encostei minha cabeça em seu ombro e comecei a soluçar, lembrando de tudo que nós passamos juntos. Ele sempre esteve ao meu lado, me apoiando e me amando incondicionalmente. E eu também sempre o amei mais do que tudo nesse mundo. Nós éramos almas gêmeas, e dar esse novo passo na nossa vida era o que eu mais queria.
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Bill e Gustav esperavam ansiosamente na sala pela chegada de Tom e Tatiane, que haviam sumido. Bill não parava de balançar as pernas e roer as unhas, enquanto Gustav fazia o mesmo.
Ouviram passos se aproximando e viraram-se para ver quem era. Era Simone, a mãe de Bill e Tom, com os cabelos desgrenhados e o rosto preocupado.
──Já passou das dez da noite e nada do Tom aparecer? ──Ela perguntou com a voz sonolenta.
──Mãe, você não estava dormindo? ── Bill perguntou, segurando a mão dela.
──Eu estava, mas tive um pesadelo com o Tom e vim ver se ele já tinha chegado. ── Simone explicou, passando a mão pelo rosto.
De repente, a campainha tocou e eles se animaram, pensando que fosse Tom e Tatiane. Mas ninguém abriu a porta, o que fez o alívio durar pouco.
──Eles devem ter esquecido a chave. ── Gustav disse, levantando-se e indo até a porta.
Quando ele abriu, ficou chocado com o que viu. Chamou Bill e Simone para verem também. Era Roger, o pai de Tatiane, com o rosto ensanguentado e as roupas rasgadas. Ele estava com uma garrafa de bebida na mão e gritava por ajuda.
──Minha filha está aí? Eu preciso ver ela, eu amo ela, me ajudem, eu estou desesperado, desesperado. ──Ele repetia sem parar. Bill, Gustav e Simone recuaram um pouco dele e depois se reuniram para decidir o que fariam com ele.
──Ele está muito ferido, a gente tem que ajudar ele. - Bill disse e Simone concordou.
──A situação dele parece grave mesmo, mas ele não merece nossa ajuda. Ele foi cruel com a gente, ele não estava perseguindo o Tom? Vocês vão deixar ele entrar assim, sem mais nem menos? ── Gustav disse, impedindo a entrada de Roger.
──Mas agora é diferente Gustav, a gente tem que ter compaixão. Por pior que ele seja, ele está precisando da nossa ajuda. A gente tem que mostrar para ele que somos melhores do que ele pensa. ── Simone disse e Gustav continuou resistindo.
──Me ajudem, me ajudem! ── Roger gritava ao fundo.
─── Eu já aviso que sou contra isso, mas vamos lá, antes que ele faça alguma besteira. ──Gustav disse e eles foram ajudar Roger a entrar. Colocaram ele no sofá e ali ele ficou.
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Tom e Tati estavam no carro, voltando da loja , quando ela quebrou o silêncio.
── Tom, eu preciso te perguntar uma coisa. ── Ela disse, olhando para ele com uma expressão séria.
── O que foi, amor? ── Ele perguntou, segurando a mão dela.
── Quem a gente vai chamar pro nosso casamento e quem vai entrar com a gente até o altar? ── Ela soltou de uma vez, como se estivesse guardando aquilo há muito tempo.
── Ué, por que você está preocupada com isso agora? ── Ele estranhou, franzindo a testa.
── Porque a gente não conhece quase ninguém, Tom. Você sabe, nossa família quase nem está presente em nossas vidas. ── Ela explicou, com um tom de tristeza na voz.
Tom suspirou e acariciou o rosto dela.
── Eu sei, Tati. Mas isso não importa. O que importa é que a gente se ama e quer ficar junto. ── Ele disse, tentando consolá-la.
── Eu também sei disso, mas... eu queria que o nosso casamento fosse especial, sabe? Que tivesse pessoas que se importam com a gente, que torcem pela nossa felicidade. ── Ela confessou, baixando os olhos.
Tom parou o carro em frente à casa deles e abraçou Tati.
── E vai ser especial, meu amor. Eu prometo. ── Ele disse, beijando o topo da cabeça dela.
── Mas como? ── Ela perguntou, olhando para ele com esperança.
── Bom, eu já pensei nisso antes de te pedir em casamento. Já que seu pai nem quer saber de você, né? ── Ele começou a dizer, fazendo uma careta.
── Bom, eu vou entrar com a minha mãe. Ela é a única pessoa da minha família que me apoia e me ama de verdade. ── Ele continuou, sorrindo ao pensar na mãe.
── E os padrinhos? ── Ela perguntou.
── Os padrinhos serão o Bill e a Laís. Eu sei que eles ficariam felizes em participar do nosso casamento. ── Ele disse, confiante.
Tati franziu o cenho.
── Mas você não disse que perdeu o contato com a Laís? ── Ela questionou.
── Sim, mas eu pretendo reencontrá-la antes do casamento. Eu tenho certeza que ela vai querer ser a madrinha. Ela sempre gostou de você. ── Ele disse, otimista.
Tati não estava tão certa disso, mas resolveu não discutir.
── E se você não encontrar ela? ── Ela perguntou.
── Aí eu posso colocar alguém dos meus parentes. Eles moram todos espalhados pela Alemanha, mas eu ainda tenho contato com eles. Eles podem não ser muito próximos de mim, mas eu sei que eles viriam se eu convidasse. Eles adoram uma festa. ── Ele disse, rindo.
Tati riu também, imaginando os parentes de Tom se divertindo no casamento deles.
── Pelo menos você tem eles. E eu que não tenho ninguém? Minha mãe está presa, meu pai me odeia, amigos? Não tenho nenhum. Vou entrar sozinha naquela igreja e os padrinhos? Não tenho ninguém também! ── Ela desabafou, deixando as lágrimas escorrerem pelo seu rosto.
── Presa no inferno, né, só se for. Tati, você esqueceu que ela... morreu? ── Tom disse dando gargalhadas.
── Pelo visto eu não recuperei cem por cento da minha memoria, tinha esquecido disso..── Ela disse entristecida.
Tom limpou as lágrimas dela com o polegar e beijou-a suavemente nos lábios.
── Se acalma, Tati. Você não está sozinha. Você tem a mim. E eu tenho uma ideia. ── Ele disse, animado.
── Que ideia? ── Ela perguntou, curiosa.
── Como eu sei que os meus parentes virão se eu convidá-los, você pode escolher como padrinho o Georg ou o Gustav e como madrinha você pode escolher uma das minhas primas. ── Ele sugeriu, esperando que ela gostasse.
Tati pensou um pouco e pareceu concordar.
── Tudo bem... mas eu deveria escolher alguém próxima a mim, né? ── Ela disse, ainda um pouco triste.
── Confia em mim, Tati. Eu não falo muito com os meus parentes, mas todos eles são legais. Eles vão te tratar bem e te fazer se sentir parte da família. Mas lembre-se que a gente só está com essa ideia porque você não tem ninguém. ── Ele disse, abraçando-a.
Tati assentiu, sentindo-se um pouco melhor.
── Verdade. Se é o único jeito... mas com quem eu vou entrar na igreja já que meu pai nem liga para mim? ── Ela perguntou, ainda preocupada.
── Esse é simples. Com o Georg ou o Gustav. Um deles você escolhe para ser padrinho e o outro para entrar com você na igreja. Até porque os dois são muito especiais para você. ── Ele disse, sorrindo.
── Tem razão... eles são mesmo. ── Ela disse, sentindo-se mais aliviada.
Tom beijou-a novamente e saiu do carro, abrindo a porta para ela.
── Vem, vamos entrar. Amanhã a gente resolve tudo isso. Hoje eu só quero ficar com você. ── Ele disse, pegando-a no colo.
Tati riu e se agarrou a ele, entrando na casa com ele.
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