- 𝒄𝒉𝒂𝒑𝒕𝒆𝒓 35
Três anos se passaram desde que os meninos deixaram a Alemanha e se mudaram para Los Angeles, onde compraram uma casa e viveram juntos. Eles não tiveram mais notícias de Tatiane, depois da conversa com Roger em 2009. Durante o hiatus da banda, Tom teve um namoro, mas terminou um ano depois. Agora ele estava solteiro.
─ Estou ansioso para voltar aos palcos depois de tanto tempo sem fazer shows. ─ Tom disse animado.
─ Eu também, mas espero que os nossos fãs não fiquem bravos com a gente por ter ficado tanto tempo parados. ─ Bill disse, arrumando seu cabelo loiro e curto no espelho, um novo visual icônico.
─ Eles vão entender, a gente precisava de um tempo para descansar e se recuperar. ─ Tom disse, sentando na cama ao lado de Georg.
─ É verdade, o Tom ainda se machucou naquele acidente de carro que foi notícia em todo o mundo. ─ Georg lembrou e Tom o olhou sério.
─ Não precisa ficar lembrando disso, Georg. Já faz três anos, eu e o Bill tínhamos vinte anos na época, agora temos vinte e três. Eu cresci muito nesse período, mesmo que para vocês pareça pouco tempo. Esses três anos e esse hiatus me fizeram refletir sobre os meus erros. ─ Tom disse, deixando um clima tenso no ar.
─ O Tom tem razão, o passado é passado, não importa o que aconteceu, o que importa é o presente e o futuro. Certo? ─ Gustav disse, tentando aliviar a situação.
─ Concordo com o Gustav, vamos mudar de assunto. Eu vou buscar alguma coisa para a gente comer. ─ Bill disse e saiu do quarto.
─ Eu vou com você! ─ Gustav disse e seguiu Bill.
Georg, percebeu o estado de ânimo que Tom ficou e resolveu se desculpar por ter tocado naquele assunto.
─ Me perdoa por ter falado daquele dia, e de tudo o que você passou com a Tatiane. ─ Georg falou, tentando consolar Tom, que esboçou um sorriso amargo.
─ Não tem problema, cara. Ela nem se importou comigo, depois do acidente. Ela simplesmente voltou pro Brasil sem nem se despedir de mim. ─ Tom falou, se levantando da cama e ficando de pé.
─ Mas ela não fez isso! ─ Georg falou, se levantando também.
─ Como não? Eu me lembro bem que vocês me disseram que ela voltou pro Brasil porque queria viver a vida dela. ─ Tom falou, confuso.
─ Isso não foi verdade, a gente mentiu pra você não ficar angustiado e ficar na Alemanha pela Tata, que estava em coma. ─ Georg revelou, e Tom ficou chocado.
─ Em coma? Vocês simplesmente deixaram a garota em coma? ─ Tom perguntou, olhando nos olhos de Georg.
─ Sim, mas você nem estava ligando pra ela, não ia fazer diferença, cara. ─ Georg disse, e Tom ficou irritado.
─ Não ia fazer diferença? Eu arrisquei a minha vida pra salvar ela de um sequestro e ainda a deixei em coma, eu tinha que ficar do lado dela até ela acordar, mas vocês me impediram disso, mentindo pra mim. ─ Tom continuou olhando fixamente para Georg.
Um clima de tensão pairava no ar, enquanto Tom caminhava até o armário e pegava uma mala azul. Ele a colocou sobre a cama e começou a enfiar suas roupas dentro dela, sem olhar para Georg.
─ Tom, o que você está fazendo? ─ Georg perguntou, confuso.
─ Estou arrumando as minhas coisas, não está óbvio? ─ Tom respondeu, frio.
─ Mas nós temos um show hoje à noite, lembra? O show que nós esperamos tanto, o primeiro depois do hiatus ─ Georg tentou lembrá-lo.
─ Eu não posso fazer esse show, Georg. Eu preciso voltar para a Alemanha e ver se a Tatiane está bem. ─ Tom disse, com um tom de angústia na voz.
─ Tom, você precisa superar isso. Já se passaram três anos e nesse tempo, se a Tatiane estiver bem, ela deve ter seguido em frente. E você também deveria. ─ Georg disse, esperando que isso fizesse Tom mudar de ideia.
Tom não disse mais nada. Ele apenas saiu do quarto, deixando Georg sem saber o que fazer.
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Bill estava na cozinha com Gustav, preparando um macarrão, quando viu Tom passar apressado por eles, carregando um cigarro na mão e se dirigindo para fora da casa. Bill estranhou a atitude do irmão e resolveu ir atrás dele. Deixou o macarrão sob os cuidados de Gustav e foi atrás de Tom.
── Tom? Tom? ── Ele chamou e o gêmeo parou.
── O que foi? ── Tom respondeu, dando uma tragada no cigarro.
── Você está bem? Você nem falou com a gente, parece que está chateado. ── Bill disse e Tom se sentou na borda da piscina.
── Estou bem. ── Tom disse, olhando fixamente para a água enquanto fumava.
── Não parece que está bem. Me conta o que aconteceu, você está com medo de voltar do hiatus? ── Bill perguntou, preocupado com o irmão.
── Bill, eu vou te fazer uma pergunta e quero que você seja honesto. ── Tom disse, sem rodeios.
── Pode perguntar, eu estou aqui para te escutar. ── Bill disse e balançou as pernas na piscina, sentado ao lado de Tom.
── Por que você mentiu para mim sobre a Tata? Por que você disse que ela estava bem e tinha se mudado para o Brasil, quando na verdade ela ainda estava na Alemanha e no hospital em coma?! ── Tom perguntou e Bill sentiu um nó na garganta.
O clima ficou tenso, mas Tom queria saber a verdade. Mesmo depois de três anos, ele ainda sentia algo pela Tatiane. Ele queria muito reencontrá-la e pedir desculpas por tudo, mas talvez isso fosse impossível. Ele não sabia se ela ainda estava viva, se tinha se recuperado, se tinha encontrado alguém ou se tinha mudado de vida. Tom não sabia o que fazer, ele não conseguia controlar seus sentimentos. Ele sempre se mostrou preocupado com a Tata, mas agora ele se sentia traído por Bill. Mas a pergunta que não saía da sua cabeça era: será que um dia eles iriam se reencontrar?
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── VAMOS, AMOR! ── Gritou David do lado de fora, enquanto olhava a hora no relógio de seu pulso. Ele estava impaciente para levar Tatiane ao cinema, onde eles tinham combinado de assistir a um filme de terror.
── Estou indo! ── Gritei da janela e sai do quarto. Eu estava ansiosa para sair com ele. Eu tinha acordado do coma há um ano, em 2011, depois de sofrer um grave acidente de carro, mas conheci David, meu namorado, que me motivou junto com meu pai a continuar vivendo. O médico disse que eu poderia ter algumas perdas de memória, mas que elas iriam se recuperar aos poucos, principalmente com a ajuda do meu pai Roger.
── Pai? Você viu a minha bolsa laranja? Procurei ela no quarto e não achei, aqui na sala, também não achei. ── Perguntei para ele que estava deitado no sofá e logo sentou olhando para mim. Ele era o meu maior apoio nessa fase difícil da minha vida.
── Vê se está no porão, lá eu guardo várias coisas que você não utiliza mais, como você não usava mais essa bolsa, acredito que esteja lá. ── Roger disse e logo jogou a chave do portão para mim, agarrei e fui até o porão.
Chegando lá, abri e entrei. O porão não estava empoeirado pois meu pai guardava muitas coisas que a gente não utilizava mais lá, então ele limpava quase todos os dias. Eu era a única que não podia entrar lá, pois ele dizia que tinha coisas que poderiam me fazer mal. Procurei pelas estantes e não achei a bolsa, mas vi uma caixa que estava com uma inicial T, possivelmente minha. Abri a caixa e lá estava ela, minha linda bolsa laranja.
── ACHEI! ── Gritei e dei pulinhos com ela em mãos. Eu adorava essa bolsa, era a minha favorita.
Enquanto eu pulava, escutei um barulho de folha cair da bolsa. Agachei e peguei, era uma foto minha com um garoto de tranças que eu não me recordava. Larguei a bolsa e fiquei admirando a beleza do garoto. Ele tinha um sorriso encantador e me abraçava pela cintura. Quem era ele? Será que ele era alguém importante para mim? Ou será que era só um familiar? Peguei a bolsa e coloquei no meu ombro, já a foto no bolso da minha calça. Me agachei e tentei procurar outras coisas sobre esse garoto na caixa, mas não havia mais nada sobre ele. Sai do porão e depois de alguns passos, passei pelo meu pai e resolvi perguntar sobre a foto.
── Pai? Você pode me dizer quem foi esse menino? ── Mostrei a foto pra ele e o mesmo arregalou os olhos.
── Aonde você achou isso? Esse moleque foi o seu pior inimigo, ele te odiava tanto, mais tanto, que foi o causador do seu acidente! ── Ele revelou e eu fiquei incrédula. Como assim? Ele parecia tão feliz na foto comigo.
── Me dá essa foto, você não tem que ficar com ela. ── Ele pediu mas eu a guardei imediatamente.
── Não se preocupa, eu vou jogar fora. ── Falei e sai de casa ao encontro do meu namorado David que me esperava do lado de fora. Ele me abraçou e me beijou, mas eu não conseguia tirar o garoto da foto da minha cabeça.
Entrei no carro de David e coloquei o cinto de segurança. Eu ainda estava pensando no garoto da foto, e sentia uma estranha conexão com ele. Eu queria saber mais sobre ele, mas não confiava no que o meu pai tinha dito. Eu acho que ele está escondendo alguma coisa.
── Amor, você está bem? Você parece distraída. ── David perguntou, notando o seu silêncio.
── Estou bem, só um pouco cansada. ── Menti, tentando disfarçar.
── Você quer ficar em casa? Podemos ir ao cinema outro dia. ── David ofereceu, preocupado comigo.
── Não, não precisa. Eu quero ir ao cinema com você. ── disse, forçando um sorriso.
Eles chegaram ao cinema e compraram os ingressos para o filme de terror. Tatiane não estava nem um pouco interessada no filme, aquela foto com aquele garoto, não saía de sua cabeça e ela sabia que Roger estava mentindo.
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