- 𝒄𝒉𝒂𝒑𝒕𝒆𝒓 16
Ao ouvir a voz de Tom do outro lado da linha, Tati não se aguentou e começou a chorar. O trançado escutou seu choro, então demonstrou estar preocupado.
── Tati não chore, eu soube que Joel faleceu, sinto muito, ele nunca nos deixava em paz, mas não desejava esse fim à ele.
── Eu sou a culpada disso tudo, sabe o sentimento de se sentir um lixo? Estou assim, eu matei ele, eu matei ele, Kaulitz! ── Falei e escutei a porta do meu quarto se abrir, direcionei meu olhar imediatamente para ela e vi que era Roger, meu pai.
── O que faz aqui? ── Disse ele furioso.
── O que será que eu vim fazer aqui pai? ── Sequei minhas lágrimas. ── Vamos pensar, matando? Roubando? Visitando? Estuprando? Já sei, vim pegar o que é meu! ── Dei um sorriso debochado e o careca arregalou os olhos.
── Como assim, não vai me dizer que você veio me expulsar da sua casa? ── Disse Roger trêmulo.
── É brincadeira velhote, eu vim morar aqui! ── O homem suspirou aliviado.
── Tata? Tata, você está aí? ── Escutei a voz de Tom vindo do meu aparelho eletrônico, peguei o celular e meu pai me olhou com fúria.
── Depois a gente conversa, Tom! ── Desliguei o aparelho e o guardei em meu bolso.
Roger me olhou torto enquanto cruzava seus braços. Ele sempre vestia uma roupa formal para onde quer que ele fosse, seja para casa, shopping, parque, zoológico, museu ou até mesmo para ir na padaria ou no mercado. Ele sempre gostava de passar boa impressão seja por onde estivesse. Na cabeça dele isso funcionava. Já na minha as pessoas achavam isso ridículo.
── Pelo visto você e seu namorado continuam juntos. Eu pensei bem enquanto você estava fora e decidi não me intrometer no namoro de vocês. Ou melhor, eu não irei me intrometer em nada na sua vida. Mas você sabe que tudo aquilo que eu já te fiz foi pelo seu bem. Você viu como aquele Tom é rebelde? Eu não quero que você cresça assim. Eu sei que você tem vinte anos mas ainda sim tem muita coisa para aprender. ── Disse Roger caminhando até mim e sentando-se ao meu lado assim que se aproximou.
── Ele não é meu namorado. Terminei com ele depois de ter atropelado meu melhor amigo... ── Levantei da cama e fiquei de frente para o homem.
── Você o quê? ── Roger franziu o cenho.
── Isso mesmo que você escutou. Estou me sentindo uma assassina, pai! ── Falei e senti meu coração acelerar. Minhas mãos começaram a tremer. Meu pai percebeu e se levantou para me abraçar.
── Você não tem que ficar se culpando por isso. Infelizmente acidentes acontecem. Se ele morreu é porque era a hora dele. Você não tem culpa... ── Mas se eu não tivesse acelerado o carro... ── Não importa. ── Ele interrompeu ── Já aconteceu. Não adianta você ficar se culpando. Não tem como voltar atrás, infelizmente. Então você precisa erguer a cabeça e parar de sentir culpada. Sei que é difícil por conta de ter sido seu melhor amigo, mas não deixe essa morte te afetar. Isso pode te causar problemas psicológicos e eu não quero isso para você! ── Eu chorava sem parar e o homem secava minhas lágrimas enquanto falava.
── Você tem razão. ── Suspirei e me afastei do Roger. ── Obrigada pai, você sempre foi um homem chato, mas dessa vez falou bonito! ── Nós dois rimos.
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── E aí, como foi a conversa com a Tati? Vocês se falaram tão rápido, ela não quis te ouvir? ── Falou Bill enquanto dava um gole em sua bebida.
── Óbvio que não! Acho que foi por causa do pai dela. Ouvi a voz dele quando ela ficou calada.
── Tom, você acha que a Tatiane ainda te ama? ── Perguntou Georg.
── Claro! Ela só terminou comigo por livre espontânea pressão. Se ela não gostasse de mim, ela não atropelaria o melhor amigo dela para me salvar. ── Falei dando um sorriso de canto.
── Cara, vocês se amam! Isso está nítido! Um dos dois precisa tomar iniciativa para vocês se reatarem. Vocês não podem ficar brigados por causa de um defunto. ── Disse Bill enquanto acendia seu cigarro.
── Verdade, essa história de morte já está chata, esquece o cara que morreu porra, vai viver. ── Disse Georg
── "Vai viver" ── Bill fez sinal de aspas com as mãos. ── Coisa que o Joel nunca vai poder fazer. ── Brincou Bill e todos começaram a rir, exceto eu, que estava pensativo...
── Qual é Tom, não foi engraçado isso não? ── Disse Georg rindo.
── JÁ SEI! Me dá isso aqui. ── Peguei o cigarro dos dedos do Bill e o traguei.
── Porra cara, mania de ficar gritando do nada, que foi? ── Perguntou Gustav.
── Eu sei uma ideia excelente para demonstrar o meu amor pela Tata. ── Dei um sorriso de canto enquanto tragava o cigarro de Bill.
── Cacete, precisava roubar meu cigarro? ── Todos riram.
── Eu vou contar pra vocês a ideia, mas vocês me prometem que irão me ajudar?
── Talvez. ── Disse Bill.
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Já era outro dia, Tati se preparava para o enterro do melhor amigo, ela estava bastante abatida, pois esse seria o último adeus ao amigo, ela não queria ir ao enterro pois só queria guardar às memórias do Joel vivo e não morto.
── Filha, olha o que saiu na revista, foto do seu namo- quer dizer, do seu ex namorado. . Aí minha filha, não dá pra acreditar que vocês terminaram! ── Escutei a voz do meu pai atrás de mim e me virei olhando para o mesmo.
── Eu não gosto dele, pra que vou querer ver fotos dele? ── Revirei os olhos.
── Que seja, vou deixar em cima da sua cama. ── Ele jogou a revista na minha cama e em seguida se retirou do quarto.
Fixei meu olhar na revista por alguns segundos e em seguida a peguei, na capa estava Tom, com a mesma beleza de sempre, suas tranças pretas e o piercing era o que mais ressaltava na beleza dele. Ele estava com um óculos preto, acredito que seja pra esconder a marca do soco que ele recebeu do Joel...
Observei por um tempo a foto de Tom na revista, em seguida, deixa ela de lado e me retirei do quarto.
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No enterro eu estava me sentindo muito mal. Estava nervosa e triste, não sabia como agir nem o que falar com as pessoas que estavam lá. Foi então que vi Tom parado em um canto, com um buquê de flores nas mãos. Ele não me viu, mas fiquei observando-o.
Senti uma vontade imensa de ir até ele e abraçá-lo, mas me contive. Fiquei ali, assistindo ao enterro e pensando no que fazer em relação a Tom. Eu o amava, isso era inquestionável, mas será que estava tudo perdido entre nós? Será que eu tinha acabado com tudo sem pensar nas consequências?
No final do enterro, eu estava me despedindo das pessoas, que não eram muitas, só amigos da boate. Quando me virei para ir embora, vi Tom vindo em minha direção.
Tata? ── Disse Tom e me virei para ele.
── Tom! - fimgi surpresa - Oi!
── Desculpe, eu não sabia qual era sua flor preferida. ── disse ele envergonhado. O trançado se aproximou e me entregou o buquê de flores.
── Eu não sabia que eu tinha morrido ── Debochei.
── Para de palhaçada, eu já entreguei às flores pro Joel, que descanse em paz. Essas são para te confortar em meio esse momento doloroso que você está passando.
Sorri, emocionada, e o abracei. Foi um abraço forte e caloroso, como se estivéssemos nos reencontrando depois de anos.
── Eu te amo, Tata. ── Eu nunca deixei de te amar. ── Sussurrou ele no meu ouvido.
Eu não sabia o que dizer. Estava confusa, triste e feliz ao mesmo tempo. Mas algo dentro de mim me fez responder:
── Eu também te amo, Tom. ──
Falei com lágrimas nos olhos.
Ele sorriu, beijou minha testa e disse:
── Eu tenho uma surpresa para você, lá no hotel, você aceita ir lá? ── Disse Tom com um sorriso malicioso.
── Se for safadeza eu não irei, olha a situação que eu estou passando Kaulitz! ── Tom colocou meus cabelos ondulados atrás da minha orelha, aproximou seu rosto do meu e disse:
── Relaxa Tata, eu nem gosto dessas coisas. ── Ele riu, destacando seu piercing.
── Nossa verdade, né? ── Debochei e Tom riu.
Pelo que eu percebi, Tom estava querendo se reconciliar comigo, não sei se estaria preparada para reatar o namoro com Tom, eu o amava, isso eu não poderia negar, mas ao mesmo tempo sentia um incômodo na barriga, me fazendo ficar com um pé atrás, eu estava confusa em relação aos meus próprios pensamentos.
── Você vai ir ou não? ── Tom perguntou. ── pode ser. ── Revirei os olhos.
Tom e eu saímos do cemitério, mas antes, olhei para trás e lágrimas escorreram pelo meu rosto. Não era só um amigo que eu estava deixando para trás, e sim um irmão..
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Algumas horas de passaram, Tati e Tom estavam no elevador, a garota estava pensativa, curiosa e ansiosa. O que será que o Tom estava planejando? Que surpresa ele ia fazer para mim? ── Ela não via a hora de descobrir.
Chegando no quarto do hotel da banda, a porta se abriu e eu vi o Bill Kaulitz. Ele estava lindo, com uma calça preta, uma camisa branca e um casaco de couro. Ele tinha os cabelos pretos e longos, os olhos castanhos e o rosto maquiado. Ele me cumprimentou com um sorriso e um beijo na bochecha. Ele disse:
- Olá, Tatiane. Seja bem-vinda novamente, mas antes de entrar, leia está carta. ── Bill me entregou um envelope e eu olhei para Tom, que estava se segurando para não rir.
Ao abrir a carta eu dei de cara com uma foto do Tom sem camisa, seu tanquinho estava à mostra, me segurei para não dizer que ele estava um gostoso naquela foto.
── Pra que eu vou querer uma foto sua sem camisa? ── Revirei os olhos.
── Pra guardar de lembrança, se bem que depois desse enigma você só vai me ver assim. ── Tom aproximou seu rosto do meu e mexeu no seu piercing no canto da boca.
Eu estava gostando daquilo, Tom tinha seu jeito rebelde mas ele estava tentando me fazer esquecer da morte do Joel e reatar o nosso namoro, eu não irei voltar com ele tão fácil assim, quero me fazer de difícil para testá-lo.
── Além da foto, tem uma carta. ── Disse Tom afastando seu rosto do meu.
── Eu sei, não sou cega. ── Ao ler o que estava escrito, meus olhos se encheram de lágrimas, eu nunca recebi algo tão fofo assim, cada letrinha me fez ficar com o coração quentinho, Tom kaulitz realmente era um menino incrível, mesmo que não parecesse, eu o amo e me sinto bem perto dele!
Minha querida Tata,
Eu não sei como começar essa carta. Eu não sei como expressar em palavras tudo o que eu sinto por você. Mas eu vou tentar.
Eu quero que você saiba que você é a melhor coisa que já me aconteceu na vida. Você é o meu anjo, a minha luz, a minha inspiração. Você é a minha razão de viver, de sorrir, de sonhar.
Você me conquistou desde o primeiro momento que eu te vi. Você me encantou com o seu sorriso, com o seu olhar, com o seu jeito. Você me fez sentir coisas que eu nunca senti. Você me fez feliz.
Você me aceitou como eu sou. Você me respeitou como eu sou. Você me amou como eu sou. Você me fez ser uma pessoa melhor.
Você é tudo para mim.
Eu te amo mais do que tudo nesse mundo. Eu te amo mais do que a mim mesmo. Eu te amo mais do que a música, mais do que a guitarra, mais do que a banda.
Eu te amo mais do que você imagina.
Eu te amo, Tatiane.
Com todo o meu amor,
Tom Kaulitz
── MEU DEUS, VOCÊ DISSE QUE ME AMA MAIS DO QUE A GUITARRA E A BANDA? ── Gritei surpresa.
── É, talvez nessa parte eu tenha exagerado um pouquinho, mas isso é só um pouco do quanto eu te amo! ── Tom sorriu.
── chega disso e vamos entrar? Preparada Tati? ── Disse Bill e eu acenti positivamente com a cabeça.
Seja lá o quê for essa surpresa, Tom estava mesmo empenhado em voltar comigo, e se no final da surpresa eu falar que não quero voltar com ele? Será que ele está preocupado com isso?
Acredito que ele só esteja fazendo isso para tentar me alegrar, e se for isso, ele conseguiu, eu amo esse trançado!
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