7 - RATOS
Os ratos não dão trégua. A fome é também um animal voraz e que mata com velocidade inumana.
Aim Al Amatich está deitada e totalmente coberta com imensas ratazanas famintas sobre seu corpo desgastado, pelos açoites sofridos durante a madrugada do último dia.
As feras de 50 centímetros cada, estavam presas num cubículo que fica exposto ao sol. Não há sombra. Não há trégua contra o calor.
Os roedores estão propositadamente há vários dias sem água ou comida. Antes de jogarem a sacerdotisa e Mão do Imperador Constantino VIII no buraco, os ratos já haviam começado a comer uns aos outros, primeiro os menores e depois os doentes.
As costas de Aim Al Amatich é tostada ao tocar nas pedras de granito. De todos os buracos do calabouço horizontal saem mais e mais ratos, centenas deles, brotando de dentro das terras como vermes que caem da carne podre... e estão caindo em cima do corpo da sacerdotisa que permanece imóvel.
O único movimento da mulher é rodar o anel que está no seu dedo anelar direito e tem a esfinge de um tridente talhado no ouro... a imagem de um garfo.
Um rato força a entrada pela boca de Aim Al Amitach, quebrando-lhe os dentes serrados. Os roedores invadem seu corpo de todos os lados e de todas as formas. Sexo, ânus, boca, nariz, ouvido e os olhos... tudo é entrada para as entranhas da sacerdotisa.
Seu grito surdo é escutado apenas pela sua alma que agoniza a dor da traição... sua morte foi pedida a quem ela mais amou nessa vida. A quem ela chamava de "minha princesa".
A princesa era rancorosa e nunca esqueceu o dia que Aim Al Amatich concordou com seu pai para lhe dar casamento arranjado.
Os serviçais do Dodge de Veneza encontraram pela manhã, o corpo da sacerdotisa feito em fiapos de carne fresca. Quase não havia mais carne, tamanha a ferocidade da fome dos ratos.
O corpo de Aim Al Amatich, na verdade o que sobrou dele, foi jogado no mar Adriático com uma bola de cimento pesando 25 quilos amarada na cintura da mulher.
A chuva naquela noite foi voraz. Grosseira. Titânica e desenfreada. As águas brotavam com força do solo da cidade de Veneza. O canal arrastou dezenas de prédios que ficavam na entrada da cidade, provocando mortes em abundância.
Havia algo de nefasto e estranho no ar salino de Veneza, que até mesmo os moradores mais velhos nunca haviam sentido.
A Princesa Teodora bebia saboreando um vinho proveniente da capital Constantinopla, sentada na imensa mesa retangular de madeira do Líbano. As uvas e passas doces combinavam com a bebida e o festejo particular.
A Princesa sabia que todos que ousassem desafia-la, pelo mínimo detalhe que fosse, estariam com seus dias contados. O recado fora dado a cúpula de Veneza.
E com toda certeza... muito bem dado.
O sorriso pousa-lhe no rosto com uma satisfação tão demoníaca, que deixaria até o mais odiado demônio com inveja.
A uva grande e suculenta, escorre pelo canto dos também suculentos lábios da Princesa Teodora, deixando um rastro vinho-sangue. Ninguém, neste exato momento, poderá saber se o êxtase pré-orgasmos estampado na face da Princesa, é proporcionado pela doçura da fruta que transborda pela boca como um expurgo seminal ou pela imagem dos ratos trucidando o corpo repetidas vezes.
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