A chegada da corte real do Imperador Constatino VIII em Veneza foi algo sem precedentes. A cidade já colorida, foi tomada pela cor do ouro.

  Como a Estação Marítima de Veneza nunca caberia a frota de Guerra do Imperador Constatino VIII, o Canale Di Fusina e o Canale Della Giudecca estavam literalmente tomadas por um terço das frotas do império.

     Talvez, e era o que se cogitava na época, toda essa demonstração de poder teria sido um aviso... um aviso de que o Dodge de Veneza nunca deveria ter o Imperador como seu inimigo.

     A Princesa Teodora chegou exatamente no dia do seu casamento num navio a parte.  Até aquele momento que Teodora desembarcou na entrada do Palácio, somente uma pessoa viu-a todo o tempo.

A calda do véu da noiva era levado por trinta homens e logo atrás deles, como se estivessem num cortejo de romaria, estavam Constantino VIII e toda sua comitiva.

      O vestido da noiva era branco.

Sensualmente ousado para época e que realçava as curvas e os seios da Princesa. Milhares de pequeninas pepitas de ouro foram costuradas por todo o véu e tecido que cobria o majestoso corpo da noiva.

     Um véu de Organza deixava o rosto elegantemente coberto, porém a leve maquiagem de ouro aplicada na face e olhos da noiva, faziam as maçãs faciais de Teodora brilharem em sincronia com as infinitas ondas douradas pregadas ao vestido da noiva, que dançavam e passeavam pelo corpo da Princesa quando andava com seu queixo erguido.

     Os convidados do casamento viam no rosto da Princesa Teodora o que era estar diante de uma deusa.

     A beleza do momento ficou ultrajante.

Imoralmente magnífico.

     O Dodge e a Cidade de Venza foram inundados por um misto de amor, veneração e temor.

     Ninguém estava preparado para aquele momento... nem mesmo o Imperador Constatino VIII que era acostumado a contemplar os mais variados tipos de  belezas ao redor do mundo. Ele nunca imaginou que um dia viria algo tão divino e... tão seu sangue.

Constatino VIII do alto da sua altivez, procura sua Sacerdotisa entre os que lhe acompanham. E ao encontra-la, a fiel escudeira do Imperador recebe dos olhos dele, um gentil obrigado.

O Imperador poderia ter todos os defeitos do mundo, mas nunca mal agradecido.

O casamento ocorreu na Catedral que ficava dentro do Palácio do Dodge. A beleza da Princesa suscitava o silêncio reverente.

Aim Al Amatich vestiu de glória aquela que considerava ser a filha que nunca teve e nunca terá.

O coito com o deus Possêidon lhe trouxe a esterilidade.

O encontro com a deusa dos Mares lhe trouxe a vida.

Os anos não lhe trouxeram rugas.

A vida palaciana teve um preço.

Nem tudo que se tem um preço pode ser comprado.

Mas toda dívida tem um preço a ser pago.

A ausência da fertilidade foi um dos preços a serem pagos pela sacerdotisa. Porém, haveria ainda mais um preço a ser pago... Um preço que mais tarde lhe seria cobrado como dívida.

E sempre onde tem a dívida, tem os juros.