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Capítulo 16 - Ninguém No Caminho

O Capitão não saiu mais de seu camarote naquela noite. Os marujos se dividiram em dois turnos, para manter a navegação rápida e no curso madrugada adentro.

Toby e Theodore desceram ao alojamento junto com os marujos que ficaram com o trabalho diurno, todavia, por mais que tentasse, Theodore não conseguia manter os olhos fechados. Movia-se inquieto na rede, os olhos atentos como os de uma coruja, sem que lhe viesse o mais leve sono.

Após o que pareceram horas naquela insônia inquietante, Theodore olhou para a rede ao lado, onde Toby dormia profundamente, dando de quando em quando uma ressonada baixa.

Percebendo que seria inútil ficar deitado, Theodore se levantou e subiu ao convés. Pensara em oferecer rendição a um marujo qualquer que quisesse trocar de turno, mas todos os que estavam de serviço demonstraram estar satisfeitos com o turno da noite. Então, percebendo que ficaria de bobeira a madrugada toda, debruçou-se na amurada e encarou o nevoeiro denso com uma expressão entediada, mas no fundo estava bem atento, pronto a ajudar no que fosse preciso.

Tinha se lavado um pouco antes do jantar, tentando se livrar do mau cheiro que a morte deixara impregnado em sua carne, mas ainda restara algum vestígio, provavelmente por causa das feridas ainda abertas em sua pele, que continuavam ardendo aos salpicos do mar. Todavia ele não podia deixar de se sentir grato até por aqueles pequenos incômodos; era um imenso alívio estar vivo de novo.

O timoneiro, um sujeito baixinho e magricela chamado Arrow, estendeu o turno até quase a madrugada, quando foi substituído por um marujo velho, careca e barbudo chamado Angus, mas que a tripulação costumava chamar de Sheep. Theodore imaginou que a razão do apelido fosse o gibão de couro de carneiro muito velho e descascado que o marujo usava, escondendo a corcunda enorme.

De repente ouviu o rangido de uma porta se abrindo no castelo de popa. O velho Jenkins surgiu no convés, com o cachimbo na mão, caminhando lentamente até ele.

– O que faz aqui, moleque? – perguntou Jenkins, com o rosto tranquilo, e de certo modo, bem humorado, embora o tom fosse rude como sempre.

– Estava sem sono – respondeu Theodore monotonamente, tornando a fitar o nevoeiro.

– Depois de ter passado cinco dias morto, achei que estaria cansado.

– Acho que é por isso mesmo. Este corpo repousou demais. Agora não consigo dormir.

– Sei – assentiu Jenkins, enfiando a mão no bolso em busca de um isqueiro. – Muito tempo navegando entre os mortos também me roubou o sono. Às vezes me sinto um zumbi.

Jenkins acendeu calmamente o cachimbo e deu uma pitada curta.

– Espero que não se incomode – disse, de uma forma grosseira, deixando claro que não estava realmente preocupado.

Theodore deu de ombros.

– Não apagaria de qualquer modo – acrescentou o velho.

Fez-se silêncio por alguns minutos, enquanto o velho fumava calmamente o cachimbo, encarando o nevoeiro como se visse nele imagens monótonas.

– Há quanto tempo está junto do Sr. Reid? – perguntou Jenkins, de repente, sem se voltar para o rapaz.

– O que quer dizer? – verificou Theodore, encarando o velho abutre.

– São companheiros... – disse Jenkins, dando de ombros e olhando de esguelha para ele. – Navegam juntos há muito tempo?

Theodore o encarou por quase um minuto, analisando sua expressão. Depois tornou a fitar o nevoeiro, lançando, de quando em quando, um olhar desconfiado para o velho.

– Uns cinco anos – respondeu, por fim.

– Não é muito – observou Jenkins. – Pensei que fossem amigos de infância...

Theodore se virou ligeiramente, apoiando-se na amurada com o cotovelo e analisou o rosto do velho. Jenkins o olhava de lado, com uma expressão vazia e entediada. Os dois tentavam demonstrar segurança ao falar e olhar de maneira casual, mas observavam-se mutuamente com desconfiança.

– Mais ou menos – respondeu Theodore. – Toby está na pirataria desde menino; mas eu cresci com a minha mãe numa dessas ilhas. Só comecei a navegar depois que fiquei sozinho no mundo.

Jenkins o ouviu com uma expressão indiferente. Depois deu um suspiro entediado e comentou:

– Vocês dois são órfãos, então?

– Isso mesmo – assentiu Theodore.

– É realmente uma pena. Mas ao menos têm um ao outro.

Havia alguma ironia nas palavras de Jenkins que não passou despercebida ao moço.

– Vocês são algo como irmãos...? – Jenkins começou a especular.

Mas foi interrompido por Theodore:

– Sou tudo o que restou ao Toby, e ele a mim. Pode chamar como quiser, mas somos uma família.

Jenkins deu um sorriso debochado, e balançou a cabeça.

– Certo – riu-se o velho abutre. – É irrelevante, de qualquer modo. Entre ladrões não há lei...

Theodore fez uma careta irritada.

– Esqueça – disse Jenkins, dando um tapinha no ombro do garoto, que o fez recuar. – Só estava puxando conversa.

Então Jenkins tornou a encarar o nevoeiro, em silêncio, pitando tranquilamente o cachimbo. O olhar de Theodore, por outro lado, permaneceu o tempo todo em seu rosto, até que ele finalmente se virou, sacudindo a cinza do cachimbo e dando um suspiro pesado.

– Por que estavam procurando o vale? – perguntou Jenkins, com um tom muito rude, como se já estivessem falando nisso há algum tempo.

Então Theodore compreendeu que era neste ponto que o velho quisera chegar desde o princípio.

– Toby lhe disse que era para onde estávamos indo? – indagou Theodore, ignorando a rispidez do velho.

– Não – admitiu Jenkins, com uma expressão desconfiada. – Mas ele sabia que o Capitão queria ir para lá.

– Não parece uma suposição difícil – disse Theodore, com igual rispidez. – Ele já está com os olhos de um zumbi...

– Cuidado com que diz! – ameaçou Jenkins, cerrando os dentes.

Theodore deu de ombros.

– Por que queriam o diário de Morgan, então? – indagou Jenkins impaciente.

– Se não estou enganado, Sr. Jenkins – começou Theodore –, nosso acordo... Ou melhor, o acordo que seu Capitão fez com Toby consiste apenas em mostrar-lhe o caminho para o vale...

O rapaz esperou, e como Jenkins não dissesse nada, nem reagisse de nenhuma maneira, prosseguiu:

– Isso não inclui compartilhar o motivo de termos invadido o gabinete do governador da Jamaica para pegar o diário, embora isso tenha facilitado, e muito, a busca de vocês...

– Não faz parte do acordo, mas estou curioso – assumiu Jenkins.

– O que não me obriga a lhe contar coisa alguma – observou Theodore.

Jenkins abriu a boca para responder, mas desistiu percebendo que já tinha o que precisava. Não era o vale que interessava aos rapazes, e embora não tivesse certeza, seria capaz de imaginar o que eles queriam no mapa de Morgan.

– Devia voltar ao alojamento e dormir algumas horas – disse Jenkins, com os dentes cerrados. – Passar a noite em claro não poderá ser usado como pretexto para fugir ao trabalho do dia.

– Já estou avisado – garantiu Theodore irritado.

Jenkins deu um olhar zangado ao rapaz, antes de se virar e retornar ao seu camarote.

A noite avançou lentamente, enquanto Theodore observava o trabalho monótono dos marujos. O vento era constante na mesma direção, e o nevoeiro ajudava a conter eventuais correntes contrárias; se de uma maneira natural, ou por influência de alguma força extraordinária, ele não sabia dizer.

Passadas algumas horas, sentindo-se mais inquieto que antes, Theodore foi à despensa e apanhou uma garrafa de rum. Serviu-se de um copo cheio e retornou ao convés, bebendo devagar, esperando que depois disso conseguisse relaxar.

O céu lentamente passava do negro profundo para o azul espectral que antecedia a manhã. Já devia passar das cinco e meia quando o Capitão despertou, e saiu de sua cabine apenas por um breve instante, sem o capote nem o chapéu: indícios de que não permaneceria fora do camarote. Ergueu a luneta um instante e espiou o horizonte, enquanto o nevoeiro lentamente baixava e se misturava à espuma do mar.

Seus olhos agora pareciam vinho tinto, tão rubra era a cobertura de sangue sobre a lama. Além disso, as olheiras eram tão escuras que pareciam hematomas, descendo até quase as maçãs. Era verdadeiramente assombrosa a rapidez com que os sintomas da maldição evoluíam em seu rosto.

O Capitão lançou um olhar zangado para Theodore, que imediatamente deixou de encará-lo, ao mesmo tempo constrangido e assustado. E manquejando ligeiramente ao se virar, o Capitão tornou a se fechar no camarote.

Toby subiu ao convés não muito depois. Um criado de bordo, que ostentava um inseparável gorro vermelho, extremamente desajeitado, virou um balde nos pés dos rapazes, assim que Toby se aproximou do companheiro. Desculpou-se imediatamente pelo acidente; todavia, em seguida, Theodore o viu recebendo uma peça de oito de Jenkins, que, perto do tombadilho, dava gargalhadas generosas enquanto os encarava.

– Velho peçonhento! – rosnou Theodore, encarando Jenkins com os olhos completamente tomados de cólera.

– Deixe... Não importa – atalhou Toby, trazendo a atenção do companheiro de volta para si. – Passou a noite no convés?

– Tive uma insônia maldita – respondeu Theodore, ao dar um suspiro irritado. – Pelo visto, a morte me roubou o sono.

– Está com olhos de coruja, se quer saber – riu-se Toby, encarando o companheiro.

Ao que este lhe deu um tapa atrás da cabeça, mudando da irritação para a diverção.

– Ei, comadres! – gritou o Mestre, encarando-os com muita severidade. – Nada de moleza, vamos... Ao trabalho!

Os rapazes assumiram rapidamente seus postos: Theodore foi para junto da escota do mastro de mezena, cuidando manter a vela a sotavento; e Toby foi para junto do timoneiro, conforme Flynn lhe havia ordenado, verificando a bússola o tempo todo e a posição do vento para manter o navio em curso.

"Qualquer contratempo, atraso ou desvio de curso que sofrermos, você será responsabilizado!", dissera o Capitão ao lhe delegar a função. A partir daquela manhã, o destino do Maestrel e de seu Capitão estavam entregues nas mãos de Toby Reid, e ele fora devidamente advertido sobre o que a tripulação lhe faria caso não estivessem ainda no vale ao cabo de quatro dias; e esta ameaça, que não me atrevo a transcrever por considerá-la severa demais a alguém que não esteja familiarizado às tradições piratas, foi pior do que todas as outras que o Capitão já lhe havia feito.

Felizmente, o Maestrel navegava muito rapidamente de vento em popa. O dia avançava quase tão depressa quanto o navio, e Toby estava satisfeito principalmente por não encontrar nenhum destroço que o furacão tivesse deixado para trás.

O nevoeiro se formou mais cedo naquele dia. Faltava ainda duas horas para o pôr do sol quando o navio foi totalmente tomado pela névoa. O ar estava mais frio do que se esperava, no entanto, o céu estava limpo, o que tornava a presença do nevoeiro ainda mais estranha.

O sol baixava lentamente no horizonte, quando a figura de um navio se recortou na neblina.

Toby forçou os olhos, e percebeu que o navio não vinha contra eles. Ambos seguiam na mesma direção, mas com aquele nevoeiro, mesmo encurtando a distância era impossível enxergar o nome da embarcação a olho nu.

Tornou-se evidente que já haviam avistado o Maestrel, quando as velas do outro navio foram viradas subitamente, fazendo a embarcação ficar atravessada, ainda a boa distância do galeão fantasma. Claro que eles sabiam que não poderiam navegar mais rápido que o Maestrel, e pareciam tentar sair de seu caminho para evitar uma colisão. E Toby imaginava, a esta altura, que rezavam para que seu gesto de boa vontade os livrasse de um naufrágio.

O Capitão Flynn saiu de seu camarote, desta vez de capote e chapéu, e espiou rapidamente com a luneta.

Toby se debruçou na balaustrada do convés de tombadilho, esperando poder ver desta vez como o Maestrel seria envolvido pelo brilho branco, pois imaginou que, não sendo ainda noite, seria assim que passariam por eles.

Porém, o Capitão Flynn, olhando furiosamente para o navio que estava em seu caminho, retirou de dentro da camisa um medalhão preso a uma corrente prateada, e o ergueu à frente do nariz. Toby espremeu os olhos, tentando enxergar o que havia nele. Na face que estava voltada para o Capitão havia a figura de uma ampulheta, cujo vidro em relevo parecia estar vazio.

Flynn sussurrou diante do medalhão o que pareceu ser o nome da embarcação que estava à sua frente, e em seguida deu um piparote no medalhão, fitando com um olhar diabólico o navio que se apressava em fugir.

O medalhão girou dentro de um fino aro de prata por alguns segundos, e quando parou, Toby viu a figura de um navio gravado em relevo de ponta-cabeça. Na outra face do medalhão, que Toby agora não conseguia ver, a ampulheta produziu uma espécie de areia negra, que escorreu rapidamente.

O navio que tentava fugir se deteve com estrondo, como se encalhasse em alguma coisa. Em seguida houve um tremor no oceano, fazendo os mastros trepidarem a ponto de tombar, e logo, de uma maneira inexplicável, o navio começou a afundar rapidamente, como se o casco inteiro estivesse perfurado.

Os marujos se alvoroçaram para abandonar o navio, enquanto o Maestrel continuava a rasgar o oceano sem se importar em esmagá-los se não conseguissem nadar para longe.

Logo não se via nem um vestígio do navio, mas apenas meia dúzia de marujos náufragos lutando contra a maré para permanecer na superfície; mas sem nenhum destroço flutuante em que pudessem se agarrar, eles provavelmente não demorariam a perecer.

Havia uma expressão triunfante no rosto de alguns marujos do Maestrel. O navio que haviam afundado era da Marinha Real Francesa, e certamente estaria carregado de tesouros do Novo Mundo.

– Saquearemos na volta, se tivermos tempo – gritou o Capitão, tornando a guardar o medalhão dentro da camisa. – Sigam no curso!

Toby observou bem a expressão do Capitão quando ele se virou para retornar ao camarote. Embora seu olhar fosse de cólera, um sorriso sádico brincou em seus lábios ao perceber o horror no rosto de Toby.

Ele poderia ter imaginado qualquer coisa para explicar os desastres provocados pelo galeão fantasma: sina, maldição, presságio de morte... Jamais lhe passara pela cabeça que o Capitão Flynn – a quem até aquele momento ele tinha na conta de um bom homem, apesar de tudo –, sentisse tanto prazer em "chamar" os navios ao fundo do oceano.

Não lhe restava agora a menor dúvida: mesmo que ele conseguisse conduzir o navio até o vale dos mortos no prazo estipulado, Theodore e ele não sairiam vivos do Maestrel.


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