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Bom samaritano

Jorge Paulo Almeida estava ajoelhado na cama chorando pesarosamente.

Sua mulher e companheira pelos últimos trinta e sete anos fora declarada em estado vegetativo no início da noite anterior. Os médicos da família decidiram, em comum acordo com Jorge Paulo, que na manhã seguinte desligariam os aparelhos para realizarem a doação dos órgãos elegíveis para o Banco Nacional de Transplantes. Haviam duas meninas gêmeas que dependiam de sua esposa inerte, praticamente morta, uma delas para enxergar depois de dez anos de cegueira total, já a outra para substituir seu fígado apodrecido por um saudável e poder viver.

O homem cansado e abatido de meia-idade encarava a esposa por poucos segundos antes de ser tomado pela vergonha, desviando o olhar. Sempre que fitava o rosto pálido e envelhecido de Solange as lembranças do que havia feito momentos antes invadiam sua mente, atormentando-o além do que era capaz de suportar. A realidade estampada cruelmente à sua frente o tornara desesperado, a culpa também fazia muito bem seu trabalho deixando-o à beira de um ataque de nervos.

– Você precisa me perdoar, Sol. – Ele murmurava entre lágrimas. – Eu não queria fazer isso com você, não queria.

Jorge Paulo recebeu a notícia maldita com assombro, aquela sentença de não-morte era a coisa mais estúpida que já tinha escutado em quase sessenta anos de vida. Por um impulso, movido pelo pânico, teve uma ideia que seria sua perdição: Sua esposa tinha que morrer! Ela não poderia ser condenada a passar a eternidade vegetando sobre um leito sombrio de hospital. Ninguém poderia fazer por ela o que o marido dedicado poderia.

Aquele homem desgastado agarrou um dos travesseiros que apoiavam sua esposa no leito do hospital, evitou encará-la e fez o que deveria ter feito. Com dor dilacerando o peito e lágrimas embaçando os olhos, Jorge Paulo sufocou sua companheira de vida, seu único e verdadeiro amor, até que ela parasse de respirar. Enquanto apertava o saco de algodão contra o rosto de Solange, ele evitou pensar com clareza no que estava fazendo. Tentava evitar o pensamento de que a pressão do tecido contra seu rosto provocaria angústia, medo, e aquela sensação horrível de estar sendo empurrado para a escuridão sem fim do vácuo.

Solange precisava morrer!

As gêmeas contavam com isso! Aquelas menininhas incríveis e inocentes dependiam de órgãos que seriam inúteis para sua esposa dali por diante. Não havia outra alternativa para ele, precisava resolver aquela questão de um jeito frio e calculado. Havia um bem maior, havia algo além de sua dor... de seu amor. Solange ficaria satisfeita por sua atitude, sim, ela ficaria. Jorge Paulo tinha certeza de que sua esposa o apoiaria caso pudesse. As gêmeas iriam morrer caso não fossem transplantadas, sua mulher era a última solução.

Se havia algum resquício de esperança naquele homem, esse foi tomado no momento em que os aparelhos que controlavam os batimentos cardíacos de sua esposa voltaram a apitar, demonstrando que ela estava viva. Desorientado, Jorge Paulo pegou o pulso de Solange e detectou que havia mesmo batimento, ou seja, seu coração pulsava outra vez.

Aquilo era impossível!

O fato de Solange estar viva só mostrava para aquele senhor desesperado que o pior também aconteceria com as gêmeas: Não poderia devolver a visão para a menina cega, pois que médico em sã consciência removeria córneas de uma pessoa viva? Também não poderia transplantar o fígado podre da outra irmã, que agora não mais corria o risco de morrer, mas que estava sentenciada a lidar para sempre com um órgão defeituoso, sem chance alguma de recuperação.

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