Capítulo 8
"Para estar junto não é preciso estar perto, e sim do lado de dentro." - Leonardo da Vinci
Nashville, Estados Unidos da América.
O Kiran possuía brilho no olhar após ganhar a sua faixa laranja no Jiu Jitsu. Com o tempo, teve destaque na academia da cidade e os alunos alimentavam uma genuína admiração pelo garoto. Por outro lado, Dinesh estava se esforçando ao chegar no segundo ano de Gastronomia – metade do curso – sendo o melhor aluno da turma. Conforme os meses passavam, a situação da empresa melhorava ao ponto de receber propostas de outros países, como China e Canadá.
Mahara ainda tentava aprender a cozinhar, mesmo podendo desistir dessa ideia já que o Dinesh sempre preparava as refeições.
— Quando a Shanti virá? — comenta Mahara descascando uma cebola, fazendo careta.
— Próxima semana, eu mal vejo a hora!
— O amor é tão lindo.
Ele sorria bobo, voltando a preparar o temperos. Então, uma risada ecoa pela sala chegando ao ouvido dos dois adultos presentes na cozinha.
— O Kiran fica realmente feliz quando cuida da Maya.
— Verdade, Dinesh. Ele a ama demais.
O rapaz abria um sutil sorriso, erguendo o olhar em direção ao Kiran que pegava a pequena Maya de oito meses nos braços. A bebê apertava o rosto do irmão, sorrindo de forma desajeitada enquanto o irmão do meio dava leves pulinhos com ela no colo. O Dinesh sentia-se bem vendo o Kiran melhor do que antes, podendo suspirar mais aliviado ao presenciar uma evolução. Além de que sempre sonhava com o momento onde teria a sua própria família.
Como se lesse seus pensamentos, Mahara comenta:
— Você será um ótimo pai.
— A senhora acha?
— Tenho certeza. Quando o Raj não está presente, você tem cuidado da gente. — dizia aproximando-se dele com um sorriso terno. — Eu me orgulho tanto de você, Dinesh.
— Obrigado, mamadi.
Ele a abraçava carinhosamente, repousando o queixo sobre o topo da cabeça da mãe. Dinesh havia crescido demais, alcançando seus 1,93 cm. Porém, ainda tinha um coração bondoso e um lado sensível o qual não escondia da sua família.
No curso de Gastronomia, ele fez dois amigos: Laurence e Michael. O trio de rapazes saíam quase todos os finais de semana para aproveitar em festas ou apenas para passear pela cidade. O Yamir sempre avisava à namorada das suas saídas e Shanti aceitava normalmente, pois confiava em seu namorado. De fato, a fidelidade é um ponto marcante nele porque, mesmo recebendo cantadas frequentes de mulheres, nunca deu ênfase para nenhuma. Ele cortava as investidas o mais rápido possível para não criar esperanças por parte da outra pessoa, além de que só tinha olhos para a sua namorada.
No trabalho, Dinesh ganhou destaque no setor de contabilidade e os seus colegas gostavam da sua presença agradável. Por onde passava, o jovem cumprimentava todos e sempre contava alguma piada no horário de intervalo. O seu principal papel, além de ajudar diretamente a empresa, é fazer todos no ambiente de trabalho se sentirem confortáveis o suficiente para terem um bom rendimento diário. Mesmo trabalhando na empresa do pai, ele não usava nenhum benefício ou sequer citou o nível de parentesco. Na verdade, os seus colegas descobriram por um boato externo o qual vazou meses após a contratação dele. Ainda assim, Dinesh pediu para que todos o tratassem como um funcionário comum.
Em seus momentos sozinho, vagava pela cidade com uma caixa de cigarros no bolso. O seu péssimo hábito de fumar acabou se intensificando com a ausência de Shanti, mas ela o fez prometer lidar com o vício quando estivessem juntos novamente. Enquanto isso, aproveitava para divagar sua mente em pensamentos distantes a cada tragada no cigarro.
Certo dia, voltando para casa no meio da madrugada, encontrou o seu irmão sentado no degrau da entrada. Então, o rapaz jogou o cigarro na lixeira ao lado e se aproximou.
— Está tudo bem, Kiran?
— Bhaya? O que faz a essa hora?
— Apenas dando uma volta, mas esse não é o assunto em questão. Você está bem?
— Estou sim, é que... Eu tive um pesadelo...
— Pesadelo? — questiona sentando-se ao lado dele. — Que pesadelo?
— Eu sonhei sobre aqueles dias com o Aseem, onde ele falava que eu não deveria ter existido. No final, acabei acreditando em suas palavras e, misteriosamente, me vi morrendo no sonho...
— Entendo... Que horrível.
— Você acha que ele estava certo? — Kiran pergunta virando o rosto em direção ao irmão. — Sobre que eu não devia existir...
— Claro que não! Aquele velho tinha um parafuso à menos, não ligue para o que ele te disse naquela época. Você está nesse mundo com um propósito, então não deveria alimentar esses pensamentos.
— Mas, ele...
— Sem "mas", não quero ouvir lamentações. Kiran, você é uma pessoa forte e nenhum comentário idiota de um velho louco mudará a sua essência. E como eu te disse, há um propósito para você nesse mundo.
— E qual é?
— Eu não sei. Cabe à você descobrir sozinho. — dizia dando nos ombros, olhando o horizonte. — Mas tenho um palpite.
— Diga-me.
— Você veio para trazer alegria e esperança na vida das pessoas.
— O que? Mas eu não sei como fazer isso!
— Não me questione, ora!
Dinesh puxava a bochecha do irmão, vendo-o fazer careta.
— P-Para...
— Quando eu era uma pessoa violenta, não conseguia ver um motivo para melhorar. — comenta soltando a bochecha dele. — Mas você sempre vinha correndo em minha direção e sorrindo, como se eu fosse alguém importante em sua vida. Isso me fez repensar em meus erros e desejar ser um herói para você.
— Você é Dinesh, sempre será.
O rapaz abria um leve sorriso focando os seus olhos negros na Lua.
— Fico feliz, bhai.
— Bem, se você diz que eu trago alegria para as pessoas, irei acreditar mas estou curioso agora. Qual o seu propósito no mundo, Dinesh? Você já o encontrou?
A pergunta ecoou na mente dele, fazendo-o lembrar de tudo o que viveu em sua infância e adolescência. Mesmo tendo vinte e dois anos, ainda havia muito o que descobrir sobre si mesmo. Afinal, a última conversa do rapaz com o Aseem Yamir continuava a atormentá-lo. Então, sempre se questionava se a sua essência era ser uma pessoa ruim ou se tornar o orgulho da família.
— Quem sabe... Proteger vocês, talvez.
— Ora, mas temos o baldi. E você deveria ter um propósito somente seu, algo que não envolvia ninguém.
Apesar de ser jovem, o Kiran sabia quais palavras dizer para confortar alguém. Dinesh abria um leve sorriso com o conselho do irmão mais novo, levantando-se e abrindo a porta.
— Então, eu ainda estou em busca do meu propósito como você. Agora, vamos entrar porque não quero uma bronca da mamadi.
— É mesmo, eu também não!
Os dois irmão compartilhavam preocupações parecidas, mesmo com situações distintas. Por isso, um apoiava o outro em seus objetivos. Quando Kiran contou sobre o seu sonho de ser professor de história, Dinesh foi o primeiro a apoiá-lo e até mesmo discutiu com Raj, porque esse não aceitou bem a ideia. Contudo, no final, o pai acabou cedendo para ver os seus filhos felizes. O tempo também fez com que Raj pensasse mais em sua família, além de priorizar o presente ao invés de se preocupar com o futuro.
No dia em que Shanti os visitou para passar uma semana com a família, ela foi recebida por um forte abraço do seu namorado. Mahara observava a cena com um sorriso bobo, pois gostava de como o filho se tornava extremamente amoroso com a presença dela.
Então, após o almoço, os dois namorados vão para o quarto.
— Como foi a viagem?
— Foi bem. Nossa, pensei que já viria me atacar com beijos. — brinca Shanti sentando-se na cama. — O que houve com o meu namorado? Será que ele foi abduzido por ET's?
Ele solta uma risada sarcástica.
— Engraçadinha. Eu só quero te mimar, porque sei que foi uma viagem longa. — dizia sentando-se atrás da jovem e iniciando uma massagem em seus ombros. — Como está a minha moto?
— Eu sabia que se importava mais com a moto do que comigo.
— Prioridades, não é? — ele ria diante da expressão irritada dela. Em seguida, envolvia os braços entorno da amada repousando o queixo em seu ombro. — Ah, como eu senti a sua falta...
— Eu também. — comenta virando-se de frente para o amado e roubando um selinho de seus lábios. — Espero que não tenha se apaixonado por nenhuma americana.
— Como se eu pudesse, se há uma verdadeira deusa diante dos meus olhos.
Ela sorria sem jeito, beijando-o novamente enquanto o rapaz a abraçava pela cintura para sentar em seu colo. Então, suas mãos passam por baixo da blusa a tirando em um rápido movimento para cima. Shanti imitava o seu movimento para tirar a camisa do amado, voltando a atacá-lo com um beijo mais intenso. As línguas moviam-se em uma sincronia única, bem como as batidas aceleradas de seus corações.
Em seguida, Dinesh inclinava o corpo para frente fazendo-a deitar na cama enquanto ele ficava por cima, dando uma breve pausa no beijo para fitá-la. A pouca iluminação do quarto, devido as cortinas fechadas, destacavam unicamente o brilho de desejo e amor no olhar do homem. Shanti o encarava de forma igual, perdendo-se nos detalhes do rosto do namorado.
— Eu estive me segurando por muitos meses, priya.
— Isso significa que não vai se segurar? — ela sorria de canto.
— Isso significa que testarei a sua resistência... — ele dizia abrindo lentamente o cinto e o usando para amarrar os pulsos da amada, acima da cabeça. — ... e a da cama também.
Ao ver o sorriso malicioso do namorado, Shanti mordia fraco o lábio inferior sabendo que isso o provocava. Ele a desejava com todas as forças, por isso não podia esperar um segundo sequer para sentir a sincronia de ambos os corpos ao estarem ligados. Dinesh passou a ponta dos dedos pelas pernas da amada, subindo lentamente erguendo a saia também. Os seus olhos acompanham o movimento das mãos, passando a língua pelos lábios.
Nesse momento, Shanti encontrava-se completamente entregue aos toques dele. Ainda assim, a "tortura" continuava mesmo quando a saia já estava em um canto qualquer do quarto. Dinesh segurava a vontade de seguir seus instintos, pois queria apreciar cada parte do corpo da amada primeiro. Por isso, passou o dedo indicador e do meio entre as pernas dela, acariciando-a sobre o tecido da peça íntima. Enquanto isso, seus olhos mudam de foco para fitar as expressões da namorada, vendo-a mordendo o lábio e arfando baixinho.
Ele erguia a sobrancelha sem esconder o sorriso vitorioso.
— Vá se foder, Dinesh! Eu estou tão ansiosa para isso quanto você. — ela resmungava com um bico. — E v-você ainda quer brincar assim... É tão injusto.
— É? Eu nem havia percebido. — comenta erguendo a perna direita dela, distribuindo beijos pela panturrilha enquanto subia, lentamente, pelo interior das suas coxas. — Estava perdido demais admirando as curvas do seu corpo. Perdi algo importante?
— Ahm... Eu estava... Esquece!
Shanti sabia que perdia para Dinesh quando o assunto era provocações. Os olhares, as palavras, os toques e até mesmo os gestos dele inalavam malícia. Desde do momento em que se entregou por completo ao namorado, sabia que seu corpo atenderia somente aos pedidos dele.
A trilha de beijos parava por breves segundos entre as pernas da jovem, onde Dinesh não economizava em passar lentamente a língua pela região, "secando-a" com o olhar. Em seguida, continuava a lamber o seu corpo, subindo de forma calma sem quebrar o contato visual. Ele estava com o cabelo solto, então algumas mechas longas cobriam uma parte do rosto enquanto outras caíam sobre os ombros.
Ao subir por completo, seu rosto ficava frente à frente com a amada. Ele apoiava ambas as mãos ao lado da cabeça dela, roçando sutilmente os lábios nos seus enquanto fazia o mesmo movimento com o corpo. Ela podia sentir a ereção tocando sua intimidade, deixando-a mais molhada ainda. Quando abria a boca para implorar, Dinesh selava seus lábios em um beijo intenso, terminando com uma mordida no lábio dela.
Contudo, a batalha de resistência acabou quando o rapaz tirou a calcinha de Shanti durante um beijo em seu pescoço. Logo após, jogava a peça de roupa para um canto qualquer e abria as pernas dela de forma brusca, fazendo-a exclamar surpresa. Como sempre, Dinesh sorria convencido abaixando o olhar para a região desejada.
— Tão molhada. Devo interpretar isso como um convite?
— Com toda certeza...
— Sabe como odeio te deixar esperando, querida, mas é divertido.
— Você é muito mau, Dinesh.
Ele ficava entre as pernas da jovem enquanto a introduzia em um ritmo lento. Shanti queria puxá-lo contra seu corpo para ir mais rápido, mas ainda se encontrava presa por causa do cinto.
— Bem, os bons garotos vão para o paraíso. — Dinesh avançava de uma vez, penetrando-a por completo e a ouvindo gemer alto. — Mas os garotos maus trazem o paraíso para você.
Shanti o encarava com a boca entreaberta, ofegante e implorava para o amado se mexer. Então, agindo como um bom namorado, ele começou a mover o quadril para frente e para trás. Ele aproveitava para puxá-la pelas coxas, fazendo o corpo dela se chocar contra o seu durante as estocadas.
Dinesh abria um sorriso de satisfação ao ouvir a namorada gemer de prazer. Afinal, até mesmo o amor de ambos estava conectado nesse momento.
(...)
Dinesh bebia chá na mesa de jantar com a família. Shanti estava ao seu lado, atacando a batata frita junto com Kiran. Raj comentava algo sobre o estado da empresa e Mahara ajudava Maya a comer. Contudo, Dinesh não conseguia se concentrar na conversa pois passava a mão sobre a coxa da namorada por baixo da mesa. Ela o encarava de canto, levemente corada e sorria antes de Raj falar:
— E o casamento de vocês, quando sairá?
O rapaz engasga no chá e Shanti dava leves tapinhas nas costas dele, dizendo:
— Acho que demorará um pouco, senhor Yamir. Nós estamos pensando em construir nossa casa primeiro.
— Mas por que não disseram antes? Eu posso comprar uma casa para vocês, é só falar qual desejam.
— Não é isso, baldi. Eu e a Shanti queremos construir a casa com o nosso esforço e nosso dinheiro, entendeu?
— Ah, sim, mas vai demorar muito.
— Não temos pressa.
— Poxa, eu queria ter netos logo. — murmura Mahara, disfarçando bebendo o chá. — De qualquer forma, o que importa é a felicidade de vocês.
— Obrigada, senhora Yamir.
— Eu sei que encontrei a felicidade ao lado da Shanti. — comenta Dinesh apertando a mão da amada, virando o rosto em sua direção. — E carregarei para sempre esse amor em meu peito.
A jovem sorria timidamente, sentindo os olhos marejados. As palavras dele tinham força e sinceridade em seu tom, por isso tinha a impressão de ser a pessoa mais amada do mundo. Mesmo que enfrentassem obstáculos no futuro, Shanti estava a decidida a lutar para que sua vida seja ao lado dele.
O Dinesh também pensava assim, mas não esperava que a pior fase da sua vida viria à seguir.
*Priya: Amada
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