Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 28

"A coragem é dignidade sob pressão." - Ernest Hemingway


Masaichi encarava a pilha de papéis sobre a mesa, passando a mão entre as mechas de seu cabelo com um semblante de puro desespero. Ele continha um grito de aflição, mordendo o interior das bochechas enquanto pensava em uma forma de lidar com todo o trabalho acumulativo. Após assumir temporariamente a presidência da empresa, o homem precisou abrir mão de seus compromissos durante o mês inteiro e, por isso, via-se incapaz de manter a saúde mental.

O som da porta sendo aberta bruscamente o tirou de seus pensamentos.

— Cheguei!

Ele erguia o olhar em direção ao verdadeiro diretor aproximando-se com os braços abertos. Dinesh possuía um largo sorriso, expondo os dentes brancos enquanto o longo cabelo estava preso em um rabo de cavalo baixo.

— Seu miserável! Por que você demorou tanto?! — exclama caminhando até o Yamir. — Eu jurei que iria enlouquecer aqui! Como consegue lidar com todo esse trabalho?

— Eu também senti a sua falta, Masaichi!

Dinesh abraçava o seu amigo, erguendo-o alguns centímetros do chão e o balançava para o lado como uma criança feliz por ganhar seu brinquedo favorito – ou imitando o irmão que gostava de abraçar daquele jeito. Masaichi piscava os olhos confuso e lançava um olhar inquisitivo depois de ser colocado no solo.

— Não acredito que está bêbado no primeiro dia do seu retorno!

— Eu não sou bêbado. Pelo menos, não dessa vez... — murmura a última parte para si mesmo, desviando o olhar para o lado. — Eu só quero demonstrar o quanto me importo com o meu grande amigo.

— Que tipo de droga te deram no Brasil? — questiona dando alguns passos para trás. — Você me considerar o seu amigo? Conta outra!

O Yamir solta uma risada escandalosa aproximando-se do vice-diretor enquanto o via recuar até tocar as costas na parede. Em seguida, apoiava ambas as mãos na parede o deixando preso entre seus braços. Masaichi engolia seco vendo o rosto de Dinesh cada vez mais próximo e um sorriso divertido surgir em seus lábios.

— Você quer que te considere como algo a mais?

Masaichi ria baixo dando um peteleco na testa dele, fazendo-o recuar e acariciar a região.

— Dando em cima na primeira oportunidade? Esse é o Dinesh que eu conheço! — dizia animado, abraçando o rapaz com força. — E sim. Eu senti a sua falta, amigo.

Após longos segundos tentando assimilar a situação, Dinesh retribuía o abraço com um sorriso bobo. Naquele momento, Youko abria a porta para entregar um relatório e ficava surpresa com a aparição do seu chefe, além de presenciar uma cena que jurava ser impossível.

— Então, vocês dois...

— Sim! Nós nos amamos. — exclama Dinesh.

— Woah...

— Como bons amigos. — completa Masaichi, suando frio.

— Ah, sim. Que fofos! — dizia Youko ao se aproximar e participar do abraço. — Eu senti a sua falta, Dinesh.

— Eu também senti a sua!

Depois de um tempo naquele abraço, eles se afastavam e Youko encarava o Yamir com certa curiosidade.

— Então, quais as ordens, capitão? Eu não sei se você sabe, mas nossa empresa caiu em três colocações.

— Sim, a mamadi me contou. Ainda assim, o nosso objetivo continua o mesmo que é alcançar o primeiro lugar. Quanto a isso, eu sei muito bem como iremos chegar ao topo.

— Como?

— Por muito tempo, eu tentei me adequar ao estilo do baldi mas eu não sou ele. Então, comecei a seguir o meu estilo, o que não deu tanto certo no quesito legalidade. Por isso, eu pensei em unir ambos: a minha força e a moralidade do baldi.

— Mas como iremos fazer isso? — questiona Youko, curiosa.

— Eu pretendo continuar usando os meus meios para manter os sócios ao nosso lado, mas precisamos melhorar a imagem da empresa para ganhar destaque mundial. Assim, mais empresários desejarão estar conosco. — comenta Dinesh sentando-se na mesa. — É claro que limpar a imagem da empresa, mais especificamente a minha, não será fácil. Por isso, Youko, eu preciso das suas estratégias em marketing nesse momento.

A mulher abria um sorriso confiante, apoiando ambas as mãos na cintura.

— Pode contar comigo!

— Eu preciso que o Masaichi participe das reuniões com os novos acionistas. Ele tem uma grande simpatia e respeito na cidade. Além de que eu li alguns artigos e a sua imagem tem sido bem vista como o novo diretor.

— Como quiser, meu caro amigo.

— Eu continuarei como diretor mas só irei me apresentar publicamente após a confirmação da Youko, ou seja, quando a minha imagem estiver limpa. Então, topam entrar nessa comigo? — questiona esticando o braço para frente com a palma da mão vira para baixo. — Nós seremos os melhores do mundo.

Masaichi e Youko se entreolham sorrindo instantaneamente. Então, eles colocam suas mãos por cima da mão do Dinesh em um sinal de solidariedade.

— Vamos nessa!

(...)

Youko marcou uma sessão de fotos para o Dinesh pois uma revista de moda desejava tê-lo como modelo da nova coleção de peças íntimas masculinas. Como a líder do setor publicitário aceitou a ideia, ele não questionou.

Após analisar algumas ações, o que rendeu boa parte do seu dia, o rapaz recebeu uma ligação de um antigo amigo.

— O que você quer, Tomio?

Eu soube que voltou para o Japão.

— E daí? Desde quando se importa para onde eu vou?

Só queria dar as boas-vindas.

— Eu já tive boas-vindas demais de você e dos outros filhos da puta desde que cheguei no Japão. Então, dispenso.

Você sabe que o Ryan e o Dylan morreram... E eu tenho certeza que o seu irmãozinho está envolvido nisso.

— Eu aposto que essa especulação veio do Thomas, já que você não tem cérebro o suficiente para pensar sozinho. — ironizava brincando com a caneta entre os seus dedos. — Olha, eu não sei de onde tirou essa ideia idiota, mas precisava compartilhar essa asneira comigo? Eu estou lotado de trabalho.

— Você sabia que durante esse tempo em que esteve fora, eu e o Thomas conseguimos mais de 20% das ações da sua empresa? Sabe o que isso significa, não é?

Dinesh deixava a caneta cair na mesa, prendendo o ar em seus pulmões por longos segundos. Naquele momento, ele não conseguia esconder a surpresa e o medo em seu olhar porque sabia que a empresa poderia cair nas mãos dos seus maiores inimigos.

— Sim...

— Você vai se unir à mim se não quiser ver toda a sua empresa de merda afundar! Eu darei um baile ao final desse mês e exijo a sua presença para te apresentar publicamente como o meu sócio.

O Yamir tinha reviravoltas no estômago com a ideia de ser visto ao lado de alguém que desprezava com todas as forças. Porém, para não levantar suspeitas, optou por concordar.

— Como quiser...

Ótimo! Eu estarei de olho se tentar alguma gracinha.

— Não ousaria.

Então, Tomio desligava a chamada e Dinesh abria um sorriso frio repousando o celular sobre a mesa.

— Ah, meu caro amigo, és tão ingênuo. Você acabou de assinar a sua sentença de morte.

Após um longo dia de trabalho compensando o mês de ausência, Dinesh retornou para casa onde era recebido por um forte abraçado da Maya. A pequena mal podia conter a alegria de ter o seu irmão mais velho de volta, depois de sentir um assombroso medo de ser abandonada por ele.

— Como foi a sua aula?

— Chata demais! A mamadi disse que eu preciso me esforçar, mas é chato estudar.

— Eu te entendo. Estudar é horrível!

— Pare de desestimular a Maya, Dinesh. — dizia Kiran ao descer as escadas, ainda usando o uniforme escolar. — Ela precisa ver os estudos como algo produtivo.

— Pare de ser chato, Kiran. Eu só estou sendo sincero com a minha pequena, ela sabe disso.

Maya assente positivamente com a cabeça, envolvendo os braços entorno do pescoço de seu irmão mais velho.

— Chato? Qual direito você tem de ensinar algo à Maya quando passou um mês longe da família? Nenhum, Dinesh!

— Eu estive em um retiro espiritual!

Kiran deixa escapar uma alta risada.

— Para quê? Salvar a sua alma? Você acha mesmo que meditar irá te tornar uma pessoa melhor? Não! Nós dois sabemos qual é a melhor solução, você se entregar!

Dinesh desviava o olhar com uma expressão de desconforto, repousando a Maya no chão e dando um beijo no topo de sua cabeça.

— Vá para o quarto, pequena.

Geralmente, ela iria questionar mas se viu incapaz de desobedecer o seu irmão querido. Então, apressadamente, subiu as escadas sem antes lançar um olhar triste em direção ao Kiran. Quando Maya estava fora do alcance deles, ambos se entreolham de maneira intensa e hostil.

—Eu estou cansado de suas acusações, Kiran. Tudo bem que eu errei mas estou em busca da minha redenção. Então, não irei ficar de cabeça baixa enquanto você tem uma vidinha perfeita para desfrutar.

— Vida perfeita? Desde quando viver com aquelas lembranças e o constante medo de ser pego pela polícia é ter uma vida perfeita? — questiona Kiran com lágrimas nos olhos. — O delegado suspeita da gente mas se manterá inerte até que não haja outro suspeito. E sabe o que eu farei se tudo ameaçar vir à tona? Eu vou me entregar para salvar a Sakura.

— O que?! Vai se arriscar por ela?

— Sim, isso se chama sacrifício. Eu acredito que você nunca precisou fazer isso porque sua única solução sempre foi humilhar os outros.

Naquele momento, Dinesh encontrava-se incrédulo encarando o seu irmão. Por toda a sua vida, sacrificou o que mais amava para ver toda a família bem mas, agora, se via diante da total ingratidão. No fundo, ele sabia que não podia cobrar uma reação positiva porque agiu às escondidas. Porém, isso não o impedia de se sentir extremamente magoado e revoltado.

— Vai se foder, Kiran!

Ele gritou passando pelo irmão e o empurrando com o ombro, subindo as escadas com os punhos cerrados. Kiran o fitou com um misto de raiva e confusão pois, apesar do comportamento agressivo do Dinesh, ele nunca fez o estilo de lançar xingamentos para a própria família.

Por mais valiosos que fossem os ensinamentos aprendidos no templo do Brasil, Dinesh não podia ignorar o quão revoltado estava. Após perdoar à si mesmo e ver o seu interior com mais amor, via-se incapaz de permitir que qualquer um o colocasse para baixo por causa da situação em que se encontrava.

No outro dia, desceu as escadas já lançando um olhar desagradável em direção ao convite do baile nas mãos de Mahara.

O Tomio não perdeu tempo, pensava.

Mahara e a Maya se encontravam eufóricas para o baile mas Kiran afirmou que ninguém iria. Mesmo após as desavenças dos irmãos, Dinesh concordou com ele o que rendeu uma exclamação surpresa por parte da mulher. Para a Mahara, o seu filho e Tomio são bons amigos que mantém uma relação saudável de amizade.

Porém, depois de uma tentativa falha de afastá-la do covil do inimigo, Dinesh seguia para o escritório chamando, discretamente, o seu irmão. Kiran arqueia a sobrancelha com um semblante inquisitivo, mas logo o acompanha fechando a porta para que ninguém pudesse ouvir a conversa de ambos.

— O que você quer? Estou surpreso que não queira ir à festa do seu amiguinho.

— O Tomio e os outros deixaram de ser meus amigos.

— Claro, claro. Mas suspeita de algo nesse baile?

— Como não suspeitar? O Tomio, mesmo sendo um pau mandado, ainda sabe articular os fatores ao seu favor. Essa comemoração da sua empresa é apenas uma forma de desviar a atenção para a corrupção que tentou aplicar na nossa. Se o que eu estiver pensando for o correto, o desgraçado pretende roubar a presidência da nossa empresa.

— Esse idiota não pode fazer isso.

— Não ainda. Se esse baile de lançamento der certo, os investimentos dele subirão em 20% acima do previsto. Então, ele terá capital o suficiente...

— Para comprar nossas ações. — Kiran completa. — Ao menos, uma parte delas.

— Eu diria que metade, já que ele não parece estar sozinho nessa.

— Nem preciso dizer quem está com ele, mas por que não quer a mamadi vá?

— Ela vai se expor demais. Se a nossa empresa for presidida por esse babaca, a imagem dela será arruinada por causa desse evento.

— É compreensível. E o que você fará?

— Eu? Por enquanto, não posso fazer nada. — Dinesh comenta sentando-se na mesa com as mãos apoiadas ao lado do corpo. — Eu só posso manter a atual situação econômica da empresa e tentar agradar todos os funcionários, apesar de não ser o melhor plano. Mas você, Kiran, pode fazer algo.

— Do que está falando?

Dinesh respirava fundo sentindo o coração doer com o que diria à seguir. Ele não queria usar o seu irmão novamente mas, nas atuais circunstâncias, precisava tomar as medidas drásticas para o bem da família e da empresa. Por uma curta fração de segundos, o homem lançou um olhar triste em direção ao seu irmão que passou despercebido.

Eu não quero ser esse tipo de pessoa, mas...

— Ouvi você comentar com a mamadi sobre uma revolta da Sakura. Eu também recebi uma ligação daquele desgraçado, na verdade era uma ameaça. Tomio queria que eu voltasse a me unir aos seus negócios pelo bem da família Yamir.

— Ele pretende machucar algum de nós? — Kiran grita mas o mais velho estende a palma da mão, pedindo-o para se acalmar. — Ninguém encosta na minha família!

— Compartilho dessa mesma determinação, mas acho que há uma forma de destruí-lo sem envolver a empresa no meio.

Dinesh encarava intensamente o irmão que, logo, entendia o recado.

— Não posso.

— Você pode sim, Kiran. — ele diz descendo da mesa, ficando frente à frente com o mais novo. — Ela quer vingança e você quer justiça.

— Eu a amo, Dinesh!

A confissão deixou Dinesh surpreso pois, por mais previsível que fosse, não esperava que o Kiran se apaixonaria nessas circunstâncias. Por isso, optou por ficar em silêncio enquanto o deixava prosseguir.

— A Sakura é uma garota incrível de personalidade forte e habilidades invejáveis. Além disso, ela tem um bom coração e ajuda quem precisa. Como acha que vou me sentir se contribuir para acabar com essa qualidade dela? A vingança irá corrompê-la de novo e cada vez que um sentimento negativo prevalece no coração da Sakura, a espada torna-se mais corrompida.

— Sim, você havia comentado isso no último jantar. Mas há uma forma do ódio não dominar o coração dessa garota, Kiran. Nós dois sabemos que somente um sentimento é forte o suficiente para afastar qualquer escuridão.

— Ela já tem alguém, Dinesh.

— E se tem, por que a espada não está menos corrompida? Só há uma explicação: não é amor.

Kiran apenas responde com uma risada sarcástica, fazendo pouco caso da teoria do seu irmão.

— Acredite em mim, Kiran.

— Acreditar em um covarde como você?! — ele questiona com amargura em seu tom de voz.

— Sinto-me ofendido mas deixarei de lado, estou sem ânimo para brigar. — comenta passando por ele e abrindo a porta. — E mais uma coisa, Kiran.

— O que é?

— Proteja sua garota, estará levando-a diretamente para o ninho de cobras. Esteja preparado.

(...)

— Vamos ficar em casa.

— Nada disso, Dinesh. — dizia Mahara analisando o belo vestido vermelho que trajava. — Nós iremos para esse baile. É injusto que somente o Kiran se divirta e, como família, precisamos ir juntos.

Dinesh puxava a gola da camisa branca em um sinal de aflição, desviando o olhar para o espelho. Como planejado durante a semana inteira, o Kiran junto com a Sakura iriam envenenar o Tomio quando ele abaixasse a guarda. Por conhecer muito bem o seu ex-sócio, o Yamir sabia de todas as passagens da mansão do empresário, bem como uma maneira eficiente de matá-lo sem deixar muitos rastros: pílula do suicídio.

Enquanto ele colocava a sua irmã no banco de trás do carro, puxando o cinto entorno do corpo da pequena, pensava em como suas escolhas ainda o levavam para o caminho de uma pessoa ruim. Dinesh soltou um longo suspiro, claramente afetado com a ideia do levar o seu irmão e a garota que ele amava para a casa de um dos psicopatas que o manipulou naquela noite. Com toda certeza, o Yamir não queira causar tantos danos psicológicos e ainda colocar em risco a vida de um membro da família, mas precisava agir com total frieza.

Pelo menos, desta vez.

O homem encontrava-se tenso, dirigindo em direção à enorme mansão de Tomio Hitsudata. Maya cantarolava alguma canção aleatória que ouviu do seu desenho favorito enquanto Mahara lançava um olhar preocupado para o seu filho.

— Você está bem, Dinesh? Não gostou do terno branco? Eu sei que prefere o tradicional, mas achei que gostaria desse também. Afinal, o Raj amava.

Ele engoliu seco, apertando com força o volante.

Mamadi, eu sou uma pessoa ruim?

Mahara surpreende-se com essa pergunta pois podia ver o desespero do seu filho, o qual temia com todas as suas forças pela resposta.

— Claro que não! De onde tirou essa ideia?

— Eu ando ausente e não pode negar como fui um péssimo filho por tê-los evitado por tanto tempo.

— Você estava dando o seu melhor para manter a empresa do Raj, eu nunca ficaria brava por ter feito essa escolha. — dizia apoiando a mão sobre o ombro do filho, fazendo-o focar a atenção em seus olhos dourados enquanto o carro parava no sinal vermelho. — Eu te amo, filho, e eu me orgulho por tudo que tem feito pela família.

Dinesh segurava as lágrimas e balançava a cabeça em concordância. Por mais que tentasse tranquilizá-la, falhava miseravelmente em abrir um sorriso sincero. Então, Mahara acariciava a cabeça do seu filho com ternura no olhar.

— O Raj sempre dizia para todos como tinha orgulho de tê-lo como filho.

— S-Sério?

— Sim, por isso não se cobre tanto. Você também merece ser feliz.

Ele sorria bobo deixando uma lágrima escapar do canto do olho, inclinando a cabeça para o lado e dando um beijo na testa de Mahara. O sinal verde já havia surgido mas ele ignorava as buzinas dos motoristas atrás do seu carro, pois só conseguia se concentrar no pequeno alívio em seu peito.

— Obrigado.

Em seguida, abaixava o vidro do carro colocando o braço para fora e mostrava o dedo do meio para os motoristas antes de dar partida em direção à mansão.

— Dinesh, olhe os modos! — dizia Mahara dando um leve tapinha no ombro dele, ouvindo a sua risada escandalosa. — A Maya pode aprender.

— Aprender o que? — questiona a pequena que, até então, estava distraída com as luzes da cidade.

— Nada, querida.

— Nunca ensinarei a Maya algo do tipo. — comenta Dinesh vendo a mãe suspirar, aliviada. — Vou ensiná-la à bater em babacas até cair todos os dentes.

— Dinesh!

— Eu quero aprender a bater! — exclama Maya com animação, mesmo sem entender a conversa. — Eu quero!

— Maya!

Dinesh ria alto divertindo-se com o clima agradável daquela curta viagem porque, por um momento, se sentiu parte da família novamente.

Ao chegarem na festa, Maya logo localizou o seu irmão e correu para os braços dele com ânimo. Kiran a segurou surpreso e, em seguida, lançou um olhar de reprovação em direção ao Dinesh que apenas ergueu os braços em sinal de rendição. Enquanto a pequena falava animada sobre a diversidade de doces, já correndo para a primeira mesa, Mahara aproximava-se do filho com alegria.

Contudo, Kiran pediu um tempo à sós com o seu irmão e o conduziu para sacada estilo greco-romana. Antes do Dinesh falar algo, foi alvo de um soco batendo as costas contra o concreto, resmungando de dor. Devido à força do golpe, o sangue escorria do seu nariz até o queixo.

— Melhorando no soco, pelo menos anda treinando. — dizia com um sorriso sarcástico.

— Para o inferno! Como pôde ser tão burro em trazer a mamadi e a Maya para cá? Principalmente hoje!

— A mamadi insistiu muito. — Dinesh responde tirando o pano do bolso para limpar o sangue antes que manche seu terno branco. — Se eu continuasse a negar, levantaria alguma suspeita. Afinal, como o combinado, a sua namoradinha irá matá-lo hoje.

— Fale baixo e ela não é a minha namorada. E você é péssimo enganando as pessoas, poderia ter encontrado uma desculpa decente.

— Então, ensine-me. Você está usando a pobre Sakura e ela nem faz ideia. — comenta provocativo. — Realmente, brincar com sentimentos é tão fácil para você. Isso não me surpreende, desde que você foi torturado que se tornou no monstro que todos da família temiam q-...

— Cale-se! Quem você pensa que é para me julgar dessa forma? E até quando vai continuar com isso de "monstro"?

— Até perceber que há uma luz em você, o que acho pouco provável.

Kiran erguia o punho para dar outro soco mas Maya aparece animada, mostrando os doces em suas mãos com um sorriso bobo. Dinesh – agora livre de qualquer mancha de sangue – ajoelha-se diante dela, abrindo a boca:

— Quero um.

Maya colocava um doce na boca dele, sorrindo feliz ao vê-lo engolir com uma expressão serena. Logo, Dinesh abre novamente a boca:

— Quero outro.

— S-Seu guloso! — ela exclama com um biquinho. — Assim não ficarei com nenhum. Ah! Aqui está o seu, Kiki!

Kiran sorria para disfarçar a tensão do momento, recebendo o doce em sua boca e esperava a irmã voltar para perto de Mahara, retornando à expressão séria. Em contrapartida, Dinesh fazia pouco caso da situação e se apoiava na pilastra, ignorando a dor em seu rosto.

— Você não mudou nada, Kiran. Continua impulsivo e explosivo, não mede consequências. Ainda bem que o baldi fez a escolha certa em me treinar para assumir a empresa.

— Ele treinou nós dois, Dinesh. Você não foi o único que se esforçou desde pequeno.

— Enquanto você fez um cursinho básico de gestão empresarial, eu fiz faculdade de administração. Enquanto você tocava piano, eu precisei aprender tudo sobre gráficos e manipulação para não ser uma vergonha em futuras reuniões. — ele comenta com amargura em seu tom de voz, ainda fitando o horizonte. — Desde pequeno, eu perdi o livre arbítrio para manter o legado do baldi e pensei ganhar reconhecimento por isso...

— Mas...?

— Mas depois que você voltou daquele incidente, todos focaram a atenção para ti. Ninguém percebeu como eu fiz relatórios eficientes que ajudariam a empresa no futuro ou quando aprendi um golpe novo no Muay Thai. E agora que a empresa não vai bem, a culpa é minha. — disse fitando o irmão por cima dos ombros com um olhar vazio. — Esse é o único momento que olham para mim. Eles sempre te admiraram por ser perfeito demais, já eu sou a falha. Sabia que eles não admiram falhas, Kiran Yamir?

Naquele momento, Kiran encontrava-se sem palavras sentindo uma pontada de compaixão em seu peito. Por mais que doesse admitir, não podia nutrir um ódio singelo pelo Dinesh mesmo tendo lembranças desagradáveis por ele. Antes que pudesse dizer algo, a voz da Sakura através do walk-talk interrompe o diálogo entre os dois irmãos.

Kiran, espere-me na saída da mansão em dez minutos.

— Melhor ir, sua namoradinha precisa de ti. — Dinesh comenta voltando a encarar o jardim à sua frente. — Bem que poderia mandar um "Oi" por mim, mas acho que nem você nem ela gostariam disso.

Kiran nada disse e apenas saiu da sacada, deixando Dinesh preso em seus próprios pensamentos. Ele passou um bom tempo encarando o céu, apoiando a mão sobre o maço de cigarros mas não demorou muito para jogá-lo longe, irritado demais para acabar mais ainda com sua saúde.

Por um momento, olhou por cima dos ombros as pessoas dançando e conversando alegres. Ele estava decidido a lutar e conquistar a felicidade, independente de quem precise destruir para isso. Dinesh sentia a imensa vontade de sorrir como antes e ter pessoas ao seu redor, felizes pela sua presença. Então, ele se surpreendeu com a presença de Miyuki dentre as pessoas. Ela estava acompanhada por Youko e o seu marido, além de outros funcionários da empresa.

Discretamente, Dinesh se aproximou apoiando o ombro na parede enquanto a admirava com um leve sorriso.

Você está mais linda do que antes, pensava.

Miyuki trajava um longo vestido rosa bebê de tecido fino e brilhante como seda. A parte de sua cintura estava demarcada por uma faixa da mesma dor e, em seguida, o vestido descia estilo princesa com um certo volume. A parte superior era um grande decote em "V" que ia até metade da sua barriga, deixando evidente o volume dos seios. O cabelo da mulher estava preso em um rabo de cavalo alto e havia uma sutil maquiagem em seu rosto.

Ela ria alto com a piada de um dos empresários, segurando delicadamente a taça de champanhe entre os dedos finos. Aos poucos, sentia-se familiarizada no mundo dos negócios mas seu peito ainda doía pela ausência de uma certa pessoa.

Será que ele está aqui?, a mulher pensava.

Após passar rapidamente os olhos por todo o salão, podia jurar que havia visto o seu ex-chefe a encarando no canto da enorme sala. Porém, ao retornar o foco para o local não encontrou ninguém.

— Eu devo estar imaginando coisas. — murmura tristemente. — Ele já deve ter me esquecido.

Dinesh apoiava as mãos no muro da varanda, suspirando aliviado por ter saído antes da sua presença ser percebida. Então, desviava o olhar para baixo encontrando o Kiran parado ao lado do carro dele, uma Lamborghini Veneno preta. O rapaz andava de um lado para o outro, apreensivo. Naquele momento, Dinesh arqueou a sobrancelha confuso e estreitou os olhos para observá-lo melhor.

Ao avistar a Sakura sair da mansão com um longo vestido preto, após matar Tomio Hitsudata, Kiran corria em sua direção e a abraçava fortemente. A preocupação e alívio em seus olhos cor de mel eram evidentes, causando um estranhamento interno em Dinesh. Ele sempre pensou que o irmão se tornaria alguém tão frio quanto ele devido ao seu sofrimento na infância, além de tudo o que presenciou na própria família. Contudo, o Yamir viu o seu querido irmão sorridente e com um olhar apaixonado, como se a presença da Sakura iluminasse a sua vida.

— Então, você ainda tem uma luz em seu interior. — murmura Dinesh, soltando uma risada seca. — Droga, Kiran. Você acabou de me convencer a fazer o certo. 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro