Teia de mentiras
- Ah, meu filho, me dê um abraço. - Minha mãe vem até mim chocada me abraçando. - Deve ter sido muito difícil para você ter suportado tamanha tribulação.
Eu correspondo o abraço de minha mãe e acabo deixando algumas lágrimas escaparem.
- Eu vou te mudar de escola hoje mesmo. - meu pai fala de maneira ríspida e eu apenas assinto com a cabeça.
- Faz isso mesmo, meu amor. - Minha mãe concorda com o meu pai. - Mas Cristiano, por que você não disse antes que tinha um garoto lhe assediando na escola?
- E-eu tinha vergonha de falar. - respondo ela sem a olhar nos olhos.
- Tudo bem, seu pai vai te trocar de escola. Onde já se viu uma coisa dessas? Um garoto te assediando querendo lhe arrastar para uma vida pecaminosa. - Minha mãe fala com um tom de indignação. - Ainda bem que Deus é muito bom e tocou-lhe o coração para você vir até nós desabafar. - Ela me aperta mais forte nos seus braços. - Vai, filho. Sobe que eu e seu pai vamos na sua escola resolver a sua transferência, mas precisamos ver ainda para onde vamos lhe tranferir...
- Eu posso ir estudar com a Jenny. - falo de imediato.
- Ah sim, mas a escola dela é em outra cidade. - Minha mãe tenta retrucar.
- Eu não me importo. Eu posso ir até morar com ela, se vocês deixarem... - falo ainda cabisbaixo.
- Suba, filho. Eu e seu pai vamos ir decidindo o quê fazer, por hora, apenas descanse. - Eu aceno com a cabeça e subo para o meu quarto.
Assim que eu chego nele, vou direto para a minha cama e mando mensagem para o Alan, dizendo que a primeira fase do plano estava concluída...
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- Tem certeza que é isso mesmo que você quer? - pergunto meio que receoso ao Alan, pois eu não queria o arrastar para onde eu vou.
- Já disse que onde você está, é o meu lugar, baby. - Alan responde me trazendo para perto dele com um abraço.
- Eu nunca vou entender, sabe? Você é um cara incrível, bonito... e cativante, por que perde seu tempo comigo? Eu sou apenas... eu... - Digo ficando cabisbaixo.
- Você é um garoto muito especial, okay? Nunca se rebaixe por ninguém, muito menos por mim. - ele fala olhando no fundo dos meus olhos. - Entenda Cris, você é um garoto incrível. Eu amo lhe ter aqui, aqui comigo, então por favor, apenas se deixe levar e taque o foda-se para todos aqueles que te machucaram. Lembre-se: trate as pessoas da forma que elas lhe tratam e principalmente, da forma que elas mereçam ser tratadas.
- Hum, você e essas suas aulas de convivência. - Falo rindo pra ele.
- Estou apenas lhe ensinando a sutil arte de ligar o foda-se. - ele me responde rindo e eu não consigo aguentar, lhe dou um beijo. Eu percebi que o sorriso dele descontraído é o meu ponto fraco. Ele prontamente retribuiu o beijo, me trazendo para mais perto dele, mas somos interrompidos por uma voz muito conhecida.
- Posso ver vocês transando? - Jenny aparece do nada perguntando e sendo totalmente incoveniente, como sempre. Eu reviro os olhos com aquela pergunta invasiva e o Alan apenas ri e me abraça.
- Não, não pode. - Eu respondo de forma seca. Bem, eu e o Alan nunca transamos, já faz alguns dias que começamos a ter esse tipo de relação que eu não sei denominar, mas de qualquer forma, eu gosto disso.
- Você é muito chato. - Jenny responde bufando. - Vamos logo! Nosso primeiro dia de aula está prestes a começar. Escola nova, vida nova! - ela fala animada antes de sair do quarto.
Bem, meus pais conseguiram me tirar daquele inferno e me transferir para outra escola. Eu me mudei de cidade e agora mora: eu, Jenny e o Alan na mesma casa. Meus pais me dão uma mesada mensal, assim eu estou conseguindo ajudar com os custos da casa.
Nós três saímos ontem para distribuir currículos e estamos torcendo para conseguirmos vaga como menor aprendiz. Minha vida virou de cabeça para baixo em pouco tempo. Finalmente eu entendi que satanistas não são adoradores do diabo e nem nada do tipo. O Alan levou horas para me explicar isso, ele é bastante paciente.
Alan me contou que ele é adepto ao paganismo, eu não sei muita coisa sobre esse assunto, mas ele me prometeu que iria me explicar sobre suas crenças, algum dia.
Não irei mentir, ainda amo o Pietro, mas eu finalmente entendi que não dependia apenas de mim para que desse certo. Eu nunca entendi bem o Pietro, pelo menos, as suas crenças, até onde sei ele é ocultista, por isso, resolvi estudar sobre esse tema, pois quero pelo menos tentar entender essa parte dele.
No geral: eu fiz muitas coisas que me arrependo, mas também fiz coisas que foram necessárias para a minha evolução como pessoa. Eu precisei descer até o fundo do poço para perceber que eu não tinha culpa de todas as merdas que aconteceram.
Para eu me libertar de minha prisão pessoal, eu precisei mentir. Não vou dizer que me arrependo, assim como não vou dizer que sinto orgulho pelos meus atos. Eu me envolvi numa teia de mentiras, mas afinal, quem não mentiu nessa história toda?
Pietro mentiu para me afastar dele, Victor mentiu sobre sua sexualidade, Jenny mentiu para poder me trazer aqui e eu enganei os meus pais para poder sair de casa. Eu precisei criar um falso Pietro, mas nem sei se eu realmente inventei, afinal eu nunca verdadeiramente conheci o Pietro, mas de qualquer forma, ambos mentimos, ambos nos prendemos em uma teia de mentiras e será assim...
Olho para o Alan e ele está mexendo no celular com um sorriso no rosto. Eu como sou curioso, decido perguntar.
- Está rindo para o quê?
- Eu estou prestes a fazer a minha maior vigarice. - ele responde e eu o olho com um olhar de interrogação. - Digamos que eu darei ao Pietro, uma lembrança.
- Pera, o quê pretende fazer?
- Se lembra que eu observava vocês dois enquanto ambos achavam que estavam arrasando no sigilo? - ele me pergunta.
- Lembro sim... - respondo.
- Numa das vezes, eu não resisti, precisei tirar uma foto de ambos, para eu me masturbar mais tarde. - ele fala normalmente, me fazendo ficar bastante envergonhado.
Ele me mostra o celular e eu consigo ver a foto. Pietro estava envolvendo o meu corpo com o braço e uma de suas mãos estava dentro da minha calça, enquanto ele me beijava. Eu morri de vergonha, pois parecia nós dois nitidamente.
- O quê pretende fazer com isso? Pergunto envergonhado.
- Vou mostrar para escola inteira quem é o verdadeiro assediador. - ele ri antes de apertar a tela do seu smartphone e enviar a foto para um grupo, eu olhei o nome e vi que era o grupo fo Colégio, onde várias pessoas de várias turmas interagiam.
Naquele momento, eu quis morrer, pois todo mundo ficaria sabendo daquilo.
- Por que você fez isso??? - perguntei histérico, eu não queria que ninguém visse aquilo.
- Olha, essa é a nossa vingança por tudo o quê ele fez a você. Agora esse desgraçado terá que carregar a fama de ser uma gay sigilosa. - ele fala com um tom de deboche. Eu paro e começo a refletir sobre isso. Bem, isso é o mínimo que o Pietro merece, então por que não?
Eu vou até o Alan e o beijo novamente, por ser um cara tão esperto e maravilhoso. Eu agradeço aos céus por o ter colocado em minha vida. Jenny volta a nos chamar, só que com mais pressa e raiva.
Assim juntos saímos de casa, rumo para uma nova escola, uma nova vida. Espero que tudo isso seja produtivo.
E sobre o Pietro: o quê eu tenho a ver? Hahaha...
Fim, da primeira fase.
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N/a: EAAE. Quero agradecer a todos que acompanharam o livro até aqui. Quero agradecer a cada voto, cada comentário e incentivo. Amo todos vocês, de verdade. Então, vejo vocês nos próximos três capítulos, que serão um interlúdio, antes da segunda fase. Os três capítulos de interlúdio serão narrados sobre o ponto de vista de outro personagem... Possuem ideia de quem seja? Hahaha, até ❤❤❤
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