Química 100 problemas
A aula de física passou devagar. Muito diferente da aula maravilhosa de história. Sim, história é a minha matéria favorita.
Após essa aula fatídica. O professor se despediu e foi embora.
"Falta apenas mais uma aula, para sermos liberados" penso enquanto fecho o meu caderno e começo a conversar com a Yumi.
O papo entre nós flui. Ela me pergunta o que eu e o Pietro conversamos com um sorriso estranho no rosto.
Eu digo que não aconteceu nada de mais e mudo rapidamente o assunto.
5, 10, 15 minutos se passaram e nada do professor aparecer na aula.
As pessoas em minha volta começam a se questionar junto comigo, se perguntando a onde esse professor ou professora está.
- É impressão minha, ou os professores dessa escola nunca chegam no horário certo? - Yumi me pergunta.
- Não é impressão. Eu também reparei nisso. - respondo a ela.
- Agora vai nós chegar atrasados.... Eles nem iriam nos deixar entrar. - ela fala revirando os olhos e dirigindo o seu olhar para a porta.
Nesse mesmo instante a porta é aberta e um cara com uma cabeça estranha aparece na porta.
Ele abre um sorriso mais falso que nota de três e depois entra na sala, fechando a porta em seguida.
Como descrever ele? Bom, um homem branco de cabelos negros estilo militar.
A roupa dele é aquele tipo de roupa básica e com o famoso tênis da Adidas.
Ele vai se aproximando encarando a turma toda com aquele sorriso falso.
Um garoto lá do fundo da sala.
- Você da aula de que matéria? - o professor faz questão de responder com toda a educação do mundo.
- Quando chegar a hora certa. Vou escrever no quadro e você vai saber. - quando ele responde isso, toda a sala fica em silêncio sem reação.
" Nossa, foi apenas uma pergunta " pensei enquanto encarava o professor.
O tal foi andando até a sua mesa, colocou suas coisas lá e logo depois foi apagar o quadro, que o professor anterior deixou cheio dever.
Na sala de aula, tudo que podia ser ouvido era o barulho do apagador apagando o quadro.
Assim que ele acabou o trabalho dele, o mesmo escreveu na lousa.
Wildson - Química
Nessa hora, só veio as palavras do Pietro na minha cabeça. E eu viro a minha cabeça em direção a janela.
" Um professor que parece a encarnação do capeta me deu aula. O nome dele é Wildson de Química"
Mas o que me deixa mais atormentado é o motivo de eu novamente pensar nesse garoto. O professor começa a fazer o seu discurso. Tal discurso que eu não presto a mínima atenção.
"O que está havendo comigo?" Pergunto a mim mesmo, enquanto viro em direção ao professor e percebo que o mesmo está me encarando.
Nessa hora, meu sangue gela. Eu não sei a onde enfiar a minha cara de tanta vergonha.
O professor continua me encarando com um olhar MUITO estranho. Parece que ele quer me estripar vivo.
Eu abaixo a minha cabeça totalmente envergonhado e percebo que ele volta a fazer o seu discurso.
- Essa foi por pouco - Yumi sussurra do meu lado e eu confirmo com a cabeça ainda muito envergonhado.
Depois de uns longos minutos o professor termina de se apresentar, falar da vida dele e tals, como se isso fosse algo realmente importante.
O professor fala que vai pegar um café e que já vai voltar para passar dever.
Assim que ele sai pela porta, a turma finalmente começa a respirar.
- Estamos fodidos com esse professor - Yumi volta a falar e eu concordo, permanecendo em silêncio. - O que aconteceu com você e com o Pietro, enquanto eu estava fora? - ela pergunta diretamente me fazendo dar uma leve corada.
- Hm... Nada... Por quê? - pergunto meio sem jeito.
- Ah, nada não, mas me diga, o que você acha dele?
- E-eu... Não s-sei o que a-achar dele n-não. - falo mais gaguejando do que falando, porém é a vida.
- Aham, sei. Vai fala. Prometo não contar para ele - ela me pede fazendo uma carinha de cachorro sem dono, me fazendo revirar os olhos. Decido dizer as minhas impressões.
- Bom, ele aparenta ser um garoto legal. Ele aparenta também gostar de fazer amizades - começo a falar, enquanto penso nos olhos negros dele e sinto uma coisa estranha no estômago. Será que é fome? Mas eu almocei na escola... entretanto, continuo com a minha análise - O mesmo tem um cordão de uma estrela de cinco pontas. Meu pai me ensinou desde cedo que isso é coisas de satanistas que adoram o diabo. - Quando eu termino de falar isso, a Yumi começa a gargalhar bastante alto, atraindo a atenção de muitas pessoas da nossa turma.
- Perdi Hahahaha - Yumi fala enquanto toma o fôlego para voltar a rir.
Eu particularmente fico sem entender a reação dela. Será que eu disse algo de mais?
- Olha, Cristiano. Primeiramente: saiba que os satanistas eles não acreditam no...
Yumi é interrompida pela volta do professor. O mesmo chega com o seu copinho de café e começa a passar dever no quadro.
Logo, começamos a copiar a matéria, que não foi pouca.
~~~~~~~~~~~~~~~~~
Após a aula de química, fomos liberados. No portão a Yumi me dá um abraço e vai pelo caminho oposto ao meu.
Estou indo andando. Olho para o céu e o mesmo está ficando escuro. Onde eu moro não é perigoso. Então, dá para ir andando tranquilo.
Fico pensando na vida, andando calmante até que eu escuto uma voz familiar me gritar. Olho para trás e vejo o dono de quase todos os meus pensamentos me chamando.
Ele se aproxima de mim e começa a falar:
- Oi, então, bom, pelo visto, bem - ele fica pausando entre as palavras e eu fico um pouco confuso com aquilo. "Será que ele ficou sem fôlego porque correu até mim?" penso enquanto olho para ele. - eu reparei que moramos na mesma direção. Então, que tal andarmos juntos até as nossas casas? - ele me pergunta e eu prontamente afirmo com a cabeça.
Vamos andando juntos lado a lado. Começamos a falar sobre diversos assuntos. Reparo que ele não tira a mão de seu cordão de satanista.
"Será que é algum tipo de tique nervoso?" Penso enquanto o encaro.
- Ham... Tudo bem, cara? - o mesmo me pergunta me trazendo para a realidade.
- Sim, por quê?
- É que você ficou um bom tempo parado me encarando.
- Ah, é mesmo? Me desculpe. - olho para a frente, sentido o meu rosto esquentar e uma enorme vontade de morrer.
Vou andando sem pronunciar uma palavra sequer. O silêncio que se instala me deixa mais constrangido que nunca.
Conforme eu ando, sinto que o Pietro me encara. Aí minha mente entra num conflito "olho de volta ou não olho." Meu Deus, o que está acontecendo comigo?
Deixo de frescura e olho para o lado e de fato, ele está me encarando.
Fico totalmente sem reação. Não sei o que fazer. Então, eu apenas o encaro de volta.
Não saberia dizer ao certo quantos passos demos nos encarando. Só sei que em um determinado momento, ele tropeçou e caiu no chão.
Todo a tensão vai embora e eu começo a rir. Ele apesar de estar todo envergonhado, começa a rir também.
Eu vou até ele para o ajudar a levantar. Agradeço a Deus mentalmente por não ter sido eu a cair.
Estendo a minha mão para ele e o mesmo aceita, mas o mesmo faz força e me puxa me fazendo cair no chão também, mas especificamente, em cima dele.
Prendo automaticamente a respiração. Eu apenas o encaro. "MEU DEUS O QUE EU FAÇO????" minha mente grita, mas o meu corpo não reage.
Encaro os seus olhos negros e intensos, sinto que tudo a minha volta parou e que só existe eu, ele e esse momento.
Sinto a sua respiração no meu rosto. Eu não sei bem o que eu devo fazer.
Ele aparenta estar com dificuldades para parar de me olhar.
Quanto tempo estamos naquela posição? Cinco minutos? Dez?
Sinceramente? Não me importo.
Nessa hora o meu celular começa a tocar me tirando do transe. Me levanto rapidamente e atendo o mesmo.
— Alô, quem é? — pergunto.
— Oi, filho. Só liguei para avisar que eu e o seu pai iremos no monte orar. Então, você terá que ficar sozinho com a casa, tudo bem? — era a minha mãe me ligando e eu agradeço a Deus por aquilo.
— Tudo bem, mãe. Eu já estou chegando em casa. Até.
Desligo o telefone e o guardo. Olho para o Pietro e o mesmo continua me encarando com aquele olhar intenso.
— Então, vamos continuar andando? — ele me pergunta e eu aceno que sim com a cabeça. — chegamos na minha rua e percebo que ele mora bem próximo a minha casa.
Me despeço dele e o mesmo se despede de mim. Ele entra na casa dele e eu vou andando até a minha casa.
Entro lá e subo diretamente para o meu quarto. Deito em minha cama, fico refletindo e pesando "que dia doido foi esse?"
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