Pela última vez...
Será que alguém poderia parar o tempo por um minuto? É que eu sinto que um grande erro aconteceu...
Rir para tentar disfarçar não está adiantando mais. Faz dias que eu mal levanto da cama, sei que eu não deveria me importar mais, porém por que tudo tem que ser tão difícil?
Eu finjo estar bem para as pessoas em minha volta, mas eu acredito que as minhas feições de tristeza não são mais escondidas por falsos sorrisos, eu não aguento mais isso.
As horas do relógio, demoram a passar e o tic-tac do relógio, está especialmente, me incomodando...
- Eu ainda como esse Pietro na porrada. - Jenny fala do outro da linha, pois estamos em ligação.
- Eu estou tentando esquecer, mas por que dói tanto? - pergunto.
- Bom, dizem que o primeiro amor é sempre o mais difícil... mas você vai conseguir sair dessa, não vai ser tão difícil. - Jenny fala querendo me transmitir conforto. - Aliás, a proposta de você se transferir para a minha escola está de pé, eu já até conversei com a minha diretora.
Jenny me pediu para largar essas escola e ir estudar com ela, em outra cidade e consequentemente ir morar em outra cidade também. Eu tenho vontade, mas apesar de tudo, eu não quero ficar longe do Pietro.
- Não sei, Jenny, é que você resolveu se mudar para outra cidade e não sei se quero deixar os meus amigos aqui...
- Seus amigos você quer dizer aquele boy lixo que não vale nada do Pietro, certo?
"Merda, por que ela me conhece tão bem?" Penso sem dar uma resposta para a ela.
- Olha, Cris. - Jenny fala - Você pode escolher entre ficar por aí sofrendo por ele ou superar, a decisão é sua... bom, eu preciso desligar. Eu te amo, tá?
- Também te amo e pode ficar tranquila, eu vou ficar bem. - desligo logo em seguida.
Eu deixo o meu celular de lado e fecho os meus olhos. Eu não tenho levantado muito da cama. Fico com os meus pensamentos até que caio no sono...
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Aqui no meu espaço, no canto do quarto, estou me perguntando "O que será que eu estava esperando?". Eu sempre soube que no final das contas nada iria acontecer.
Eu deixei as minhas expectativas irem até o topo e esse foi o meu maior erro. Não acredito que fui feito de otário.
Sinto um aperto forte no peito e meus olhos começam a encher de lágrimas. Poucos segundos depois a mesma começa a escorrer pelo meu rosto.
"Eu não suporto ser tão fraco" penso enquanto escondo o meu rosto com minhas mãos.
Lembranças vem na minha cabeça como um flash, me fazendo lembrar de quem eu mais quero esquecer.
Ele me destruiu de todas as formas. Destruiu a minha crença, os meus valores, a minha estima e principalmente o meu coração.
Eu só queria ter esse miserável por perto. Eu queria apenas amar ele. Eu me odeio por ter deixado esse sentimento me consumir. Odeio o fato de eu amar ele com todas as minhas forças.
Mas o que eu posso fazer? Não há resposta para esse teste. Eu sempre vou cair nessa. Sou um escravo de minhas emoções. Quer saber? Que se foda esse amor sem coração.
Quando eu finalmente consigo parar de chorar, eu levanto de minha cama e vou em direção ao banheiro. Chegando lá, eu me olho no espelho.
Vejo o meu reflexo e chego a conclusão de que eu estou totalmente acabado, meus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar são as provas disso.
Lavo o meu rosto e logo volto para a minha cama, deito nela e fico refletindo sobre tudo o que me levou alí. Decido que a causa disso tudo é dele, sim, dele mesmo.
Naquela cama, no canto do quarto, eu decido tomar uma grande decisão.
Preciso matar esse amor, antes que ele me mate...
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Nesse momento, estou indo em direção a casa dele, sim, dele mesmo. Meus passos são fortes e decididos, espero que a minha pose não desmanche assim que eu ver ele.
Em poucos minutos, eu chego em frente a sua casa, toco a campainha e espero ser atendido. Foram poucos segundos que pareceram horas. Enquanto espero, fico tentado em desistir, mas permaneço firme em meu lugar.
- Posso te ajudar? - olho para a dona da voz e vejo a mãe de Pietro. Ela me olhava de cima a baixo com um sentimento de... desdém? Não, ela não possui motivos para me olhar assim, afinal, o Pietro não contaria nada sobre o que rolou...
- Pode sim, fale com o Pietro que o... - nesse momento eu travo. "Devo dizer que sou eu ou digo o nome de um dos idiotas que ele anda?" Penso, mas decido enfrentar. - Cristiano, diga que o Cristiano precisa trocar uma palavra com ele.
- Hum, tudo bem. Desejas entrar? - ela pergunta com um leve sorriso no rosto.
- Não, obrigado. - respondo dando às costas para ela. "Essa mulher me transmite sentimentos estranhos" penso enquanto espero o Pietro.
Os minutos se passam e nada do Pietro aparece. Bem, eu já deveria ter imaginado que ele não iria aparecer, aquele covarde de merda.
- Cris? O quê faz aqui? - ouço a voz dele e nesse exato momento, sinto um turbilhão de emoções dentro de mim. Viro e o encaro. Ele usava uma bermuda branca com uma blusa preta. Eu rio internamente, pois era a primeira vez que eu vi ele vestindo branco.
Eu respiro fundo e decido falar tudo o que eu tenho prendido nesses dois meses, mas antes de tudo, eu precisava perguntar:
- Era tão óbvio para todo mundo? - pergunto sentindo os meus olhos encherem de lágrimas.
- Óbvio o quê? - Pietro me pergunta confuso?
- Que eu estava caindo em uma mentira. - após eu falar isso, Pietro abaixa o seu rosto. - Olhe para mim, Pietro. Olhe para mim. - Digo chorando, porém firme. Pietro volta a olhar para mim, mas de maneira cabisbaixa. - Eu me pergunto: Por que? Por que você fez isso comigo? Você me usou e depois me descartou como se eu fosse um nada, me humilhou várias e várias vezes com aqueles otários que você chama de amigos.
- Cris, Cris eu juro que não foi a minha inten... - Pietro tenta argumentar, mas corto ele.
- Não foi a sua intenção? - pergunto logo em seguida rindo. - O quê não foi a sua intenção? Não foi a sua intenção transar comigo e depois vazar? Não foi a sua intenção dizer aquelas merdas sobre mim? Não foi a sua intenção todos daquela maldita escola me olhar com pena ou com nojo?
Digo com raiva, mas as lágrimas descendo pelo meu rosto, devem denunciar tristeza.
- Você não vai falar nada? - o pergunto.
- Eu não tenho argumentos para rebater, afinal, você está certo. - Pietro fala aparentando estar triste.
- Tudo bem e eu também não me importo mais. - Minhas lágrimas aumentam. - Eu só estou aqui porque eu precisava disso tudo por uma última vez, chorar por você por uma última vez, dizer que te amo por uma última vez. Eu não entendo e provavelmente nunca entenderei os motivos que fez você fazer aquilo comigo, mas saiba que apesar de tudo, eu te amo... - digo tudo que estava preso e me sinto totalmente aliviado.
- Cristiano... eu... eu... - Pietro apenas fica murmurando como se estivesse num loopping de pensamentos.
- Não precisa me dizer nada. Eu já lhe disse tudo o quê eu precisava. - me aproximo dele. - como eu lhe disse, pela última vez. - Colo os meus lábios no dele. Uso o meu braço para aproximar o corpo dele ao meu, peço passagem com a minha língua e ele logo me concede passagem.
Acabo rindo internamente, pois eu só agora percebo o quão necessitado eu estava daquele beijo, daquele toque. Assim que nos separamos, eu digo: adeus, e logo dou as costas para ele, indo embora.
Conforme eu vou andando para longe, eu sinto tentado a olhar para trás, mas eu não me permito a fazer aquilo, eu preciso seguir em frente e deixar tudo isso para trás.
Vou andando para casa, lentamente e arrasado. Não quero chegar em casa rápido, então eu vou andando pelo caminho mais longo.
Me sinto aliviado por ter liberado o que eu sentia e me sentia disposto a recomeçar bem longe dali, mas mesmo assim, eu sentia que parte de minha alma, ficou para trás.
Conforme eu vou andando pelas ruas naquela noite escura, percebo que as ruas estão ficando desertas. Não sinto medo. Assim que eu chego numa esquina, eu dou de cara com o Victor, o amigo do Pietro que eu mais odeio.
Ele de início aparenta estar supreso, mas logo sua feição muda para um sorrio, um sorrio que arrepia o meu ser. Olho em volta e percebo que apenas há nós dois naquela rua e o meu medo só aumenta.
- Olá, viadinho. - Victor fala se aproximando de mim e eu consigo sentir um cheiro muito forte vindo dele. - Que surpresa lhe encontrar aqui hahaha.
Eu o ignoro e começo a andar, passo por ele e vou andando para longe do mesmo, mas logo sinto um forte abraço em minha cintura e um corpo ser colado ao meu.
- Ei, não vai embora não. Podemos nos divertir, que tal? - ouço a voz dele falando maliciosamente no meu ouvido, junto com a sensação de algo roçando as minhas nadegas. "Ele vai tentar me forçar aqui?" Me pergunto totalmente desesperado. Eu tento me soltar, mas ele é mais forte e mais alto que eu.
Logo ele me empurra em direção a uma parede e me prende nela. Sinto beijos serem distribuídos pelo meu pescoço. Tenho vontade de gritar, mas o medo de pessoas que conhecem a minha família ver a situação e consequentemente os meus pais descobrirem sobre mim, é maior.
- Eu sei que o Pietro não quis nada com você, mas se você me der uma chance, sei lá, daqui a uns anos, podemos estar escolhendo uma casa para morarmos eu, você, nossos filhos e um cachorro, que tal? - quando ele fala isso, os meus olhos se arregalam. "Pera, o cara que me chama de viado por todos os cantos, está se declarando para mim?"
- Victor, me solta, você está bêbado. Está falando coisas sem sentido e está me machucando. - tento me soltar, mas ele continua me prendendo e me beijando. - VICTOR ME LARGA!!!
Num momento de raiva, eu consigo o empurrar e o mesmo cai sentado. Ele me olha com um misto de dor e decepção, mas logo sua feição de transforma em raiva e eu saio andando dali.
Ele se levanta e vem atrás de mim, dizendo vários insultos referente a minha pessoa. Eu estou mal de mais para prestar atenção em qualquer uma de suas palavras e vou andando em direção a minha casa.
- Você não passa de uma bicha idiota. Você é um viado que provoca todos e depois sai querendo dar uma de santo. O Pietro tem nojo de você, a escola toda tem nojo de você.
Eu tapo meus ouvidos com as mãos e ando mais rápido. Olhando em volta, as ruas ainda estão desertas. Eu queria que tivesse alguém aqui para me salvar dessa situação.
Atravesso uma pista e fico aliviado por já estar perto de minha casa, mas as mãos de Victor voltam a me segurar.
- Não está me ouvindo não? - consigo sentir o cheiro do álcool sair de sua boca. - Você não passa de uma bicha miserável hahahaha. Eu aposto que seus pais sentem vergonha de você.
"Aposto que seu pais sentem vergonha de você" essas palavras fazem eco em minha cabeça e uma raiva que eu nunca senti antes, se apodera de mim. Ele não tem o direito de me julgar, nem ele e nem ninguém. Eu quero, com todas as forças, que esse garoto morra.
- VAI PRO INFERNO, VICTOR! - Grito e logo o empurro. Victor acaba cambaleando para o meio da pista, na mesma hora que um carro passava.
Tudo aconteceu tão rápido, mas ao mesmo tempo em câmera lenta. Vejo o corpo de Victor ser atingido com tudo por um carro vermelho e logo ir de encontro ao chão.
O carro freia bruscamente após a colisão e um homem com um celular na mão desesperado sai do mesmo. Assim que eu foco a minha visão no motorista, eu me lembro que foi o mesmo que quase me atropelou.
- Ai meu Deus, o quê eu fiz??? - ele começa a se perguntar desesperado. - Eu estava no telefone a trabalho e não prestei atenção na rua. - o mesmo fala passando as mãos em seus cabelos de forma desesperada.
Eu percebo o engano que está havendo ali, eu pretendo dizer que fui eu que empurrei o garoto, mas sinto uma mão em meu ombro. Quando olho para o dono, vejo o Alan me olhando de forma apreensiva.
Ele usava a outra mão para falar ao telefone, percebo que o mesmo estava ligando para uma ambulância.
Eu me sinto totalmente desorientado, não sei o quê fazer ou dizer. Não me sinto culpado pelo o quê eu fiz e isso é o quê mais me assusta...
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Minutos depois, a ambulância e a polícia chegam, juntamente, veio a população ver o quê aconteceu. Victor foi levado para o hospital e o motorista foi levado para prestar depoimento.
Eu estou caminhando para a minha casa, junto com o Alan. Ele decidiu me acompanhar e eu não consegui abrir a boca para dizer uma palavra sequer, seria isso choque?
- Eu vi o quê aconteceu. - Alan fala me fazendo o olhar assustado. - Não se preocupe, esse será o nosso segredo mortal. - ele fala sorrindo.
Não sei qual é a intenção dele com isso, mas eu estou assustado de mais para retrucar...
- E-u não... não f-foi a minha... - tento falar, mas as minhas palavras ficam presas na garganta.
- Tudo bem, eu lhe conheço o suficiente para saber que você nunca faria mal a alguém de propósito, mas de qualquer forma, o desgraçado mereceu. - ele fala mudando o seu tom de voz para um mais sombrio.
- Eu vou ir embora daquela escola essa semana mesmo. - Eu falo e ele ri.
- Tudo bem, eu vou com você. - ele fala segurando a minha mão e me deixando confuso.
- Não entendo... por quê? - o pergunto confuso.
- Olha, sinceramente? Eu planejo sair daquela bosta a um bom tempo, só fiquei para você não ficar sozinho. Você precisava de alguém. - ele diz de maneira simples e por incrível que pareça, gosto desse jeito dele.
- Eu vou ir estudar em outra cidade com a minha prima Jenny e consequentemente, me mudarei também. - digo tentanto explicar o quê acontecerá em meu futuro.
- Eu não me importo, Cris. Eu estou aqui com você e por você. - ele para de andar e me encara. - Eu quero você perto de mim, prometo não deixar mais ninguém lhe machucar.
Num ato repentino, Alan cola os seus lábios nos meus. Eu fico sem reação na hora, mas me sinto induzido a corresponder ao seu beijo, mas logo lembro que estamos no meio da rua e me separo dele.
- Não podemos, alguém pode nos ver. - falo envergonhado e ele apenas ri.
- A essa altura do campeonato, você realmente se importa com quem pode nos ver? - ele me pergunta e eu penso em tudo o quê me levou ali, tudo que eu reprimi dentro de mim. "Quer saber? Foda-se" penso logo voltando a beijar ele e ficamos assim por um pequeno período de tempo...
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Estou deitado em minha cama. Alan me trouxe até a minha casa e foi embora, espero que ele não more muito longe daqui. Eu conversei com a Jenny e está resolvido, mudarei de escola. Eu apenas terei que convencer os meus pais, mas isso não será um problema para mim.
Eu já me decidi, está na hora de eu me reinventar e será longe daqui, longe de todos que me fizeram mal. Entretanto, eu nunca vou esquecer o quê eles fizeram comigo e eu farei todos eles pagar por tudo... eu juro...
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N/a: Hello, babbies. Bom, como vocês já sabem a primeira fase está chegando ao seu fim. Quero me desculpar pelos erros e até o próximo capítulo, que será o último dessa fase...
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